SARA MAY
No dia seguinte Susy acordou muito alegre, desceu e encontrou seu pai na mesa, tomando café, deu um enorme beijo e perguntou:
-onde está mamãe? Já está com as flores?
-ainda está na cama, filha.
-ela não está se sentindo bem? Susy sabia que sua mãe na cama em plena 8:00hs da manhã era muito estranho, Sra. Kamilla acordava muito cedo, fazia exercícios na esteira, tomava café e ia direto cuidar das suas plantas.
-bem filha, Sr. Murillo falava quase aos sussurros, sua mãe ficou muito abalada ontem com você vestindo o vestido de sua irmã, confesso a você que também fiquei muito impressionado, pois eu estava vendo Sara na minha frente e você sabe, que sua mãe ainda não se conformou com a morte dela, ela tenta ser forte na sua frente pois você também não se conformou mais sua mãe ainda está triste, muitas lembranças vinheram em sua cabeça e quase não dormiu ontem foi preciso lhe dá um remédio para dormir.
-mas mãe sabia que eu ia usa-lo ontem, Susy estava perplexa com a reação de seus pais.
-sim, ela sabia que ia usa-lo, mas não sabia que você ficaria tão semelhante a sua irmã.
Como essa revelação de seu pai, que logo depois da conversa saiu para o trabalho Susy ficou na mesa, não consegui comer nada, pensando em Sara.
Sara era um menina muito bonita e alegre, era 2 anos mais velha que Susy, as duas eram muito amigas, se davam muito bem. A casa era sempre alegre e festiva com a presença das duas irmãs que cantavam, pulavam, brincavam, riam pela enorme mansão May, Sra. Kamilla, amava a bagunça das filhas, os empregados se divertiam com cada invenção das duas, Sr. Murillo sempre quando chegara do trabalho, entrava na brincadeira, apesar de muito cansado, não se importava em brincar com as filhas, e assim era a vida da família May muito feliz e divertida. Mas a 3 anos a rotina da família mudou completamente, Sara e Susy brincavam no jardim quando Sara desmaiou, começou a perder muito sangue pelo nariz e pela boca, somente sua mãe estava em casa, o desespero foi geral, era muito sangue, rapidamente o motorista da casa Arthur, pegou o carro, outro empregado pegou Sara no colo, colocou no carro e junto com sua mãe foram ao Hospital, Susy ficou assustada, não parava de chorar, tinha apenas 11 anos, nunca tinha visto tanto sangue na sua frente, principalmente esse sangue sendo da sua querida irmã, Sr. Murillo foi avisado no trabalho e logo foi ao Hospital Dr. Robert Kanson, o mais próximo da residência, Sara chegou ao Hospital muito mal, tinha perdido muito sangue, estava muito pálida, foi examinada, ficou no hospital uma semana, ao retornar para casa, foi recebida com bastante festa, Susy estava tão feliz, aliais todos na casa mas seus pais estavam preocupados, a saúde de Sara estava piorando, os médicos ainda não sabiam o porque da hemorragia, que continuou sendo uma constante, sangrava pelo nariz e pela boca, tomava um remédio que estancava o sangue mais passado algumas horas, voltava a sangrar, estava a cada dia mais pálida e os dias na mansão May não eram mais alegres como antes.
Passados alguns meses os médicos descobriram a origem da doença, estava em um dos genes de Sara, uma anomalia muito rara chamada Hófilos, muito parecida com a Hemofilia sendo mais grave, o gene afetado foi dado pela mãe, por isso fizeram o exame também em Susy e o pior foi comprovado, ela também estava com o gene infectado mais não tinha desenvolvido a doença, Susy começou a ser medicada antes da doença aparecer. A medida que o tempo passava o estado de Sara ia piorando, os remédios não faziam efeito com antes e todos os dias Sara fazia transfusão de sangue, a família estava abalada, Sr. Murillo não trabalhava, o dia inteiro ficava em casa com a família, Sra. Kamilla, estava sempre ao lado da filha que não andava pois estava muito fraca, Susy não freqüentava o colégio, também ficava sempre ao lado da irmã. No dia da sua morte, Sara teve uma longa conversa com Susy.
-quero que você me prometa uma coisa, disse Sara com uma voz bastante fraca quase inaldível.
-prometer o que? Perguntou Susy assustada.
-quando eu morrer, você não vai ficar chorando como se fosse um bebê.
-você não vai morrer, o Dr. Hirano disse que tem um remédio que pode parar o sangramento por um longo tempo.
-só apenas me prometa, ok!
-tá, se isso te faz feliz eu prometo, Susy falou com os dois dedos da mão direita encostados na boca, era uma espécie de juramento usado entre elas desde de pequenas.
-ah, outra coisa, sabe aquele vestido amarelo que a tia Karla me deu?
-sei.
-é seu, pode ficar com ele, diga a mamãe para me enterrar com aquele vestido ali. Sara apontou para um vestido que estava em cima do puf, era um belo vestido azul celeste, dado pela sua mãe quando completou 13 anos.
- meu Deus Sara, pare de falar essas coisas, você não vai morrer. Susy falou quase gritando que sua mãe entrou assustada no quarto.
-o que está acontecendo?
-nada mamãe, a Sara com esse papo de morte.
-eu estava dizendo a ela que eu quero ser enterrada com aquele vestido que você me deu mamãe.
-ta bom querida, mas está na hora de dormir, amanhã vai ser um novo dia e você vai está bem melhor, falou Sra. Kamilla com uma voz doce, mais apreenciva.
-Susy deixa eu te dá um beijo, saiba que você é a melhor irmã do mundo, mesmo que eu não esteja aqui com você em corpo, mas estarei em espírito cuidando de vocês, minha irmãzinha, você vai superar essa doença e eu estarei dando forças aonde eu estiver.
