Desejos Proibidos
- Você está feliz assim? Sente-se bem? É o que queria? - Christine fazia um grande esforço para não se debruçar em lágrimas de orgulho e coração feridos. Havia seguido o conselho de suas amigas, estava acertando os pontos mais importantes de sua vida - e isso óbviamente envolvia Luna - colocando os pingos nos i's de todas aquelas histórias inacabadas. Encarava Luna como quem encara seus medos e demônios, mas nem de longe ela representava algo parecido com isso, ela era apenas sua perdição. A maior de todas. O seu desejo mais proibido de todos. Seu olhar era triste e misterioso, um grande mar gélido por trás de olhos azuis inundados, a respiração lenta e ofegante, controlando-se para não se descontrolar de vez. As mãos estavam úmidas e frias, assim como os pequenos flocos de neve que caiam lá fora, bem perto delas que estavam paradas em um corredor meio deserto.
Era uma manhã deveras fria de inverno, o dia estava estranhamente acinzentado, como se toda tristeza plantada no peito de Christine estuvesse se aflorando dia à fora. Sabia, quase por inteiro, que a resposta era aquela de sempre, aquela que ouvia em seus pesadelos e aquela que esperava e conhecia, porém a chama ainda não havia se apagado e havia uma brasa muito bem acesa, queimando fortemente lá dentro. E sim, infelizmente esperava ser abraçada, beijada e correspondida.
- Você sabe a resposta, Chris. Não dificulte as coisas... Também não é fácil para mim. Você foi e ainda é a melhor amiga que já tive! Conseguiu me compreender perfeitamente em tão pouco tempo, como só alguém havia feito antes, alguém que há tempos partiu. Sabe de quem falo...Você não vai me deixar também, vai? - Agora ela tinha medo. Medo de se ver sozinha mais uma vez. Luna estava incrívelmente bela - uma mudança reveras surpreendente. Seus olhos - que costumavam ser acinzentados de tristeza - estavam azuis como um céu de verão que brilha intensamente, suas madeixas louras - antes tão mal cuidadas e diferentes - estavam bem penteadas, alisas e escorridas feito ouro pelos ombros mirrados, e sim, as mechas espessas azuis haviam saído. Estava quase que irreconhecível, delicada feito uma boneca de porcelana nova.
- Chris...Eu sei que pra você dói muito ouvir isso, mas não posso enganar você. Eu amo a Gina, ela é a pessoa que eu sempre vou amar e desejar - seja intensamente ou seja como recordação - Não importa quantas vezes a gente brigar ou quantas vezes ela me fizer sofrer. Sou idiota o bastante para continuar amando-a. Mas eu também amo você. Mas amo-te como amiga e sabes disso! Sinto muito se me apoiei demais em você, se te fiz sofrer ou fui uma amiga ruim, me perdoe, Chris. - Sorriu embaraçada, depois pegou nas mãos da amiga e as beijou com carinho e respeito. Proximidade, naquele caso, não era muito bom, mas não seria fria com sua amiga, não conseguia fazê-lo.
Em alguns segundos a proximidade aumento instantâneamente e logo as duas estavam envolvidas em um terno abraço. Inenarrável, eu ousaria dizer. Luna a abraçava com o amor e carinho de uma irmã e amiga, Christine - por mais que tentasse não fazê-lo - a abraçava com amor. O amor que nutria de maneira não tão explícita e imensamente proibida.
- Por você eu posso esperar. Se ela te fizer mal de novo, venha para os meus braços. Sempre vou te acolher, Luna. Assim como você a ama, eu amo a você. Não se sinta mal ao oubir isso, pois é a verdade, ok? Não vou confundir as coisas enquanto estivermos juntas como amigas, vou me controlar. Mas jamais vou te deixar esquecer que sempre vou estar presente na sua vida, seja como melhor amiga ou seja como um eterno amor não correspondido. Eu, mais do que ninguém, te compreendo. Você trouxe cor aos meus dias frios...E trouxe calor onde havia gelo. Você me deu vida, entende? Não posso te perder, pois perderia a vida. - Por mais forte que fosse ou tentasse demonstrar ser, não aquento por muito então, então uma lágrima solitária escorreu por seu rosto muito pálido. Ela sabia que era errado nutrir tais sentimentos, mas também não conseguia detê-los.
