Primeiro Ato
Hogwarts, quatro de setembro de 1977, dormitório masculino do sétimo ano, Grifinória.
Primeiro ato: fundação do quartel-general
- Tem certeza que o James não está aqui, Sirius? – Remus perguntou, sentado no chão do dormitório, ao lado de Peter e Sirius.
- Positivo!
- Então, começando a reunião. – O maroto pigarreou, sorrindo marotamente. – Sirius Black, Padfoot, sub-capitão?
- Presente, capitão. – Sirius respondeu, colocando a mão na testa, em sinal de obediência.
- Peter Pettigrew, Wormtail, assistente geral?
- Presente, capitão. – Peter repetiu o gesto de Sirius, e Remus prosseguiu.
- Estamos aqui com o objetivo de bolar uma idéia genial com o objetivo de brincar um pouco com o “líder” dos marotos, James Potter. – Começou Remus, com voz de além-túmulo.
- Essa voz não, capitão! – Exclamou Sirius.
Remus pigarreou mais uma vez, arrumou os cabelos e ajeitou a gravata. Pediu a Peter que verificasse se seu hálito estava nas “condições normais” e continuou a falar, dessa vez em sua voz normal:
- A brilhante idéia, pensada pelo mentor e capitão da missão, Remus Lupin, Moony, consiste em trocar a varinha de James - Mogno, 28 cm e flexível. Boa para transformações. Fio de garra de Dragão. Raríssima – por uma varinha de condão, do tipo daquelas que as Fradas maldrinhas dos contos de Frada trouxas usam. Correto?
- Correto, senhor. – Falaram os outros dois em uníssono.
- Hoje vamos fundar o quartel-general. Oficialmente, ele vai ser o espaço onde estamos sentados agora. A parte do chão do dormitório masculino, 7º ano, Grinifória...
- E o nome? – Indagou Peter.
- Como assim nome? – Sirius interrompeu. – Isso é coisa de gay!
- Então a partir de agora você é GAY, eu sou GAY e Peter é GAY. – Zombou Remus, anotando tudo o que já tinha sido decidido em um pergaminho apoiado em uma prancheta marrom. – Que tal Plano Vamos Zoar o James? PVZJ?
- Não, péssimo, lobinho! JAAA, o: James: abanar, achar, abordar. – Sirius disse, rindo feito um condenado.
- E que tal varinha de condão? Já que é isso que faremos com o James, o nome do plano pode ser esse e ele nem vai desconfiar. – Peter sugeriu.
Remus e Sirius se entreolharam, surpresos.
- Este é o Peter! – Gritou Sirius.
- Finalmente você honrou o título de maroto! – Remus exclamou, batendo de leve na cabeça de Wormtail.
- E eu não honro, Moony? – Retrucou ele, revoltado.
- Peterzito... – Começou Sirius, numa voz calma. – Silêncio.
Peter fez um gesto obsceno para Sirius e voltou sua atenção para Remus, que murmurava algo como “não conheço esses dois”.
- Podemos continuar? – Pediu ele.
- Continuar o que? – Perguntou Sirius, bocejando.
- Sua morte, cabeção.
- Mas ele está vivo, Remus! – Peter disse, não entendendo a brincadeira.
- Por enquanto, se não calar essa boca enorme! – Remus disse, alterando a voz.
- Eu? COMO VOCÊ ME ACUSA DE TER A BOCA ENORME? – Dramatizou Sirius, com a mão no coração.
- Sirius, - Disse Peter. – Será que você poderia FICAR QUIETO?
- Até você, Peter? É uma conspiração? – Continuou o moreno.
- Sirius A. Black. – Remus exclamou, irritado.
- Não gaste meu nome, ele é precioso demais pra ser gasto! Não pode ser usado na boca de lobo que você tem!
- SILENCIO! – Gritou Remus, completamente alterado, fazendo Sirius se calar por feitiço. Pegou a varinha da mão dele e completou: - Ou por bem ou por mal.
Ele parecia estar gritando agora, mas o feitiço não permitia som algum sair. Remus fechou os olhos e fez uma expressão sonhadora, como se estivesse... Apreciando o silêncio.
- Podemos continuar agora? – Apenas Peter respondeu. – Onde estávamos?
- Er... Nós... O quê? – Perguntou ele, totalmente aéreo.
- Onde paramos? Onde a besta que chamamos de amigo nos interrompeu?
