Reencontros
N:A: Antes de postar o capítulo, permitam-me conceder o troféu Cata-Piolhos Pra Molly, ela realmente é muito detalhista, assim como eu. Apesar de tentar não deixar escapar estes pequenos mas importantes detalhes, esse acabou me escapando. Mas tem uma justificativa.
Lembram-se que no capítulo 4 eu disse que havia tirado algumas coisas? Pois bem, dentre elas eu extraí o treinamento do Harry com mestre Caine, quando ele aprenderia a usar a aparatação do modo como ele usou na luta. Durante este treinamento, ele aparataria no pico do monte Everest, para pensar em sua vida e sua promessa de defender Shangri-lá e então tiraria a aliança e pensaria em jogá-la fora, mudando de idéia em seguida. Como achei que ficaria muito cansativo o capítulo, acabei tirando tudo isso, na intenção de diluir as informações nos capítulos seguintes.
Caso alguém se questione por que a Gina não viu a aliança quando Harry a salvou, lembrem-se de que ele lhe ofereçeu a mão esquerda, enquanto segurava sua espada com a direita, coberta de sangue e, consequentemente, escondendo a jóia.
Ah! A aliança aparece novamente neste cap, ok? Então vamos a ele.
Capítulo 06 – Reencontros
Cho Chang caminhava de maneira decidida pelos velhos corredores do castelo, seguida de perto pelos dois homens. Antes de entrarem, mestre Caine havia se dirigido até onde estavam seus comandados, que depois de festejarem a vitória sobre seus inimigos estavam espalhados pelas adjacências da entrada da escola, admirando-a, ou simplesmente conversando. Chamou-os e disse para que voltassem para casa, com exceção de um, aquele que deveria acompanhá-lo, o que salvara Gina da morte momentos atrás.
Assim que o bruxo, que já havia limpado suas roupas do sangue da batalha chegou ao seu lado, Cho cumprimentou-o com um aceno de cabeça, igualmente retribuído. Enquanto caminhava pelos corredores e finalmente chegava às Gárgulas que guardavam a escada de acesso à sala da diretora, ela se perguntava porque o bruxo permanecia com sua máscara e capuz. Ela percebeu que os outros, quando dispensados pelo mestre começaram a retirar seus adereços, porém quando este homem fez menção do mesmo, seu mestre o impediu, falando alguma para ele numa língua que ela não conhecia. “Por que não revelar a aparência deste bruxo?” – Ela se perguntava – “Tenho que estar atenta, pode ser uma armadilha para tomar o castelo. Aquele homem é muito mais poderoso do que a gente, se nos atacar, não teremos chance.” – Pensou ela, parando em frente à Gárgula, dizendo:
- Chudley Cannons!
A escultura de pedra se deslocou para o lado, revelando a escada em espiral que desembocava em frente à porta de madeira trabalhada da sala da diretora. Cho continuou em frente, mostrando o caminho para os visitantes. Abriu a porta, segurando-a ao passar permitindo a passagem dos estranhos.
Mestre Caine adentrou a sala e não pode deixar de se surpreender com a visão. Dezenas de quadros espalhados pelas paredes, objetos espalhados sobre as mesas, uma imensidão de livros distribuídos em estantes. No fundo, a mesa da diretora e, atrás desta, um quadro com um homem velho, não tão velho quanto ele, de cabelos prateados, barba longa, com as mãos apoiadas no queixo e oclinhos em formato de meia lua, que lhe sorria calorosamente:
- Alvo? – Perguntou ele, adiantando-se em direção ao quadro – É você?
- Mestre Caine, meu velho amigo. Como está passando? – Perguntou o quadro de Dumbledore, com um sorriso ainda maior no rosto.
- Eu estou bem, cansado, mas bem. – Respondeu o bruxo, ainda boquiaberto – Mas não entendo, você não está morto?
- AH! Sim, é verdade. Esqueci-me que você não conhece esta peculiaridade de Hogwarts. – Começou a explicar o ex-diretor – Todo diretor da escola, quando parte deste plano de existência, deixa impresso em um quadro seu perfil, para continuar ajudando e aconselhando as gerações futuras de diretores. Assim, logo depois do ocorrido, um quadro meu se juntou à enorme galeria desta sala.
- Impressionante! Simplesmente, impressionante! – Disse Caine.
- Mas diga-me, meu amigo. O que fez com que você deixasse sua bela Shangri-lá? – Perguntou Dumbledore.
- Então o senhor conhece realmente este homem diretor? – Perguntou Cho, que até então estivera assistindo a conversa calada – Existe mesmo esta tal de Shangri-lá?
- Sim srtª Chang. Nós nos conhecemos há aproximadamente cem anos atrás, quando estive visitando sua magnífica civilização, um exemplo de união e utopia no mundo bruxo.
- Não é mais, alvo. – Respondeu Caine, cabisbaixo – Infelizmente a doutrina que sempre pregamos foi seriamente comprometida. Tivemos uma revolta entre meus alunos, liderados por um bruxo chamado Wang Chú. Nos atacou, tentando tomar o poder e depois fugiu. Aliou-se aos chamados Comensais da Morte e hoje, atacaram a sua escola.
- Então foi a eles que Belatriz se aliou? Isto é muito sério. Se os comensais assimilarem os ensinamentos de Shangri-lá, poderão se tornar muito mais poderosos. E como você ficou sabendo que eles viriam aqui hoje?
- Tenho um homem infiltrado, que conseguiu me avisar sobre o ataque com antecedência. Felizmente, chegamos a tempo de ajudar, Alvo. Mas há males que vêm para o bem, meu amigo. Creio que a aliança deles nos favoreceu mais do que eles poderiam sonhar.
- Verdade? Espero que esteja certo meu amigo. – Respondeu o quadro, pensativo.
