Asas da Liberdade
- VAI! VAI! VAI! VAI! UHUUUL! - O pessoal do Torpedo de Fogo, novo bar em Hogsmeade onde a farra era permitida, gritava muito animado. O que estava acontecendo, afinal? Uma competição, oras. Qual? Quem conseguia beber mais canecas de firewhisky em menos de um minuto. E adivinhem quem era a nossa vencedora? Bem, quem chutou Christine Lafayette, acertou. Muitos procuram outros braços para curar a ferida de um amor, outros procuram a solidão, já Christine...Ah, ela desandou de vez. Não conseguia apagar de sua mente e suas lembranças o que ouvira de Luna. "Ela não é nada, não é nada." e isso se repetia infinitamente em sua mente confusa e um tanto quanto desajustada. Mas vamos concordar...Ouvir da pessoa amada que você não é nada, bem, isso dói e muito.
Christine não sabia como se sentia ou como deveria se sentir, pois no lugar onde devia haver um coração...Havia um vazio. Um vazio doloroso e que talvez não fosse tão fácil assim de reconstruir. Tudo bem, fora pouco tempo de convivência e tudo mais, mas ela acreditava terminantemente que ela e Luna Lovegood eram almas gêmeas, pois de fato sentia isso. Era como se estar ao lado dela, ou só pensar nela, fizesse o dia amanhecer. E quando sorria para ela, a lua caia e a noite chegava toda estrelada e bela, simples assim, só.
Mas o fato era que nada podia ser tão simples, por que senão não seria real. A roda de pessoas - das mais diferentes possíveis - aumentava a cada segundo, a maioria eram alunos fugitivos de Hogwarts. A multidão de olhos e topos de cabeças eram das mais diversas, mas todos possuíam um brilho animado no olhar, uma expectativa realmente grande. Era divertido ver uma garota de quinze anos de idade totalmente embriagada e curtindo sua vida de forma errônea. É, isso é divertido.
- Mandou bem, garota. - Comentou uma jovem de cabelos louros e curtos, tinha algumas jóias - leia-se piercings - espalhadas pelo rosto, era realmente diferente. Não devia passar dos vinte, mas também era mais velha do que dezessete. Christine não enxergava nada além de feichos de luz e vultos, só. Estava totalmente tonta e sentia que a qualquer segundo seu estômago sairia pela boca. Mas que porcaria era aquela, afinal? Bem, os milagres que o álcool é capaz de fazer. Não sentia absolutamente nada, nem sentimentos, nem dor, sensações, enfim, nada de nada mesmo.
Arrastava-se pelas duas pernas, tentando desviar do amontoado de pessoas e chegar do outro lado sã e salva, mas aquela parecia ser sua missão mais difícil e assustadora da vida inteira. Sentiu seu corpo mirrado e frágil chocar-se contra algo, o que na hora era impossível desvendar o que. Tombou para trás e caiu sentada, sentindo sua cabeça rachar ao meio. Felizmente não rachou, não de verdade. Mas havia batido a cabeça na quina de uma mesa, coisa que - se estivesse sóbria - devia doer bastante. Respirou fundo e viu um vulto se mexer em sua frente, achou engraçado e sorriu. Um sorriso desfigurado e amarelo, coisa de quem não sabe o que faz.
- Deixa que eu te ajudo. Já tive minha fase mais junkie. - Pela voz, provavelmente uma garota. E que voz, aquela! Lenta, rouca e sedutora, mas Chris não conseguiu ouvir uma palavras inteira se quer, apenas sentiu seu corpo flutuar e ser arrastado para fora dali. Sentia a brisa gélida e noturna chocar-se contra seus braços desnudos, pois vestia apenas uma regata e uma calça jeans surrada. Daquele momento em diante tudo foi rápido demais, pois era como se tivesse levado um soco realmente forte na boca de seu estômago, então sentiu uma alavanca e poft.