- E você acha que eu não gostaria de amar a quem me ama? Só tente esquecer isso...Pois não quero te ver sofrer, anja. - Luna sorriu, dando uma estranha e - nada legal - brecha para certas idéias. Era como se desse corda há um velho relógio, tsc. Soltou suas mãos das da amiga e virou-se, ainda encarando-a nos olhos. Era o olhar mais profundo que encarara em toda sua vida, e isso - de uma forma estranha - atingiu em cheio seu peito, com uma flechada dolorida e certeira. Seguiu seu caminho, para no final encontrar-se com Gina. Não olhou para trás, não mais, pois sabia que seria mais difícil, machucaria ainda mais sua anja.
Sim, Luna Lovegood não é tão boba e inocente quanto parece ser e pensam. Ela sabia, de alguma forma, que Gina jamais a amaria com a intensidade que ela a amava, mas ainda sim investia naqueles sentimentos, não ia desistir. Não era de seu feitio fazê-lo. Nem sempre o bom é o certo, mas ainda sim o fazemos. O amor não é um mero sentimento banal que pode ser colocado de lado e ser esquecido. E aquele grupo de garotas excêntricas sabia muito bem disso.
Christine sorriu sem saber por que, continuou seguindo seu caminho, onde no final encontraria suas amigas. Era estranho pensar em tudo aquilo, pois aquela conversa era para dizimar qualquer possibilidade de dar certo entre ela e Luna, mas aconteceu extremamente o contrário. Agora a desejava mais, talvez fosse coisa de sua mente confusa e abobada, mas a desejava. Não só físicamente, mas ter sua companhia nos dias frios, debaixo do cobertor e dividir a mesma caneca de chocolate quente. Ter seus abraços quando sua mãe gritasse em sua face, jogando em sua cara que jamais seria tão boa quanto a irmã foi, ou qualquer outra coisa. Nunca foi fácil para ela, nunca foi fácil para ninguém.
Do outro lado Luna também seguia seu caminho, porém muito muito pensativa. Aquilo havia mexido com ela também, mas não sabia explicar em qual intensidade e importância. Talvez, mais uma vez, Christine tivesse ajudado ela a enxergar a verdade. Mas a razão em nada ajudaria, afinal, quem estava com as rédeas daquela situação era seu coração. O caminho não era longo, mas comprido o bastante para ambas refletirem sobre tudo aquilo. "E se Chris tiver razão? E se eu lutar tanto por esse amor e perder? E se Gina se cansar de mim? Será que eu seria capaz de superar de novo? Ou aprender a amar outra pessoa, de novo?" perguntas e mais perguntas que, talvez, apenas o tempo fosse responder.
Parou na frente da porta - que não era visível a quem não sabia a existência da sala - e murmurou um feitiço, logo uma maçaneta redonda e escura apareceu no meio da parede de pedra fria. Respirou fundo e espantou todos aqueles pensamentos de sua mente, deixando sua mãe delicada agarrar com determinação a maçanete, preparando-se psicológicamente para cair loucamente no amor, de novo, como sempre. Abriu a porta e adentrou, e assim todas as dúvidas realmente sumiram de sua mente, pois encontrar os olhos acolhedores e o sorriso doce e sensual de Gina esperando-a foi sua perdição, como sempre foram.
- Você demorou, amor. Falou com sua amiguinha lutadora de box e espancadora de namoradas? - A irônia em sua voz rouca e delirante soava um tanto quanto vulgar. Se Chris estivesse lá novamente daria uns bons socos certeiros na ruiva, mas não estava. Sua total habilidade de sedução fazia tudo se tornar muito real e encantador, praticamente irresistível. Tratava Luna de forma carinhosa demais, como se namorassem há anos e anos, mas na verdade fora apenas duas semanas. Encarava a amante com uma sombrancelha arqueada, esperando ansiosamente a resposta. Sempre foi e sempre seria possessiva com suas marionetes do amor.
