CAPÍTULO 2 - RECORDAÇÕES
- Eu sou a sétima filha . Meus pais, como os de Hermione e seus avós, Harry, eram totalmente trouxas. Meu pai era grego e minha mãe, egípcia. Morávamos perto do porto, em Southampton. Quando eu nasci, todos estranharam duas coisas: minha pele muito branca e este sinal na minha testa.
- Éramos muito pobres, como sua família, Rony. Desde pequena, tinha pressentimentos ao tocar nas pessoas, eram pressentimentos turvos e imprecisos. Minha vida começou a ser afetada por eles conforme eles foram se tornando mais claros e corretos. Eu simplesmente tocava nas pessoas e dizia coisas que me vinham à cabeça, e que sempre eram reais. Isso amedrontava as pessoas, aquilo que você viu no “Três Vassouras” me acompanhou a vida inteira. A desconfiança dos adultos era que eu tinha algo de mau e demoníaco. Aos sete anos salvei a vida de uma menina, muito minha amiga. Toquei-a na escola e disse: Não corte caminho pelo velho cais abandonado... Ela não levou a sério até o último minuto. Na beira do velho cais, desviou pelo lado de fora, bem a tempo de ver a doca afundando sob uma grande onda. Isso a afastou de mim, e fez que todos me olhassem como uma mensageira da desgraça.
- Todos, menos um policial que morava perto de minha casa. Não me pergunte como, até hoje não sei, mas ele conhecia Alvo Dumbledore, que na época era diretor da casa de Grifinória em Hogwarts. Eram amigos, mesmo o policial sendo trouxa. Eu conheci Dumbledore aos oito anos. Ao me ver ele espantou-se. Há mais de cem anos não nascia uma bruxa com a marca do toque de Prometeu, e eu, uma trouxa, o possuía. Certamente o ministério da magia acabaria me achando, mas quem me encontrou primeiro foi Dumbledore. Ele não precisava, mas quis testar minha habilidade: tocou minhas mãos e sorriu. Na mesma hora eu vi que um bruxo assustador o odiava e desejava matá-lo. Quando eu disse isso, ele sorriu e me contou sobre Lord Voldemort, como ele estava reunindo forças e em breve tentaria destruir e escravizar os trouxas. Antes que ele me dissesse qualquer coisa, eu já sabia quem eu era, e de que lado estava. Não ia permitir que ninguém fizesse mal a famílias como a minha. Depois disso, Dumbledore começou a me mandar corujas regulares.
- No tempo certo, recebi a carta para ir a Hogwarts. Fui considerada um investimento pelo Ministério, e ganhei todo o material de estudo para ingressar na escola, mais uma bolsa anual de cem galeões para poder comprar o material nos anos seguintes. Meus pais nunca entenderam direito o que eu fazia, mas como estava estudando sem despesas para a família, tudo foi muito bem vindo. Eu me lembro, nos mínimos detalhes, do dia que cheguei em Hogwarts. O primeiro aluno que conheci, ainda no expresso de Hogwarts, foi um garoto antipático de nariz curvo, que sabia tudo sobre mim: Severo Snape. Ele me desafiou a prever seu futuro: eu o toquei e disse-lhe o que via: ele se arrependeria profundamente de cada escolha errada que fizesse. Ele então me disse que alguém de sangue trouxa jamais seria uma grande bruxa, mas saiu de perto de mim, assustado pela previsão.
- Depois conheci uma menina adorável, de cabelos castanho-avermelhados e olhos verdes. Era sua mãe, Harry, Lilian. Ao tocá-la descobri que ela era como eu, mas muito mais especial. Havia em torno de Lílian uma onda de bondade e carinho. Eu soube que ela seria minha melhor amiga no mesmo minuto.
- Uma coisa que quem tem o toque de Prometeu não pode prever é o próprio futuro. Isso me frustrou a minha vida inteira. Minha primeira frustração aconteceu em Hogwarts, ainda na cerimônia de seleção. Eu tinha certeza que ia ficar em Grifinória. Era a casa de Dumbledore, meu mentor, meu melhor amigo. Quando puseram o chapéu na minha cabeça ele nem bem pousou e disse: “Corvinal!”. Eu fui para mesa de Corvinal fria e triste. No meio do caminho cruzei com o garoto que iria ser selecionado depois de mim. Ele disse: “Anime-se, quem sabe não ficamos juntos em Corvinal?” Eu olhei para trás a tempo de ver o sorriso cínico de Sirius Black antes que o chapéu seletor o cobrisse. E o detestei imediatamente. E dei graças a Deus quando ele foi selecionado para Grifinória.