Estava gorfando loucamente pelo chão da porta do bar. Alguns rapazes fumantes passaram e fizeram piadinhas como "Quem não aguenta, bebe leite!". Mas ela havia bebido muito e aquele era seu primeiro porre. Ao todo uma somatória de, mais ou menos, duas garrafas de firewhisky. É, eu também me perguntei "E o coma álcoolico, vai bem?" Uma garota de sorte, deveras.
- Vem, Kim, me ajuda a levar ela pra algum lugar. Não é bom uma garotinha tão jeitosinha ficar jogada por aqui essa hora, se alguém de Hogwarts aparece ela tá ferrada, sem contar nos tarados de plantão...Segura desse lado aí que eu seguro desse, vamos arrumar um quarto no Vassouras e amanhã a gente dá um jeito, ainda bem que é sábado. - Quem falava era uma garota extremamente diferente do convencional, se assim posso me atrever. Cabelos pretos curtos e repicados, lábios carnudos e avermelhados, olhos verdes e brilhantes, magérrima e muito...Bem, era quase um rapaz sem pênis. Linda, lindíssima.
Seu nome era Talena Mayfair, uma Sonserina do sétimo ano muito simpática. Era conhecida por sua "pequena" fama, bem...Como posso dizer? Era a Lena-Dyke, talvez a lésbica assumida mais famosa de Hogwarts, antes da Di-Lua até. Sofria pelos extremos, assim como Luna. Alguns a odiavam a ponto de tentar agredí-la - a falta de compreensão para a diversidade é assombrosa, de verdade - e outros (as) a idolatravam como se fosse a última rainha milhonária de um país de terceira, enfim, dá pra entender, não? Mas uma coisa ninguém pode negar, sua beleza é exímia, exótica e quase perfeita. Sua estrutura óssea indecifrável, sua sensualidade e carísma perfeitos, seu jeito...Ah, era deveras perfeitinha.
- Ela me lembra eu, digo...Ah, você sabe. Lembra de quando comecei a abrir as asinhas, né? Nossa, meu primeiro porre...Dormi por cinco dias! Se não fosse você, o Kev e o Yago pra me dar um help...Tsc, nem sei o que seria de mim hoje! - E essa, tão bonita quanto Christine, era Kimberly Khovstov. Aliás, elas eram até que bem parecidas. Olhos azuis e expressivos, cabelos negros, pele alva...É, quase que irmãs. Kimberly também era famosa, não por ser "assumida" ou maluca, quer dizer, quase. Era odiada pela grande maioria - que não a conhece bem o suficiente - pois era arrogante, estúpida, agressiva e muito mau humorada, mas isso é apenas sua máscara, sua fachada. Os amigos que a conhecem bem, sabem de seus motivos. Ela é a Garota Interrompida do grupo, e isso vocês vão saber o por que em breve.
Cada uma segurava de um lado, caminhavam com um pouco de dificuldade e riam vez ou outra da mais jovem que gorfava feito um chafariz. A que se faz, a que se paga. Beber loucamente pode ajudar a esquecer, mas tem o seu preço. Na vida a maioria das coisas são feitas na base de troca, um dia você ganha, outro dia você perde. Querer ganhar sempre é utopia, todos sabemos bem disso. E não se trata apenas de bens materiais, isso é óbvio. Elas foram se aproximando do Três Vassouras, com um feitiço Talena fez Christine dormir e depois adentrou sozinha no local.
Rosmerta não ficava lá nas sextas-feiras, mas sua filha sim. E bem...Clarisse, a filha de Rosmerta, era um antigo caso de Talena, se é que dá para entender. Depois de menos de cinco minutos de conversa, logo as outras duas puderam entrar. Um sorriso sedutor e amigável estampado nos lábios, piscou para Clarisse e subiu as escadas silenciosamente, deixando para trás suspiros apaixonados. É, sua fama de "heartbreaker" ainda continuava intacta.
