De Volta ao Comando
N:A: Olá pessoal. Desculpem a demora em postar, mas o trabalho tem me tomado boa parte do tempo. Bom, resolvi postar o final da estória em dois caps. O motivo principal é que se postasse tudo no mesmo, ficaria meio confuso, misturaria os assuntos. Por isso, este está um pouco menor que os anteriores, mas espero que gostem mesmo assim. Vamos ao cap.
Capítulo 14 – De Volta ao Comando
Gina acordou e mesmo antes de abrir os olhos, sorriu. Na verdade ela não queria abrir seus olhos e acordar para o novo dia. Afinal, o sonho que tivera durante a noite passada havia sido tão bom que ela não queria acordar. Preferia continuar dormindo - “Que sonho!” – Pensou ela, sorrindo ainda mais e abraçando o travesseiro. Mas aquele não era o seu travesseiro. Então, começou a perceber que tinha alguma coisa de diferente. Sentiu um peso em cima de suas costas e de suas pernas, e uma leve respiração em seu rosto. Imediatamente abriu os olhos e lá estava ele – “Por Merlin, não foi sonho!” – Pensou novamente, avaliando a situação.
Estava deitada de bruços, nua sob os lençóis. Harry estava dormindo ainda, abraçando-lhe na altura da cintura e tinha uma das pernas sobre as suas. Dormia tranqüilamente e tinha uma feição de satisfação no rosto. Gina correu as costas da mão sobre o rosto do amado, beijou-lhe a testa e depois, com muito cuidado para não acordá-lo, levantou-se. Seu desejo, ao lembrar-se da noite anterior, era de sair pulando e gritando pelo quarto, mas isto estava fora de cogitação. Alertaria a casa toda. Um ronco em seu estômago a assustou, e ela pensou –“Não sabia que isso dava tanta fome. Acho que vou arrumar o café pra gente, o Harry deve acordar faminto.” – Em seguida, pegou a camisa do pijama do Harry e a vestiu, saindo do quarto silenciosamente, com destino à cozinha.
Desceu a escada saltitante de alegria, mas quando chegou ao final, quase teve um ataque do coração:
- MAS O QUE SIGNIFICA ISSO? – Perguntou Molly, que estava sentada no sofá, esperando os jovens, mas ao ver a filha, deu um pulo, levando os braços à cintura ameaçadoramente.
- MÃE! – Gritou Gina em resposta, completamente sem jeito por ter sido pega em flagrante.
- Ginevra Molly Weasley! Posso saber que trajes são estes? – Insistiu sua mãe.
- Quê? Como? É que... – Gaguejou a moça, só agora percebendo que estava vestindo a camisa e apenas a camisa do pijama de Harry – Mãe, eu posso explicar.
- Explicar? E como a srtª acredita que possa explicar o fato de não ter dormido em sua cama? Eu estive no seu quarto logo cedo mocinha e a cama sequer foi desfeita esta noite. Ou como pode me explicar o fato de estar usando a camisa de Harry? – E, fitando as pernas da filha, onde a camisa ficava meio transparente, concluiu – Por acaso você não esqueceu algo?
- Ah droga! – Respondeu Gina, encurralada, sem coragem de encarar a mãe, tentando recuperar algum pudor – Ta certo mãe. Eu passei a noite com o Harry. Eu sei que não devíamos, que você e o papai não concordam com esse tipo de atitude da gente, mas não deu pra evitar. Perdoe-me!
- Agora a srtª lembrou do seu pai, não é? Tem idéia que eu tive que mentir pra ele esta manhã, quando ele percebeu que nenhum dos dois aparecia para o café? Tive que dizer que vocês já haviam saído para resolver um problema. E menti pra Lucy também. – Disse Molly, finalmente relaxando e soltando os braços.
- A srª não contou pro papai? Mentiu por nós? – Perguntou Gina, levantando o olhar novamente e encarando a mãe.
- Claro que não. Se seu pai ou seus irmãos souber dessa história vão ficar loucos. Você sabe como eles são quando o assunto é você. – Justificou Molly, abrandando sua feição – Eu sabia que este dia estava chegando minha filha.
- Nós nos amamos mãe. Fizemos por amor, eu juro. Não dava mais pra esperar, entende? – Gina começou a se aproximar da mãe, que abriu os braços para aconchegar sua filhinha entre eles.
- Agora, o que realmente importa. – Disse ela, beijando a filha na testa – Você está feliz? Foi como você sonhava?
