A Única Que Ele Amou
Molly retribuiu o sorriso, fechando a porta antes de sentar na cama, ao lado de Hermione. A velha senhora parecia buscar as palavras antes de disparar,
“Gostou do seu aniversário?”
Miranda foi embora do país, o que mais eu poderia querer?
Que tal passar esse dia junto com o Ron e a Hannah?
“Foi interessante,” disse, rindo fracamente. Após alguns minutos, disse séria, “Nós sabemos porque você veio me ver, Molly.”
Molly não pareceu surpresa com o comentário. Juntou as mãos sobre o colo e disse; “Se a situação fosse outra, eu estaria pedindo ao Harry que sugerisse a ele uma partida de Quadribol, mas...” pausou, mordendo de leve a língua. “A sua situação tem complicações que uma mãe não sabe como resolver.”
Hermione baixou o olhar. Sua situação com Ron era única; ela já havia rezado para que as coisas clareassem. “Tem sido como um campo minado desde que Ron e Harry voltaram. Todos andando nas pontas dos pés, e eu, tentando não pisar em uma mina.”
Molly pôs, gentilmente, a mão em seu ombro. “Conheço o meu garoto melhor do que qualquer um, e vim lhe dizer que não esperava que a Miranda se tornasse membro da família,” Hermione teria se sentido melhor se não tivesse ouvido Molly dizer a mesma coisa sobre Fleur, quando Bill a levou para conhecer a família. “Você sempre esteve no coração de Ron,” continuou. “Eu soube desde o momento em que me contaram que ele e Harry entrariam na Floresta Proibida para encontrar aquelas aranhas,” balançou a cabeça, soltando um suspiro de reprovação.
Ele sempre tentou me proteger e me ajudar. Mas será que isso é suficiente para reatar um relacionamento? Só amor basta?
Nosso amor não foi tão fácil assim... foi difícil e frustrante algumas vezes, mas em outras ocasiões; necessário, saudável, pleno.
“Nós nos magoamos muito e eu... eu não sei se daríamos certo,” Hermione admitiu, feliz por ter alguém, alem de Crookshanks, para desabafar. Inclinou a cabeça, que já começava a latejar.
“A única pergunta que você precisa se fazer é, ‘está disposta a tentar?’ ” Molly perguntou, séria. Hermione a olhou, com os olhos cheios de determinação.
“Quando foi que eu desisti de alguma coisa sem ter nem ao menos tentado?” perguntou Hermione, um pequeno sorriso se formando em seu rosto. Claro, seria difícil, mas quanto mais difícil a situação, mais doce era a recompensa. Por Ron, tudo valia a pena.
“Você sempre terá um lugar nessa casa, aconteça o que acontecer,” disse Molly, corando nas bochechas. “Você sempre foi como uma filha para mim, Hermione. Nada mudará isso.”
Hermione pôde sentir as lágrimas em seus olhos e virou-se para enxugá-las. Ao virar-se de volta para Molly, não resistiu e a abraçou forte.
“Harry e Ginny estão dando banho na Hannah, então ela não a incomodará,” disse Molly, alguns minutos depois, após Hermione lhe dizer que iria falar com Ron. Molly dirigiu-se para a porta, mas antes de sair, disse, “Boa sorte.”
Hermione não lembrava de a distância entre os quartos ser tão grande. Cada passo seu ecoava pelo corredor e fazia seu estômago se arremessar como uma panqueca. Ela apenas desejava já ter um plano ou o que falar, antes de chegar ao topo da escada.
O que eu devo fazer? Ficar séria e pedir pra conversar? Parecer contente e beijá-lo? Ou talvez eu deva descontar a minha raiva nele? Talvez ele deva falar primeiro...
Por que isso é tão difícil? Ron terminou com Miranda, então deveria ter um ‘viveram felizes para sempre’, com um longo beijo. Tantas mentiras foram ditas, tantos segredos e mais corações partidos do que eu pude agüentar.