- Não sei, Remus! Pergunte pro Sirius. Adoro ouvir a voz dele. – Foi a vez do moreno, indignado, erguer o dedo do meio.
- Sirius, seu mal educado! – Remus repreendeu, como se estivesse desaprovando o amigo. – ONDE ESTÁVAMOS?
Sirius começou a acenar freneticamente, como se soubesse onde tinham parado. Remus olhou para ele, como se avaliasse se o amigo estava realmente falando a verdade ou se só queria sair do feitiço.
- Jura que vai falar algo ÚTIL?
Sirius fez que sim.
- Certo... – Remus desfez o feitiço. – Onde paramos, Sirius?
- No nome do plano.
- Não decidimos que seria Varinha de Condão? – Peter perguntou, olhando indignado para os dois.
- Você sugeriu. – Respondeu Sirius.
- E o que eu sugeri não vale?
- Não!
- SIRIUS, PETER! Podemos por favor nos concentrar no plano? – Remus estava quase desistindo... Mas era um maroto, e um maroto nunca desistia.
- ELE FALOU QUE MINHA OPINIÃO NÃO VALE! – Gritou Peter, levantando-se.
- Ficou bravinha, minha querida? – Brincou Sirius, levantando-se também.
- Gente, por favor, podemos...
- Impedimenta! – Peter enfeitiçou Sirius, que ficou paralisado, mais ainda com um sorriso no rosto.
- Não, Peter! Finite Incantatem! – Remus, como sempre a voz da razão, desenfeitiçou Sirius, que com um feitiço não-verbal fez Peter ficar pendurado no ar pelo tornozelo.
- DESFAZ ISSO AGORA, SIRIUS! – Um lampejo verde, e Peter caiu no chão.
Antes que pudesse se levantar, outro lampejo verde encheu o dormitório e Peter ficou pendurado no ar de novo.
- SIRIUS, LARGUE-O! – Sirius fez mais um lampejo aparecer e Peter caiu no chão pela segunda vez. – SERÁ QUE OS DOIS NÃO PODEM FICAR QUIETOS POR UM MINUTO ENQUANTO A GENTE RESOLVE A PORCARIA DO PLANO CONTRA O JAMES OU VAMOS TER QUE SUSPENDER TUDO POR CAUSA DESSAS BRINCADEIRINHAS RIDÍCULAS?
- Sim, senhor, capitão. – E os dois voltaram para o chão, como se nada tivesse acontecido.
- Viver com vocês é loucura! – Já rouco de tanto gritar, Remus finalmente se sentou e recomeçou a reunião. – Onde paramos?
- O nome. – Sirius e Peter exclamaram em uníssono.
- Claro... Idéias? – Assim que os dois abriram a boca, Remus interrompeu. – Não, eu decido isso. Varinha de condão.
- Essa é a conclusão?
- Sim, Sirius.
- Decidimos o nome do primeiro ato?
- Como assim primeiro ato?
- Primeiro ato; fundação do quartel-general. Segundo ato; em busca dos materiais. Terceiro ato; ver como James reage. Quarto ato; fugir de James. Quinto e último ato; sofrer as conseqüências. – Falou Sirius, como se tivesse decorado tudo aquilo. – Pensei nisso quando estava mudo.
- Você é um gênio, cara! – Exclamou Peter.
- Desculpe, Peter.
- Ah, ok... De você eu espero o pior, Sirius.
- O pior? – Sirius olhou para Remus esperando algum apoio, mas este só concordou Peter. – Cara, vocês realmente me amam.
- Oooh! –Falaram os outros dois, em coro. – MONTINHO NO SIRIUS!
Peter e Remus se jogaram com tudo em cima do amigo, que acabou jogado para trás e esmagado sob o peso dos dois “amigos”.
- Saiam de mim! – Gritou Sirius.
- É o amor, Sissinha! – Remus gritou, com a voz meio abafada pelo peso de Peter. – Deixe o amor fluir em nosso ambiente!
- Se o amor é assim, tão pesado... Obrigado, eu não quero. – Sirius argumentou, desistindo de se mexer. – Reminha! Que comissão de trás mais cheia, hein?
- TARADO! – Gritou Remus em resposta, jogando Peter para o lado e levantando.
Sirius riu animadamente e começou a correr atrás de Remus. Peter apenas sentou-se em seu lugar no “quartel general” e pôs-se a admirar a confusão.