- Não mãe. Foi muito melhor do que qualquer sonho que eu possa ter tido nesta vida. Ele foi tão delicado, meigo, amoroso. Foi lindo, mágico, nunca pensei que seria assim. Foi perfeito. – Respondeu ela, abraçando forte a velha senhora.
- Que bom! Que bom minha filha. Este é um momento que você vai guardar pro resto da sua vida. E ele também, tenho certeza disso. Vocês se amam sim, um amor que já superou várias barreiras e certamente enfrentará outras. Mas lembrem-se deste momento de comunhão entre vocês e nada poderá separá-los. Ouviu? – Molly enxugava uma pequena lágrima que teimava em escapar de seu olho.
- Não vou me esquecer, pode deixar. Agora preciso arrumar nosso café, estou morrendo de fome e o Harry já deve ter acordado a essa hora. – Gina beijou a face de sua mãe e se afastou, com intenção de ir para a cozinha.
- É, achei que os dois acordariam com fome. Por isso já me adiantei e preparei um lanche reforçado pros dois. – Disse Molly, fazendo aparecer uma bandeja repleta de torradas, geléias, chás, sucos e frutas na mesinha de centro.
- Já disse que a senhora é a melhor mãe do mundo? – Perguntou a jovem, beijando a mãe no rosto e pegando a bandeja.
- Não, hoje não. Descansem até a hora de Lucy chegar da escola. E tratem de tomar mais cuidado daqui pra frente, entenderam? – Concluiu a velha senhora para a filha, que já alcançava o topo da escada com a bandeja e apenas lhe sorriu de volta em sinal de entendimento.
Quando entrou no quarto, Harry já estava acordado, recostado na cabeceira da cama. Assim que a viu entrar, carregando a bandeja, arrumou-se melhor na cama para abrir espaço para sua amada sentar-se. Esta por sua vez, abriu seu melhor sorriso, beijou-lhe levemente os lábios e sentou-se de frente para ele.
- Bom dia amor! – Cumprimentou ela.
- Bom dia. Você demorou. Algum problema? – Perguntou Harry, franzindo a testa.
- Sim e não. – Respondeu Gina, passando geléia em uma torrada e entregando-a a Harry – Fui flagrada pela minha mãe nestes trajes. E é lógico que ela já sabe da gente. Mas pode ficar tranqüilo, ela não contou pra ninguém. Está do nosso lado.
- Que alívio. Sua mãe é o máximo, sabia? – Harry disse, devorando gulosamente a torrada.
- Sei. Ela ainda nos deu a manhã de folga, acredita? Pra ficarmos aqui juntinhos, até a hora da Lucy sair da escola. – Disse a ruiva, tomando um gole de suco de abóbora, o qual engoliu rapidamente para continuar – Temos que descer enquanto minha mãe vai buscá-la, senão ela desconfia de algo.
- E porque nós mesmos não vamos buscá-la na escola? Acho que a Lucy vai gostar de ver a gente lá. – Harry já estava na sua segunda torrada.
- Ótima idéia. Ela vai adorar.
Após tomarem o café continuaram no quarto por mais algum tempo. Quando desceram, já era quase hora de buscar Lucy. Avisaram Molly que iriam e saíram, em direção à vila. Quando a garota saiu da escola, lá estavam os dois à sua espera. O casal cumprimentou sua professora e saíram os três em direção a uma rua lateral. Durante o caminho, Lucy seguia na frente. Não disse uma palavra aos dois desde que os vira. Chegando numa rua deserta, aparataram, surgindo logo depois nas proximidades da Toca. Só então a menina se virou pra eles, cruzando os braços e disse:
- Lembraram que eu existo, é?
- Como assim? Nós nunca esquecemos de você Lucy. – Disse Harry, atônito com a reação da menina.
- Como não? Desde ontem que não ligam pra mim.Nem lembram que eu existo. Nenhum dos dois. – Lucy disse, virando-lhes as costas, emburrada.
Harry e Gina entreolharam-se, sorrindo. Isto havia passado por suas cabeças, sem dúvida. O ocorrido no dia anterior, a festa, a atenção dispensada a Harry, que se tornara o centro das atenções, causara uma reação até certo ponto esperada na menina. Gina ajoelhou-se no chão, ficando da mesma altura que Lucy e disse:
- Meu amor, ontem foi uma exceção. Todos estávamos tão felizes com a cura de Harry que acabamos deixando você meio de lado, e pedimos desculpas por isso.
- É isso mesmo bruxinha. – Disse Harry, ajoelhando-se ao lado de Gina – Foi por isso que nós viemos aqui hoje buscar você. Pra pedir desculpas e prometer que isso não acontecerá novamente.