- Alvo, não sei se pode me ajudar num pedido que quero fazer, mas se pudesse seria de grande valia. – Disse o ancião, se aproximando da mesa e completou – Eu precisaria saber o que houve aqui a quatro anos, durante a lute entre Harry Potter e Voldemort.
- Mas o que tem a ver o duelo dos dois com o que aconteceu hoje? – Perguntou sobressaltada Cho Chang.
- Eu lhe garanto que muito minha jovem. – Respondeu mestre Caine.
- Infelizmente não posso lhe ajudar neste sentido velho amigo. – Respondeu sentido o quadro do diretor – Infelizmente ocorreu após a minha passagem e não presenciei o ocorrido. Mas a profª Chang presenciou. Será que a srtª não poderia nos ajudar neste sentido?
- O quê? O senhor quer que eu conte pra eles o que aconteceu? Diretor, não quero relembrar tudo, por favor. – Cho estava assustada com a idéia de reviver tais lembranças.
- Não precisa revivê-las, minha jovem. Basta ceder suas lembranças, depositando-as na minha penseira, que ainda está guardada dentro daquele armário. – Retorquiu Dumbledore – Eu tenho certeza de que se não fosse extremamente importante, mestre Caine não estaria pedindo algo tão íntimo.
- Sem dúvida minha jovem. Posso lhe assegurar que é de vital importância. – Concluiu mestre Caine.
- Está bem. – Concordou ela, relutantemente – Mas só faço porque foi o senhor quem pediu, diretor.
Cho foi até o armário indicado pelo homem no quadro, abriu-o e retirou de lá uma bacia rasa, cheia de símbolos. Colocou-a sobre a mesa e depois levou a varinha à têmpora, retirando um fio prateado, que depois de bastante esticado se partiu. Deixou-o cair dentro da penseira e afastou-se, com uma cara muito emburrada.
Mestre Caine se aproximou da penseira, moveu sua mão direita sobre ela, fazendo com que seu conteúdo, meio líquido, meio gasoso, começasse a girar velozmente. Quando parou, ele chamou seu acompanhante com um gesto e ambos mergulharam de cabeça nas recordações da jovem.
*****
Quase meia hora depois, Cho já estava entediada de permanecer ali, parada, olhando para os dois homens enfiados em suas lembranças, quando ouviu vozes atrás da porta:
- Diretora isso é um absurdo! – Hermione praticamente gritava de raiva – A enfermaria está lotada de feridos, Mme Pomfrey necessita de ajuda e eu tenho que vir aqui, participar de uma reunião? E Rony? Ele tinha que estar deitado, de repouso, não se arrastando pelo castelo desta maneira.
- Eu estou bem Mione, já posso andar normalmente. Se a diretora disse que é importante, devemos participar. – Respondeu o ruivo, visivelmente irritado com o exagerado zelo da noiva.
- Acredite-me Hermione, a idéia de uma reunião agora não me agrada tanto quanto a você. – Respondeu Minerva, abrindo a porta e parando de chofre, ante a visão que encontrou – Mas o que é que está acontecendo aqui?
- Bom diretora. – Começou Cho, sem jeito – Sabe, o tal do mestre aí disse que precisava ver a luta do Harry contra o lorde, então...
- Cho! – Gina gritou, saindo detrás da diretora – Como é que você fez uma coisa destas? Ainda mais para um estranho?
- Fui eu quem pediu srtª Weasley! – Respondeu calmamente o quadro de Dumbledore – Peço que tenham um pouco mais de paciência, tenho certeza de que logo tudo será esclarecido.
Muito a contragosto as pessoas se acomodaram pela sala. Além da diretora Minerva Mcgonagall, estavam presentes o ministro da magia, Rufus Scrimgeur, o chefe da seção dos Aurors, Kingsley Shacklebolt, levemente ferido no braço, além de Rony, Mione e Gina. Depois de aproximadamente cinco minutos, os dois homens saíram da penseira. Era evidente que a visão havia deixado o bruxo mascarado extremamente abalado, mas mestre Caine estava pensativo. Virou-se e viu todos olhando para ele, e procurou dar um sorriso, cumprimentando a todos:
- Boa noite. Mais uma vez eu peço desculpas por meu abuso, diretora. – Começou ele – Mas era essencial para a conversa que teremos eu tomar conhecimento de alguns fatos passados.
- Alvo nos disse da importância de tal atitude, porém não conseguimos entender a ligação entre os fatos que o senhor viu e os de hoje, mestre Caine. – Disse Minerva.
- É um prazer revê-los, meus jovens. Da última vez não tivemos oportunidade de nos apresentarmos adequadamente. – Disse mestre Caine, se dirigindo para os jovens.
- Ah! Desculpe, não foi nossa intenção sermos mal educados. O calor da batalha entende? – Desculpou-se Hermione – Sou Hermione Granger. Este é meu Noivo, Ronald Weasley e esta sua irmã, Gina Weasley.
- Sim, eu reparei nos três enquanto estava na penseira.Vocês foram grandes amigos para o jovem Harry. Devem ter sofrido muito com o que aconteceu, principalmente você, minha filha. – Disse ele, olhando para Gina, mas logo mudando o foco da conversa – Ministro, temos assuntos sérios a tratar. Deixe-me relatar os fatos que nos trouxeram até o ataque de hoje.
- Bom, se me dão licença, eu já vou saindo. – Disse Cho, dirigindo-se para a porta.
- Eu gostaria que ficasse, minha jovem. – Interrompeu-a mestre Caine – Vi que é tão valorosa e corajosa quanto estes outros jovens, além de dedicada e amiga de Harry Potter também.Sem falar que foi extremamente gentil para conosco.
