A Volta de Rabicho



Já fazia um mês que Rony e Gina estavam “na Geladeira” , como Mione muito bem definiu, usando um termo trouxa. Era início da tarde, eles haviam acabado de voltar do almoço e Rony remexia numa pilha de papéis em sua mesa, sem nada para fazer. Gina terminava uns relatórios banais, demorando-se ao máximo no que estava fazendo. Aquele mês fora, sem dúvida, um tédio. Nenhuma ação, nenhuma novidade. Pra piorar, parecia que os comensais haviam evaporado no ar. Desde a morte de Narcisa Malfoy não se tinha nenhuma notícia, nenhum rumor, nenhuma pista sobre o paradeiro deles. Foi nesse clima de desânimo que Dino Thomas, que também havia se tornado Auror os encontrou, quando entrou correndo na sala.


- Nossa! Que animo é esse gente?



Em resposta, Rony apenas lhe dirigiu um olhar feroz e um grunhido.



- Bom, se é assim que vou ser tratado não vou dar as boas notícias, vou dizer pro chefe que vocês não estão animados para a tarefa.
- Que novidade? E que tarefa? – Perguntou Gina imediatamente.
- Vocês não vão acreditar quem nós prendemos em Hogsmeade agora de manhã!
- Para de enrolar Dino. – Disse Rony, ainda irritado – Despeja logo o que você quer falar.
- Ok!Ok! Seu estraga prazeres. – Disse Dino, fazendo uma careta de reprovação ao humor do amigo – Eu e o Miguel fomos enviados para investigar uma denúncia de moradores da vila hoje de manhã, eles disseram que havia algo ou alguém suspeito nas vizinhanças. Vocês não imaginam quem a gente prendeu...
- Dino, agora até eu estou começando a perder a paciência! – disse Gina levantando-se da cadeira, visivelmente irritada.
- Perebas! – Apressou-se em dizer Dino, que conhecia muito bem o gênio da garota e sabia que se continuasse brincando com fogo, certamente iria se queimar – Seu antigo rato Rony. Perebas.
- Quem? – Perguntou Rony, incrédulo, também se levantando – Rabicho? Como? Quando?
- Era o que eu estava tentando explicar... – Retomou Dino – Chegamos em Hogsmeade e fomos informados de que alguém ou alguma coisa estava rondando as cercanias da vila, revirando o lixo e roubando comida. Pensamos que poderia ser um Lobisomem, mas os saques aconteciam durante o dia, em horários em que os moradores saiam de casa. Seguimos as pistas e qual não foi nossa surpresa quando encontramos um velho rato de três patas? E na pata dianteira que havia, ainda faltava um dedinho. Não tivemos dúvida de que era ele. É claro que quando nos viu ele tentou fugir, mas não é muito fácil correr com apenas três patas, não é? Conseguimos encurralá-lo atrás do Cabeça de Javali e o prendemos.
- Três patas? – Estranhou Gina – Ele perdeu a mão que Voldemort deu a ele quando retornou?
- Fiz essa pergunta pra ele. – Respondeu Dino, fazendo uma careta pela menção do nome de Voldemort – Ele me disse que assim que seu mestre morreu, sua mão desapareceu. Ele quase morreu com a hemorragia, perdeu muito sangue.
- E onde ele está? – Rony quis saber.
- Na sala de interrogatórios. Quin pediu para chamá-los, quer que vocês conduzam o interrogatório. – Disse Dino, um sorriso maldoso surgindo em seu rosto.
- Sério? – Perguntou Rony, com um sorriso tão maldoso quanto o de Dino – Isso vai ser ótimo. Mas porque não usaram Veritasserum?
- Nós tentamos, mas não funcionou muito bem... Parece que devido ao longo tempo que ele viveu como rato, algum tipo de mutação aconteceu com ele. O cérebro dele não reage mais como o de uma pessoa normal, é super estranho.
- Não me assusta nem um pouco isso – Disse Gina – Afinal, foram doze anos agindo e pensando como rato. Ele até parece rato, não é Rony?
- Sem dúvida. Ele perdeu parte de sua humanidade. – Disse o ruivo - Vamos lá agora.



Rony pegou seu casaco, que estava pendurado no espaldar da cadeira e praticamente saiu correndo da sala, seguido de Dino e Gina. Quando chegaram na sala de interrogatórios, não entraram. Passaram por ela e entraram na sala ao lado. Lá estavam Kingsley Shacklebolt, chefe da seção de Aurors e Miguel Córner, outro Auror e ex-colega de escola.