- Eu não acredito mais em suas promessas. – Cuspiu Lucy, vermelha de raiva – Você prometeu que nada ia mudar quando você se curasse, que ia ser melhor do que antes.
- Prometi, não é? – Perguntou Harry, levantando-se e olhando para o céu – Sabe, é uma pena que você esteja com tanta raiva de mim assim. Eu estava pensando seriamente, como forma de me desculpar, em ensinar algo que o “outro” Harry não sabia fazer. E que eu, modéstia à parte, sei e muito bem.
- Harry... – Alertou Gina, prevendo algo.
- Me ensinar? Você vai me ensinar algum feitiço? A lutar com a sua espada? – Aparentemente Lucy havia esquecido a “raiva”.
- Não, lutar não. – respondeu ele com simplicidade, deixando de olhar o céu e baixando o olhar para a menina, completando – Mas o que acha de aprender a voar?
- Voar? Voar numa vassoura? – Incendiou-se a menina.
- Sim senhora, voar numa vassoura. Eu era um ótimo piloto, sabia? – Disse Harry, completando em seguida – Eu estava pensando em voarmos um pouco depois do almoço. Mas já que está com raiva...
- Não To, Não to não. – Lucy começou a dar pulinhos de ansiedade – Me ensina Harry, por favor, por favor, por favor.
- Hei. Eu também quero participar desta festa, ouviram? – Exclamou Gina, sorrindo e levantando-se.
- Tudo bem, então vamos voar. Mas tem uma condição. Só se vocês me pegarem antes que eu chegue na porta da cozinha. – Disse Harry, que imediatamente saiu correndo em desabalada carreira pelo caminho, em direção à casa da família Weasley.
- Assim não vale! – Gritou Lucy, correndo atrás dele.
- Vem! A gente pega ele. – Disse Gina, segurando a mão da menina com a mão esquerda, começando a correr, enquanto sacava a varinha com a direita e lançava feitiços em Harry, até conseguir atingi-lo quando já estava próximo da casa.
Com as pernas bambas, Harry foi ao chão por tempo suficiente para que as duas o alcançassem e chegassem primeiro na casa. Molly, ao ouvir a correria, saiu de sua cozinha em tempo de ver Harry entrando pela porta e se jogando sobre as duas, derrubando-as e em seguida, atacá-las com uma sessão de cócegas. Sorrindo e balançando a cabeça, voltou para sua cozinha para terminar o almoço.
No início da tarde, após o almoço, o trio estava novamente nos jardins da casa. Agora na parte de trás, onde havia um campo. Harry estava sentado sobre a grama, com uma bela vassoura no colo, lustrando-a satisfeito. Gina trazia uma outra vassoura, mais nova numa mão e uma outra, um tanto surrada, na outra. Lucy sentou-se ao seu lado e perguntou:
- Esta vassoura é sua? Parece meio velha.
- É, ela é minha sim. E está meio velha também, é uma velha companheira, há anos que não a uso. Esqueci que sabia voar. – Respondeu ele.
- Mas nós jogamos Quadribol algum tempo atrás. E você a usou, não se lembra? – Perguntou Gina, também se sentando.
- Aquilo não conta. Nem como vôo nem como jogo. – Harry respondeu, ainda lustrando sua velha vassoura.
- Não quer usar uma mais nova? – Perguntou novamente Gina – Pode usar a minha.
- Não amor. Obrigado. Eu e esta vassoura temos uma história. – Harry terminara de lustrar sua Firebolt e se levantava, seguido das duas.
Durante a próxima meia hora Harry e Gina ensinaram pacientemente os princípios de vôo para Lucy, que prestava a máxima atenção em cada detalhe. Depois deste tempo, acreditando que a menina já estava preparada, começaram com a aula prática. Enquanto Harry permanecia no chão por garantia, Gina, montada em sua vassoura, acompanhou Lucy em seu primeiro vôo.
Começou bem devagar. A menina concentrou-se, para dominar a vassoura e vagarosamente, começou a ganhar o céu. No início foi conduzida por Gina, mas depois de se acostumar com o vento, as correntes de ar, etc., começou a voar sozinha. Assim como Gina, que mantinha toda a atenção sobre ela no ar, do chão Harry não desviava o olhar, pronto para intervir em qualquer momento, caso Lucy perdesse o equilíbrio. Passados mais alguns minutos ele acabou por relaxar, ao perceber que a garota progredia muito bem. Pegou sua vassoura e se juntou às duas, então começaram a praticar algumas manobras.
