Adeus Dursley
O vento soprava levemente, as poucas árvores daquela rua pacata chacoalhavam. Tudo estava tão quieto... Quem dera se o vento pudesse levar as angustias e tristezas das pessoas, quem dera o vento pudesse levar os sentimentos para longe. Era isso que um garoto de olhos verdes penetrantes pensava. O destino fora tão cruel consigo, mas foi melhor assim, não desejaria aquele fardo a nenhum ser vivo no planeta, sabia que só ele estava preparado pra carregar o peso do mundo nas costas. Se fosse outro não agüentaria, mas ele sim...
Não poderia mais ficar parado, não poderia mais se lamentar. As pessoas morrem um dia, levaram as pessoas mais importantes da vida dele, mas não deixaria que levassem mais ninguém. Não poderia deixar que levassem as pessoas que amava. Com esses pensamentos o jovem garoto adormeceu em sua cama.
Seu quarto estava revirado, há dias não limpava nem tirava nada do lugar. Havia lixo espalhado por todo lado e livros em cima da mesa. Ele comprara alguns livros de magia na floreios, mas ainda não tivera saco para ler. Não conseguia se concentrar naquela casa. Uma coisa ele decidira, iria sair daquela casa, mas só poderia fazer isto depois de seu 16º aniversario. Ainda faltava praticamente 1 mês para seu aniversário...
Não conseguia fazer nada, ficara imerso em pensamento durante vários dias, não havia nada em volta, nada conseguia animá-lo. Seus amigos mandavam cartas constantemente perguntando como ele estava. Mas ele nunca respondia e isso os preocupava.
- Hei seu moleque, ainda ta vivo?! Acorda! – Esbravejava tio Valter de fora do quarto. – Anda logo que o almoço está pronto. Se você morrer de fome causará muitos problemas!
- To indo...
Harry apanha seus óculos sobre a mesinha e se levanta vagarosamente. Todos os dias em que esteve lá era tratado como se não existisse, nenhum deles lhes dava atenção, mas isso não fazia a menor diferença. Era até melhor, que aí não ficaria nervoso e nem sairia azarando sua “família”.
- Dudiquinho passa o arroz. – Petúnia pede mimosamente.
- Toma mamãe – Duda responde com um tom falsamente carinhoso. Mas ao passar, ele “despeja” propositalmente metade do arroz em Harry. – Ai, me desculpe! – Exclamou falsamente fazendo uma voz cômica.
Harry não disse nada, Petúnia olhava Harry meio apreensiva. O garoto estava ficando vermelho de fúria, precisava explodir e Duda dera um motivo. Ele se levantou vagarosamente e se virou para Duda que o olhava displicente. Mas o que veio a seguir foi muito rápido. Harry desferiu um chute no pescoço de Duda que o fez se arrastar e bater com cabeça na parede da cozinha.
- O QUE VOCÊ FEZ MOLEQUE!!!!! – Valter levanta furioso e parte para cima de Harry com as mãos prontas para agarrá-lo na blusa.
Harry apenas se esquivou das mãos de Valter e lhe deu uma joelhada na barriga que o fez vomitar o almoço que acabara de comer. Quando Petúnia ia dizer alguma coisa, Harry a olhou com um olhar assassino frio e calculista que a fez ficar caladinha. Logo em seguida subiu as escadas e arrumou seu malão. Colocou tudo dentro dele que precisaria. Desceu as escadas com aquele olhar frio e passou pelo portal. Foi até a rua e apontou a varinha para ela.
- Bem vindo ao Noitibus Andante, o transporte de emergência para bruxos e bruxas perdidos... – Ele parou abruptamente ao perceber quem era o novo passageiro. – Olá Harry-Neville.
- Me leve para o Caldeirão Furado. Estou com pressa... – Disse friamente. Lalau ao perceber que o garoto não estava de bom humor resolveu não fazer nenhuma brincadeirinha. Tratou de pegar logo o malão do garoto.
O garoto pensava continuamente durante a viagem sobre o que acabara de fazer. Praticamente espancara os tios, saiu de casa antes do combinado... Mas não poderia ficar lá mais tempo, tinha de ficar forte, tinha de entrar nessa guerra. Ainda guardava rancor para com Dumbledore.
Ele não havia feito nada para salvar Sirius, sempre ficava escondendo Harry debaixo de suas asas, ocultando tudo do garoto. Harry não podia ficar mais tempo longe dessa guerra. Não podia aguardar o confronto final parado, precisava treinar e com Dumbledore isso não seria possível. Tinha 2 meses para ficar forte, não importa como ele ficaria.
O Noitibus Andante pára em frente ao caldeirão furado e Harry entra no estabelecimento vazio por ser ainda cedo.
- Olá, Harry Potter! – Cumprimenta Tom animadamente. – O que desejas?
- Seu melhor quarto... – Falou ainda frio.
- Spot! – Um elfo doméstico com aparência velha aparece num estalido. – Leve o senhor Potter ao aposento ministerial. Acertamos depois, Harry e qualquer coisa é só chamar Spot.
