Os nosso gestos
Os nossos gestos irrefletidos
-Como vai Hermi-ô-nini? – indagou beijando-lhe a mão.
Harry virou os olhos. “Não poderia ser mais patético” pensou com um sorriso sarcástico observando a cena.
-Olá Harry.
O moreno apenas assentiu levemente com a cabeça, colocando as mãos no bolso. O que, em nome de Merlim, estava fazendo ali mesmo?
-Está mais bela que nunca... – Victor Krum dizia com a voz um tanto arrastada, quase comedido enquanto observava Harry de esgueira.
-Obrigada – ela falou corando. – Hã, vejo que seu inglês está bem melhor... – comentou sem jeito. Harry riu e quando ambos lhe fitaram, ele deu de ombros. Com um olhar peculiar destinado a Hermione, como se dissesse “É o melhor que pode fazer? Que pode forçar?”. Hermione fez questão de ignorá-lo.
-Como vão as coisas por aqui? – Krum indagou com seu sotaque irritante, ao menos para o moreno a sua frente. Harry se perdeu antes de ouvir a amiga retrucar sobre qualquer coisa relacionada com seu trabalho e alguns fatos recendes que saíram no Profeta Diário.
Ele estava se lixando para o que Londres era naquele momento enquanto observava o sorriso que Victor destinava a Hermione e, pelo que viu, o búlgaro* também.
O jogador de quadribol parecia... embasbacado pela visão de Hermione. Mas Harry não o culpava. Isso se tornara uma constante desde que, bem, desde que Hermione amadurecera.
Ele próprio já se flagrara absorto nos traços da amiga... E por mais incrível que possa parecer não ficava por aí...
Foram meses de inflexível negação, de cansativa relutância, de resoluta teimosia para, no fim, estar na mesma estaca... Estar em completo desatino, estar furioso consigo mesmo, estar maldizendo o que quer que lhe fizera perceber que... Apaixonara-se por sua melhor amiga.
Depois, Harry ponderou que não era tão inesperado assim. Hermione era uma pessoa, uma mulher, apreciável. Incrivelmente doce e prestativa. Desejável. Criativa e inteligente. “Ela era... Ah Merlim, ela é perfeita”.
Harry suspirou olhando a sua volta, cansado de observar os galanteios de seu “amigo” para com a morena. Já estava cansado daquela cara cinicamente inocente de Krum, de como ele “acidentalmente” tocava o braço de Hermione, de como ele vez ou outra segurava seu ombro em um aperto que ele acreditava ser imperceptível para os olhos de Harry, que obviamente estava com mais atenção em Hermione do que gostaria. Daquele sotaque ridículo que nem conseguia pronunciar o nome dela corretamente. Cansado de vê-lo fazer, quase descaramente, o que não tinha coragem: cortejá-la.
A sua volta, todos festejavam...
Harry percebeu que, olhando ao seu redor, não se sentia mais confortável. Não quando comemoravam por ele ter matado uma pessoa. Mesmo que esta pessoa tenha sido Voldemort... Um ser que quase não mais tinha humanidade em si. Um ser cruel e ignóbil. Mas ainda assim, um ser.
O homem balançou a cabeça sentindo um nó na garganta... Como mesmo Hermione conseguira convencê-lo a vir?
-Eu... Vou tomar um ar – disse roucamente afastando-se atordoado.
-Harry! – Hermione o chamou, com a intenção de segui-lo. O olhar distante que o moreno lhe lançara enquanto se afastava, deixando-a preocupada.
-Hermi-ô-nini...
Hermione franziu o cenho enquanto observava a mão de Victor no seu braço, o que fez o homem lhe soltar. – Agora não, Victor. O Harry está mui-
-Você o ama não é? – indagou seriamente.
-O que?
-Faz um par de horas que tento chamar sua atenção e você sequer me escutava... Roubando freqüentes olhares de Harry – a morena abriu a boca sem ação, estava tão óbvio assim? – Não se preocupe... Não estava evidente a ponto de Harry o perceber – ele lhe ofereceu um sorriso condescendente sob o rosto chocado da morena.
-Eu preciso ir – ela disse sentindo sua cabeça rodar. Será que o mundo havia ficado de ponta-cabeça? Ou fora Victor que aprendera a ler pensamentos?
-Você não me respondeu – disse ainda sorrindo.
A mulher o fitou. – Não é como se isso fosse uma surpresa para você – ela retrucou simplesmente antes de lhe dar as costas e andar rapidamente a procura do amigo.
-Não, de fato não chega a ser uma surpresa – disse para si mesmo observando-a sumir na multidão. – Sempre soube que não podíamos ser. Que entre você e eu não haveria nunca um “nós” enquanto Harry Potter fosse seu melhor amigo... Enquanto ele fosse sua companhia constante e quase irrestrita – ele suspirou brindando ao “casal”. – Finalmente aconteceu o que eu previ quando me despedi de você, minha querida, naquele dia em Hogwarts, há muitos anos atrás... Você se apaixonou por ele, por fim – ele sorriu com um pouco de amargura. – Seja feliz, doce Hermione.
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Esse é um "fim", mas eu fiz uma continuação que logo posto, certo?
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*ele, Krum, é búlgaro??
Olá... Espero que tenham gostado. Estou pensando seriamente em fazer uma continuação para esse Drabble. Eu não consigo deixar por isso mesmo. Ainda que tenha gostado (incrível!) do resultado disto.
Será que poderiam comentar? Eu ficaria muito, mas muito feliz!
*Será que para “Drabble” isso aqui ainda ‘ta grande?
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