- Nem bem sentei na mesa, recebi duas luvas grossas e uma recomendação: nunca tocar ninguém sem elas. Eram as luvas refletoras, com elas passaria seis de meus sete anos em Hogwarts com minha clarividência sob controle. Achava que aquele seria o melhor dia da minha vida, e descobri que era o pior, e piorou mais ainda quando Lilian foi selecionada para Grifinória. Estava isolada, ao lado de uma garota insuportável e tagarela, fascinada por premonições: era Sibila Trelawney, minha colega de turma em Corvinal. Ela garantiu saber como prever o futuro, mas sem precisar nem tocá-la eu sabia que na verdade, ela não passava de uma tonta.
- Estava em uma profunda depressão que Dumbledore aliviou dizendo que nem sempre Hogwarts era como esperávamos do lado de fora, mas quanto mais eu aprendesse, mais gostaria de lá. Depois ele me avisou que eu teria uma aula extra por semana com a então professora de adivinhação, Viviane Lake, desde o primeiro ano. Era para domar meu dom desde cedo, para que ele não me dominasse e me fizesse sofrer da Síndrome de Prometeu: o desespero diante do inevitável.
- Meus primeiros dias em Hogwarts não foram menos horríveis que o dia da seleção: ouvia cochichos e sussurros pelos cantos. Você conhece bem isso, não é Harry? Ser considerado especial é um fardo pesadíssimo. Para completar, com aquelas luvas, eu parecia tudo, menos especial. Com o único poder mágico que eu sabia ter fora de combate, eu parecia menos que uma trouxa: nem mesmo conseguia segurar a varinha direito, as luvas atrapalhavam. A primeira aula de transfiguração, junto com os alunos da Sonserina, foi humilhante: eu deveria transformar minha borracha em uma pedra. Fui a única da turma cuja borracha não sofreu nem uma mínima modificação. Podem imaginar o que a gangue da Sonserina fez, não é mesmo? Virei alvo das mais horríveis piadas.
- Foi sua mãe, Harry, que me salvou. Eu estava deprimida um dia, depois de mais um fracasso numa aula de feitiços, acreditando plenamente que era uma trouxa completa, ou pior ainda, uma coisa que não era nem trouxa nem bruxa. Vencida, humilhada, um fiasco. A gangue da Sonserina, liderada por Lúcio Malfoy e Severo Snape havia pego o gostinho de me humilhar publicamente. Lílian se aproximou de mim e disse que eu tinha poderes, ou Dumbledore não me levaria para Hogwarts... Eu duvidei disso. Nesta hora, Lúcio Malfoy estava fazendo uma piada particularmente cruel sobre o fato dos “sangue ruim” estarem se unindo. Então eu vi a força de Lílian: Ela virou-se e não era mais a menina doce e boa: enfrentou Lucio Malfoy com um olhar altivo e disse: “Lucio, você está dizendo que somos sangue ruim porque tem medo, não é mesmo? Tem medo de não ser grande coisa como bruxo e perder seu lugar para trouxas como nós. Imagina se Sheeba tira as luvas e vê este futuro para você? Você tem medo do que ela vai prever, não é mesmo?”
- Daquele dia em diante, Lílian me ajudou. Foi com sua mãe aprendi a não me lamentar por ter de usar as luvas. Ela ajudou a descobrir dentro de mim meus talentos que nem sabia existirem: estudava muito para encontrar cada pequena centelha de magia que pudesse brilhar dentro de mim, e os resultados foram me animando, até que me tornei uma das melhores alunas da casa de Corvinal.
- Fora sua mãe, minha melhor amiga era a Professora Viviane Lake. Foi com ela que aprendi que nem tudo podia ser dito. Ela nunca queria saber nada sobre seu futuro. Tinha o toque de Cassandra e fora a primeira a prever o surgimento de Voldemort. Eu vi na primeira aula que ela teria morte horrível nas mãos de Voldemort. Passaria os próximos sete anos pondo pistas diante dela que ela insistiria em ignorar. Foi Viviane Lake que me fez ver porque eu fora colocada em Corvinal: o desafio de estar entre aqueles com quem não se tem afinidade é essencial para manter os dons premonitórios sob controle. Se ficasse em Grifnória não teria desafios a enfrentar, e provavelmente passaria o resto da vida sendo medíocre em tudo, menos no dom que eu já tinha pronto e pouco teria de lapidar.
