Atravessando o véu
Capítulo 2 – Atravessando o véu
Mesmo depois de Harry ter desaparecido debaixo da passagem em forma de arco, Voldemort continuou preso pela barreira mágica. Ele berrava ordens a todos os Devoradores da Morte para o libertarem, mas ninguém o ouvia. A batalha desenrolava-se. Apenas Ginny, Ron e Hermione se tinham apercebido do que acontecera com Harry e nenhum queria acreditar que ele pudesse ter morrido.
- Não pode ter acontecido isto! – dizia Hermione em lágrimas – Ele é o Herdeiro do olho de Wadjet, o artefacto mais poderoso à face da Terra. Ele não pode ter simplesmente desaparecido.
Ron abraçou-a. Ele também chorava. Não podia pensar sequer na ideia de perder o seu melhor amigo, aquele que considerava mais do que um irmão. Ginny estava ajoelhada a chorar silenciosamente por Harry, o primeiro e único amor da sua vida. Queria morrer também, não queria viver se tivesse de o fazer sem ele. Então levantou-se disposta a atravessar a passagem do arco e percorrer o Céu ou o Inferno, para poder encontrar o homem que amava.
Estava quase a tocar no véu quando alguém a segurou. Era Remus Lupin. Ele parecia mais velho e mais cansado do que alguma vez Ginny o vira. Ela tentou libertar-se, mas ele estava irredutível. Sabia o que ela pretendia fazer e não a deixaria cometer essa loucura.
- Não há nada a fazer Ginny. Ele partiu. E tenho a certeza que, onde quer que ele esteja, não quererá que tu cometas a loucura que tens em mente. – disse ele entre lágrimas.
- Porque é que eu quereria continuar a viver se ele atravessou esse maldito arco e eu não o verei mais? Ele morreu, Remus, nunca mais na vida poderei voltar a ser feliz! Pelo menos se eu morrer também, eu estarei com ele…
- Ginny, eu sei o que sentes… mas não podes fazer isso, pensa na tua família e nos teus amigos. – Ginny apercebeu-se nesse momento de que Remus estava a sofrer tanto como ela. Ele também perdera a pessoa que mais amava. Remus abraçou Ginny, tentando acalmá-la. – É melhor sairmos daqui. Os Devoradores da Morte foram presos ou mortos. Mas Voldemort pode conseguir livrar-se daquela barreira mágica.
Na entrada do Ministério reuniram-se os sobreviventes e alguns aurores tratavam ainda de mandar os Devoradores da Morte para Azkaban. McGonagall discutia com Moody Olho-Louco o que fariam com Voldemort e a família Weasley estava reunida aguardando notícias de Ron, Ginny, Hermione e Harry.
Mal viu os filhos, a Sr.ª Weasley correu logo para abracá-los. Depois de verificar que eles estavam inteiros, ela apercebeu-se de que faltava alguém.
- Onde está o Harry? – perguntou ela preocupada. – Ele não estava convosco?
Os três olharam o chão e não responderam nada, confirmando assim aquilo que ela temia.
- Ele atravessou o véu, Molly… – disse Remus.
Um silêncio aterrador instalou-se no lugar. Mas este não demorou muito pois um auror veio a correr do Departamento de Mistérios e quase caiu em cima do seu chefe.
- O que é que se passa, Tedd? – perguntou Kingsley preocupado – o “Quem-nós-sabemos” fugiu?
- Não, não. Ele continua lá. Mas está a acontecer uma coisa fantástica. Estão pessoas a sair debaixo do véu, pessoas que eu tenho a certeza de terem morrido há muito tempo.
Como se tivessem elásticos a prenderem-nos ao tecto, todos os que estavam sentados levantaram-se e todo o grupo correu para o Departamento. Lá, estava já uma multidão de pessoas, sob o olhar assustado de Voldemort, e outros continuavam a surgir debaixo do véu. Reconheceram Albus Dumbledore, Lily e James Potter, Sirius Black, Cedric Diggory, Barty Crouch, Berta Jokins, Gideon e Fabian Prewett, Marlene McKinnon, entre muitos outros. Começaram logo os abraços e as lágrimas de felicidade.