Cho parou, olhou para a diretora e depois de sua autorização, voltou e se postou em pé, atrás da cadeira onde estava sentada Gina, que por sua vez estava ao lado de Mione, sentada de mãos dadas a Rony. Do outro lado da sala estavam a Diretora, o ministro e Quin. Mestre Caine sentou-se em uma cadeira, no centro de seus ouvintes, com seu jovem discípulo em pé atrás dele. Convocou um copo d’água com um gesto gracioso e começou a narrar os acontecimentos, quem era Wang Chú, como ele chegara a Shangri-lá e de como ele pervertera a doutrina ensinada por ele. Sobre a revolta que liderara e de como havia sido expulso, não sem antes matar inocentes e jurar voltar e dominar a cidade. Depois de mais de uma hora narrando estes fatos, parou, respirou fundo, e continuou:
- Ele me disse certa vez que eu estou ficando senil. Infelizmente, acho que tem razão.
- Não acredito nisso, meu amigo. – Disse o quadro de Dumbledore, que assistia tudo calado até então, como todos os outros.
- Alvo, o tempo pesa em meus ombros. Se fossem outros tempos, eu teria percebido e tomado uma atitude para impedir o crescimento de Chú em nossa sociedade. Mas não enxerguei o que acontecia, e isso pode ter condenado nossa sociedade.
- Desculpe mestre Caine, mas ainda não entendi a ligação conosco. – Disse Mione.
- Bom, minha filha. Chú resolveu mostrar sua verdadeira face há alguns anos, quando um outro estrangeiro chegou em nossa cidade e se mostrou tão poderoso ou até mais poderoso do que ele. Chú acreditou que eu o estava treinando para assumir o meu lugar, que ele acreditava deveria ser dele. Como não conseguiu nos derrotar, fugiu e começou a reunir um exército, entre eles os tais comensais. Acredito que os comensais concordaram em apoiá-lo em troca de vingança contra vocês. E este pode ter sido o maior erro que eles cometeram...
- Como assim? – Perguntou a diretora.
- Eu quero que vocês saibam... – Recomeçou mestre Caine, extremamente nervoso – Que depois que Alvo partiu, eu perdi o contato com o mundo externo. Só fiquei sabendo da queda de Voldemort e do destino ingrato de Harry Potter quase um ano depois do ocorrido, não sabia que a data era esta. Nem como havia acontecido
- O que está tentando nos dizer senhor? – Perguntou Rufus Scrimgeur, impaciente.
- O bruxo que Chú acreditou que eu estava treinando para assumir meu lugar, foi encontrado nos arredores da cidade, extremamente ferido. Permaneceu em coma por mais de seis meses e quando acordou, não sabia quem era. Até hoje, não se lembra de seu passado.Eu não havia associado as datas até hoje, Alvo. Só tive certeza quando fui visitar o seu túmulo e vi o memorial...
- O que está querendo nos dizer Kwai Chang? – Perguntou Dumbledore, franzindo a testa.
- Se eu soubesse disso antes, teria entrado em contato e informado vocês com antecedência... – Continuou Caine, tentando se justificar.
- Ele está vivo? – Perguntou Hermione, levando a mão à boca, na tentativa de segurar o choro que começava a brotar.
- Perspicaz como sempre srtª Granger. – Disse o ex-diretor.
- Não pode ser. É impossível! – Disse Cho, também começando a chorar.
- Que? Quem está vivo? – Perguntou Rony, virando-se para a noiva, arregalando os olhos e abrindo a boca em seguida ao perceber de quem ela estava falando – Não! Não pode ser.
- Isto é algum tipo de brincadeira? – Exaltou-se Minerva, levantando-se da cadeira onde estava sentada.
- Não, não é brincadeira. – Respondeu mestre Caine – Se Fawkes não o tivesse levado até nós, creio que ele não teria tido chances, mas nunca me passou pela cabeça que aquela cicatriz... Ele já tinha tantas, pensei que tivesse sido causada por outro acidente...
- Pelo amor de Merlin, onde ele está? – Suplicou Gina, que tinha a mão entrelaçada à de Cho, em seu ombro.
Mestre Caine não respondeu. Levantou-se e fez um gesto com a cabeça para o bruxo em pé atrás dele. Lentamente, o jovem que até aquele momento era conhecido apenas como Gafanhoto levou sua mão tremula até sua cabeça, removendo o capuz. Depois, retirou a máscara que lhe cobria o rosto, revelando seus olhos verdes e brilhantes, atrás de óculos tão familiares que, pra variar, estavam rachados em decorrência da luta. Quando terminou de retirar a máscara, ajeitou os cabelos pretos e rebeldes, de uma maneira que só ele sabia fazer. Gina olhava sem conseguir acreditar. Não sabia o que fazer, se ria, chorava, gritava ou simplesmente desmaiava de emoção. Então fez tudo ao mesmo tempo. Deu um pulo de sua cadeira, dividida entre um riso e um grito – “HARRY!”, Chorando e a meio caminho, perdeu suas forças e desfaleceu. Mas não chegou a atingir o chão, pois foi amparada agilmente pelo rapaz, que a pegou nos braços o mais gentilmente que pode.
Aos poucos a consciência voltou, e quando Gina abriu os olhos mergulhou fundo no verde dos olhos de Harry, ali, tão próximo dela, que se não tirasse a prova de que ele era real, de que não era mais um dos milhares de sonhos que tivera nos últimos anos, poderia enlouquecer. Sentia seu cheiro, aquele cheiro que ela conhecia tão bem e que julgou perdido pro resto da sua vida. Levou sua mão esquerda à nuca do rapaz, agarrando forte seus cabelos, trazendo sua cabeça em direção a ela. Com a direita, tocou seu rosto. Seu cérebro precisava sentir, através de todos os seus sentidos que aquilo era verdadeiro. Acariciou aquele rosto lindo, tão amado e não se conteve. Beijou-o, com toda a paixão, todo o desespero de sua alma, a saudade de quatro anos falando mais alto do que a razão e o bom censo. Naquele momento nada mais importava, que o mundo explodisse a sua volta, que as pessoas olhassem, ela não ligava. Não importava se ele se lembrava dela ou não, ela precisava daquele beijo para continuar vivendo.