- Minha amizade com Lílian era meu porto seguro: eu e ela éramos como irmãs, embora muito diferentes, parecíamos duas faces da mesma moeda: Lílian era boa, sincera, calma; eu era ousada, desafiadora, explosiva. Havia quatro garotos que nos atormentavam, mas não como a gangue da Sonserina: Sirius Black, Remo Lupin, Pedro Pettigrew e Tiago Potter. Sirius adorava comentar a feiúra de minhas luvas, provocando minha fúria. Dos quatro, apenas Pedro Pettigrew parecia compartilhar do medo que eu sentia nos outros estudantes em relação ao meu dom. Tiago, Remo e Sirius não pareciam ter medo algum do futuro.
- No segundo ano, quando Tiago se tornou apanhador de quadribol, as brincadeiras de Sirius comigo começaram a me irritar demais Foi quando eu fiz algo que não deveria. Resolvi usar meu dom de forma clandestina nele, escondi-me atrás de uma pilastra esperando que ele passasse, vagarosamente tirei a luva esquerda. Vi quando os quatro se aproximavam, e preparei-me para atirar-me sobre Sirius. Mas em vez de Sirius, minha mão sem luva tocou Remo Lupin. Escutei um uivo e vi a silhueta inconfundível de um lobisomem. Recuei horrorizada. Ele me olhou assustado e fugiu de mim. Saí correndo atrás dele para dizer que preservaria seu segredo. E foi com uma mão enluvada e a outra não que fui surpreendida por Dumbledore. Nos olhos dele eu vi decepção e senti enorme vergonha do que havia feito: desobedecera uma ordem que era para meu bem, para usar meu poder de forma estúpida e leviana. Eu mereci o castigo que recebi por isso.
- As luvas foram conjuradas nas minhas mãos pela professora Viviane e só eram retiradas no momento da aula de adivinhação. Fui procurar Remo para me desculpar e encontrei Sirius, furioso. Ele disse que o segredo de Remo poderia ser arruinado por mim, e ele seria expulso da escola. E me disse que eu merecia ser trancada com Remo quando ele se transformasse. Hoje penso que talvez teria sido melhor se tivesse tocado por acidente em Pettigrew em vez de Remo, assim eu poderia descobrir quem ele era antes de Sirius.
- Para esquecer o que fizera, resolvi procurar a Professora Minerva e dizer que queria ser um animago registrado. Como sempre, ela adorava alunos que se empenhavam, e me deu toda a força e se tornou minha mentora particular nesta tarefa - Hermione interrompeu Sheeba neste momento:
- Já sei então de onde conhecia seu nome! Você se transforma em um...
No mesmo instante Sheeba se tornou um grande Tigre branco e voltou a ser Sheeba no instante seguinte:
- Infelizmente minha vaidade me fez escolher um animal muito pouco funcional.-Sheeba riu - Pedi desculpas a Remo Lupin e minhas relações com o grupo de Tiago Potter foram melhorando a partir do terceiro ano. Menos com Sirius, que insistia em mandar piadinhas inconvenientes sobre meu dom assim que me via. Me chamava de “Senhora Pitonisa Sabe Tudo”, o que me incomodava muitíssimo. Brigávamos sempre que nos encontrávamos. Um professor testemunhou uma discussão muito áspera entre nós, e merecidamente nos suspendeu. Iríamos cumprir naquela noite a suspensão juntos, sob o olhar atento do Zelador Filch. Teríamos de limpar os benditos troféus da sala de prêmios... sem magia. Consegui autorização para tirar as luvas porque não queria estragá-las. Começamos a limpar os troféus em lados opostos do salão. Filch estava nos perturbando quando Pirraça, o poltergeist, apareceu e carregou consigo uma imensa taça de quadribol, Filch saiu atrás dele. Neste instante peguei um troféu para limpar e tive uma visão terrível que me derrubou. Quando voltei a mim, Sirius estava debruçado sobre mim, escutando meu coração. Achava que tinha morrido.