- Nos chamou Quin? – Perguntou Rony, cumprimentando o bruxo alto, pele cor de ébano.
- Sim, chamei. Olhem o que achamos. – E ele indicou a parede da sala, que era enfeitiçada e mostrava o interior da sala de interrogatórios. Dentro, sentado numa cadeira, encolhido, estava Rabicho – Achei que gostariam de interrogá-lo. Dino e Miguel já tentaram arrancar alguma coisa dele, mas o Veritasserum não funcionou e ele se recusou a falar.
- Pensei que estávamos afastados da ação. – Cutucou Gina.
- E estão. – Quin abriu um sorriso e continuou – Tecnicamente isto é uma atividade interna, totalmente burocrática. Afinal vocês vão ter que preencher vários relatórios depois...
- Beleza... – Disse Rony, esfregando as mãos.
- Espera aí! – Interrompeu Gina – Eu não vou entrar lá e fazer papel de boazinha com aquele rato. Ele não vai acreditar em mim.
- Não mesmo. – Disse Rony, pensando por um momento. Então um sorriso ainda maior surgiu em seu rosto e ele completou – Hoje é dia de Mau-Mau.
- Do que? – Perguntou Dino.
- De Mau-Mau. – Respondeu ele – Significa que nós dois vamos “fingir ser tiras maus”. Tira é uma expressão para Aurors trouxas, vi nos filmes que a Mione nos mostrou e de onde tiramos esta técnica de interrogatório.
- Mas então... – Disse Miguel, confuso – Se vocês dois vão ser os “maus”, quem vai ser o Auror bonzinho?



Rony não respondeu. Virou a cabeça em direção a seu chefe, que arregalou os olhos e disse:


- Essa não. Sem chance Weasley. Eu deixei você implementar esta sua idéia maluca, mas não vou tomar parte de jeito nenhum.
- Vamos lá Quin. – Pediu Gina, candidamente – Por favor... Só desta vez...
- É só entrar na hora que dermos o sinal e ficar do lado dele, como se quisesse ser seu amigo. Vai dar certo, você vai ver.
- Precisamos saber o que os comensais estão planejando chefe. – Disse Dino, mal contendo o riso que teimava em escapar.
- Está bem. – Bufou o homem – Mas só desta vez, entenderam? E qual vai ser o sinal?
- Você vai reconhecer, não se preocupe. – Disse Rony, piscando um olho e saindo pela porta, seguido pela irmã.
- Os outros precisam ver isso. – Disse Miguel – Posso chamá-los chefe?
- Pode! – Respondeu Shacklebolt.



Numa noite em que estavam no apartamento de Mione comendo uma Pizza, um prato que nenhum dos dois conhecia, Mione alugara um filme para assistirem. Era uma outra novidade para os caçulas Weasleys, e como ambos eram Aurors, ela escolhera um filme policial. Em certo momento da trama os dos policiais interrogaram um criminoso e usaram a técnica de “Tira bom e Tira Mal”. Rony ficou maravilhado com a técnica e quis implantá-la. Hermione ainda tentara convencê-lo de que aquilo não era verdade, tentou até conseguir o apoio de Gina, mas para sua enorme surpresa esta estava tão animada com a idéia quanto o irmão.


- Mas pode ser uma boa idéia, Mione. Ninguém no mundo bruxo deve ter visto um filme como este, principalmente, bruxos das trevas. Não vão saber que é armação nossa. É perfeito.



Ao ver que não os convenceria do contrario, Mione resolvera ajudá-los a adaptar a idéia ao mundo bruxo. Foi um sucesso. Normalmente Rony fazia o papel do mal e Gina da boazinha, os colegas de trabalho ficavam maravilhados com a técnica dos irmãos. Quin relutou um pouco em permitir a implantação, mas depois de assistir uma demonstração teve que admitir que, apesar de pouco ortodoxa, a técnica funcionava. Mas normalmente, as pessoas que eles interrogavam eram estranhos, sem nenhum vínculo anterior com os dois jovens, o que não era o caso de Pedro Pettigrew. Se ele tivesse outra opção, não teria designado os dois para interrogá-lo, temia que passassem dos limites.




Rony parou em frente à sala onde estava rabicho, segurando a maçaneta da porta. Olhou para a irmã, que lhe correspondeu ao olhar em sinal de apoio. Ele respirou fundo e girou a maçaneta, entrando na sala.


Rabicho continuava sentado, de cabeça baixa, encolhido. Quando a porta se abriu, este olhou furtivamente para a abertura, procurando um espaço por onde pudesse escapar. Mas quase instantaneamente o espaço foi preenchido por um rapaz alto, forte e de cabelos extremamente vermelhos. Já fazia muito tempo que ele não via o jovem Weasley, e se assustou com a mudança do rapaz. Não era mais aquele menino inseguro, que vivia à sombra de Harry Potter. Em seguida, seus olhos se arregalaram ainda mais e seu queixo caiu, em sinal de espanto. Aquela seria a pequena Gina? Era uma mulher formada agora, delicada e linda. Abriu um sorriso, talvez a presença dos dois fosse positiva para ele, poderia usar as boas lembranças da época em que vivera com a família em seu benefício.