- Desculpa a demora, Gi. Falei sim...Sinto saudades dela, sabe? Me ajudou muito, foi como um anjo da guarda. Muito amiga ela, muito mesmo. Uma irmã para mim, nada mais. - Lamentou-se, tentando acabar com qualquer hipótese de haver ciúme ou rancor da ruiva para com sua melhor amiga. Caminhou vagarosamente - com um tanto de dengo - até Gina e deitou-se no colo quente da amada, recebendo em seguida, como resposta, um beijo apaixonado e acolhedor nos lábios. Todos os beijos que dava ou recebia de Gina eram únicos, exclusivos e inenarráveis. As mãos se entrelaçaram - formando um nó intrasponível - e os diferentes tons de cabelos e cheiros das peles macias se misturaram, tornando-se um. Ali, muito unidas, elas ficaram por um bom tempo e em silência. E então Gina resolveu quebrar isso.
- Bem, tenho uma idéia. - As bocas agora estavam um pouco mais distantes, Luna a encarava curiosa e Gina sorria radiante. Um sorriso indecifrável, um misto de perversão com animação. - Por que não chama essa tal Viviane e as amigas estranhas dela para saírem com a gente, hoje a noite, no Vassouras? - Perguntou calmamente, como se fizesse isso uma vez por semana. - Não guardo rancor dela. Tá certo, os socos doeram, mas se ela é sua amiga...E vê-la te faz feliz...Bem, o que te faz feliz me faz feliz também, certo? E eu te amo, confio em você...Então não é só por que entrei de vez na sua vida que vou mudar sua rotina. Vou me adaptar a ela, isso sim! - Luna podia ouvir tambores rufando, zabumbas gritando, pessoas dançando e muito confete caindo diante de seus olhos azuis. Era um sonho? Gina havia deixado o orgulho de lado, o que era um grande - grande mesmo! - passo. E isso a fazia se encher de esperanças e pensar "Uau, dessa vez vai dar certo". E talvez desse mesmo.
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- Aquele é o grupo mais bizarro e nojento que eu já vi, Susana! - Cochichou Gabrielle indignada ao olhar para uma das últimas meses do Três Vassouras. Lá estavam sentadas Christine Lafayette, a Grifinória pé-de-cana, Talena Mayfair, a Sonserina lésbica assumidíssima e detonadora de corações alheios e Kimberly Khvostov, a Sonserina Srta. Revoltada. Esperavam, dividindo diversas bebidas e porções de guloseimas, o mais novo casal assumido de Hogwarts: Gina Weasley e Di-Lua Dyke, ops! Luna Lovegood. Isso mesmo! Era o segundo sábado que todas saíam juntas, o primeiro fora entediante - apenas Luna e Talena falaram, já que as outras se encararam tanto que dispensaram comentários - mas esse prometia ser melhor. Luna e Gina haviam sido flagradas por Lupin na sala de troféus, ele ficou desconcertado, deu uma risadinha, mas levou tudo na boa. E elas acharam melhor, então, se assumirem para ninguém mais se assustar.
Ok, vamos com calma! Vocês devem estar curiosos para saber como a nada pequena família Weasley reagiu a tudo isso, e também conhecer mais as outras personagens. Molly Weasley desmaiou, depois acordou rindo achando que era um pesadelo, depois que Fred repetiu desmaiou de novo. Na décima segunda vez ela não desmaiou, mas chorou muito. Fez um discurso para as duas de meia hora, explicando que o preconceito era muito, que aquilo ia ser difícil, mas que ela não ia condená-las, afinal, via que Gina estava feliz como não ficava há tempos. O Sr. Weasley - que estava tão mal de uma gripe holandesa bruxa - tinha os ouvidos muito entupidos, só conseguiu entender quando viu as duas se beijando - o que foi preciso para fazê-lo entender - e ele riu, achando que era primeiro de abril. Os gêmeos acharam uma boa, até quiseram publicar e vender uns vídeos na loja nova, mas depois de verem a expressão indignada de ambas desistiram. Rony e Hermione ficaram muito - e põe muito nisso - surpresos, mas no final acharam uma boa, pois ainda acreditavam na historinha do "Ah, amo o Potter!". Bem, primeira parte explicada. E a segunda - que sei que já prometi antes - vem em breve. Mas a fic não acaba sem todos conhecerem melhor os personagens!