No começo, o beijo foi correspondido, mas logo ela encontrou resistência. Devagar, ele começou a se afastar dela, delicadamente a empurrou para trás. Quando ela abriu os olhos, viu uma mistura de confusão, susto e talvez medo estampado nos olhos dele, e só então tomou consciência do que tinha feito.
*****
Assim que saíram da penseira, Harry estava totalmente aturdido. Nunca lhe passara pela cabeça que algo como aquilo pudesse ter acontecido. E a reação das pessoas durante sua luta contra aquele bruxo, que mais parecia uma cobra... Mas o que mais o surpreendeu foi a reação da ruiva. E a dele mesmo. Até aquele momento ele não havia reparado direito no anel que trazia no dedo da mão direita, até pensara em jogá-lo fora, não tinha significado nenhum para ele, mas acabara desistindo. Na lembrança que assistira, era óbvio que a aliança tinha muita importância, já que seu último gesto antes de desferir o golpe final na batalha fora beijá-la, gesto repetido pela moça. Durante o tempo em que mestre Caine contava a história, ele conseguiu retomar o controle. Observava as pessoas naquela sala. Era visível a cumplicidade entre o rapaz alto e forte e a moça de cabelos castanhos e armados. Havia uma linda oriental, que estava extremamente desconfiada. Mas sua preocupação era com a ruiva, a reação dela quando se revelasse.
Então chegou o momento. Mestre Caine se levantou e lhe fez um sinal, para que tirasse sua máscara. Não havia como não ficar nervoso, as pessoas ali o conheciam, o reconheceriam, mas ele não sabia quem eram. Nenhuma recordação, suas lembranças continuavam em branco. Tirou o capuz e depois a máscara, olhando diretamente para a linda jovem, sabia que ela teria a pior reação. E não deu outra. Quando o viu, ela arregalou seus lindos olhos, deu um pulo da cadeira e gritou seu nome, mas assim que ficou de pé, desmaiou. Ele já esperava por algo assim e deu um pulo para frente, pegando-a antes que batesse no chão. Recostou-a em seu joelho, ela estava gelada. Aquele perfume maravilhoso voltou a envolvê-lo, mais uma vez ele sentiu-se embriagado com a enxurrada de sensações que seu corpo sentia. Então ela começou a abrir os olhos, lindos, castanhos, enormes, brilhantes. Levou a mão à sua nuca, causando-lhe um arrepio que percorreu toda a sua espinha. Depois sentiu o toque suave e delicado da outra mão em seu rosto, trazendo uma nova onda de perfume e sensações e então, o beijo. Sentiu o toque úmido e trêmulo da boca da jovem tomando a sua, um calor sem igual explodiu em seu peito, não conseguiu resistir e correspondeu ao beijo ávido e apaixonado que ela lhe dava. Após alguns instantes, aos poucos, foi retomando o controle, graças ao treinamento dos últimos anos. Achou que não estava certo o que estava fazendo, ele não poderia ficar ali, tinha que voltar para Shangri-lá e protegê-la, como havia prometido. Com muito cuidado, começou a se afastar da jovem, que ainda mantinha seus olhos fechados, a boca ainda entreaberta e mais linda ainda. Quando ela abriu os olhos, com muito esforço perguntou:
- A Srtª está bem? Se machucou?
Aquela frase foi como uma ducha de água fria na cabeça de Gina. Instantaneamente ela tomou consciência do mundo a sua volta. Empurrou Harry, quase o derrubando e levantou-se, extremamente envergonhada.
- Desculpem-me. Por favor, me desculpem, não sei o que me deu...
- Não há o que desculpar, minha jovem. – Disse mestre Caine – O ímpeto da juventude é uma visão maravilhosa para alguém na minha idade.
Gina se sentou, escondendo o rosto entre as mãos, envergonhada. Harry se posicionou ao lado de mestre Caine, também bastante envergonhado. Olhou para a jovem, mas esta escondera o rosto e não parecia ter a intenção de encará-lo tão cedo. Olhou para o rapaz, irmão dela, que estava de boca aberta, cara de espanto, um pequeno filete de baba escorrendo pelo canto da boca. A moça de cabelos castanhos, ainda com a mão na boca, reprimindo o choro, sem sucesso, pois os olhos despejavam uma cascata de lágrimas. A jovem oriental também chorava compulsivamente, era evidente a grande emoção que atingira a todos naquela sala. Ninguém conseguia falar nada, apenas olhavam para ele, incrédulos. Então, o quadro do ex-diretor quebrou o silêncio, perguntando:
- Harry, você não se lembra de absolutamente nada? Não se lembra de nenhum dos presentes nesta sala? Nada lhe é familiar?
- Não. Ninguém. – Respondeu ele, mas completou, indicando Gina com a cabeça – A única coisa que me pareceu familiar foi o perfume dela.
- Meu perfume? – Perguntou ela, levantando a cabeça, o rosto molhado pelas lágrimas e abrindo um leve sorriso.
- É. Sabe, me pareceu familiar, é só... – Tentou justificar-se Harry, diante do sorriso da moça.
- Harry é muito natural estar confuso numa situação destas. – Disse a diretora – Por quatro anos não sabia nada sobre quem era e de repente, reencontra pessoas que fizeram parte da sua vida. Ninguém está lhe cobrando nada, pode ficar tranqüilo. Com o tempo, tudo se resolverá.
- Tem uma coisa que eu não consigo entender. – Disse Gina, recuperando-se do constrangimento por que passara a pouco – Se Fawkes salvou Harry e o levou até Shangri-lá, por que não respondeu quando eu a chamei? Passei semanas chamando por ela.