Será que posso confiar em Ron?... ele pode confiar em mim? Acho que nem eu confiaria em mim, se fosse ele. Nós tivemos nossas razões para mentir, então isso deve ser levado em consideração... certo?
Seu coração batia descompassado contra o peito ao chegar à porta do quarto de Ron. Ouviu-o murmurar, “Pode entrar,” e lentamente abriu a porta. Ele estava deitado na cama, com uma expressão séria, jogando uma pequena caixa para cima, pegando-a, e jogando-a novamente. Quando a viu, sentou rapidamente e guardou a caixinha no bolso.
“Her-Hermione... oi,” disse, corando. Parecia surpreso em vê-la e um pouco nervoso. “O que você... digo; eu ia... erm.” correu os dedos pelos cabelos e indicou a cama para que ela sentasse.
“Eu pensei que você fosse me ver,” Hermione admitiu, tímida, fitando-o.
“Eu ia,” assegurou, sua mão a apenas alguns centímetros do joelho dela. Umedeceu os lábios, pausando, antes de dizer, “Só não tinha certeza se você iria querer me ver.”
“Claro que sim,” sussurrou. “Fiquei esperando no meu quarto desde a hora em que você subiu.” Eu queria que o Ron não fosse tão inseguro. Esse foi um dos motivos pelo qual demoramos tanto para namorar... e terminar também.
“Oh,” disse ele, sem graça e desviando o olhar. “Eu ia esperar até de manhã para falar com você. Eu não sabia bem o que dizer... se você iria estar aborrecida comigo ou não.”
Hermione franziu as sobrancelhas. “Aborrecida? Por que eu estaria?” perguntou, imaginando se ela havia dito algo nas últimas 24 horas que ele pudesse ter interpretado mal.
Ron recuou, surpreso com a pergunta da garota. “Você não esteve acordada nas últimas semanas?” perguntou, sério. “Aposto minha vassoura como você não esperava que eu trouxesse a Mir... alguém. Que as coisas ficassem estranhas e tensas...” pausou, antes de dizer, mais baixo, “Que eu não acreditasse em você... que te causasse tanto sofrimento.”
Hermione sorriu, percebendo que ele deve ter se sentido tão mal, que começou a evitá-la. Uma forte empatia, junto com um sentimento indescritível, tomou conta dela. Ron se sentia horrível por ter mentido sobre ter uma namorada e por ter acreditado nela, enquanto que Hermione havia mentido sobre ter tido um bebê! Hermione se perguntava se ele já a havia perdoado, quando ela mesma ainda não havia.
Umedecendo os lábios, moveu-se lentamente em direção a ele, e postou sua mão sobre a dele. Ambos baixaram o olhar por um instante, antes de se encararem novamente. Ron sentiu-se quente e confuso, quando Hermione disse, “Acredite ou não, pensei muito sobre essa situação. Agora, vou ser sincera com você. Então, por favor, não diga nada até que eu tenha terminado.”
Ron assustou-se.
Limpou a garganta, sentindo-se estranha pelo quão sincera estava prestes a ser. Tantas mentiras foram ditas nos últimos anos; mentiras que machucaram tanto, que ela não via como dizer a verdade agora poderia piorar as coisas.
“Embora você tenha, sem dúvidas, me magoado muito com tudo isso—” ela começou, vendo-o franzir a testa “— eu entendo que você teve razões para agir dessa maneira. Eu te conheço há muito tempo. Tempo suficiente para saber como você é, o que sente.” pausou, respirando fundo. “Tempo suficiente para saber que ao mesmo tempo em que comete erros, você me faz mais feliz e mais amada como nunca fui.”
Ron corou, maravilhado com a confissão de Hermione. Fez menção de falar algo, mas não encontrou sua voz. “Nunca quis te magoar,” disse finalmente.
“Eu sei,” disse Hermione suavemente, entrelaçando sua mão na dele.
Ron ficou tenso, e disse de repente, “Eu pensei que você tivesse cansado de mim.” Hermione o olhou confusa, mas não disse nada. “Suas cartas estavam ficando cada vez menores e mais formais... você costumava escrever longas cartas ao Viktor e então eu pensei...” parou, incomodado com a lembrança.