- Você vai passar a noite aqui com ela, Lena? - Perguntou Kimberly com um semblante sério. Mesmo que não quisesse, aquele era o seu jeito e não mudaria facilmente. Assim como grande parte das garotas não-hetero da escola de magia, também havia sido "vítima" de Talena. Afinal, quem não cai nos encantos graciosos daquela jovem tão carinhosa e charmosa? Ela sabe do que as mulheres precisam, sabe o que elas querem e sabe que sabe disso. Complexo? É, eu sei. Estranho, mas Kim conseguia ver um pouco de si naquela garota Grifinória, talvez houvesse mesmo um pouco de si nela. Havia passado por coisas ruins também, só não sabia se os problemas também era semelhantes.
- Não...Vou deixar a menina entrar em coma álcoolico e ir embora, esperta! - Seu tom irônico e debochado era o mesmo de sempre, mas para amenizar ela fez um cafuné na cabeça de Kim para não parecer tão grosseira. Agitou a varinha e fez o feitiço novamente, desta vez para ela acordar. Ah, grande diferença! Pelo menos com o feitiço ela falava menos bobagens. Choramingava algo como "Ela não me ama, eu não preciso mais viver" e coisas do tipo. As duas morenas se colocaram a rir, afinal, era deveras patético, porém real e doloroso. Kim sabia como era aquilo, mas os motivos mais uma vez não eram os mesmos.
- Então eu fico aqui com vocês. Te conheço, é capaz de acabar engolindo a menina enquanto ela brisa loucamente. Sua tarada dissumilada! - Desataram-se a rir, enquanto a terceira chorava. Ah, da parte de duas Sonserinas era até um ato bonito acolher uma Grifinória desamparada e bêbada. Três mundos ali giravam, cada com suas realidades diferentes, cada um com visões diferentes, aliás, extremamente diferentes, mas que, por irônia dos fatos, acabaram no mesmo barco.
Uma delas era Christine Lafayette, quinze anos e quinto ano, filha de pais bruxos - mãe mestiça e pai sangue-puro - separados e com uma relação nada boa com ambos. Vive com o pai, pois a mãe vive trabalhando a negócios, mas se dá um pouco melhor com a mãe. Odeia a nova mulher do pai e não se dá bem com o irmão mais novo, que é muito encrenqueiro e nem de seu sangue é. Sente-se uma intrusa na família, sempre com a obrigação de se destacar e ser A melhor, e se não o consegue tem que ouvir desaforos. Às vezes deseja se livrar da família, já que sem eles é ruim, mas com eles é muito pior. Chris, como é conhecida, sempre foi muito tímida e inibida, raramente era vista conversando com alguém e raramente tinha grandes novidades. A maior e mais importante novidade que surgiu em sua vida foi Luna Lovegood, amiga a qual caiu nos braços e se perdeu profundamente. E sim, o amor que ela nutre pela Di-Lua é deveras sincero e belo, porém não correspondido.
A outra é conhecida como Lena, Talena Mayfair, dezessete anos, sétimo ano. É madura, confiante e sedutora, uma figura em tanto na peça de Hogwarts. Lésbica assumida, irreverente e Sonserina - sem saber o por que te der ido parar lá - pouco conhece sobre seu passado. Foi abandonada pelos pais e a única coisa que sabe sobre eles é: A mãe era álcoolatra e dependente química e o pai era mulherengo e inconsequente. Criada em lares de caridade trouxas e londrinos, ganhou uma tutora que emprestou-lhe nome e sobrenome, mas a mulher nunca deu as caras, aliás, nunca mandou nada, apenas fez o favor de tirar o título de "Sem nome" de um bebê a mais jogado na sarjeta. Nunca quis procurar sua família, pois considera seus amigos sua verdadeira família. Não liga para o passado - o qual não é muito bonito - e muito menos para o futuro - o qual não espera muita coisa - apenas se preocupa em viver o presente intensamente, pois acredita que o amanhã pode não chegar.