Voaram por mais uma hora, até Lucy mostrar sinais de cansaço. Então desceram, mas Harry pediu mais alguns minutos no ar. Então Lucy e Gina deitaram-se na grama, observando o moreno voltar ao ar.
A sensação de liberdade dominou Harry novamente. Ele alçou vôo rapidamente, chegando a uma grande altura, depois deu uma guinada e voltou, dando urras de prazer. A adrenalina corria solta em suas veias, ele movia a vassoura com habilidade sem igual. Dava Loopings, virava, subia e descia. Mais meia hora de pura emoção, até resolver descer e se juntar às moças. Quando pousou, Lucy correu para ele, pulando em seu pescoço, eufórica.
- Nossa! Você voa muito bem. Vai me ensinar tudo isso? – Perguntou ela.
- Quando tiver idade, baixinha. Garanto que você será uma ótima apanhadora em Hogwarts, você vai ver. – Respondeu ele.
O dia terminou com um belo jantar, que contou com a presença de Rony e Mione. Após o jantar, todos se juntaram na sala, onde relembraram os tempos de escola e riram muito. Dado certo momento, Mione, que observava os amigos desde que chegara, puxou Gina pela mão em direção ao quarto. Ficaram lá por alguns minutos, e quando retornaram, ela lançou um olhar significativo a Harry. Um olhar de compreensão e de cumplicidade. Harry sorriu para a amiga, ele devia saber que era impossível guardar algum segredo de Mione.
A semana continuou na mesma tranqüilidade. Harry parecia querer recuperar o tempo perdido, fazendo tudo que gostava e que se esquecera. Sempre que possível Rony e Mione se juntavam a ele, Gina e Lucy, que exultava de alegria e concordava, sem sombra de dúvidas, que este Harry era bem mais legal que o “outro”.
Apesar do desejo e da paixão, Harry e Gina resolveram respeitar a casa onde viviam, de modo que não aconteceram mais encontros noturnos por ali. Mas passavam todo o tempo que podiam juntos, abraçados, namorando e fazendo juras de amor. Harry nunca estivera tão feliz e isso era visível para todos. Até chegar a sexta-feira.
Quando a sexta-feira amanheceu, Gina estranhou a demora de Harry em descer para tomar café. Então, pediu para sua mãe levar Lucy para a escola e subiu para ver o que estava acontecendo. Bateu na porta do quarto, entrando após a concordância que veio de dentro. Harry estava sentado numa poltrona, aparentemente mal havia pregado os olhos durante a noite. Estava sério, com o olhar preocupado e cansado. Receosa, Gina aproximou-se dele, sentando em seu colo e perguntando:
- Amor! Aconteceu alguma coisa?
- Não. Não aconteceu. E este é que é o problema. – Respondeu ele, cansado.
- Não entendi. Como assim não acontecer nada é um problema Harry? – Insistiu ela, acariciando-lhe os cabelos revoltos.
- Está calmo demais Gina. Tudo está muito tranqüilo, nenhum sinal de Chu ou Malfoy. Vimos a Bella, mas é obvio que eles estão tramando alguma coisa grande. – Disse ele.
- É, eu também estou preocupada com isso. Já faz muito tempo que eles estão se preparando. Os ataques que ocorreram foram apenas para nos manter ocupados, para nos desviar do objetivo principal deles. – Gina desabafou suas suspeitas, num só fôlego.
- Exatamente! É o que eu penso também. Mas agora, quase um ano depois do ataque a Hogwarts, eles já devem ter tido tempo suficiente para treinar razoavelmente seus homens. Sinto que está chegando a hora do ataque. – Harry disse, acariciando os braços da sua noiva.
- Você está sentindo alguma coisa Harry? – Perguntou Gina, finalmente formulando a pergunta que desejava fazer desde que entrara no quarto.
- Sinto-me estranho, desde ontem. Tenho a impressão de que algo vai acontecer, muito em breve. – Respondeu ele.
- E o que vamos fazer? – Perguntou Gina.
- Assim que amanheceu o dia mandei Edwiges com uma carta para a diretora Mcgonagall, perguntando duas coisas. Uma, é se podemos marcar uma reunião dos Guardiões no castelo amanhã. Quanto à outra... – Harry parou a frase na metade, o que só aumentou a preocupação de Gina.
- O que tem a outra pergunta Harry? – Insistiu ela, ao ver que ele relutava em falar.
- Bom, eu perguntei se ela se importava em ceder Dobby pra gente. – Concluiu ele.
- Dobby? Não entendi amor. Por que você quer trazer o Dobby pra cá? Minha mãe não vai gostar nada desta história, nós nunca tivemos um elfo doméstico por aqui. – Estranhou a ruiva.