- Rony! Gina! Que prazer imenso em vê-los. – Disse ele.
- Olhe só o que nossa ratoeira pegou hoje, Gina. – Disse Rony, fazendo uma careta.
- É. Parece que pegamos uma ratazana. O que vamos fazer com ele? – perguntou ela, cruzando os braços com a varinha na mão.
- Ora! Vamos matá-lo, é claro. – Respondeu Rony, sentando-se na cadeira do outro lado da mesa onde Rabicho estava apoiado, também com a varinha na mão.Na outra sala, Quin ergueu uma sobrancelha, tentando entender que tipo de interrogatório seria aquele.
- Me ma... ma... matar? – Perguntou Rabicho num fio de voz, o sorriso desaparecendo do rosto.
- Lógico. – Disse Rony, naturalmente – Por que acha que viemos aqui?
- Mas vocês são Aurors, achei que estavam aqui para me interrogar...
- Mas você já foi interrogado, não foi? – Perguntou Gina, postando-se ao lado do irmão – Já disse tudo que sabia, não disse?
- Já. – Respondeu rabicho, voltando a olhar em volta, à procura de uma rota de fuga. Não estava gostando nem um pouco do rumo daquela conversa – Não sei de nada, eles me expulsaram depois que o mestre se foi. Disseram que eu não era mais útil...
- Então! – Retomou Rony, sorrindo – Se você não serve mais para seus amigos comensais e não tem nenhuma utilidade para o ministério, não tem mais por que continuar vivo. E você nos deve, Perebas. Por ter enganado nossa família por tantos anos.
- Mas eu nunca fiz nada contra vocês. Até já te defendi uma vez, Rony. Não se lembra?
- O que eu me lembro foi que você me enganou seu nojento. Você até dormia comigo... Cada vez que me lembro disso sinto vontade de vomitar...
- E eu? Pegava você no colo, dei todo meu amor e carinho, você vivia no meu quarto seu pervertido. – Disse Gina, indignada.
- Isso sem falar que você traiu os marotos, foi responsável pela prisão do Sírius, matou Cedrico e ajudou no retorno de Voldemort. – Completou Rony.
- É verdade. – Gina retomou a palavra – Você traiu os pais de Harry. Você foi o responsável pela vida sofrida dele. Você faz idéia do quanto ele sofreu enquanto vivia com aqueles tios trouxas? Ele não devia ter salvado a sua vida quando Remo e Sírius quiseram te matar, lá na Casa dos Gritos.Por sua causa, o Harry não teve família que o amasse, só nós sabemos o quanto ele sofreu por isso seu rato. Devemos isso a ele, para que descanse em paz...
- Vocês não podem... – Rabicho começou a chorar, desesperado – São Aurors, são treinados para proteger as pessoas, vocês não podem matar alguém dentro do ministério...
- Não podemos? – Perguntou Gina, em tom zombeteiro – Já ganhamos a fama de assassinos de comensais mesmo, não sabia?
- Vocês... Vocês... Realmente assassinaram Narcisa? – Gaguejou Pettigrew. Na sala ao lado, Quin se mexeu, incomodado, o que não passou despercebido por seus subordinados, que assistiam com ele a cena.
- Claro que não, seu idiota. – Cuspiu Rony, demonstrando irritação – Mas já que temos a fama, não nos custa aproveitá-la, não é mesmo?
- Mas ninguém acreditaria em vocês. – Rabicho tentava argumentar – Vão descobrir o crime.
- Acho que não. – Disse Rony, agora pensativo, tamborilando dois dedos no queixo – Sabe, se dissermos que estávamos passando em frente a esta sala e vimos você fugindo, que reagiu quando tentamos prendê-lo e que não tivemos opção, acho que vão acreditar na gente...
- Vamos logo então? – Perguntou Gina, dirigindo-se ao irmão – Não quero me atrasar para o jantar, a mamãe vai fazer bolo de carne hoje.
- Tudo bem! – Disse Rony, levantando-se da cadeira e contornando a mesa – deixa comigo, ok?
- Ok! – Respondeu Gina, também se movendo e parando às costas de Rabicho.
- Esperem! - Gritou este, desesperado – Vocês não podem me matar assim, sou prisioneiro, tenho meus direitos. Ainda posso ser útil.
- DIREITOS! – Gritou Rony, pegando a cadeira em que estava sentado e jogando-a contra a parede, espatifando-a. Em seguida, pegou Rabicho pelo pescoço e prensou-o contra a parede do fundo da sala, a varinha apontada para sua cabeça - Quem é você para falar em direitos? Útil? Você só será útil pra gente morto. Não nos deu nenhum motivo pra deixarmos que viva.