E por último, não menos importante e complicada, Kimberly Khvostov. Dezesseis anos, sexto ano, Sonserina. Sádica, complicada, nenhum pouco perfeita e interrompida. Órfã de pai e mãe, sua vida eve diversas páginas arrancadas quando perdeu tudo e teve que ir morar com um tio distante quando era criança. Para proteger o irmão mais novo, cedia aos caprichos do homem. Ele abusava dela sem perdão ou compaixão da menina, que realmente ainda era uma criança. Cresceu revoltada com aquilo e jurou vingança, por isso podia ser encontrava, muitas vezes, jogada nos bares de Hogsmeade enchendo a cara e tentando se livrar da dor, mas no fundo ela gostava. Seu maior desejo é fazer seu tio pagar muito caro pelo que fez, e ela o fará cedo ou tarde.
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Felicidade: Utopia ou realidade? Bem, não sei para você, caro leitor, mas para Luna Lovegood havia se tornado a mais pura e doce realidade. Ao acordar no segundo sábado do mês, pela manhã, deparou-se com a melhor vista que podia ter: Gina Weasley. Aquela que, apesar de todo sofrimento e humilhação causados, ela ainda amava intensamente. O amor, ah, sentimento arrebatador e complexo que causa turbulência em nossas vidas pacatas. Em sua "sala secreta" ela se escondia com sua amada de todo o resto do mundo, pois estava completamente ciente de que Gina ainda não estava pronta para se expor de tal maneira, ah, Luna era deveras compreensiva e paciente, aliás, tudo por esse amor sublime e infindável.
Seus olhos azuis acinzentados mergulhavam diante de toda a beleza da outra, por vezes até se comovia com a visão quase surreal. Uma semana de imensa felicidade, sonho pacífico e fatídico que ela tanto almejara. A luz do dia emergia lentamente, guiada pelo grande astro rei, sol. A pele alva e sardenta de Gina ganhava um brilho mágico, assim como suas espessas madeixas ruivas e perfeitas. Deitadas no chão rústico coberto por lençóis e almofadas roxo-púrpura elas partilhavam de um amor sereno, praticamente uma dádiva divina.
Luna piscou os olhos três, quatro, cinco vezes seguidas, como se quisesse ter certeza de que aquilo era real. Deslizou a mão esquerda pelas costas da amada de forma carinhosa, afagou-lhe os cabelos sedosos e que cheiravam a fruta adocicada. Engraçado, pois as mãos da amante loura estavam trêmulas e úmidas, seu nervosismo era absoluto e quase constrangedor. Por um momento agradeceu por Gina estar absorta em seu sono profundo, assim não visualizaria aquela cena estranha. Ah, como estava feliz. Agora tinha ao seu lado a pessoa que mais amava e queria naquele mundo, sentia-se completa pela primeira vez em muito tempo. Delicadamente beijou a testa da ruiva, depois deitou sua cabeça na almofada do lado, olhando-a dormir. Poderia ficar ali, contemplando sua musa inspiradora por minutos e mais horas, talvez até o resto daquela vida que lhe restara.
Bem, de um lado da história tudo está um caos, quase que o Tártaro, de outro está tudo perfeito - até demais - mas e do outro? E o lado de Gina Weasley? Bem, como você, leitor atento, deve imaginar...As coisas não são tão fáceis e perfeitas como parecem. Gina Weasley é um mar de complexos, pretéritos imperfeitos e cânticos distorcidos, enfim, deu pra entender, não? Para ela tudo não passava de mais uma curtição...Ou não. Estava realmente confusa em relação aos seus sentimentos e pensamentos, mas como andava carente e fora comovida pelo amor sincero de Luna, cedeu. Assim como todo outro ser-humano fraco, de carne e osso faria. Mas ao ceder à toda aquela história, ao baixar sua guarda, bem, ela pensou apenas nela.
