Maldição



Capítulo 14 – Maldição

Correu até a sede sem parar, chegou e entrou gritando pelos aurores, quando vários deles apareceram contou tudo e começou a correr pela rua outra vez, muitos bruxos correram atrás dela, enquanto outros aparataram para o Ministério.
-Quem é ele? – perguntou Ron para Moody que examinava o rapaz desmaiado no chão.
-Não sei dizer, mas pode ter certeza que vamos descobrir. – olhou com seu olho tonto para Mione, ela estava encostada na parede o observando – Você o fez desmaiar?
-Sim.
-Meus parabéns. – e riu da cara de pouco caso que ela fez.
Hermione olhava para o corpo e sentia toda a raiva que podia daquela mulher que mandara o bilhete, olhou para cada uma das pessoas que lá estavam. Tinha que terminar com isso logo, tinha que sair dali.
Severus que estava do outro lado do corredor a viu saindo e a seguiu, não queria deixa-la sozinha, não depois daquele bilhete que Narcisa tinha mandado. A encontrou fumando no andar de baixo, a olhou e depois se aproximou.
-Como está?
-Bem. – respondeu seca e sem expressar o que sentia. Pela segunda vez sua raiva emanava de seus poros, fazendo com que o bruxo ao seu lado a olhasse com temor.
-Não se abale. Ela queria isso, que você ficasse com raiva. – e a tomou em seus braços, mas ela se afastou e o olhou séria nos olhos.
-Vou atrás dela.
-Não vai, não.
-Vou sim. Chamarei Draco para me levar até onde ela estava pela última vez e partirei daí.
-Não irá sozinha nessa missão.
-Irei sim. Draco me levará para onde ela estava e depois seguirei sozinha. – e apagou o cigarro com o tênis e subiu outra vez o lance de escadas, procurou Malfoy com os olhos e quando o achou foi até ele.
Malfoy estava em uma roda conversando com Harry, Gina e Moody. Quando a mulher chegou perto porem todos se calaram e olharam para ela.
-Preciso que me leve até onde sua mãe estava. – o loiro pareceu considerar falar não, mas ela o olhou de um jeito estranho e ele acabou por aceitar – Ótimo, vamos. – se virou e estava para descer as escadas quando Snape a segurou pelo braço, fazendo ela lhe olhar.
-Não vai. – disse como dando uma ordem.
-Me solte. – pediu baixo, mas não sentiu ele soltar nem um pouco seu braço, resolveu que era hora de lhe contar certas coisas, com os dedos da outra mão traçou uma linha do queixo até a testa dele, contornando seu rosto, assim que atingiu o centro de sua testa, disse um feitiço baixo e um fio brilhante se fez entre eles. Severus conhecia esse feitiço, mas ainda não entendia porque dela o estar fazendo.
Quando o bruxo abriu os olhos ela não estava mais lá, os outros o olhavam curiosos, mas ele apenas se ajeitou nas roupas e respirou fundo. Gina foi a primeira a se aproximar e o olhar apreensiva.
-O que ela te mostrou?
-Melhor conversarmos na sede. – e saiu sem dizer mais nada, sendo seguido pelos mais novos e Lupin, deixando Moody e um outro auror para trás para que se encarregassem do rapaz que tinha atacado o apartamento minutos antes.