- “O que está fazendo, idiota?” Eu perguntei. Pela primeira vez vi Sirius perder sua presença de espírito. Ele me perguntou o que acontecera e eu lembrei do troféu. Apontei e disse: “Esse troféu, é uma mentira, foi ganho sem merecimento.” “Quem será Tom Servoleo Riddle?” Perguntou Sirius. Eu sabia e não queria esconder: “Lord Voldemort, Sirius”.
- A partir deste dia paramos de nos hostilizar. Sem querer toquei a mão de Sirius quando ele me socorreu e soube que ele estava tentando ser um animago também, como eu, mas de forma clandestina. E sabia que era para ajudar Remo Lupin. O tempo passou, e estava no quinto ano quando um embaraçado Severo Snape veio me convidar para o baile. Mesmo sem saber com quem Sirius iria, disse que iria com ele. Faria qualquer coisa para me livrar de Severo Snape. Corri imediatamente até Lílian e disse o que havia acontecido. Ela me assegurou que Sirius não convidara ninguém para o Baile, então pedi a ela que dissesse a ele que me convidasse. Sirius sempre teve uma habilidade de se aproximar sem ser notado e ouvir minhas conversas com Lílian.
- Não sei o quanto da conversa ele tinha ouvido, só percebi quando ouvi um riso de zombaria bem atrás de mim e uma frase “Então a Pitonisa precisa de minha ajuda?”... Antes que eu começasse uma discussão, Sirius fez uma profunda reverência e me convidou para o Baile de forma debochada. Levantou os olhos para mim e disse rindo: “Nem pense em recusar, senhorita... imagine ter de dançar o baile todo com aquela cobra de nariz de gancho!” Chegou o dia do baile e Sirius pareceu realmente querer provocar Snape, pois não me deixou parar de dançar um único minuto. - Sirius a interrompeu, rindo:
- Eu havia tomado uma poção de pés inquietos e pus a mesma poção no ponche dela escondido... queria fazê-la dançar comigo o baile todo. Eu achava que era para provocar Snape, mas na verdade eu já estava apaixonado por Sheeba desde o dia que a vi no salão da escola. O baile acabou e continuamos por quase uma hora dançando no meio dos elfos domésticos que limpavam o salão principal, os nossos pés não podiam parar. Ela achava isso muito idiota, dançar sem música, e eu comecei a cantar também, para desespero dela e dos elfos domésticos.
- E você canta terrivelmente mal - Disse Sheeba rindo, cobrindo o rosto - Depois deste dia percebi que Snape e Sirius se odiavam mais e mais. Ao mesmo tempo fui me aproximando de Sirius, explicando a ele como era a transformação de um animago. Ele nem desconfiava que eu sabia seus planos. Sem precisar tocá-lo, eu soube quando conseguiu, estávamos no sexto ano. Ele estava radiante. Então eu disse a ele que sabia de tudo sobre sua transformação em animago. Que descobrira no dia da sala de troféus. Ele engoliu em seco e depois disso pouco falamos no assunto. Neste ano, Sonserina e Grifinória fizeram a partida final do campeonato de quadribol.
- Era hábito de sua mãe assistir aos jogos apertando dolorosamente minha mão, pois ficava nervosa, Harry. Eu estava torcendo, como quase toda a escola, por Grifinória, e vi, junto com sua mãe, seu pai capturar o pomo exatamente em cima de nossas cabeças. Sua mãe apertou minha mão com força quando Tiago Potter sorriu mostrando o pomo na mão fechada e piscou-lhe um olho. Imediatamente eu disse a ela: “Você e Tiago Potter vão se casar”. Lílian olhou-me estarrecida: eu era sua melhor amiga e nunca tinha me contado nada sobre o amor que sentia por Tiago. Além do mais eu estava usando minhas luvas refletoras! Eu sorri e mostrei um furo minúsculo no tecido da luva. Vinha colecionando pressentimentos através daquele furinho. Nesta época eu já era monitora e não costumava mais quebrar regras à toa... Lílian me perguntou desconfiada o motivo e eu respondi: “Eu quero saber se Sirius Black está interessado por alguém” então eu ouvi uma voz exatamente atrás de mim. - Nesse instante Sirius interrompeu-a:
- Não é preciso ter Toque de Prometeu para saber que eu quero namorar você, Sheeba Amapoulos. Não foi exatamente isso que eu falei?
- Exatamente - respondeu Sheeba sorrindo - E desde que me lembro, começou naquele dia a época mais feliz de minha vida.
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