- Fawkes ficou muito ferida assim como Harry. – Disse mestre Caine, usando pela primeira vez o nome do rapaz, que se assustou com o fato – Logo depois de assegurar que ele receberia atendimento, ela incendiou-se e voltou a ressurgir das cinzas como um filhote. Não teria como ouvir seu chamado por meses. Mas agora ela pode, caso você tenha este vínculo com ela.
- Sério? – Perguntou a garota, novamente se levantando e chamando – Fawkes!
Um estampido multicolorido ocorreu sobre sua cabeça e ali surgiu a bela ave, que pousou sobre o braço estendido da jovem, que voltou a se sentar com ela, acariciando suas penas.
- Ah, Fawkes! Fui tão injusta com você esse tempo todo. Culpei você por não ter conseguido salvá-lo, por ter demorado muito pra agir e, no entanto, mais uma vez você o salvou. Você me perdoa?
Em resposta, como se entendesse cada palavra do que lhe era dito a ave bicou-lhe carinhosamente a mão, gesto correspondido por Gina ao beijar-lhe a cabeça. Depois a ave levantou vôo e pousou no ombro de Harry.
- Bom, então vamos quebrar este gelo. – Disse Mione se levantando e estendendo a mão para Harry – Sou Hermione Granger, Harry. Somos amigos desde os onze anos, passamos muito tempo juntos. Eu, você e esse ruivo com cara de bobo aqui do meu lado, que se chama Ronald Weasley. A ruiva maluca é irmã de Rony, Gina e a torneira quebrada ali atrás é a Cho. Parece que você não perdeu um de seus velhos costumes, não é? Se me permite... “Óculos Reparo!” – E os óculos do rapaz, que estava com uma lente rachada ficou como novo.
- Muito prazer. – Respondeu Harry, apertando a mão da jovem e mirando os óculos, satisfeito. Depois estendeu a mão para o rapaz, que estivera calado até então, mas agora abria um sorriso.
- Cara é muito bom ver você de novo. Fico pensando na cara do Malfoy quando descobrir que você está vivo e o cara de cobra não conseguiu sobreviver. Ele vai surtar, ah se vai. – Disse Rony, apertando a mão do amigo.
- Sem dúvida que vai, sr Weasley. – Disse a diretora Minerva Mcgonagall – Por isso não acho aconselhável que divulguemos sobre a volta de Harry pelo menos por enquanto.
- Concordo. - Disse Quin, finalmente se manifestando – Precisamos pensar como dar esta notícia, para não criar uma retaliação de nossos inimigos ou uma euforia generalizada da população.
- Esperem um pouco. – Interrompeu Harry – Vocês estão falando como se eu fosse ficar aqui com vocês.
- E não vai? – Perguntaram em coro, todos os presentes.
- Não. Claro que não. Escutem, eu até gostei de saber quem eu era, de conhecer vocês e tudo mais. Mas não quero ficar aqui, quero voltar para Shangri-lá. Não tenho mais nada a ver com a pessoa que vocês conheceram.
- Mas você não pode voltar, Gafanhoto. – Começou mestre Caine.
- Mas mestre, eu tenho obrigações a cumprir em nossa cidade. – Retorqui Harry.
- Covarde! – gritou Gina, assustando a todos – Você não é o Harry, não pode ser o nosso Harry. Ele nunca teve medo de enfrentar o passado, por pior que fosse. Você tem medo de ficar aqui e encarar a gente, então prefere se esconder debaixo da barra da túnica do seu mestre. Não deveria nem ter aparecido aqui, devia ter continuado morto.
Ela então saiu correndo da sala, deixando a todos boquiabertos. Mione correu atrás dela, chamando seu nome:
- Gina! Gina Weasley, volte aqui. – E quando percebeu que não ia ser atendida, sacou sua varinha e bradou “Imobilus”, de forma que Gina estacou enquanto estava no meio da escadararia. Quando se aproximou da amiga, continuou - Vocês Weasleys são um bando de cabeças duras, sabia? Não sei onde eu estava com a cabeça quando resolvi me unir a esta família. Escuta aqui, sua cabeçuda. Eu vou te liberar, mas você vai ter que me escutar ouviu bem? “Finite”.
- Mione! – Gritou Gina, assim que foi liberada – Você me azarou? Como teve coragem?
- Eu é que pergunto Gina. O que aconteceu com você lá dentro? Porque aquele ataque?
- Como assim porque? Você ouviu tão bem quanto eu. Ele vai embora, não quer ficar, está com medo.
- Gina, me escuta. O que você faria se estivesse no lugar dele? Ele acabou de descobrir quem é, está numa sala onde todos sabem mais da vida dele do que ele mesmo. E logo de cara uma ruiva maluca agarra ele e lhe dá um beijo que quase o engole. Você intimidou qualquer um que tentou se aproximar de você nos últimos anos Gina, claro que assustou ele também.
- Eu já me desculpei por isso, para de pegar no meu pé. – Lamentou-se Gina.
- É lógico que ele está assustado, com medo, sem chão. Ele precisa de apoio e da nossa ajuda agora mais do que nunca. Essa amnésia não vai durar pra sempre, nós vamos conseguir fazer com que ele se lembre da gente.
- Mas ele está tão frio e distante, Mione. – Gina ainda lamentava, de cabeça baixa.
- Não tenho tanta certeza dessa frieza dele não. – Sorriu Mione – Eu estava observando atentamente quando ele tirou a máscara. E para quem ele estava olhando? Não era pra mim, nem pro Rony, era diretamente pra você. Ele estava preocupado com sua reação, como reagiria quando o visse. Quase se jogou no chão para impedir que você se machucasse quando desmaiou. Ele pode não se lembrar do amor que sentia por você, mas ele está todinho lá. E isso também está deixando-o confuso, entende?