Na sala ao lado, Kingsley Shacklebolt deu um pulo para trás quando a cadeira atingiu a parede bem onde ele estava. Soltou uma imprecação e disse:



- Se isto não era o sinal combinado, passou a ser. Já está passando dos limites. – E saiu em disparada, abrindo a porta da outra sala com urgência – Weasleys! O que está acontecendo aqui?
- Estou pensando qual o feitiço que eu vou usar para exterminar este rato, chefe. – Respondeu Rony, sem desviar o olhar de Rabicho, que se debatia em suas mãos, desesperado.
- Weasley, ele está aqui para ser interrogado. Pode ter informações valiosas para nos passar. – Quin disse. Não estava representando, estava apavorado com o que estava acontecendo.
- Ele já disse que não sabe de nada, Quin. – Disse Rony – Não serve de nada. Vou livrar o mundo deste lixo.
- Rony! – Disse Quin, levando a mão para pegar a sua varinha – Afaste-se dele, meu rapaz por...
- Accio Varinha! – Bradou Gina, chamando a varinha de Quin para sua mão.



Se Kingsley Shacklebolt não fosse tivesse a pele do tom que era, teria ficado branco como papel. Ele olhou descrente para Gina, que estava parada em sua frente, de costas para o irmão e Rabicho. Para sua surpresa, ela sorria. Piscou um olho para ele e mexeu os lábios, sem produzir nenhum som “Continua!”. Ele piscou, respirou fundo e se virou para Rabicho, que arfava, suava frio e parecia prestes a desmaiar.



- Estou literalmente de mãos atadas, Pettigrew. Fiz o que pude, mas parece que não tem salvação. A menos que tenha uma informação muito valiosa, acho que vai morrer hoje.
- Se urinar em mim ainda te capo antes de te matar. – Completou Rony, vendo que isto estava prestes a acontecer realmente.
- EU FALO! – Gritou Rabicho – Não me matem, eu conto tudo o que sei.
- Então vamos ver se o que tem para falar vale o preço da sua vida, Perebas. – Disse Rony, largando o pequeno bruxo que desabou no chão – Sente-se e pode começar a falar.
- Muito bem. – Respondeu este, massageando o pescoço e olhando em volta, enquanto Gina devolvia a varinha de Quin, consertava a cadeira quebrada com um “Reparo” e conjurava mais duas cadeiras, para ela e seu chefe – Vou contar o que eu ouvi. Realmente os comensais não me quiseram mais entre eles. Depois que perdi minha mão, tenho muita dificuldade em usar a varinha. Desde então, estou vivendo escondido, aqui em Londres ou em outra grande cidade. É mais difícil de me identificarem assim. Alguns dias depois da morte de Narcisa, estava próximo ao Caldeirão Furado quando ouvi dois comensais falarem sobre uma reunião. Consegui segui-los, me escondi e assisti quando Belatriz e Draco contavam aos outros sobre seus planos. Eles haviam decidido se unir a um bruxo chamado Chú. Disse que haviam concordado em ajudá-lo a treinar seus homens e lutar a seu lado, contra alguém que eles ainda não sabiam, em troca de apoio a seus planos.
- E que planos seriam esses? – Perguntou Gina.
- Você não faz idéia, menina linda? – Perguntou rabicho, com um sorriso malicioso no rosto – Os comensais querem vocês, meus caros. Querem apagar o nome Weasley da face da terra. Da sua namoradinha Granger também – Agora ele se virava para Rony – E de todos os amigos do Harry.
- Eles vêm atrás da gente? – Disse Rony, sem acreditar – Como? Quando?
- Isto eu não sei. – Rabicho, que estava tão relutante em falar agora parecia se deliciar com o impacto de sua revelação – eles me encontraram e me expulsaram da reunião. Só sei que eles iriam para um lugar onde não pudessem ser localizados para participar do treinamento do exército de Chú e depois viriam atrás de vocês, meus jovens amigos.
- E para onde eles foram? Você sabe? – Insistiu Quin.
- Não, não sei para onde foram. Não ouvi nada sobre isto. Só sei que é em uma ilha.
- Muito bem então. – Disse Quin, levantando-se e chamando os outros dois com um meneio da cabeça.



Os três saíram da sala, cruzando com Dino e Miguel que vinham entrando para levar Rabicho para Azkaban. Seguiram silenciosos de volta para a sala de Shacklebolt, fecharam a porta e se sentaram.