O garoto acompanha o elfo até o terceiro andar e entra no quarto indicado. Era um quarto gigantesco, provavelmente maior do que o próprio caldeirão furado. Tinha até televisão trouxa, 3 sofás, uma lareira. Era um quarto realmente aconchegante, mas Harry não estava ligando para isso, precisava esfriar a cabeça e pensar com clareza. Foi para o banheiro e colocou água quente na banheira. Deitou-se vagarosamente e fechou os olhos em uma tentativa sensata de pensar com clareza.
Não podia simplesmente levar seus amigos em uma jornada em busca de poder. Não podia mais ser tratado como criança por Dumbledore. Não podia suportar ser guardado embaixo de suas asas para a batalha final. Não seria um peão de Dumbledore! Não seria mais uma criancinha clamando por proteção. Não podia cruzar os braços e assistir a guerra como espectador. Não queria glória nem fama, mas queria que todos ficassem bem, que o mundo mergulhasse em uma era onde seus amigos poderiam viver em paz. Onde seus filhos pudessem ter uma vida longe dessa guerra... Iria lutar por isso até o fim, mesmo que isso significasse sua vida! Estava disposto a arriscá-la em troca da felicidade dos outros.
Depois de se trocar e colocar aquelas roupas velhas e largas de Duda, Harry apanhou um pergaminho e se sentou na escrivaninha para escrever uma carta a Dumbledore.
Dumbledore,
Saí da casa dos Dursley e vou para um lugar bem longe... Não me procure, pois não irá achar. E você sabe que se mandar a Ordem me procurar, Voldemort irá desconfiar e acabará me procurando, por isso não me comprometa.
Nos vemos em Hogwarts.
Harry Potter
Harry ainda estava ressentido com Dumbledore por tudo que ele havia feito. Havia deixado Sirius morrer e isso Harry não perdoaria tão fácil... Estava na hora de deixar de ser criança, de avaliar o futuro. Tinha que traçar uma linha de objetivos e precisaria fazer isso agora.
Foi até o Gringotes, precisava avaliar o que havia de tão importante no cofre dos Potter, que agora Harry tinha acesso livre. Sirius o havia citado em seu testamento.
Eles foram até o cofre dos Black para Harry se situar sobre a fortuna Black, o que não era nenhum pouco pequeno. O cofre dos Black era cheio de artefatos negros, armaduras velhas que emanavam energias negativas, espadas medonhas e pratarias enfeitiçadas. Existia uma sala só para o ouro que se perdia de vista.
Seguiram até o cofre dos Potter, Harry estava tonto com tanta correria, passaram por 2 rios de lava e antes de chegarem, passaram por dois dragões que guardavam gigantescos portões. A segurança aumentava a cada parte que andavam, proteções mágicas eram desarmadas para que o trem pudesse passar e monstros guardavam vários portões mágicos. Harry ficou intrigado com tanta proteção.
- Chegamos ao Cofre 4 Sr.Potter. – Anunciou o Duende.
- 4? – O garoto estava confuso, a família Black que era uma das mais antigas e tradicionais famílias do mundo mágico possuía o cofre número 480.
- Sim, este é um dos primeiros cofres a serem criados no banco e um dos mais valiosos, por isso é tão protegido... – O duende explicou formalmente. Harry sussurrou um “interessante”. – A chave, por favor. – Harry lhe entregou a chave.
Tratava-se de uma porta normal, como a de qualquer outro cofre do banco e tinha um P gravado em seu centro. O Duende girou a chave 4 vezes no sentido horário e 3 no anti-horário. A porta se abriu, mas não revelou o cofre, e sim um corredor escuro e iluminado por archotes. Harry ficou confuso, pois o corredor sumia de vista.
- Este é um cofre antigo Sr.Potter. Só um verdadeiro herdeiro desta família poderá transpassar este caminho. – Harry ficou intrigado, mas adentrou o caminho escuro.
Enquanto ele andava, os archotes se apagavam. Ele sentiu tudo rodar por um segundo, suas pernas andavam sem seu comando. Seus olhos se apagaram e sua mente vagou por aquele caminho sombrio. Memórias que não eram dele passavam em flashes. Seus joelhos fraquejaram, mas ele não cedeu. De repente tudo voltou ao normal, os archotes se acenderam e a passagem revelou um grande portão.
Havia dois leões em volta de um G gravado no meio da porta. Eles pareciam ter vida, pois quando o garoto se revelou seus olhos brilharam e eles pareciam avaliar o garoto. Harry se assustou com aquilo, os olhos dos leões se apagaram e eles sumiram da porta, criando vida em frente ao garoto. Eram dois leões magníficos, tinham quase o tamanho de Harry, suas jubas amarronzadas, seus pelos dourados e olhos castanhos vivos.
- Quem és? – Pronunciou o leão da direita em uma voz poderosa e carregada de energia.