Em sua felicidade, em ser amada, em receber carinho, enfim, egoísta. Não pensou se amava ou não Luna o bastante, não pensou nem quem ela significava para si. Estava apenas curtindo aquilo, sentindo-se alguém indispensável, essencial e única, como sempre gostara de se sentir. Em toda aquela história chegou até a se lembrar de Potter, o único que talvez realmente amara de verdade. Ah, e quem ainda se lembra daquela Gina doce, porém determinada e cheia de personalidade? Bem, talvez por causa do pós-guerra traumático tenha se transmutado em outra.
- Bom dia, Lu. - Gina acordou de repente, ainda bocejando cumprimentou sua namorada. Namorada. Estranho, mas ela ainda não conseguia digerir esse fato muito bem...Afinal, ela sempre namorava garotos, mas garotas...Aquela era a primeira. Não se arrependia, pois o que mais queria mesmo era curtir. Sorriu, um sorriso meio amassado por causa do sono, e então se aproximou da loura e deu-lhe um selinho carinhoso, mexendo em suas madeixas logo em seguida. - Dormiu bem?
- Bom dia! - Seu tom era ansioso e animado, talvez como nunca fora antes. Arrisco até a dizer que havia um pouco de euforia e excitação em sua voz. Ah, mas quem nunca sentiu o coração bater tão alto que fosse possível sentí-lo e ouví-lo mais além, quando está perto da pessoa amada? É, são coisas da emoção, do coração...Coisas que a razão jamais irá compreender. Sentiu seu rosto corar quando recebeu o selinho, ainda não estava devidamente acostumada com aquilo. Era bom demais para ser verdade. - Olha, pra você... - Ainda animada, só que parecia um pouco tímida. Entregou à Gina uma rosa vermelha muito linda, estava começando a se desabrochar. - Essa flor, de um certo modo, representa o meu amor por você. Delicado, suave e perfeito, vai se desabrochando aos poucos...Mas a diferença entre meu amor e esta flor é que...Bem, meu amor por você não vai morrer, pois ele é imortal. - Abaixou a cabeça e tentou sorrir, mas ficara desconcertada naquela situação. Não estava mentindo, estava dizendo o que seu coração mandara.
- Oh, Lu! Que coisa mais linda...Você é tão...Fofa! - Era disso que Gina gostava. Mimos, carinho, demonstrações...Era disso que precisava. Talvez não estivesse amando de verdade, talvez estivesse apenas cativada e comovida, só. Quem vai saber, afinal? Ela puxou a outra para mais perto e a beijou. Um beijo intenso, apaixonado e demorado. Os lábios unidos em um só, as línguas se entrelaçando de maneira apaixonada e intensa, tudo um verdadeiro sonho. Luna sentiu-se flutuar, como se ao invés de braços tivesse asas, ou se tivesse asinhas em seus tênis, algo assim.
Gina Weasley, fogosa? Magina, impressão sua, minha, nossa. Ela, com toda sua delicadeza e sutilidade de vedete do século passado, prensou Luna na parede e segurou suas mãos no alto, como se quisesse rendê-la. Qual era o problema dela? Luna já estava rendida há muito tempo, rendida naquele amor, naquele abismo profundo, oras. O beijo tornava-se mais quente e apaixonado a cada segundo, Luna podia sentir as mãos de Gina explorando seu corpo. Cada toque era uma nova e diferente sensação, seu corpo se estremecia, seus pêlos se arrepiavam e seus pensamentos funcionavam à mil. Nunca havia se sentido assim antes na vida inteira, se tentasse somar tudo que vivera até ali, não conseguiria alcançar aquele momento. Até as reuniões e batalhas da A.D pareciam nada perto daquele momento, daquele beijo, daquelas carícias. Luna ainda era inexperiente por demais, não sabia o que fazer e então continuou apenas...Parada.