- Você vai ter que convencê-la do contrário, amor. É pro bem dela, pode acreditar. – Justificou Harry, sem sucesso, e continuou – Amor, pensa bem. Não sabemos o que vamos enfrentar. Não sabemos o que o futuro nos reserva. Não somos invencíveis. Você não vai me deixar lutar sozinho, então um de nós ou até os dois, pode não voltar. Seus pais já têm uma certa idade, não seria justo deixá-los cuidando de uma criança pequena e travessa como a Lucy. Por isso pensei no Dobby. Eu vou pedir-lhe que ajude-nos a tomar conta dela, na nossa ausência. E ele também vai protegê-la, assim como a seus pais. Entendeu?
- Entendi. – Respondeu ela, com um sorriso triste – Bem pensado.
Permaneceram abraçados por mais alguns minutos, o peso da cruel realidade pesando sobre seus ombros. Então, o som de bicadas na janela lhes chamou a atenção. Gina levantou-se do colo de Harry e abriu a janela, dando passagem à bela coruja, branca como a neve. Edwiges voou até Harry, pousou em sua perna e estendeu sua pata, onde um pergaminho com o brasão da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts estava acondicionado. Harry retirou a carta, agradeceu à amiga, que saiu voando pela janela, e leu a resposta, sob o olhar curioso da amada. Quando ele terminou de ler, ela não agüentou e perguntou:
- E então? Qual é a resposta?
- Ela concordou com os dois pedidos. O salão principal está a nossa disposição amanhã à noite, após o jantar. Você pode enviar uma convocação para todos os Guardiões? – Quis saber ele.
- Posso. Vou fazer isso assim que o senhor tomar seu café. – Respondeu ela, puxando-o pela mão – E quanto a Dobby?
- Bom, temos até a hora que Lucy voltar da escola para convencer sua mãe da idéia. Assim que ela chegar vou chamá-lo, quer ela queira ou não.
Após o café, Gina enviou a mensagem - “Reunião urgente com todos os Guardiões amanhã às 21:00 hs em Hogwarts. G.W” – Depois, concentraram-se em Molly.Não foi fácil, durou boa parte da manhã, mas finalmente convenceram-na a aceitar a presença de Dobby em sua casa. Na hora em que Lucy chegou, estranhando a cara amarrada da senhora que havia ido buscá-la, Harry e Gina a esperavam na sala.
- O que foi que eu fiz? – Perguntou ela, receosa – O que quer que tenha sido, foi sem querer.Juro!
- Você não fez nada de errado amor. – Respondeu Gina.
- Então por que a dona Weasley está com essa cara? – Perguntou ela, apontando para a velha senhora.
- É que ela não está muito feliz com uma coisa que nós resolvemos fazer. – Respondeu Gina – Mas ela vai concordar com a gente, logo, logo.
- O que? – Insistiu a menina.
- Nós vamos te apresentar um amigo que você ainda não conhece. – Disse Harry e chamou – Dobby!
Um estampido, e uma figura no mínimo esdrúxula surgiu no meio da sala da Toca. Dobby olhou em volta, então viu Harry e correu até ele, guinchando de felicidade, agarrando suas pernas.
- Mestre Harry Potter! Dobby sabia que mestre não podia ter morrido quando venceu o lorde das trevas. Dobby queria encontrar mestre, mas mestre nunca chamou por Dobby. Dobby muito feliz agora que mestre está de volta e mais ainda que ele chama Dobby novamente, Dobby pensou que mestre não gostava mais do velho Dobby.
- Calma Dobby. Calma. – Riu Harry, tentando se soltar do abraço, que estava quase derrubando-o – Eu sei que você está feliz em me ver. Eu também estou, acredite. Peço desculpas por não tê-lo chamado antes, mas estive com alguns problemas.
- Dobby sabe! Dobby sabe que mestre Harry Potter não lembrava de nada. Mas agora mestre lembra, e chamou por Dobby. Dobby muito feliz por isso.
- Oi Dobby! – Cumprimentou Gina.
- Menina Wheezy. – Dobby cumprimentou a jovem com uma reverência.
- Me chame de Gina, está bem? – Pediu ela, divertida.
- Sim, menina Gina. – Respondeu ele, com uma nova reverência, abanando as enormes orelhas.
- Dobby, a diretora conversou com você? – Perguntou Harry.
- A diretora Mcgonagall conversou com Dobby esta manhã, mestre. Disse que o senhor precisava dos serviços de Dobby. – Respondeu a pequena criatura.