- Eu odeio admitir que mais uma vez você tem razão, sua Sabe-Tudo de uma figa. – Sorriu Gina – Eu não vou desistir assim tão facilmente. Esperei muito tempo, nutri tantas esperanças que ele estivesse vivo...
- É isso aí garota. Essa é a Gina batalhadora que eu conheço. Não pressiona ele, deixa a coisa rolar naturalmente. Ele já se apaixonou por você uma vez, com seu jeitinho vai fazer ele se lembrar de tudo rapidinho. É só ser você mesma, a Gina de antes disso tudo acontecer. O mestre Caine disse que ele não pode voltar, também quer que ele fique. Vamos ver se conseguiu convencê-lo.
As duas retornaram para a sala, onde a diretora Minerva Mcgonagall conversava com mestre Caine em um canto e Rony com Harry, em outro.
- Adianta pedir desculpas novamente? – Perguntou Gina, entrando na sala à frente de Mione.
- Todos entenderam perfeitamente o ocorrido Gina – Respondeu a profª Mcgonagall.
- É, pode ficar tranqüila maninha. Já expliquei pro Harry sobre o seu gênio de cão. – Disse Rony, sarcasticamente.
- Muito obrigada Rony! – Respondeu ela com uma careta – Harry, me desculpe ter chamado você de covarde.
- Tudo bem Srtª Weasley. Eu entendo. – Disse ele, arrancando outra careta dela ao ouvir o “srtª”.
- Muito bem. – Apartou mestre Caine – Como eu ia dizendo, você não pode voltar para Shangri-lá, pois deve ficar aqui e ajudar os Aurors ingleses a encontrar Wang Chú. Foi aluno dele, é um dos poucos que o conhece e não passou para suas fileiras. Além de conhecer os costumes de nossa comunidade, o que pode ser importante para a investigação.
- Mestre Caine. – O ministro Rufus Scrimgeur se pronunciou – Não duvido das capacidades de Harry, eu mesmo já tive a vida salva por ele. No entanto, ele não pode se envolver numa investigação deste porte, não é Auror, não pode participar.
- Ah! Sim, me esqueci deste pequeno detalhe. Realmente ele não é um Auror, mas a partir de hoje ele é Embaixador de Shangri-lá aqui na Inglaterra. Nomeado especialmente para tratar desta crise, com plenos poderes para investigar e prender os criminosos de nosso povo, além de desfrutar de imunidade diplomática, é claro.
- Embaixador? – Perguntou Harry, surpreso.
- Exato. E a promulgação terá data retroativa à data da tentativa de golpe de Chú, quando você defendeu a cidade. Amanhã terá uma conta aberta no banco Gringotes, com os seus salários atrasados, para que possa se manter por aqui.
- Bom, se é assim, não vejo problemas. Será muito bom tê-lo nos auxiliando, Harry. – Disse Rufus, sorridente – Você precisará de segurança, por pertencer ao corpo diplomático. Shacklebolt designe dois de nossos melhores Aurors para a proteção do senhor embaixador, por favor.
- Claro ministro. Weasleys, vocês ficarão responsáveis pela segurança do embaixador Potter. Se conseguirem investigar o paradeiro dos comensais enquanto isso, ótimo. Mas concentrem-se em dar apoio às investigações do senhor embaixador. – Disse Quin, com uma piscadela para Gina.
- Muito bem. Se é assim, preciso encontrar um hotel para me hospedar. – Disse Harry.
- O quê? Nem pensar, cara. – Disse Rony, com urgência – Se a nossa mãe souber que você está vivo e não foi se hospedar lá em casa como sempre ela mata a gente.
- É verdade Harry. – Completou Hermione – Desde os doze anos você, aliás, nós, nos hospedamos na casa da família Weasley. Se a Srª Weasley não te receber em casa ela vai ter um ataque do coração.
- Isso sem falar que todas as suas coisas estão lá em casa. – Arrematou Gina.
- Tudo bem, tudo bem. – Respondeu Harry – Eu fico na casa de vocês então.
- Ótimo. Então acho que podemos encerrar esta reunião. – Disse Minerva Mcgonagall.
- Muito bem. Então eu já vou indo. – Disse mestre Caine, levantando-se – Você me dá uma carona velha amiga?
Fawkes voou do ombro de Harry para o braço de mestre Caine, que se despediu de todos. Quando chegou a vez de seu pupilo, este lhe fez uma referência, prontamente correspondida.
- Foi uma honra tê-lo como aprendiz, Harry Potter. Seja sábio e continue pregando o que aprendeu conosco. Amanhã enviarei Fawkes de volta com as suas coisas.
- A honra foi minha em ter tido o senhor como instrutor, mestre Caine. Nunca poderei agradecer tudo o que fez por mim.
- Não há o que agradecer meu jovem. Conte conosco sempre que precisar. – E com um novo estampido, ambos deixaram o local.
O grupo se levantou e saiu da sala, conversando animadamente, discutindo pequenos detalhes. Rony e Mione se juntaram a Harry, Rony falando sobre Quadribol e de como ele fora ótimo jogador na época de escola. Ao sair, Harry voltou a cobrir a cabeça com seu capuz, para que ninguém o reconhecesse. Ao deixarem os terrenos da escola, instintivamente ele procurou por Gina, que se aproximava conversando com Cho. Ela se despediu da amiga, prometendo enviar uma coruja no dia seguinte e se aproximou dele, um belo sorriso estampado no rosto:
- Como você não lembra onde moramos, eu vou conduzir nossa aparatação, ok?
- Claro, muito obrigado. – Respondeu ele, enquanto a jovem buscava sua mão direita.