- Eu te amo. - Ela sussurou no ouvido de Gina, então abraçou-a para mais perdo de seu corpo, colando-se nela. Sentia-se tão completa, tão humana ao ser dominada por aqueles braços, aquele abraço. Beijou-a novamente, desta vez trilhando beijos carinhosos por seu pescoço, afagando seus cabelos e percorrendo suas mãos pelas curvas perfeitas do corpo de Gina. Não sabia o que fazia, mas agia instintivamente. Aquele momento era a prova do seu amor, da sua realidade. - Você é tudo que eu quero. Vou lutar por mim, por você e por n... - Mas Gina não deixou ela terminar o "nós", beijou-a fazendo-a se calar e continuou o momento, mais por prazer do que por sentimento.
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- Bom dia, Grifinória. Toma esse negócio verde aí que vai te fazer bem, ah, claro...A não ser que você queira ficar na pior ressaca do mundo. - Talena apressou-se a desatar a falar quando viu que Christine abrira os olhos. Estava com o rosto inchado, olhos com olheiras profundas e uma vontade grotesca de vomitar. Pela cara da garota não fazia idéia de onde estava e com quem estava. - Ah, a propósito...Sou Talena Mayfair, me chame de Lena, você me conheceu ontem quando estava...Bêbada. - Falou naturalmente, como sempre fazia. Para Talena ficar bêbada era a coisa mais natural possível, o estranho era ficar sóbria. Na verdade, nunca mais distinguira em estar bêbada ou sóbria no último um ano.
- O que é... - Começou a falar, mas antes fora interrompida por Kimberly.
- Toma logo e não reclama, menina. Vai te fazer bem, juro. Quando eu ficava muito louca, bem...Era isso daí que me salvava no dia seguinte. - Sútil, delicada e amigável como sempre, tsc. Kimberly nunca fora e nunca seria uma garota dócil, não era de sua índole ser assim. Fumava um cigarro de filtro vermelho, mas mais parecia um trem maria-fumaça de tantas tragadas que dava em pouco tempo, chegava a ser engraçado. Só faltava a fumaçar sair pelas orelhas e pelos olhos.
- Kim, relaxa, ok? É normal...Você beberia algo oferecido por duas desconhecidas? Em um lugar desconhecido? Ah, você eu sei que é porra louca, mas ela é novata no ramo. - Sua voz calma e amigável como sempre relaxava a todos, até mesmo Chris que estava completamente perdida nessa história toda. Idéias mirabolantes passaram por sua mente criativa, primeiro que fora sequestrada, segundo que havia bebido demais e se mudado para um lugar desconhecido e terceiro de que havia morrido e estava no inferno. - Bem, essa é a minha querida Kimberly Khvostov, mas pode chamar ela de Kim. Ah, vá se acostumando. Ela é delicada e dócil assim mesmo. - Fingiu que ia mordê-la para insinuar o quão dócil a amiga era, mas depois parou quando percebeu que ela se irritara.
- Erm...Eu...Bem...Eu sou Christine Lafayette...E, ok...Eu bebo. - Então concluiu que era um pesadelo e que devia fazer as coisas assim, pois logo ia acordar. Depois de beber aquilo ia pular pela janela, pois adorava voar nos onhos e pesalos. Bebeu, mas o gosto era tão ruim que trouxe a realidade à tona, pois nada - nem no pior pesadelo - podia ser tão ruim quanto o gosto daquilo. - AHQUE NOJO!MASQUE PORCARIA ÉESSA? - Falou sentindo o gosto horrivel passar por cada poro de sua pele, por cada pedacinho de seu corpo. E de repente todo o mal estar passou. Nada mais de olheiras, enjôos ou qualquer outra coisa, era como se fosse outra. - Nossa...Funciona. Ah...Obrigado, Lena...Obrigado, Kim. Eu dei muito...Vexame? - Perguntou receiosa.