- Tenho arrepios e náuseas só de pensar como deve ser...Ahhh que horror, Gabi! - Susana fez uma careta tão falsa que estava óbvio - para quem tem seu gaydar básico, que ela era - no mínimo - curiosa. Talena, que como sempre percebe todos os olhares (sejam estes de desprezo ou interesse) sorriu e piscou para as meninas que as encaravam, depois mordiscou o lábio inferior e jogou um beijo para Susana. Que fez cara de nojo e gemeu, imitando vômito. Mas tava na cara que ela queria ser vítima daquela heartbreaker tão cobiçada.
- Hey, Chris, Kim...Querem rir um pouco? - Perguntou Talena. A malícia não podia estar mais presente em seu tom de voz, como sempre misterioso, rouco e sedutor. Arqueou uma das sombrancelhas e levantou-se antes mesmo das amigas responderem. Elas já conheciam a peça. Sabiam que Talena era fogo de palha, adorava provocar e vice-e-versa. Sempre fazia isso com as meninas "heteros" e homofóbicas. Se demonstravam tanto repúdio é por que alguma coisa tinham, oras!
- Adoro figos. Figos doces...Como esses. - Na mesa da dupla de nojentas, fúteis e arrogantes havia um prato todo decorado e com uma porção de figos verdes doces. Talena espetou o palito em um deles e deslizou pelos lábios, deixando-os brilhantes, depois mordiscou o figo e o mordeu, mastigando-o e engolindo-o. Aproximou-se de Susana e ficou cara-a-cara com ela, podendo sentir de perto o seu perfume de flores adocicado e sua respiração ofegante e acelerada, a garota ficou vermelha rapidamente e parecia que ia explodir. - Você gosta? - Perguntou, sussurando no ouvido dela. Gabrielle estava se contorcendo de nojo, raiva ou inveja, ninguém saberia dizer. Colocou a mão esquerda atrás das costas e a direita no rosto macia de Susana, piscou para ela, mordiscou o lábio inferior - deixando-o vermelho e bem marcado - e virou-se, rodando o corpo pelos calcanhares e voltou para sua mesa. Deixou para trás uma Susana muito atordoada e com muito calor, se é que me entende.
- VOCÊ TÁ LOUCA, SUS? Por que não empurrou aquela nojenta? - Gabrielle perguntou indignada. Ambas podiam ouvir as risadas da mesa gay do bar ecoando por ali e em suas mentes perturbadas pelo fato que acabara de se desenrolar. Susana ainda não recuperara a voz, ficou assim por mais alguns segundos, mas quando recuperou enrolou-se nas palavras e não conseguia tirar os olhos de Talena. Tentou se explicar com milhares de desculpas esfarrapadas, até citou "Ela me enfeitiçou! Sei que o fez! Ela é louca!" mas a única louca ali era Susana, que estava louca por Talena.
- Meu Merlim...Você é um monstro! Destrói o sistema nervoso de qualquer garotinha por aí, é? - Comentou Christine, ainda rindo e tentando se desengasgar de um pedaço de peixe, tomando um grande gole de suco de ameixa. - Sabe...Quero ser que nem você quando crescer, Lena. Não me apaixonar, não amar...Só sentir. Sentir cada momento e cada sensação...Ser uma safada maluca! - Riu, engasgando-se novamente. Não conseguia ser triste perto delas, sempre tinha do que rir.
- Você ainda não viu nada, K-Chris! - Falou Kimberly em voz alta. Era conhecia por seu habitual mau-humor e gênio forte, nunca sorria demais e estava sempre gritando e brigando com alguém por aí. Mas perto dos amigos ela era outra. Era dócil, amiga e gentil, sabia se moldar conforme a ocasião exigia, oras. - Eu já fui vítima desse monstro...E olha, por mais que doa a quem doer...Eu provei e aprovei! - Rindo, ela segurou a barriga para não cair da cadeira e fazer xixi nas calças. Era verdade, conhecera Talena quando e mesma a pegou de jeito no banheiro do Javali.