Hermione suspirou pesadamente, se sentindo uma boba. “Quanto mais as cartas se tornavam menores, mais avançada estava a gravidez. Tudo girava em torno do bebê e eu não tinha muito o que lhe falar. Eu não queria mentir... ainda mais.” Corou, percebendo o quão tolo isso soava. “O que eu quero dizer é que era difícil para mim escrever aquelas cartas, e quis soar o mais casual possível e escrever pouco. Me... me desculpe.”
Seu olhar caiu para seu colo e se concentrou no toque quente e úmido da mão de Ron sobre a sua, imaginando se essa seria a última vez que sentiria aquele toque. Ela fez de tudo para não deixar escapar nada, sem querer, nas cartas, temendo o que poderia acontecer, quando na verdade, elas ajudaram Ron a terminar o namoro dos dois.
Eles ficaram em silêncio por um longo tempo, que quando ele finalmente falou, quase a assustou. “Recebi uma coruja essa manhã.” olhou para ela e Hermione notou que ele queria ter certeza de que ela estava escutando, pois continuou. “Do Departamento de Alojamento e Desabrigados. Eu havia solicitado uma Acomodação para Aurores em Londres, já que não pretendo abusar da boa vontade da minha mãe para sempre.”
Ele vai embora? Oh, Merlin, eu o afastei?
"Oh?", foi tudo o que conseguiu dizer, com a voz rouca.
Ron confirmou acenando com a cabeça. “Eles encontraram um apartamento em Crounch End; posso me mudar na semana que vem.” procurou por algo no bolso, pegando a pequena caixa com a qual estava brincando anteriormente, e a olhou atentamente. “Fui dar uma olhada e é bem grande. Tem um quarto que seria perfeito para Hannah, bem em frente ao nosso.”
Hermione empalideceu e ofegou quando Ron a fitou, sorrindo. “Eu... o que? Nosso quarto...?” gaguejou.
“Você provavelmente deve ter mil razões pelas quais não deveríamos fazer isso, mas posso apenas dizer que somos dois idiotas e que eu te amo?” disse, acariciando a mão da garota gentilmente.
Hermione o olhou boquiaberta, sem saber o que dizer ou fazer. Sua mente se encheu de perguntas, deixando-a tonta. Não é cedo demais? Podemos realmente fazer dar certo- morando e estando juntos? Eu o amo o suficiente para esquecer toda a dor que ele me causou? Eu o amo o suficiente para confiar nele completamente? Será que a Hannah vai querer morar com ele? E se nós brigarmos mais do que o habitual?
“Comprei outro presente para você, além do cordão,” disse Ron, de repente, entregando-lhe a caixinha que estava segurando. Quando ela a abriu, encontrou uma chave de prata na extremidade de uma lontra de estanho. “Passei o dia inteiro procurando por isso no Beco Diagonal, até que o Harry me ajudou a encontrar na Indernet.”
Hermione sorriu consigo. Internet, Ron. Internet. “O que há de especial na lontra?” perguntou, prendendo a respiração ao já fazer uma idéia da resposta.
Passando a mão pelo pescoço, ele respondeu, “Bem, é o seu Patrono, não é? Imaginei que você ficaria meio nervosa com a idéia de vir morar comigo, então a lontra estará lá para te proteger— como fazem os Patronos.” Limpou a garganta e adicionou, “Soou meio idiota, não foi?”
Rindo, Hermione tranqüilizou-o, “Nem um pouco. Foi o gesto mais romântico que já vi e me fez te amar ainda mais.” Suas bochechas adquiriram uma tonalidade rosa e ela se curvou para beijar-lhe a bochecha. O sorriso de Ron se alargou e seus olhos brilharam às palavras de Hermione. “Eu também te amo, Ron. E sim, eu irei morar com você.”