- Ótimo. Eu preciso da sua ajuda aqui.Você já conhece a srª Weasley. E esta é Lucy. Lucy, este é Dobby. – Apresentou Harry.
- Que bicho feio é esse? – Perguntou a menina, que se escondera atrás da barra da saia de Molly, assim que Dobby surgiu.
- Dobby não é bicho. Dobby é um Elfo doméstico, menina Lucy. – Antecipou-se o Elfo.
- Dobby é um grande amigo meu Lucy. – Explicou Harry – Ele veio morar aqui, vai ajudar a tomar conta de você.
- Eu não quero. Ele é muito feio e esquisito. – Continuou Lucy, medindo a criatura da cabeça aos pés.
- Dobby é muito legal, vai brincar e cuidar de você quando nós estivermos fora, trabalhando. – Explicou Harry – Dobby, a partir de hoje sua missão é cuidar desta bruxinha. Estamos entendidos?
- Sim mestre Harry Potter. – Respondeu Dobby, fazendo uma mesura e, com um estalo, desaparecendo e surgindo logo em seguida atrás de Lucy – Dobby vai ter muita honra em cuidar da menina Lucy. Dobby sente que ela vai se tornar uma grande bruxa, assim como o mestre.
- Você acha? – Perguntou Lucy, mirando aqueles grandes olhos verdes.
- Dobby tem certeza. Dobby vive com grandes bruxos a vida inteira, Dobby sente quando uma criança bruxa é poderosa, mesmo antes da magia despertar nela. – Explicou Dobby.
- Sabe, até que você não é tão feio assim. – Respondeu a menina, tocando numa das orelhas do Elfo.
- Menina Lucy gostaria de ir brincar com Dobby nos jardins? – Perguntou este, e ao consentir da menina, pegou em sua mão e correram para o jardim.
- Até o final da tarde eles serão inseparáveis. – Disse Gina, rindo.
- Ainda não estou convencida desta história de ter esse Elfo por aqui. – Bufou Molly.
- Vai ser bom pra ela srª Weasley. E assim, a srª fica mais sossegada. Temos que voltar a procurar Chú e os Comensais. – Explicou pela décima vez Harry.
- Disso, eu estou gostando menos ainda. – Bufou a senhora novamente, dirigindo-se para a cozinha.
No dia seguinte, no horário combinado, Hogwarts fervilhava de gente. Mais de trezentos jovens transitava por ali. Alguns mal haviam deixado a escola, outros ainda a cursavam. Muitos se conheciam e conversavam animadamente, uma algazarra normal quando um grande número de pessoas se junta num ambiente fechado. As mesas das casas haviam sido retiradas, sendo substituídas por cadeiras enfileiradas, voltadas para a mesa dos professores. Nesta, a diretora, acompanhada dos professores, e um lugar vago. Às nove da noite em ponto, por uma porta lateral, entraram Harry e Gina, de mãos dadas. Chegando à mesa, trocaram um beijo e se separaram. Enquanto Harry seguia para a mesa, postando-se ao lado da diretora, Gina seguia para a primeira fila, tomando seu lugar ao lado de Rony e Mione. Nesta fila também estavam os outros fundadores, Fred e Jorge estavam acompanhados de Vera e Margot, que não escondia sua emoção. Apesar dos treinamentos, esta era a primeira reunião para a qual ela era convocada.
Harry permanecia em pé, atrás da mesa, olhando pacientemente a audiência. Aos poucos, as pessoas perceberam sua presença e começaram a se sentar, caladas. A curiosidade era visível nos olhares de muitos, outros traziam um ar de incredulidade. Quando o silêncio tomou conta do salão, Harry finalmente tomou a palavra.
- Boa noite! Como já devem ter percebido, fui eu quem pediu para Gina convocá-los esta noite. Agradeço a todos por terem comparecido. – Respirou fundo e continuou – Acho que devo algumas explicações a vocês.
Durante as duas horas que se seguiram, Harry contou tudo que havia acontecido desde sua luta contra Voldemort, há quase cinco anos. Contou sobre Shangri-lá, sua recuperação, seu treinamento, sua perda de memória. Contou sobre Wang Chú, a origem dos Dragões Vermelhos, sobre as circunstancias que o levaram a reencontrar seu passado. Sobre o tempo que vivera entre seus antigos amigos, sem se lembrar de nada. E finalmente, sobre como recuperara a sua memória.
- Infelizmente, não conheço a maioria de vocês. – Disse em certo ponto, após tomar um pouco de água, pois estava com a garganta seca – Mas sou eternamente grato pelo que têm feito. Por acreditarem neste ideal.