- Vocês me deram um tremendo susto, sabiam? – Disse Quin, olhando para os dois jovens a sua frente – Cheguei a pensar que iam fazer uma besteira.
- Er... Desculpa pelo mau jeito, Quin. – Disse Rony – Foi mais difícil do que pensamos.
- É. Desculpa pela varinha também. – Disse Gina, cabisbaixa.
- Tudo bem. – Respondeu ele, abrindo um sorriso – Você quase me matou do coração menina. Nunca mais faça isso.
- Ok! – Disse ela, retribuindo o sorriso, mas fechando a cara logo em seguida – O que vamos fazer com a informação que conseguimos? O que será que Belatriz e o Malfoy estão planejando fazer?
- O que quer que seja não vamos gostar. – Respondeu Rony – Devemos estar preparados para um ataque a qualquer momento e a qualquer um de nós.
- Com certeza. – Disse Quin, pensativo – Vou comunicar Rufus sobre isso, depois vou convocar uma reunião da Ordem, para discutirmos o que fazer.
- Certo! – Concordou Rony, já se levantando para sair – Vamos convocar uma também dos Guardiões, vamos ter que deixar todos alertas.Vou agora mesmo pedir pra Mione convocar o pessoal.
- Rony! – Chamou Gina – Marque a reunião pra hoje.
- Não vem comigo? – Estranhou ele.
- Não. – Respondeu ela, também indo em direção à porta – Vou pra casa, avisar do perigo. E avisar aos outros para tomarem cuidado também. Qualquer um de cabelos ruivos é um alvo em potencial.
- E a Mione? – Lamentou Rony – Ela não vai gostar desta história, não vai deixar que eu fique com ela o tempo todo...
- Não se preocupe com isso, Rony. Vou agora mesmo mandar alguns Aurors para o hospital. Ficarão de guarda o tempo todo. Depois veremos com relação à casa dela e de todos os envolvidos, agora o importante é alertá-los.
- Obrigado, Quin. – Rony agradeceu sinceramente e deixou a sala, apressadamente, seguido da irmã.





Gina aparatou na sala de sua casa, A Toca. Correu para a cozinha, chamando pela mãe, que estava preparando o jantar. Abraçou a velha senhora e pediu para que se sentasse um pouco e, com muito jeito, contou o que haviam descoberto:


- Oh não! – Disse Molly, quando sua filha terminou de falar – Vai começar tudo de novo? Eu não tenho mais idade pra isso minha filha. Muito menos o seu pai.
- Temos que ser fortes, mãe. Eu sei que a culpa é minha e vou fazer o possível para resolver isto, mas temo por vocês. Se eles resolveram atacar você ou o papai, não sei o que vou fazer... – Disse Gina, de cabeça baixa.
- Pare já de se culpar, Ginevra Molly Weasley! – Ralhou a matriarca da família – Você não tem culpa de nada. Estava apenas fazendo o seu trabalho. Quanto ao resto... Nossa família já passou por muita coisa, querida. Vai superar isso também.
- Eu tenho certeza disso, mãe. – Disse a garota, abraçando a mãe e levantando-se em seguida – Agora vou avisar os outros para tomar cuidado.




Rony aparatou em frente ao hospital e entrou correndo. Foi até a mesa da recepção, onde Margot atendia as pessoas e a chamou com urgência:



- Margot!
- Ai!Rony, que susto. Tudo bem? – Descarregou ela, num só fôlego, abrindo um sorriso para o rapaz, que logo sumiu ao ver a cara sisuda deste – O que foi? Você está bem? Está ferido?
- Não, eu não estou ferido. Mas não, não está tudo bem. – Respondeu ele, deixando a garota completamente perdida – Escute Margot, daqui a pouco estará chegando um grupo de Aurors. A partir de hoje, sempre haverá Aurors de prontidão por aqui, está bem? Se alguém questionar alguma coisa, mande falar comigo ou com meu chefe, Kingsley Shacklebolt, está bem?
- Aurors aqui? Aconteceu alguma coisa? – Perguntou ela, arregalando os lindos olhos azuis, uma ponta de medo transparecendo na voz.
- Não, não aconteceu nada. É uma medida preventiva, apenas. Não posso dar mais detalhes, é assunto do ministério. Por favor, quando eles chegarem, procure cooperar, Ok?
- Sem problemas... – Respondeu ela.


Rony correu para o elevador e apertou o botão do andar da sala de Hermione. Chegando lá, praticamente correu até a sala dela. Bateu na porta, mas não pode entrar de imediato, pois Mione estava atendendo uma senhora com dor nas costas. Assim que a paciente saiu, ele pediu licença às pessoas que estavam aguardando e entrou:


- Precisamos conversar. – Disse ele, de forma direta, antes mesmo de beijá-la.
- O que aconteceu? – Perguntou ela, depois de trocarem um rápido beijo, preocupada.