Sorriu tímida, movendo a cabeça contra a mão de Ron, que estava em sua bochecha, e o polegar dele acariciava sua pele corada. Ele inclinou-se, pressionando seus lábios contra os dela. Hermione arrepiou-se, sentindo uma corrente de desejo e amor tomar conta de seu corpo completamente. Suspirou com as carícias do ruivo e abriu a boca para aprofundar o beijo, enlaçando os braços nos seus ombros, desejando sentir o corpo dele contra o seu.
Ele aceitou o convite, e em resposta, pôs as mãos na cintura dela. Hermione sentiu a língua dele roçar seu lábio inferior, e arrepiou-se de prazer novamente.
Foi apenas quando necessitou de ar que a garota se afastou, lentamente. Seu rosto estava vermelho e seus lábios estavam meio inchados. Fez menção para que Ron se deitasse e se acomodou em seus braços quando ele obedeceu.
“O que diremos à eles?” ela perguntou alguns minutos depois, descansando a perna entre as de Ron, enquanto ele a puxava para mais perto, acariciando seus cabelos.
“Nada,” disse simplesmente. “Eles entenderão.”
Ela riria se isso não fosse verdade. De repente, se deu conta que talvez todos já soubessem o que havia acontecido, e sentiu-se agradecida por ela e Hannah estarem indo morar com Ron na semana seguinte. As risadinhas, olhares e ‘awws’ se tornariam insuportáveis se ela continuasse ali.
O que direi à Hannah? Ela conhece Ron há apenas algumas semanas e morou aqui a vida toda, e se ela não quiser ir?
Mas ela ama o Ron. Por que não iria querer morar com ele? Ela já até começou a chamá-lo de ‘papai’. Acho que aquelas fotos que eu lhe dei e as histórias que contei, ajudaram.
O medo de que sua filha pudesse estragar a felicidade pela qual tanto desejou, assustava Hermione mais do que perder Ron novamente.
“Está tudo bem?” perguntou Ron, fitando-a. “Você ficou tão calada e tensa, de repente.”
“Estou preocupada com a Hannah,” respondeu. “Você viu como ela ficou no hospital, ela pode não querer se mudar...”
“Mas isso é diferente,” disse Ron, beijando-lhe a testa. “St Mungu’s era um hospital frio e assustador. Na nossa casa ela terá dois pais carinhosos, seu próprio quarto e um monte de brinquedos. Vou poder conhecê-la melhor e seremos, finalmente, uma família.”
“Mas e se ela sentir falta dos seus pais? Ou da Ginny! Hannah praticamente nunca passou uma noite fora desde que nasceu,” questionou, agarrando a camisa dele, aflita.
Ron fez sinal para que ela se cale e a puxou para mais perto, o que ela entendeu como um gesto para acalmá-la. “Hermione, vai ficar tudo bem. Podemos explicar à Hannah e lhe assegurar que sempre verá os avós e a tia Ginny. Afinal de contas, vamos precisar de um tempo à sós de vez em quando.”
Ele amadureceu tanto.
Fitando-o, Hermione percebeu como tinha sorte. Ron parecia já ter pensado em tudo e ela estava agradecida por isso. Um novo capítulo em sua vida estava prestes a começar e ela estava feliz por ele estar incluído. Ron a olhou e ela se inclinou para outro beijo; um beijo lento e apaixonado, que golpeava cada vértebra de sua espinha a cada movimento da língua dele.
Hermione nunca se sentiu tão amada ou protegida como agora, deitada nos braços dele, que a abraçavam com afeto. A idéia de que esse sentimento nunca acabaria, fez com que todos os meses de angústia e sofrimento valessem a pena. Ela tinha Ron novamente, e Hannah finalmente teria seu pai.
Ai, que tristeza... último capítulo... snif, snif!!
Finalmente as coisas se acertaram entre esses dois cabeçudos que eu tanto amo! Agora é esperar pelo epílogo...
Essa foto da capa eu já postei umas 300 vezes no meu flog, mas que culpa eu tenho?? Quem mandou ser tão perfeita?? rsrs
Bjos a todos.
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