Um instante depois, não só eles como Rony e Mione já se encontravam nos jardins D’a Toca, o lar da família Weasley. Harry olhou em volta, gostando do pouco que podia ver. Era uma casa estranha, mas parecia incrivelmente acolhedora. Depois de um instante percebeu que ainda segurava a mão de Gina e soltou-a, sem olhar para ela que o olhava com ar divertido.
- Eu sei que não parece muita coisa, mas é o nosso lar. – Disse ela.
- Pra mim parece maravilhoso Srtª Weasley. – Respondeu ele.
- Escutem, não podemos entrar pela porta com o Harry sem preparar o terreno antes. – Disse Mione, com todo o seu bom senso – Seus pais teriam um infarto.
- É verdade. Vamos fazer o seguinte. – Disse Rony – Eu e a Mione entramos e preparamos os dois e depois chamamos vocês, está bem?
- Por mim tudo bem. – Respondeu Harry.
Assim que entraram em casa, Rony e Hermione foram praticamente sufocados pelo abraço de urso da srª Weasley, que estava esperando por eles para o jantar:
- Por Merlin, por que vocês demoraram tanto? Estávamos morrendo de preocupação crianças.
- Mãe, me solta! – Reclamou Rony, tentando se desvencilhar – Não somos mais crianças a um bom tempo, dá pra senhora parar de chamar a gente assim?
- Pra mim vocês sempre serão os meus bebês, Roniquinho querido. – Disse ela, arrancando outra careta do filho – Mas por que vocês demoraram tanto?
- A reunião com o ministro e a diretora demorou mais do que esperávamos srª Weasley. Acabou agora mesmo. - Justificou-se Mione, recebendo também um beijo da sogra.
- E o que era tão importante que não podia esperar até amanhã, quando estivessem descansados? – Perguntou Arthur Weasley, também beijando a testa da nora.
- É verdade. Por que não esperaram até amanhã? Olhe o estado de vocês. Olha só esta perna Ronald! Como você deixou ele ficar andando assim por aí drª Hermione Granger? – Perguntou Molly, levando a mão à cintura e se virando para a moça.
- Ele está bem srª Weasley, eu mesma tratei da perna dele. No máximo em dois dias não vai sentir mais nada. E era muito importante o assunto que fomos discutir, não podia esperar até amanhã.
- É mãe. Era sobre o Harry. – Disse Rony, indo direto ao assunto.
- O Harry? O que tem o Harry? – Perguntou Arthur.
- Bom, não tem um jeito muito delicado de falar isso, então lá vai. – Disse Mione, respirando fundo – O Harry está vivo.
O casal Weasley ficou olhando para os jovens, esperando que desmentissem o que acabara de ser dito, achando que era uma piada. Quando perceberam que não era uma brincadeira, Molly disse:
- Vocês não têm vergonha de brincar assim com uma coisa tão séria? Francamente Hermione, que o Rony fale uma barbaridade dessa eu até entendo, afinal ele é irmão do Fred e do Jorge. Mas você? Estou muito decepcionada com a senhora, está me entendendo?
- Molly, Hermione não brincaria com uma coisa destas, deve ser algum engano, alguém deve ter inventado alguma história maluca sobre o Harry de novo, não foi? – Perguntou Arthur, tentando justificar o que ouvira.
- Não, é verdade. – Disse Rony – O Harry está vivo, nós estivemos com ele, falamos com ele. Mas ele não se lembra da gente, está com amipnéia.
- É Amnésia Ronald. – Corrigiu Mione, imediatamente – Por isso não voltou, ele não sabia quem era.
- Mas se ele está vivo onde é que ele está? – Perguntou Molly, nervosa.
- Lá fora com a Gina. – Disse Rony – Achamos melhor entrar na frente e...
Mas Rony não concluiu sua frase, pois foi literalmente jogado de lado por sua mãe, que saiu correndo para o jardim da casa.
*****
Assim que Rony e Mione se dirigiram para a casa, Gina sentou-se embaixo de uma árvore e convidou Harry para sentar-se ao seu lado. Permaneceram quietos por alguns instantes, até que ela resolveu falar:
- Eu queria te pedir desculpas novamente pelas besteiras que falei hoje.
- Não se preocupe, já esqueci. – Respondeu ele, olhando para ela.
- Deve estar sendo muito difícil pra você tudo isso e eu não ajudei nem um pouco te ofendendo daquele jeito. – Disse ela com sinceridade – Algo que você nunca foi nem nunca será, lembrando ou não de quem é, é alguém que se possa chamar de covarde. Deve ter razões muito fortes pra querer voltar pra Shangri-lá.
- Sem dúvida, o que não me falta são motivos. Se não fosse por aquelas pessoas eu estaria morto. Eles cuidaram de mim, me trataram como a um igual. E sofreram por causa disso. Eu vi o louco do Wang Chú matando mulheres e crianças indefesas, apenas pelo prazer de matar. Tentei impedir, mas não fui muito bem sucedido. Jurei, ao ver aquelas pessoas tão boas e pacíficas sendo massacradas, fazer de tudo para protegê-las. É por isso que eu preciso voltar e ajudar a defender a cidade.
- Eu tinha certeza que seria alguma coisa heróica e altruísta. É bem típico de você, sabia?
- Não quero ser herói. Só quero fazer o que é certo.
- E vai fazer Harry. Como sempre. E nós vamos te ajudar.
- Não quero envolvê-los nesta história, podem se ferir seriamente.
- Já estamos envolvidos, não me venha com essa sua mania de tentar nos proteger, está bem? Somos seus amigos e vamos estar ao seu lado pro que der e vier. Isto se você me aceitar como sua amiga depois do que fiz hoje, é claro.
- Amigos?
- Só amigos, juro. Vamos deixar a coisa rolar naturalmente, depois que essa bagunça terminar a gente vê o que faz. Se quiser ir embora, não vou te pressionar nem nada, está bem? Enquanto sua memória não voltar, pode me considerar apenas uma boa amiga. Juro que não te agarro mais. – Disse ela com um sorriso um tanto maroto.