Rony contou o que havia acontecido e que já estavam sendo providenciados Aurors para protegê-la, bem como ao hospital. Mione não gostou da idéia, mas concordou com os argumentos de Rony de que ali era um alvo em potencial, realmente. Depois, começaram a discutir sobre a reunião que deveria ser agendada urgentemente:



- Então, marcamos para hoje à noite? – Perguntou Rony.
- Sem dúvida. – Respondeu ela – O quanto antes. Quem vamos chamar?
- Pensei em chamar apenas alguns dos “fundadores” hoje. Neville, Luna, Cho, Gina, Fred e Jorge. Depois reunimos os outros. O que acha?
- Perfeito! Precisamos definir nossa estratégia e depois comunicamos os outros. Vou convocá-los agora mesmo. Que tal lá em casa às 19:00 Hs?
- Tudo bem.



Hermione retirou um pequeno broche que trazia pendurado no peito. Era um broche com as letras GH em uma letra floreada, de bronze, que todos os integrantes da Guarda possuíam. Mione se orgulhara muito de sua idéia a respeito dos broches, eram realmente engenhosos e práticos. Logo após deixar Hogwarts, pensou numa maneira de poder se comunicar, de enviar mensagens e avisar das reuniões do grupo. Os galeões, que ela criara em seu quinto ano, perderam a praticidade, então ela tivera a idéia dos broches.


Criara um feitiço que permitia enviar uma pequena mensagem pelos broches. Quando uma mensagem era enviada por quem tinha autorização de fazê-lo (ela mesma, Rony, Gina, Neville e Cho), o broche brilhava num tom de verde e esquentava levemente na parte posterior destes, que ficava na parte interna das vestes. Havia uma pequena superfície lisa, que ao ser tocada pelo bruxo, transmitia a mensagem. Além disso, o broche funcionava como uma chave de portal. No dia e horário marcado, novamente o broche esquentava levemente. Bastava a pessoa pressionar o broche entre os dedos e era transportado imediatamente para o local da reunião. Rony não se cansava de elogiar a inteligência da namorada e os gêmeos tentaram de todas as formas autorização para patentear a idéia e produzi-la para venda, mas Mione se recusara terminantemente.


Mione realizou o feitiço, enviando a seguinte mensagem: “Reunião urgente em minha casa hoje às 19:00 Hs – H”. Depois disso, pediu a Rony que a deixasse terminar suas consultas. O rapaz concordou, a contragosto, mas insistiu que ficaria do lado de fora da sala até que ela terminasse, para acompanhá-la até em casa.




Assim que Hermione lançou o feitiço, os broches das pessoas que ela havia convocado receberam a mensagem. Na redação do Pasquim, uma garota loira, com olhos azuis e sonhadores estava revisando uma matéria para a próxima edição da revista, mordendo a ponta da sua pena. Parou e, lançando um olhar em volta, abriu a blusa e leu a mensagem. Franziu a testa levemente, mas logo sua atenção voltou para o texto que estava lendo, a mesma expressão sonhadora de sempre, característica de Luna Lovegood Longbotton.



No Beco Diagonal, Fred e Jorge conversavam com Gina, que ali aparatara a pouco, quando seus broches também brilharam e eles pararam a conversa. Neste momento, Vera, namorada de Fred entrou na sala onde estavam e percebeu o que acontecia. Vera também entrara para o grupo. Olhou para o próprio broche e, percebendo que o seu não estava brilhando teve um mau pressentimento. Não marcavam uma reunião dos fundadores se não fosse algum problema realmente sério. Olhou para o namorado, que estava com o cenho franzido e perguntou:



- O que está acontecendo Fred?
- Problemas. Talvez graves problemas. Venha, vou te explicar... – E pegou a moça pela mão, levando-a de volta para a loja.




Em Hogwarts, Cho Chang estava dando uma de suas últimas aulas do período, quando sentiu o calor característico de seu broche em seu peito. Parou a explanação que estava fazendo a seus alunos do quinto ano. O brilho emanado de seu broche não havia passado desapercebido de seus alunos, afinal todos eles eram membros dos Guardiões e possuíam broches iguais. Vários deles olharam para o próprio peito, esperando ver seu broche brilhando também, mas nenhum outro brilhara. Cho tocou no seu e leu a mensagem. Levantou a cabeça e disse para a classe:



- Vocês estão dispensados por hoje.




Em seguida, nem esperou a saída dos alunos e saiu em disparada, rumo à sala da diretora Minerva Mcgonagall. Lá chegando, disse a senha para a gárgula (Victor Krun) e subiu as escadas. Chegando no alto, bateu levemente na porta e entrou, após autorização da diretora:



- Sim professora? No que posso ajudar? – Perguntou Mcgonagall, que estava sentada atrás de sua mesa lendo um pergaminho.
- Boa tarde diretora. – Começou a moça, sentando-se na cadeira que lhe era indicada – Acabei de receber uma mensagem da Mione, agendando uma reunião para hoje à noite e vim informar que não poderei participar do jantar desta noite.
- Curioso minha cara. Acabei de receber uma convocação para uma reunião da Ordem da Fênix também para esta noite. – Disse a diretora, mostrando o pergaminho em suas mãos.
- Que estranho, a senhora não acha? Será que aconteceu alguma coisa? – Perguntou Cho, aflita.
- Parece que só saberemos à noite, não é mesmo? E quanto ao professor Longbotton, ele também vai?