- Vem cá, Remito!
- ISSO É ASSÉDIO, SEU TARADO! – Remus corria em círculos, com Sirius em seus calcanhares. – Maldito dia em que eu te conheci!
- Venha cá, meu gatão!
Remus entrou no banheiro e fechou a porta com um feitiço, corado pelas palavras gays do amigo. Sirius começou a bater na porta do banheiro, rindo histericamente.
- Reminho! Libere-se, meu amor!
Peter, agora sentado na cama de James, que ficava ao lado do banheiro, começou a rir também. Remus, dentro do banheiro, rezava em voz alta.
- Não vem? Alohomora! - Sirius fez a porta se abrir, e Remus saiu de lá, derrotado. – Sabia que você não resiste a mim!
- Podemos voltar a reunião do Varinha de Condão, Sirius?
Sirius riu.
- Claro! Você fica imitando um gay aí, seu pervertido...
- EU? Você me assedia e EU sou o gay pervertido? – Disse Remus, voltando ao seu lugar. – Peter, onde está a prancheta?
Peter, que acabara de sentar no chão, respondeu:
- Prancheta?
Remus meneou a cabeça.
- Sirius, onde está a prancheta?
- Prancheta? Essa que está embaixo de você?
- Ah, essa mesma... – Remus pegou a prancheta do chão e tornou a ler suas anotações. – Certo. Vamos logo a teoria... Como será a varinha?
- Pensei nisso: rosa, com uma estrela gordinha e cheia de espuma dentro, e com cheiro de perfume de flores! – Peter disse, empolgado.
Sirius e Remus se entreolharam.
- Você é o Peter?
- Não, sou uma alma penada. – Respondeu o maroto, ironicamente.
- Então, Sirius... Esta é sua missão. Amanhã, domingo, você cuidará disso, e, a noite, trocará a varinha. Peter, depois de amanhã, segunda, você será o responsável por acalmar James. Depois de depois de amanhã, terça, eu vou ser o responsável por nossos disfarces. Quarta feira vamos sofrer as conseqüências juntos. Quinta acho que nem é bom planejar, já que não sei se vamos estar vivos.
- Qual será a reação dele? – Perguntou Sirius, olhando para Remus.
- Vindo de James, - Começou ele, num tom “vamos ser sensatos”. – que é mais vingativo que todos nós juntos, que é imprevisível, vai ser uma vingança a altura.
N/A: Isso é uma insinuação de uma possível continuação?
- Eu acho que ele vai pegar a varinha e colocar... – Começou Peter, pensativo.
- Não termine isso. – Falou Sirius, num tom ofendido, extremamente dramático.
- Sirius, você está atacado hoje? – Remus perguntou, olhando com visível pena para o amigo.
- Moony, ele não tomou o remédio. – Peter respondeu, rindo do moreno que fingia passar mal.
- Não é isso. Acabei de lembrar uma coisa.
Remus e Peter fizeram cara de interrogação.
- Hoje é sábado.
- E...
- Dia quatro de setembro...
- E...
- Passeio a Hogsmeade.
Imediatamente os três se levantaram, estupefatos.
- Perdemos o passeio a Hogsmeade pra aprontar com o James? – Remus indagou, quase sem fôlego.
- Mas nós podemos ir quando quisermos. – Argumentou Sirius, tentando tirar uma pequena linha de sua calça.
- Não mais a tarde. Rosmerta ameaçou contar tudo a Dumbledore. – Peter disse, espreguiçando-se.
- Que horas são? – Remus consultou o relógio. – Nove horas! Nove! Perdemos o JANTAR!
Peter desmaiou, involuntariamente.
Acredite ou não, quando estamos com fome e não percebemos, está tudo bem. Mas perceber que você está com fome e que não come há oito horas, sendo que você é um comilão/comilona, acontecem coisas estranhas.
É bem por aí. E foi assim com Peter.
- WORMTAIL! Não morra! Eu preciso de você ao meu lado! – Gritou Sirius, dramático, jogando-se em cima de Peter, como se estivesse chorando sobre o cadáver de seu amigo. – Como vou viver sem sua barriga fofinha?
- Sirius, - Remus começou, no mesmo tom sensato. – não é hora para revelar que você é um gay pervertido. Vamos levar ele para jantar na cozinha e comer um pouco também...
- Comer? – Gritou Sirius, levantando-se de um pulo.