A professora McGonagall aproximou-se de Dumbledore, que sorria ao ver a situação em que Voldemort se encontrava. Molly quase desmaiou quando foi abraçada pelos seus irmãos, Fabian e Gideon. Amos Diggory, que entrara recentemente para a Ordem da Fénix, chorava apertando com força o filho. James e Lily beijaram-se, logo Sirius se juntou a eles para os abraçar, enquanto observavam divertidos, Remus a “asfixiar” Tonks com um beijo apaixonado.
- Ei, Moony, eu perguntava-me quando é que ias ganhar vergonha na cara e confessar à minha priminha que és apaixonado por ela! – Brincou Sirius com o sorriso maroto que já não se via há muitos anos.
Remus reparou nesse momento que os amigos também lá estavam. Era tudo tão perfeito, que ele tinha a sensação de que faltava algo. Mas, ainda assim, teve de matar as saudades daqueles três.
- Padfoot, Prongs, Lily, meus amigos, é tão bom ter-vos de volta! – disse ele enquanto era apertado pelos outros.
- Moony, meu lobinho, já estavas farto de ser o único Maroto! – James colocou um braço por cima do ombro de Remus. – Aquela é a McGonagall? Vou já ter com a Prof.ª Minnie.
Enquanto James desaparecia do campo de visão, Ginny procurava desesperadamente por um sinal de Harry, mas sem resultados. Sem reparar por onde andava, ela tropeçou em alguém e caiu nos braços de Sirius. Só reparou quem era quando este falou para ela.
- Ginny! Então ruivinha, bom ver-te! – disse ele sorridente, mas esse sorriso desapareceu quando ele reparou que ela chorava. – Aconteceu alguma coisa!
- Sirius! Eu não o encontro… eu não o encontro…
Lily olhou com pena para Ginny. Quem quer que ela quisesse encontrar, devia ser alguém muito importante para ela.
- Tem calma… – disse Lily – quem tu procuras, deve estar por aí algures. Afinal está uma multidão aqui dentro. Mas agora eu gostaria que alguém me explicasse o que aconteceu.
Hermione e Ron, que também procuravam por Harry, aproximaram-se do grupo. Quando viram Sirius, saltaram-lhe ao pescoço.
- Olha quem são eles! Tiveram saudades minhas, foi? – brincou Sirius – Só o desnaturado do meu afilhado é que não aparece?
Com este comentário, os três bruxos jovens, assim como Remus, baixaram a cabeça e Ginny recomeçou a chorar. Pouco a pouco, o ambiente alegre que se sentia em torno deles desvaneceu-se. Sirius largou Ron a quem estava fortemente abraçado e perguntou em profundo desespero:
- Onde está o Harry?
- Harry? O meu Harry?
- Peço imensa desculpa, Sr.ª Potter… Nem sei como lhe explicar… – Hermione não conseguiu terminar. As lágrimas eram por demais abundantes e a garganta parecia que estava a fechar.
Naquele momento, James furou por entre a multidão, ou melhor era transportado por entre a multidão, por um meio gigante, que o levava ao colo. Hagrid não cabia em si de felicidade e a prova viva disso era James estar a ficar já roxo devido ao abraço apertado do grande amigo.
- Lily, nem acreditas em quem encontrei. Está tudo tão mais velho. Sinto-me um garoto novamente. – A expressão de James congelou diante do silêncio mórbido que se sentia naquele pequeno grupo – Lily, estás a chorar? O que se passa?
- James, eles não sabem dele! O meu bebé…
- Quem? O Harry? – começou a olhar em sua volta freneticamente – Onde é que está o Prongslet?
- Ele simplesmente caiu…
- Caiu aonde, Ron? – Sirius agarrou fortemente Ron pelos braços.