Neville Longbotton era o novo professor de Herbologia da escola. Ele substituíra a Professora Sprout, que se aposentara no final do último ano letivo. Era casado com Luna Lovegood há quase um ano. Os dois haviam comprado uma casa em Hogsmeade.



- Vou procurá-lo agora, diretora. Também vou deixar um grupo de alunos do sétimo ano de prontidão, estou preocupada com esta história.
- Faça isso, minha querida. Amanhã conversaremos sobre o que está acontecendo.



Cho deixou a sala da diretora e quando chegou no corredor onde ficava a gárgula, quase deu uma trombada em seu colega, Neville.



- Oi. - Disse ela – estava indo procurar você.
- E eu estava procurando você. Acabei de ir até a sua sala, mas estava vazia. Então julguei que você também havia sido convocada para a reunião e que estaria aqui com a diretora.
- Vim falar pra ela que teríamos que sair. O estranho é que ela também recebeu um chamado, da Ordem, para uma reunião hoje. – Disse ela, ainda pensativa.
- Sério? Isso não é bom, não é nada bom. – Neville balançava a cabeça, demonstrando descontentamento.
- Eu sei. Vamos avisar os alunos do sétimo ano para ficarem de prontidão, pode acontecer alguma coisa. – Finalizou ela.



Os dois jovens professores se dirigiram para a antiga sala de Harry, que era ocupada pelos Guardiões desde então.




*****



Às 19:00 Hs, todos estavam na sala de estar do apartamento de Hermione. Depois dos cumprimentos, pois alguns não se viam já há algum tempo, Rony e Gina explicaram o motivo da reunião. Debateram por horas e já era quase meia-noite quando encerraram. Haviam decidido reforçar as defesas de Hogwarts, chamando ex-alunos para ficarem em Hogsmeade, reforçariam as proteções n’A Toca e no apartamento de Hermione, bem como na loja dos gêmeos. Rony combinaria com Quin a proteção de todos que pudessem estar correndo riscos. Depois de concordarem com tudo que deveriam fazer, despediram-se e partiram.




*****





Era início da noite do dia Nove de Junho. Gina Weasley estava debruçada na janela de seu quarto, observando o céu estrelado, pensando. Já fazia bem uns dois meses que eles haviam apanhado Rabicho e extraído dele os planos dos comensais. E nada acontecera, nem sinal deles. A tensão no ar era evidente, todos estavam estressados o tempo inteiro. Mas nada acontecera. Perguntava-se se o plano dos comensais não seria justamente aquele, deixá-los na expectativa, apreensivos quanto a um eventual ataque. Sem dúvida, o terror psicológico a que estavam passando já era muito grande.



No dia seguinte, haveria a cerimônia em Hogwarts, em homenagem a Harry. Ela iria claro. Todos os anos a diretora Minerva perguntava se ela não gostaria de fazer um discurso. E todo ano ela se negava em fazê-lo. Ela gostava de ir a Hogwarts, mas não da cerimônia em si. Só por respeito aos amigos, mas ela mesma preferia ir sozinha e ficar junto ao obelisco, que era o lugar onde ela sentia estar mais próxima de seu amor. Suspirou, fechou a janela e desceu para jantar.




Em uma ilha, localizada em águas internacionais, fora das rotas comerciais, onde até bem pouco tempo era refúgio de contrabandistas e negociantes de armas da antiga República Soviética, localizada no Mar Negro, um jovem de cabelos platinados também estava debruçado na janela de uma bela casa, olhando para o céu estrelado, porém seu olhar era frio e distante.