- Será um prazer e uma honra ser seu amigo srtª Weasley. – Disse ele, fazendo uma pequena reverência para ela.
- Ótimo. Agora posso te pedir uma coisa? Será que dá pra me chamar de Gina? Esse negócio de Srtª Weasley me faz sentir tão velha...
- É por uma questão de respeito, preciso de um tempo pra me acostumar, está bem? – respondeu ele, sorrindo.
- Ok! Sem problemas. – Disse ela, correspondendo o sorriso – Posso ver a sua mão?
- O que tem ela? – Perguntou Harry, lhe estendendo a mão direita – O que significa o que está inscrito na sua? Por que a minha aliança é diferente?
- O que significa não é importante agora. Não vou dizer o que significa, vai ter que se lembrar sozinho, Sr. Potter. Talvez volte a ter algum significado pra você e aí a sua aliança ficará igual à minha... Disse Gina, soltando a mão dele e se levantando, pois vira a porta da casa se abrir e um vulto vindo correndo em sua direção – É melhor se preparar para um abraço daqueles, minha mãe vem vindo pra cá.
- E o que é que tem? – Perguntou ele também se levantando, mas quase caindo em seguida quando a srª Weasley se jogou contra ele.
- Ah! Harry, meu querido. Você está vivo. Graças a Merlin, achei que nunca mais ia te ver. – Disse ela, chorando, abraçando e beijando o rapaz.
- Molly, calma! – Pediu Arthur, tentando tirar a esposa de cima de Harry, que estava começando a ficar sem ar – Assim você o sufoca e mata de verdade.
- Calma mãezinha, ele está bem, vem, deixa ele respirar um pouquinho, deixa. – Disse Gina carinhosamente para a mãe, agarrada a um dos braços dela.
- Minha filhinha. Você sempre acreditou, nunca desistiu. – Continuou Molly, agora se jogando sobre a filha – Estou tão contente...
- Olá Harry. – Disse Arthur Weasley, cumprimentando o rapaz – Peço desculpas pela minha esposa, ela fica meio sensível quando o assunto é um de vocês, sabe?
- Muito prazer! – Respondeu Harry, apertando a mão que lhe era estendida – Um de nós?
- Molly considera você um de nossos filhos, Harry. Ela sofreu muito quando achamos que você havia morrido. Na verdade, você sempre viveu nesta casa como alguém da família, é considerado assim por todos nós. É assim que quero que se sinta aqui, como se estivesse em sua casa. Sei que não se lembra da gente, mas não faz mal. Com o tempo você se acostuma de novo. Sabem, estou muito curioso pra saber desta história surpreendente.
- Mas não agora querido. – Interrompeu Molly, enxugando suas lágrimas – As crianças estão cansadas, sujas e com fome. Precisam de um belo jantar, um banho e cama. Amanhã teremos tempo para conversar sobre o que aconteceu.
- Acho melhor deixar esta conversa pro sábado. – Disse Rony – Assim dá tempo de convocar os outros. Gui, Carlinhos, Fred e Jorge precisam estar aqui também.
- E amanhã eu quero o Harry no hospital, pra fazer alguns exames e ver como ele está.
- Muito bem. Então todos pra dentro, o jantar está esfriando.
O grupo entrou, a srª Weasley comentando como Harry estava magro e que ela daria um jeito naquilo logo, logo. Lavaram-se e sentaram-se à mesa, onde uma refeição deliciosa esperava por eles. Harry passou um verdadeiro sufoco, pois a matriarca da família insistia em fazê-lo comer de tudo que havia na mesa várias vezes, até que Gina ralhou com ela. Depois do jantar, Rony foi levar Mione para casa enquanto Gina e a mãe subiam até o quarto que era dos gêmeos para arrumá-lo para Harry. Depois, ela desceu e o acompanhou até o quarto. Quando entraram, Harry viu próximo a uma das camas um malão, com as iniciais HP. Num criado mudo, uma foto de um casal com uma criança no colo, brincando. Harry atravessou o quarto e pegou a foto.
- São seus pais com você, antes deles morrerem. –Disse Gina, que estava encostada na porta, observando.
- Ela era linda! – Respondeu Harry, alisando o rosto na foto, uma lágrima descendo pelo seu rosto – Sempre tentei imaginar como ela seria. Se eu me pareceria com ela ou com meu pai.
- Agora já sabe. Você é a cara do seu pai, Thiago. Mas tem os belos olhos da sua mãe, Lily.
- Obrigado por ter guardado isto. – Disse ele, se virando para ela, ainda com lágrimas nos olhos.
- Tem muito mais. Mas depois eu te mostro. Deve estar exausto, foi um longo dia. O banheiro fica logo ali, tome um bom banho e durma bem. Os próximos dias também devem ser bastante agitados.
- Sim, estou exausto. Até amanhã. Boa noite.
- Boa noite Harry. Durma bem. É muito bom tê-lo aqui de novo. – Disse ela, saindo do quarto, sem conseguir esconder a alegria que sentia.
Harry olhou em volta, respirou fundo e pegou uma toalha. Quando meditava naquela madrugada, não pensou que sua vida podia dar uma guinada tão grande em apenas um dia. Tomou seu banho e desabou na cama, dormindo imediatamente.
N:A: Espero que tenham gostado, acho que decepcionei algumas pessoas que esperavam um reencontro mais apaixonado. Mas pensem bem, ele não se lembra de nada, então deve ser muito constrangedor reencontrar alguém que você sabe que teve um relacionamento sério com você e não se lembrar dela. Mas as coisas vão mudar, tenham certeza. Fiz a Gina sofre muito? Acho que não...
Espero os comentários, até o próximo capítulo. Obrigado a todos que estão acompanhando.
Claudio
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