Susy abraço a irmã muito forte, as duas choraram bastante abraçada, a Sra. Kamilla, não segurou as lágrimas e abraçou também as filhas, Sara sabia que essa era a última noite que falaria com Susy, naquela mesma noite, Sara se foi e a família May nunca mais foi a mesma.
Um ano depois da morte de Sara, aos poucos a rotina da família ia se normalizando, a Sra. Kamilla já estava trabalhando com as flores, o Sr. Murillo estava trabalhando normalmente, mas Susy era a única que não tinha voltado para suas atividades, não queria ir para a escola, ficava a maioria das vezes no quarto deitada, abraçada com um ursinho de Sara, não comia e estava muito magra, e a doença estava dando sinal, sua gengiva sangrava quando escovava os dentes e as vezes gotinhas de sangue saiam do seu nariz, Susy tomava 6 tipos de remédios diferentes, as vezes não queria tomar, mas sua mãe insistia, e ela sempre dizia que não queria perder outra filha. Em uma noite Susy entrou no quarto de Sara, olhou suas roupas, suas bonecas, e começou a chorar, então lembrou a última conversa que tiveram, lembrou do juramento que fizera, enxugou as lágrimas deitou na sua cama, Susy levantou mas não estava no quarto da sua irmã, estava em um lugar muito bonito, um campo bastante verde, o céu estava tão azul que Susy ficou um bom tempo olhando para cima, o céu não tinha nenhuma nuvem, não sabia que lugar era aquele, nunca tinha visto em Londres um lugar tão bonito, começou a andar pela grama, tirou as sandálias, sentido a grama macia nos seus pés, andou bastante mas algo lhe chamou a atenção, a alguns metros de onde estava, avistou uma moça dançando, alegremente, não dava para ver quem era, estava longe e o sol atrapalhava um pouco a visão, Susy ficou admirando a jovem, sem entender o por que estava dançando naquele lugar e principalmente sem nenhuma música, mas derrepente a moça parou, olhou na direção de Susy e começou andar, Susy andou também, queria se encontrar com a jovem mas a medida que a jovem ia se aproximando, Susy notou algo estranho, seu coração começou a bater mais forte, a jovem parecia muito com Sara, mas Susy achou que era coisa da sua cabeça, mas não era, Sara estava lá, indo em direção a sua irmã, quando Susy percebeu o que estava acontecendo, parou, não queria acreditar no que estava vendo, Sara estava com um grande sorriso e ao se aproximar da irmã que estava bastante assustada falou:
-que bom que você veio me ver.
-o . . . onde e . . . estou? A voz de Susy estava tremendo.
-na minha nova casa, olha como ela é linda! Sinto saudades na nossa mais essa aqui é... como posso dizer... tenho mais liberdade, para dançar, cantar e eu vi você me observando, como você está triste, magra...
-você ainda me pergunta como? Você me deixou, eu não quero mais viver, quero está com você, deixei de tomar os remédios só para a doença aparecer mais rápido e...
nesse momento, Sara coloca delicadamente a mão na boca de Susy e fala:
-não é você que decide isso, eu vi para cá por que me chamaram, ainda não é sua hora, você ainda vai viver muito, o seu organismo é diferente do meu e a doença não vai agir tão rápido, agora escute, você tem que viver, não adianta não comer, não tomar os remédios, não ir para o colégio, nada adiante não chegou sua hora e se você adianta-la, não é para cá que você vem é para outro lugar, e não é um lugar agradável.
Sem entender nada do que estava acontecendo, Susy fala:
-minha vida, acabou, não tenho vontade de fazer nada, tudo acabou, existe um vazio em casa e em mim, você não me entende né? Viver sem você não tem graça nenhuma. Susy fala com lágrimas nos olhos.
-eu sem minha irmã, eu também estou sofrendo sem você mais eu aprendi a entender a vida do jeito que ela é, e você tem que fazer o mesmo, veja papai, ele sofre as vezes chora mas está trabalhando normal e a mamãe é do mesmo jeito voltou a cultivar suas flores e fazer experimentos, mas você parou, estacionou e isso não pode acontecer, você tem que viver, voltar a escola, encontrar suas amigas, enfim viver minha irmã, você lembra o que eu lhe disse no dia em que parti?
-sim lembro. Embora você não esteja presente em corpo, estaria presente em espírito.
-pois é, eu sempre estarei com você, volte a comer, engorde você está quase sumindo, volte a escola, suas amigas sentem sua falta, você está tão bonita e vai ficar mais ainda se fizer o que estou pedindo, tenho certeza que você ou alguém vai encontrar alguma maneira de curar essa doença. Mas agora tenho que ir, mas antes de ir me prometa que vai fazer tudo que eu pedi.
-sim prometo, Susy fez o mesmo gesto que sempre fazia quando prometia alguma coisa.
-legal, nossa! Com está tarde! Lembre-se, não diga a ninguém que me encontrou, ou então vão pensar que você está louca, dê um enorme beijo no papai e na mamãe.
Sara deu um beijo em sua irmã, e foi embora, Susy ficou ali, sem entender nada, estaria louca por conversar com um espírito ou era só um sonho com sua irmã? Não sabia, apenas ia obedecer o juramento, aquele lugar lhe transmitia uma paz tão grande que resolveu deitar na grama, sentiu sono e adormeceu. Ao acordar Susy percebeu que estava no quarto de Sara, estava bastante leve, aquele lugar fez realmente bem a ela, desceu e nas escadas encontrou sua mãe, deu-lhe um abraço, um beijo e prometeu que ia a escola, comer bem e tomar todos o remédio possíveis, ia enfrentar a doença e tinha certeza que ia ser curada.
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