Seu corpo estava pesado e sua cabeça trabalhava. Dois leões estavam a sua frente perguntando quem ele era. Ele tinha de responder que era Harry Potter, mas quando ia começar a falar alguma coisa o proibia. Os flashes que ele havia visto no caminho voltaram à tona, sua cabeça latejou de uma forma alucinante, a cada flash era uma pontada. Memórias iam sendo inseridas em sua mente, levou as mãos à têmpora e seus joelhos cederam. Tudo corria muito rápido em sua mente e a dor ficava pior. Do nada tudo parou, a dor sumiu e tudo ficou silencioso. Sua respiração era ofegante e de seu nariz pingava gostas de sangue assim como os ouvidos sangravam um pouco. Ele se levantou devagar ainda com os olhos fechados.
Endireitou seu corpo, se colocou em um porte altivo, digno de um rei, não se importava mais com a figura daqueles dois animais prontos para abocanhá-lo, sentia-se bem com a presença deles, tudo fazia sentido agora, depois daquelas memórias surgirem em sua mente. Sabia sobre seu passado e sua origem, abriu levemente os olhos e os leões abaixaram levemente a cabeça em respeito aos olhos verdes vivos.
- Sou Harry Potter – Falou com uma voz serena e forte. – O último Gryffindor. – Os leões se entreolharam e abriram passagem respeitosamente.
Precisa-se ter uma posição firme e imponente para fazer com que os leões o respeitem, pois os leões são nomeados como “Rei da Selva, dono e poderoso chefe de todos os animais, é ele quem mais ordena”. Mesmo um leão faminto não ataca um humano, prefere ficar longe dele, mas se algum homem demonstrar fraqueza perante um leão, sua vida será extinta. Os leões são criaturas imprevisíveis, porém se respeitá-los eles o respeitarão.
Entrou no cofre, sendo seguido de perto pelos leões. Eles não o vigiavam, mas sim pareciam protegê-lo ou zelar por ele.
Harry entrou em uma sala circular, com 3 portas. A sala circular em que estava era uma espécie de ante-sala, não havia nada nela. Abriu brevemente a porta da direita e observou o que tinha dentro, tudo que se via era um mar de moedas douradas, não se via o teto nem o horizonte, só as paredes de pedra que se estendiam ao “infinito”. Não se importava muito com o ouro então resolveu ver as outras portas.
Adentrou a porta da esquerda e se viu em uma sala tão extensa quanto a ultima, nesta existia pratarias, armaduras douradas, quadros imóveis de pessoas com porte imponente, provavelmente Reis da época. A direita existia uma estante com alguns livros, chegou até eles e viu que eram livros antigos, possuíam uma pequena tarja dizendo “Biblioteca de Alexandria”, sendo todos eles eram dessa tal biblioteca. Os Pegou e colocou em uma mochila que carregava, não viu mais nada de interessante então resolveu ir para a sala do meio. Esta tinha um G cravado com letras no centro, adentrou-a.
Era uma sala pequena, na parede ao fundo o quadro de Godric Gryffindor imóvel. Era um homem de face dura e imponente, porte altivo como de um rei, cabelos lisos e louros caindo-lhe sobre os ombros. Ele vestia uma armadura dourada com um leão vermelho, talvez de rubi, cravado em seu peito. Em um pedestal no meio da sala tinha um livro, iluminado por uma luz que vinha do teto.
Harry chegou mais perto e viu que aquilo era um diário e em sua capa podia-se ler “Tiago Potter”. Pegou o diário e o guardou nas vestes.
Passara tempo demais lá, voltaria depois para analisar algumas coisas. Os leões ainda o seguiam e quando este ia percorrendo o caminho de volta ao vagão do duende, chegando ao limite do cofre, os leões pularam sobre ele e se transformaram em um Sobretudo verde escuro que o envolveu e se adequou ao seu corpo rapidamente. Eles estariam sempre com Harry...
O garoto sabia que eles haviam feito um juramento de fidelidade a Godric, iriam proteger “O Escolhido” quando ele aparecesse e agora iriam cumprir este juramento. Harry sabia disso, pois as memórias que ele viu ao adentrar o cofre, eram as memórias de todos os seus ancestrais, de Gryffindor até ele. Nas memórias que recebeu de Gryffindor, ele viu o juramento dos leões e um livro misterioso de capa vermelha com um nome que Harry não lembrava qual era. Eram memórias de quando seus descendentes adentraram aquele lugar e ainda não estavam totalmente acessíveis ao rapaz, precisaria descansar para depois pensar com clareza sobre as memórias que adquirira...
Harry voltou para o Caldeirão furado para ler o diário de seu pai. Nunca possuiu muitas coisas relacionadas aos seus pais, então quando adentrou seu quarto uma lágrima escapou-lhe dos olhos e ele retirou o diário de suas vestes. Esta leitura mudaria o rumo de sua jornada, definiria seus objetivos e acima de tudo, o mostraria quem fora seu pai.
Ta ai minha nova fic... espero que esteja boa! Comentem por favor... :) Agradecimentos a minha querida Beta Nayra-chan! Muito obrigado! Sem voce minha fic nao seria nada!
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