-Então, o que ela te mostrou? – perguntou Ron sentado em uma poltrona de frente para Severus. Harry e Gina estavam sentados no sofá e Lupin em outra poltrona na frente de Severus que estava no outro sofá da sala. Ele permaneceu em silêncio por muito tempo, tentando colocar as imagens, que ela mandara para ele, em ordem. Respirou pesado e abriu os olhos encarando eles.
-Receio que perdemos nossa Hermione.
-Porque? – perguntou Harry, que era o mais calmo ali dentro.
-Ela carrega com sigo a maldição.
-Qual? – perguntou Lupin olhando o outro bruxo com um rosto triste e surpreso.
-Ela carrega a maldição Sanguinis. Narcisa juntou seu sangue ao dela. Mione nunca poderá se apaixonar ou amar sem que isso lhe traga dor e perdas. Talvez por isso se recuse a amar... Como não pensei nisso antes?! – disse colocando a outra mão na testa.
-Pensou no que? – perguntou Harry o olhando curioso.
-Narcisa foi quem matou os pais dela. Ela uniu o sangue das últimas pessoas que Hermione amou com o dela e o de Mione, essa feitiço é antigo. Quase ninguém o conhece... Mas porque ela?
-Talvez por ela ser a única filha bruxa de um casal Trouxa? – questionou Remus o olhando.
-Isso. Ela precisava de sangue novo. Hermione era perfeita.
-Sobre o que vocês estão falando? – alterou-se Ron.
-Hermione é filha única de uma família Trouxa, Narcisa é sangue puro, assim misturados Narcisa tem a proteção. – ponderou Lupin explicando para os outros.
-Que proteção? – dessa vez Gina se alterou.
-Proteção do primeiro bruxo. Quando se nasce um bruxo na família Trouxa e ele é o primeiro, uma aura de proteção recai sobre ele, fazendo com que fique mais protegido e seguro que os outros. – esbravejou Severus.
-Narcisa tendo gostas do sangue de Mione em si também carrega a proteção, impedindo que a peguemos. – concluiu Harry e viu os outros mais velhos concordarem.
-O que também nos impede de localizar Hermione, que mesmo que mate Narcisa ainda pode ficar muito ferida, ou pior... – mas a voz de Remus sumiu aos pouco em sua boca.
O silêncio recaiu no cômodo, Gina deixou várias lágrimas escorrerem pelo seu rosto, se levantou e andou até Severus se ajoelhando na frente dele, que também tinha o rosto triste, abraçou as pernas dele e recostou a cabeça em seus joelhos. O velho bruxo se assustou com a reação da menina, mas gostou, passou a mão pelos cabelos dela e a ouviu dizer bem baixo.
-Me desculpe.
-Já lhe disse que sim. Não peça mais. – disse meio grosso, mas com a voz baixa e calma.
Todos olhavam aquela cena com certo carinho, ele havia mudado, quando o Mestre de Poções iria deixar uma garota da Grifinória deitar a cabeça em seus joelhos e ele lhe fazer carinho, ele havia mudado muito. Todos passaram a se concentrar na maldição dela, mas isso só fazia com que lágrimas subissem para seus olhos.
Por minutos Snape somente acariciou os cabelos de fogo de Gina, mas ao ouvir a porta se abrir todos olharam para lá.
-Moody, o que foi? – perguntou Harry se levantando e indo até o auror.
-Temos que acha-la.
-Porque?
-Ela levou a poção 5, Snape. – Severus quando ouviu essas palavras petrificou, Remus quase caiu da poltrona, mas os outros três os olharam confusos.
-Que poção é essa? – perguntou Gina olhando para o rosto do Mestre de Poções, agora muito mais preocupado do que antes.
-Mors omnia solvit*.
-A poção da morte. – disse Gina se levantando devagar do chão e olhando fundo nos olhos de Severus – Não, ela vai acabar se matando.
-Não, não vou. – Gina correu e abraçou a amiga e depois Draco que entraram na sala naquele instante – Porque foi sozinha?
-Nossa, obrigada. – disse Draco fingindo estar bravo quando passou pela ruiva.
-Entendeu o que eu disse. – e voltou a olhar para a amiga – Porque?
-Achei que era uma boa idéia. Mas no caminho Draco me deu uma boa idéia, vou deixar ela achar que me venceu, que me deixou devastada, assim virá atrás de mim e ai, terei minha vingança. – sorriu para a mulher na sua frente e andou em direção de Snape. Parou em sua frente e respirou fundo.
-Resolveu que somos necessários?
-Não. – e viu ele se levantar e teve que levantar a cabeça para continuar a lhe olhar nos olhos – Mas vocês são importantes. – e pegou sua mão.
-Deveria te bater por sua irresponsabilidade. – e a enlaçou pela cintura lhe dando um leve beijo – Agora, nos deve explicações...
A garota bufou e se dirigiu para sua janela habitual, ascendeu um cigarro e se sentou no parapeito, primeiro olhou para todos eles, via curiosidade e tristeza no rosto de cada um deles.
-Não tem muito o que se dizer... A maldição só morre quando o outro elo da corrente de sangue morrer... Ou seja, ou ela morre e me liberto ou eu morro e ela se liberta.
-Não pode ser revertida? – indagou Harry olhando para Moody.
-Infelizmente não. Mas tenho certeza que nossa Hermione vai sair dessa ilesa. – Moody sorriu forçado para a mulher que fumava na janela, mas essa se limitou a olha-lo e jogar o cigarro fora.
-Bom, como já sabem porque me recuso a gostar demais de alguém, será que agora podemos começar a bolar o plano para mata-la? – disse fechando a janela e olhando para todos eles. Remus cogitou a possibilidade de falar algo, mas ela lhe lançou um olhar furioso que o lobisomem resolveu deixar para conversar com ela mais tarde, quando estivesse sozinhos.

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*Mors omnia solvit : A morte soluciona tudo

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