- Pelo véu…
Todos os olhares se desviaram para o véu, localizado no centro da sala. Como que sentindo a atmosfera pesada, todos na sala se calaram. Em poucos segundo o único som que se conseguia ouvir era o leve movimento das cortinas sob o arco. Ninguém se atrevia a quebrar o silêncio…
- Vá lá, Horus faz-me esse favorzinho… – Disse uma voz que parecia ser a de Harry – Afinal escolheste-me como teu herdeiro. Por favoooooooor.
- Não, Harry, não posso fazer isso. Tens de enfrentar o teu destino. Só tu podes derrotá-lo. – disse outra voz.
- Por mais que eu o odeie eu não quero tornar-me um assassino. Vá lá, custa-te muito? Eu sei que podes fazer isso… E além disso eu não vou voltar enquanto não fizeres o que eu te pedi, e vou ficar a infernizar-te por toda a eternidade se for necessário.
Após uns minutos de silêncio as vozes voltaram.
- Harry, sou conhecido por ser implacável. Nem penses que fazer olhinhos vai resolver alguma coisa…
O véu agitou-se mais do que nunca e as pessoas que estavam próximas dele afastaram-se com medo. De repente duas figuras surgiram dele. Uma era Harry. A outra era o que parecia ser um Deus egípcio, com corpo de homem e cabeça de falcão. Não havia dúvidas, aquele era o próprio Horus, o deus soberano.
Sem dirigir o olhar para ninguém, Harry aproximou-se de Voldemort, sob o olhar atento de Horus. Com um gesto da varinha desfez a barreira mágica que aprisionava o Senhor das Trevas. Aparentando um rosto muito sério, dirigiu-se a Voldemort:
- Sempre te odiei desde o início, afinal magoaste-me muito cedo. Mas por mais que te odeie, não consigo pensar em matar-te, embora saiba que essa é a minha função. Ao contrário de ti não sou cobarde nem assassino. A minha cobardia deixa de existir ao dar-te a possibilidade de te defenderes e o fantasma de um assassínio desvanece ao saber que ao matar-te estou a fazer justiça e a proteger não só os que amo mas todos os outros que futuramente iriam sofrer nas tuas mãos.
Voldemort estava aterrorizado. Nunca ninguém imaginou ver o senhor do mal com medo. Ele sabia o que significava o poder de Horus. Ele tinha tentado encontra-lo, procurara-o durante anos sem nunca ter um único sinal da sua existência. Se Harry era mesmo o Herdeiro desse poder ele estava perdido.
Ambos os feiticeiros ergueram as suas varinhas. Lily, ao adivinhar o que o seu filho ia fazer, deu um passo em frente com a intenção de colocar-se na frente dele. Mas Dumbledore parou-a. Sabia que aquela batalha era de Harry e de ninguém mais.
Por muitos anos que passassem, a memória daquela batalha jamais desapareceria. Embora não soubessem ao certo quantos feitiços foram lançados e quantos ferimentos foram causados, jamais se esqueceriam de duas coisas: o olhar assustado de Voldemort ao ser derrotado; e a promessa deste, antes que a Maldição da Morte o atingisse, de que um dia iria voltar.
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NA: Oi Gente! Aqui está o segundo capítulo. Desculpem a demora, mas este capítulo foi muito difícil de escrever. Não teria conseguido, se não fosse a preciosa ajuda da minha grande amiga e beta, Lightmagid, a quem eu agradeço do fundo do coração. Por falar nisso, leiam a fic dela, “Magids” aqui na Floreios e Borrões. É simplesmente fantástica.
Anna Júlia16: Agradeço o comentário. É sempre bom quando as pessoas apreciam o nosso trabalho. Peço desculpa mas ainda não é desta que vais saber o que está por detrás do véu. Talvez eu fale disso mais à frente...
Comentem muito e votem mais...
Bjocas, Guida Potter.
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