- Hmm...Tirando a parte onde você fez sexo oral no dono do bar que é quase uma múmia? - Ao ver que a expressão confusa da jovem se retorceu em algo extremamente assombroso, Lena riu para reconfortá-la. - Não, você apenas ganhou dois concursos de quem bebe mais firewhisky em menos tempo. Mas aí eu e a Kim tiramos você de lá antes que entrasse em coma alcóolico ou que alguém se aproveitasse de você. - Sorriu simpáticamente e deu uma piscadela marota. - Ah sim, de nada.
- Vocês são...Incríveis. Nem me conhecem e fizeram isso por mim? Nossa...Quem me dera que todas as pessoas de Hogwarts fossem assim como vocês. - Seu tom era de admiração e surpresa, estava comovida pelo ato nobre das recém-conhecidas. Sorria para elas, por extrema gratidão. Felizmente ainda não havia caído a ficha pelo motivo da bebedeira.
- Ah, mas por que você chorava tanto? Você falava "Ela não me ama! Eu não vivo sem ela!" Você é lésbica, é? - Kim, como sempre muito sútil. Tudo que ela NÃO precisava comentar, havia comentado. Recebeu no segundo seguinte um olhar fuzilante vindo de Talena, que era experiente o suficiente para saber que não deveriam ter tocado naquele assunto. Encolheu os ombros e deu um sorriso amarelo, como se pedisse desculpas. - Err...Relaxa, a Lena também é. E eu sou bi, serve? Isso te reconforta? - Tentando arrumar o estrago, talvez conseguira piorar.
- Não é questão de ser lésbica...Não é questão de orientação sexual...Eu amo a Luna. Amo o que habita nela, o seu espírito doce e cativante. Eu continuaria a amando mesmo se fosse um menino, a amaria...De qualquer jeito. Por que de um certo modo, não sei como, mas apenas sei...Que eu pertenço à ela...Mas é óbvio que ela não me pertence. Nesse exato momento deve estar dando uns amassos com a Ginerva Weasley! - O começo soara deveras romântico e fofo, quase um filme comovente de amor. Até Kim se comovera com as palavras, mas o final foi uma mistura de nojo e repúdio.
- WEASLEY? - Falaram as Sonserinas em um coro uníssono. Bem, todas as garotas e garotos "do babado" (que pertencem ao mundo GLS) sabiam que Di-Lua havia se revelado...Mas também lembravam-se muito bem do fora bonito e gostoso que ela levara da Miss. Popularidade. Bem, Talena não escondia que se pudesse daria uns bons amassos na Weasley, já Kim a odiava extremamente. Não via graça, apenas futilidade e superficialidade.
- Eu não culpo a Luna, sabe. Por mais que eu queria culpá-la e esquecê-la, compreendo-a. Pois estamos na mesma situação. Eu amo uma pessoa que pode me amar, mas não como eu quero ser amada. E ela também...Pois, qual é, a Gina não ama ninguém além dela mesma e...Bem, até onde eu sei...Ela amava o Potter e dizia que nunca esqueceria dele. - Só faltou fazer um bico para ficar mais meiga. Estava realmente se dando bem com as Sonserinas, aliás, pessoas que ela achava que jamais se daria bem na vida inteira.
- É, a fama de vadia da Gina não é nem um pouco restrita e pequena. Se bobear até o Filch já deu uns amassos com ela! - Kim não resistiu, tinha que aproveitar a brecha para tirar uma casquinha. Não era falsa, não conseguia ser com pessoas que realmente não gostava. - Peraí...Você não é a menina que deu uma surra na Weasley no Salão Principal? - A empogalção estava em sua voz quase que cem por cento, finalmente havia percebido que podia fazer amizade com a jovem.
- Ah! Você tem toooda razão! Se bobear até o Pirraça já pegou! - Ria, estava ficando mais animada. Amigas...Isso! Era disso que precisava para sair daquela fossa, aliás, boeiro, rio b...Enfim, deu pra compreender, não? - SIM! Fui eu mesma! Gostou? Nossa...Mas cerrei o punho e meti na fuça daquela vaca! - Seus olhos brilhavam de maneira intensa, seus lábios e seu rosto até pareciam mais corados.