- Nós confiamos em você Harry! – Disse Margot, não conseguindo se segurar.
- Obrigado Margot. – Respondeu ele, sorrindo para a moça, que depois de falar encolheu-se atrás de Jorge, envergonhada – A luta não acabou ainda meus amigos. Wang Chú e vários comensais estão por aí, tramando alguma coisa. Não conseguimos localizá-los, não sabemos o que pretendem. Mestre Caine tinha um homem infiltrado, mas este se sacrificou para poder nos avisar sobre o ataque a Hogwarts ano passado. Temos que estar preparados para um ataque poderosíssimo a qualquer momento.
- Você acha que atacarão Hogwarts novamente Harry? – Perguntou Minerva, franzindo a testa em sinal de preocupação.
- Não senhora. Chú deve ter outros planos. Acredito que seu alvo seja Shangri-lá.
- Se não fosse por Mestre Caine e os Dragões Brancos, a maioria de nós teria morrido ano passado. – Disse Rony, levantando-se e virando-se para os colegas, sentados atrás dele – Nós temos a obrigação de ajudá-los agora.
Um coral de “apoiado” ou “é isso aí” se levantou pelo salão, mas morreram logo em seguida quando Harry pediu silencio com um gesto da mão.
- Temos que ser realistas, pessoal. Quem estava aqui ano passado viu que os Dragões não estão pra brincadeira. São ótimos esgrimistas e não têm escrúpulos. Matam sem dó nem piedade. E tiveram quase um ano para treinar muitos outros. – Disse Harry.
- Mas nós temos Harry Potter. – Gritou uma voz no meio da multidão.
- Mas eu não sou invencível. Se me cortarem, sangro como qualquer outro. Também não posso estar em mais de um lugar ao mesmo tempo. E é por isso que estou aqui conversando com vocês hoje. Que haverá uma luta em breve, isso é fato. Eu fiz uma promessa, e não pretendo quebrá-la. Assim que for chamado, irei defender Shangri-lá e morrerei por ela se for preciso. Mas não posso exigir isso de vocês. Só posso pedir-lhes ajuda para continuar combatendo as trevas, agora fora dos portões desta escola.
- Não sei quanto aos outros. – Novamente era Ronald, se levantando e falando, agora para Harry, sacando sua espada – Mas minha espada e minha varinha estarão, como sempre estiveram, ao seu lado pro que der e vier.
Em seguida ao juramento, Rony fez uma reverência para o amigo, apresentando suas armas. Harry sabia que seus amigos não o abandonariam, mas não esperava a cena que se seguiu. Como se tivesse sido sincronizado, mais de trezentas pessoas se levantaram, sacaram suas varinhas, apresentando-as a Harry e repetiram o gesto de Rony. Este, por sua vez, deu um passo à frente, virou-se para a audiência e perguntou, ainda com a espada em riste.
- Muito bem Guardiões. E como é que se diz frente a uma batalha?
- POR HARRY! POR HOGWARTS! - Bradaram as trezentas vozes, em uníssono.
- É isso aí Harry. – Disse Mione, seguindo em direção ao amigo – Estamos todos com você. Só falta uma coisa pra tudo voltar ao que era antes.
Mione subiu e contornou a mesa, até ficar ao lado de Harry. Este por sua vez, levantou-se para receber a amiga. Quando Mione chegou a seu lado, tirou do bolso um broche dos Guardiões, exatamente igual a todos os outros, e fixou-o na lapela de Harry.
- Pronto! Agora você está oficialmente reengajado nos Guardiões, e deve reassumir seu posto na hierarquia. Ou seja, estamos lhe passando o comando novamente. – Disse ela.
- Mas Mione... – Retorquiu Harry.
- Sem mais nem menos Potter. – Disse Gina, sorrindo de onde estava – Foi você mesmo que criou a regra. Na sua falta, o comando passa para Rony e Mione e assim por diante. Mas você voltou, então assuma o que é seu por direito.
- Tudo bem então ruiva. – Respondeu Harry, retribuindo o sorriso – Aceito o cargo com muita honra.
- Depois eu te ensino o feitiço para convocar e outras coisinhas que coloquei aí. – Sussurrou Mione em seu ouvido, enquanto abraçava o amigo.
Depois disto, combinaram senhas e estratagemas para o caso de um ataque. Finalizada a reunião, todos foram dispensados. Remo Lupin e a diretora, no entanto, se aproximaram do grupo que permanecia, do qual faziam parte Harry, Gina e os outros fundadores dizendo:
- A Ordem da Fênix também pode ajudar garotos. Não se esqueçam da gente só por sermos mais velhos. Ainda temos muita lenha pra queimar.