- Não brinque com isso, K-Chris. Não queira ser como eu. Assim como eu invejo você por saber amar, esperar e respeitar quem você realmente quer, você me inveja. E está enganada! Eu me apaixono sempre, quase todos os dias. Mas paixões são passageiras...Eu me apaixono com muita facilidade, e muito rápido...E me desapaixono mais rápido ainda, entende? - Falou tudo isso muito séria. E as outras se calaram para ouvir, assustadas, claro. Depois de mais uns segundos ela caiu na risada, quase chorando de tanto rir. - Caraca! Quase peguei vocês! Haha! Até parece...O amor é uma droga. Só ferra com a vida dos outros. E sim, eu pego de jeito! - Piscou maliciosa e passou a língua pelo lábio inferior, brincando.
- Hm, acho que o mais novo casal lésbico de Hogwarts acaba de dar um bolo nas old school aqui! - Brincou Kim, que logo recebeu uma encarada feia de Chris, que considerava Luna o suficiente para saber que ela não faltaria, não quebraria o compromisso e nem a palavra. E parece que foi só tocar no assunto que elas chegaram. A porta se abriu, deixando o vento frio entrar junto, automaticamente todos viraram a cabeça para olhar quem era - não, isso não acontece sempre, mas é que fica mais legal assim e parece ser cena de filme! (sim, a autora tem sérios problemas) - e o silêncio se fez. Bem, pelo menos na cabeça de Chris. Viu Luna rindo, de mãos dadas com Gina que também ria, a loura tirou a touca e o casaco e mostrou que estava incrívelmente linda, retirou o casaco da namorada e pendurou-os, depois passou o braço por sua cintura e caminhou até onde havia avistado a amiga. Uma ponta de inveja surgiu, claro. Como queria estar ali...Envolvida nos braços de Luna, mas não podia.
- 'Noite, Talena, Kimberly, Chris! Desculpa a demora...Mas a gente levou um escorregão descendo a última escada de Hogwarts! - Luna nem parecia a mesma de meses atrás. Desleixada, silênciosa e camuflada por tristeza e dor. Estava tão viva e bela, parecia uma bela flor desabrochada após um rigoroso inverno. Estava perfeita. Até Talena deu uma olhada suspeita para ela, ao perceber que a tal Di-Lua Dyke não era tão "monstrenga" como esperava ser, aliás, era bem melhor do que antes. Cumprimentou as três com amigáveis beijos na bochecha, depois esperou Gina fazer o mesmo, então puxou a cadeira para ela, acariciou suas madeixas e se sentou ao seu lado, segurando sua mão.
- Vocês não morrem mais, garotas. Estavamos comentando como demoraram...E agora tá explicado. Podem falar, somos um grupo gay o suficiente para ouvir que vocês estavam fazendo um sexo selvagem antes de vir pra cá, por isso atrasaram, né? - Talena nunca perdia a chance de apimentar as coisas, mas depois de ter feito o comentário se lembrou que o mesmo podia ter magoado Chris, então olhou-a. Mas esta parecia incrívelmente bem, até ria do comentário. Ou ela era uma perfeita atriz ou percebera que quem amava estava feliz como estava.
- Droga! Você nos descobriu...Ah, vai me dizer que vesti a calcinha por cima das calças de novo? - Gina brincou. Todas riram, menos Kim e Chris, que ainda tinham sua pontinha de desprezo inapagáveis. Até a senhora da mesa ao lado riu, mas elas não. Ao perceber que não agradou as outras duas, mudou o assunto. - Adoro o inverno. É tão bom para dividir um chocolate bem quente e ficar debaixo das cobertas... - Comentou avoada, fazendo como Luna fazia. Chris sentiu seu estômago dar uma cambalhota. Havia sonhado tantas vezes em viver momentos como aquele junto à Luna...E agora tinha que ouvir aquilo.