- Olha...Só faltou morder a orelha dela, menina! Até eu aprovo aquela esmurrada que você deu...Foi muito bem dada. Mas pelo que eu ouvi dizer...Ela acabou com a Luna, não? Não tinha humilhado ela e tudo e tals? - Pergunto Talena muito curiosa, com uma das sombrancelhas arqueadas. Tinha os braços cruzados na frente do peito e estava encostada na parede.
- Sim...Cara, eu vi tudo e todas as vezes. Coisa do destino, sabe? Eu estava sempre no corredor na hora que as coisas aconteciam. E doeu muito em mim, apesar de nem conhecer a Luna, ver ela sendo tratada daquele jeito...E eu jurei para mim mesma que ajudaria ela. E eu o fiz...Me aproximei e ofereci meu ombro amigo pra ela...Mas....Acabei me apaixonando. - Terminou com um suspiro saudoso e apaixonado, abaixou a cabeça e encolheu os ombros. Logo em seguida ouviu uma risadinha e um "tsc tsc tsc".
- Ihhh, qual é, hein? A Di-Lua tá arrasando mais corações do que a nossa Lena aqui, oh! Ihhh, tá perdendo o posto de Don Juan! - Kim não podia - jamais - perder essa oportunidade para uma boa tirada com Lena, elas eram assim, estavam acostumadas.
- Por isso que eu falo...O amor é uma droga. Não devemos nos apaixonar nunca, ele só ferra com a nossa vida. Sabe, apesar de não conhecer nem a Luna e nem a Gina eu sinto que entre elas não tem aquele QUÊ, sabe? Sei lá...Quem sou eu pra falar de amor? Acabo com os corações alheios e vou embora, tsc. - Estava sendo sincera, oras. Por mais que se sentisse atraída por Christine, não ia mentir para ela, pois sabia que as chances deviam ser mínimas, uma vez que seu coração pertencia à outra.
- Eu não sei se elas são feitas uma para a outra...Mas de uma coisa eu sei: Independente de qualquer coisa eu quero ver a Luna ser feliz...Comigo, com a Gina...Seja com quem for, mas quero vê-la bem e feliz. Se alguém fizer ela sofrer...Eu juro que mato! Com essas duas mãozinhas aqui que socaram a Gina-bitch-siliconada! - Terminou com risadas, pois queria descontrair. Sabia que para algumas pessoas ouvir tudo aquilo não era legal, e estava gostando de ter amigas, não precisava espantá-las com um nhé nhé nhé e melodrama.
Aquela era a chance de Christine sair do fundo do poço também. Havia conseguido amigar que eram verdadeiras, afinal, nem a conheciam e já provaram isso da melhor maneira possível: Cuidando dela quando não havia mais ninguém para cuidar. O destino funciona pela justa troca, tira uma coisa, repõe outra, é sempre assim. Nunca o equilíbrio será perfeito, mas uma hora ele vem. A justiça sempre há de ser feita, ela tarda, mas não falha. Christine, assim como Luna, Gina, Talena, Kimberly, enfim, todos mereciam ser felizes também, mas cada um precisava buscar, encontrar e faturar seu caminho da felicidade. O tempo se encarregaria disso e de um certo modo, mesmo que involuntariamente, elas sabiam disso.
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• ORKUT DAS NOVAS PERSONAGENS:
Talena Mayfair : http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=14298596479839144200
Kimberly Khvostov : http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=17023275911344112079
VISITEM TAMBÉM O FLOGÃO DA FIC, SE QUISER VER COMO SÃO OS PERSONAGENS, NOVIDADES E ETC:
http://www.flogao.com.br/arrebol
DEDICAÇÕES:
- Beka, minha ukezinha, amanta, amiga colorida e pau pra toda obra ;3~ Amiga que cuida e ajuda, assim como as meninas fizeram por Christine na fic *-* Valeu por tudo, vakinha <3 Conta SEMPRE comigo
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