- Eu sei disso Remo. Que acha de marcar uma reunião para amanhã com a Ordem? Nós iremos e juntos podemos discutir como a Ordem pode ajudar. – Disse Harry.
- Claro, nós marcaremos. – Disse Minerva – Assim que tiver o horário definido envio uma coruja a vocês.
Assim, todos partiram. Um pouco mais aliviados, porém cientes de que o perigo estava à espreita.
*****
Alguns dias depois, numa bela manhã que banhava as águas do Mar Negro, Li parava em frente à porta dos aposentos de seu mestre. Bateu e pouco depois adentrou o recinto. Wang Chú estava sentado em sua mesa, pensativo. Aproximou-se, fez uma reverência e falou:
- E então mestre. Será que a informação é importante?
- Conte-me direito como e onde conseguiu essa informação Li. – Retrucou Chú.
- Sim mestre! – Concordou Li e começou a narrar novamente sua história, como já havia feito na noite anterior – Entre os itens que tiramos de Shangri-lá, encontramos um cofre, que não conseguíamos abrir. Tinha uma série de feitiços que o protegiam, que demoramos meses para desfazer.
- Por quê não fui informado sobre isso? – Perguntou Chú, friamente.
- A decisão foi minha, mestre. Não achei que deveria perturbá-lo com um assunto de menor relevância como me pareceu na ocasião. – Justificou-se ele.
- Muito bem. Agora não importa mais. Continue. – Chú estava aflito.
- Finalmente nesta semana conseguimos superar as defesas e abrir o cofre. Esperávamos encontrar ouro, jóias, alguma coisa assim. Mas dentro do cofre havia apenas um pergaminho.
- Este pergaminho? – Chú apontou para o papel, aberto sobre sua mesa.
- Sim. Tentei ler, mas não consegui decifrar em que língua está escrito. Mas reconheci a assinatura, por isso trouxe para o senhor. – Concluiu Li.
- Você entende o que esta assinatura significa Li? – Perguntou Chú, balançando o pergaminho no ar.
- Seria a confirmação de que Merlin viveu em Shangri-lá? – Perguntou Li.
- Significa que este pergaminho pode ser o maior tesouro guardado naquele lugar. Há muitos anos atrás, pouco depois que eu cheguei em Shangri-lá, ouvi um pedaço de uma conversa entre o velho e outro ancião. Eles falavam de um segredo confiado à ordem dos Dragões Brancos a centenas de anos por Merlin. Quando perceberam que eu estava ouvindo mudaram de assunto, mas fiquei curioso. Como vários dos mestres tinham apreço por mim, perguntei sobre o assunto. Consegui descobrir que o segredo deste pergaminho é muito bem guardado. Apenas o velho e um outro bruxo, que esteve em Shangri-lá para estudá-lo sabiam o seu significado. Este bruxo era o inglês, Dumbledore. Como ele está morto, o único homem vivo que sabe sua tradução é Caine.
- E por que esse pergaminho é tão valioso? – Li não conseguia entender a importância daquele simples pedaço de papel.
- Por que meu caro. – Disse Chú, com um sorriso de satisfação – Se obtivermos o seu segredo, teremos recursos não só para dominar Shangri-lá. Mas poderemos dominar o mundo.
Chú caminhou até a janela, apreciando o nascer do sol, com suas nuances de laranja e rosa. Então se virou novamente para Li e disse.
- Prepare os homens. Chega de esperar. Atacaremos Shangri-lá amanhã pela manhã.
- Finalmente! – Exultou o outro – Os homens já estavam começando a ficar impacientes, achando que o senhor havia desistido de dominar a cidade.
- E acabei de desistir mesmo. Não me importa mais a cidade. Só quero o velho vivo, pra arrancarmos dele o segredo. O resto, que arda em chamas. Podem destruir tudo, não tem mais a menor importância.
Concluiu Wang Chú, gargalhando prazerosamente.
N:A: Bom, é isso aí. No próximo, teremos o ataque a Shangri-lá. E a resposta sobre o significado do pergaminho também. Já posso adiantar que sua existência é crucial para a próxima FIC. Tudo ficará claro, não se preocupem. Queria agradecer a todos que estão participando da comunidade no Orkut, deixando suas opiniões no Forum. Já temos mais de 50 pessoas, não esperava tanto. Também queria agradecer a todos pelos comentários e saudar os novos leitores. Bom, por enquanto é isso. Até o próximo e último capítulode " A Ressurreição da Fênix".
Um grande abraço.
Claudio
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