- Ah, vocês tinham que ver. Sabe a tal Susana, aquela ali da outra mesa? Viram...Então...Ela e a loirinha de plástico ficaram encarando a gente com cara feia...Fui lá e dei uma provacada, sabe, como só eu sei fazer...E a menina ficou sem ar. E depois diz que tem nojo! E diz que duas garotas juntas só servem para fazer fofoca...Tsc, ela que não sabe o que é o bom da vida, ou ainda não. - Talena não se gabava das coisas, comentar sobre seus feitos dessa maneira era normal, até as duas que a conheciam a menos tempo sabiam disso. No começo tudo soava como algo arrogante, mas não era. Era normal.
- É...Ela sempre foi muito lésbica. Lembro quando eu era amiga delas...Ela sempre queria tomar banho junto comigo ou com a Gabi, dizia que não gostava de fazer sozinha, pois nunca conseguia esfregar as costas. Ela é bruxa pra que? Pra vir pra Hogwarts e paquerar lésbicas bruxas estilosas como nós? - Gina estava fazendo seu máximo, tentava mesmo se enturmar. Mas com Christine e Kimberly ela jamais conseguia, qual era o problema em entender isso? E isso ficou claro quando Kim deu uma risada debochada, balançou a cabeça negativamente e levantou-se para ir ao banheiro, como quem dissesse "Não é lésbica nem há um mês e acha que já é a nova Safo do pedaço!". A cara pasma de Gina quase fez Christine cair da cadeira de tanto rir, claro, estava rindo por dentro. Não ia dar essa mancada com Luna, mas só não o fazia em respeito a Luna.
Enquanto Gina e Talena faziam piadas e conversavam sobre mancadas cometidas por professores, Christine e Luna se encaravam. Não precisavam dizer nada, pois conseguiam se entender perfeitamente. Bastava um olhar, um olhar significativo o suficiente para fazer a outra compreender o que uma dizia ou sentia. Luna olhou para Gina e depois para Christine, como se quisesse enxergar tudo que devesse enxergar, tudo que estava em sua frente. Não conseguia pensar direito...Chris sempre havia feito tudo por ela, e agora Gina lutava para se encaixar perfeitamente em seu coração, lapidando as grandes e pequenas falhas que havia em si.
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Corpos ardentes. Beijos quentes. Suor. Paixão. Desejo. Mistura de tons, cheiros e gostos. Traição. Uma mecha espessa de longos cabelos ruivos e macios estava despejada sobre um ombro magro, um ombro médio. Não havia mistura de cabelos desta vez, não havia. E uma mão magra de dedos finos deslizou pelas costas úmidas e bem definida da ruiva, que gemeu baixo ao sentir um arrepio, aquele frio que faz os pêlos do corpo todo se ouriçarem. Vai doer de saber, mas aquela mão era sim de Talena Mayfair. E não, aquele cabelo ruivo não era de Gina Weasley. Assustaram-se, não? Aquela ruiva era uma atendente novata da DedosDeMel. Atual namorada de Olívio Wood, uma prima distante dos Weasleys sim. Talena havia conhecido-a há um tempo atrás, quando fora comprar balas de goma gosmenta para Kim e Christine.
- Não vá, não ainda...Eu quero mais, quero você. - Sussurou a ruiva de belos olhos cor-de-mel, que fitavam com a seriedade de uma verdadeira mulher, os olhos distantes da morena magra. Talena sorriu como quem pede desculpas, vestiu sua roupa e saiu dali. Do lado de fora Kimberly a esperava, fumando um cigarro mentolado. Era sempre assim...Se Kim não a fosse buscar ela passava o mês fora seduzindo mulheres por toda Londres bruxa ou não bruxa.