- Venha Draco. Vamos jantar. – Disse Belatriz Lestrange, às suas costas.
- Sim meu rapaz. Sente-se. Precisa se alimentar, amanhã será um grande dia, não será? – Completou Chú, com um sorriso maldoso.
- Sim será. Estou ansioso que chegue logo a hora. – Respondeu Draco, enquanto se sentava e era servido por um criado.
- Calma meu rapaz. – Disse Chú – A paciência é uma virtude, você não deveria ir com tanta sede ao pote, como dizem os trouxas. Se tudo der certo, amanhã a esta hora vocês terão o doce gosto da vingança em suas bocas.
- Sim meu caro. – Disse Belatriz, os olhos faiscando de ódio – É o que eu mais desejo. Vingar a morte de minha irmã.
- Sabe, minha cara Belatriz, acho que até eu vou com vocês amanhã. Creio que será deveras divertido... Vou poder tirar a prova sobre a qualidade dos Aurors ingleses. Vai ser bom me exercitar um pouco...
- Que ótimo, meu caro Chú. Isto nos dará, sem dúvida, a garantia de vitória. – Exultou Belatriz.
- Meus caros, desejo levantar um brinde. – Chú levantou sua taça de vinho e continuou – À nossa união. Que seja duradoura e traga rentabilidade para todos nós.
- Viva! – Bradaram Bela e Draco, juntos.
- Após esses meses de convivência, acho que é chegada a hora de revelar a vocês qual será nosso próximo objetivo, após atacarmos Hogwarts amanhã à tarde. – Seus ouvintes pararam o que estavam fazendo e miraram Chú, essa informação era o que mais queriam saber desde que ali chegaram. Este continuou – Vocês já ouviram falar de Shangri-lá?



Os olhos arregalados dos dois indicou que sim, eles já tinham ouvido falar de Shangri-lá.
Um homem, que estava parado ao lado da porta, de guarda, escutou toda a conversa. Quando acabou seu turno, já passava da meia-noite, mas ele não foi diretamente para o seu dormitório. Seu nome era Ziang. Ao contrário de Chú, Ziang era nascido em Shangri-lá. Acreditava nos ensinamentos e na doutrina ensinada por seu mestre. Quando este lhe pedira para se aproximar de outro de seus pupilos, Chú, dizendo que estava preocupado com o caminho que este estava tomando e que era para ele, Ziang, o manter informado, este aceitou a missão sem pestanejar. Quando Chú iniciou uma insurreição entre os outros discípulos, Ziang continuou com seu papel, fingindo concordar com as idéias de Chú. Ele quase desistiu de tudo quando, durante a batalha que houve na cidade, viu o olhar magoado de sua mãe. Mas o sacrifício era por um bem maior e ele continuou firme em sua posição. Partira com os outros traidores, que agora se autodenominavam “Dragões Vermelhos”, uma afronta direta aos discípulos de seu mestre, os “Dragões Brancos”. Sua intenção era descobrir o local onde era o esconderijo, mas seis meses se passaram e ele nada descobrira, até aquela noite. Não sabia ainda onde estavam, mas sabia onde estariam no dia seguinte. Um lugar chamado Hogwarts.



O homem, de aproximadamente trinta anos, deixou o prédio principal. Caminhou pela orla da praia até uma pequena gruta que ele havia descoberto meses atrás. Acendeu uma tocha que havia deixado na entrada e seguiu até o fim da gruta. Parou e olhou para trás, certificando-se de que estaria sozinho. Então chamou, em voz baixa, mas clara:


- Xanthia!



Um brilho amarelo-dourado rompeu o ar e uma fênix surgiu, bem na altura dos olhos de Ziang, que por instinto os fechou.


- Olá minha amiga. Como você está? E meus pais, estão bem? – A ave pousara em seu ombro e bicava gentilmente sua cabeça, exatamente como fazia quando ele ainda era criança – Para com isso, eu sei que você estava com saudades. Eu também estava. Mas não temos tempo para isto, está me entendendo? Preciso que você leve esta mensagem para mestre Caine. É urgente.



Ziang entregou um pergaminho lacrado para a ave, deu-lhe um beijo e disse:


- Vá minha amiga. Encontre meu mestre, só ele pode impedir uma carnificina. Os Dragões tornaram-se assassinos frios e sádicos.



A ave parecia ter entendido a angústia na voz do homem e desapareceu numa nova explosão de cores. Ziang ficou olhando por mais um instante para o vazio e depois saiu da caverna. Se alguém descobrisse o que fizera, estaria morto.

N:A: Ok! Este capítulo ficou maior do que eu pretendia, cheguei a pensar em dividí-lo em dois, mas não o fiz porque se não dissesse o que vou dizer a seguir no final deste capítulo, não sei o que seria de mim. Sinto minha orelha arder toda vez que estou escrevendo, como se feitiços passassem zunindo por ela. Se não fui azarado ainda foi por pura sorte...


Então, como vocês notaram, chegamos na véspera do aniversário de morte de Harry. Mas vamos dar uma parada por aqui, no próximo capítulo vamos saber mais sobre Shangri-lá e, finalmente, o que aconteceu com Harry após a morte de Voldemort. Se está vivo ou morto. E no capítulo seguinte, teremos o ataque a Hogwarts.


Espero que tenham gostado do interrogatório do Rabicho, achei meio furada a desculpa do Veritasserum, mas ele merecia sofrer um pouquinho na mão do Rony, depois de tudo que ele fez, não merecia?


Muito obrigado pelos comentários e pelas visitas, espero corresponder às expectativas de vocês.


Obrigado,


Claudio

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