- Boa escolha dessa vez. Isso que é mulher, hein? - Comentou, jogando o cigarro no chão e pisando com a ponta do pé. - Eu queria ser mulher assim...Não uma menina. - Disse de forma tristonha. Sentia-se uma eterna criança, mas não era. Havia enfrentado problemas de uma mulher madura, e o fez com coragem. Kimberly perdeu os pais ainda muito cedo, ficando sozinha no mundo com o irmã caçula com problemas mentais. Não havia parente próximo que quisesse ficar com a guarda das crianças, então um tio distante - de New York - que havia acabado de se mudar para Londres decidiu adotá-los. O homem inescrupuloso era um verdadeiro animal, bruxo ignorante e de mente fechada, vivia bêbado. Logo largou o emprego e viveu da herança dos sobrinhos, que esbaldava em coisas tão fúteis e inúteis quanto a si próprio. E quem dera essa fosse a pior parte. Ele dizia explícitamente para Kimberly que ela era muito feia, nenhum homem nunca se casaria com ela, que aquelas pernas finas mais pareciam dois gravetos e que a cara dela lembrava um cachorro bochechudo e enrrugado. Ela era uma criança vaidosa, sentia-se mal por isso. E ele, quando atingia o ápice da bebedeira, amarrava ela em seu quarto - que ficava no porão - e abusava dela. Sem piedade ou compaixão, sem se lembrar que ali, debaixo daquele corpo maldito dele, havia uma criança. Uma criança que não pediu para vir ao mundo, perder os pais ou ser abusada. Lutou contra distúrbios alimentares que vieram a aparecer junto com sua obsessão por sua aparência, sentia vontade de se vingar, mas no fundo tinha medo. Medo dele cumprir as promessas que dizia, pois ele havia escondido o irmã dela em algum lugar. Surpresa! Kimberly se preocupa com alguém que não é si própria.
- Cala a boca, Kim. Você é linda...Fica aí reclamando! Olha só, você sabe que eu sempre fico com as melhores...E se fiquei com você, bem, é por que é uma das melhores! - Talena disse enquanto roubava um dos cigarros mentolados da amiga, acendendo e tragando logo em seguida. Aquilo, sem querer, fizera Kim recordar de sua maldição, sua dor maior, e ela sentiu-se desnorteada. Agarrou-se à Talena e escondeu seu rosto no peito dela, buscando proteção e abrigo. Não havia nada além de amizade entre ela, ah, claro que havia amor, mas um lindo amor de amigas. Eternas amigas.
E volto a repetir. Desejo. Beijo quente. Paixão. Calor e ardor do momento. E...Traição. No meio de toda essa intensidade quente havia uma lágrima que escorria, pedindo passagem entre um rosto muito pálido envolvido por mãos pouco bronzeadas. Cabelos louros e cabelos negros. E então sussuros, pedidos de desculpas, mais lágrimas e...Separação. Agora os dois corpos que anteriormente estavam praticamente colados estavam com dois passos de distância. Luna Lovegood chorava feito uma criança, chorava como havia chorado de medo há anos atrás. Respirou fundo, abraçou o próprio corpo e deixou as lágrimas continuarem a cair em seu rosto iluminado pela claridade daquela manhã de domingo.
- Desculpa. - Foi a única coisa que Christine conseguiu dizer enquanto soluçava. Estavam na "sala secreta". As almofadas roxo-púrpura bagunçadas, duas canecas vazias de chocolate e uma coberta azul-marinho. Ambas pareciam chocadas com alguma coisa...Algo estava errado. Mas o que? Essa era a pergunta que não queria calar. O que? O que estava errado? Onde estavam errando? Aquilo ia doer, doer em uma, duas ou três pessoas, mas ia sim. E elas sabiam disso. Sabiam desde o princípio que desejos proibidos tinham consequências. E na maioria das vezes as consequências não eram boas.
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Finalmente atualizada! Espero que gostem do novo capítulo...Não me matem e não me atiram tomates x3~ Terá uma boa explicação para TUDO no próximo capítulo. Tem nova personagem chegando, tem muuuuitas coisas que ainda vão rolar.
DEDICAÇÃO:
Aos ÍNDIOS! Afinal, hoje é o dia do ÍNDIO xD Brincadeira...Dedico este capítulo a todos os meus amigos doentes e malucos que me acompanham nessa vida passageira ^^
Espero que gostem, sinceramente...E obrigado a quem tem comentado ou pelo menos se dado ao trabalho de ler a fic.
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