- Não. – Retrucou Remus, acordando Peter e cerrando os olhos. – Matar.
- Matar QUEM? – Peter perguntou, ficando em pé.
De repente, Peter começou a rir empolgado, rolando no chão. Remus, assustado, ficou praticamente sozinho, ao lado de Sirius, que falava coisas sem sentido, e Peter, que estava indo para debaixo da cama.
- Quem está aí?
Houve um lampejo verde e Remus foi pendurado pelo tornozelo, ficando de cabeça para baixo.
- Quer dizer que Sirius é um gay pervertido? – Perguntou James, saindo debaixo da capa, com uma sobrancelha levantada e um sorriso displicente no rosto.
- J-j-james? – Gaguejou Remus, com o rosto já vermelho pelo sangue que ia para a cabeça lentamente. – DESFAÇA ISSO!
James, que estava parado quase na porta do dormitório, com metade do corpo invisível, começou a rir escandalosamente, enquanto Sirius murmurava enlouquecido.
- Cinco bananas esfumaçadas caída balão... Oh sweet carro... Amor vem comigo ponte pular... – Falava ele, com um olhar vago, um ligeiro filete de baba escorrendo pela boca e um sorriso abobalhado. – INVENSÍVEL EU HAVE DUAS BONECAS!
Peter, que a esta altura estava embaixo da cama, começou a dar pontapés e gritar que não conseguia mais respirar.
- JAMES, PARE COM ISSO, VAMOS MORREEER! – Remus gritou, desesperado.
Com um lampejo verde e dois lampejos laranjas, os três marotos voltaram ao normal. Imediatamente ficaram a frente de James, que ainda matinha a sobrancelha arqueada, com um ar de “quem é mais maroto aqui?”.
- O que aconteceu? – Perguntou Sirius, limpando a baba de seu rosto.
- James nos azarou! – Gritou Wormtail. – Eu comecei a rir até sufocar, você falava coisas sem sentido e babava, e Remus ficou pendurado pelo pé um bom tempo!
James despenteou os cabelos.
- O que eu perdi aqui? – Perguntou ele, tentando acalmar os três amigos furiosos que avançavam em direção a ele, enquanto ele recuava. – Sirius, desde quando você é um gay pervertido?
Sirius, que estava com um sorriso falso no rosto, segurou James pelos ombros e o conduziu até a porta.
- Jimmy... – Desfazendo o sorriso, empurrou o maroto para trás com toda a força, fazendo ele rolar escada abaixo. – CAIA FORA!
E fechou a porta, trancando-a com um feitiço.
- Problema resolvido!
Remus e Peter olhavam pra ele, aparentemente petrificados.
- Wormtail? Moony? – Ao tocar nos amigos, sentiu que estavam quentes, mas pareciam incapazes de falar... E de se moverem. – JAMES MATOU VOCÊS!
Murmurando um feitiço, abriu a porta ferozmente e saiu correndo pelo salão comunal a procura de James, que estava sentado em uma poltrona do lado de Marlene e Annie.
- JAMES POTTER, O QUE VOCÊ FEZ COM O PETE E O REMUS? – Gritou ele, atraindo todos os olhares.
James apenas sorriu, e bocejou. Só depois respondeu:
- Sirius, eu já sei de seus desejos íntimos, mas não precisa assumir na frente de todo mundo. Seus dois amores estão... Petrificados. – Exclamou ele, sorridente.
Sirius pareceu inchar de fúria.
- VOCÊ É UM SEM GRAÇA! ATRAPALHOU NOSSA REUNIÃO! – Sua expressão mudou de brava para emburrada, com direito a biquinho.
- Sissí... – Retrucou ele, numa falsa voz amorosa. – Você não sabe o contra-feitiço?
- Babaca... – Disse ele, os olhos cerrados e uma voz que combinava perfeitamente com sua expressão.
E subiu as escadas do dormitório, pensando em que feitiço James tinha usado.
[...]
- EU CONSEGUI!
Foi o que conseguiu ser ouvido as onze e meia daquele dia. James, que tinha cochilado na poltrona do salão, acordou de sobressalto com o grito que parecia ser de Sirius.
- EU C-O-N-S-E-G-U-I!
Imaginando qual seria a loucura do amigo desta vez, James subiu as escadas e entrou no dormitório, receoso do que o esperava: Sirius. Mas não o Sirius de sempre... Um Sirius com um sorriso de maligna satisfação no rosto olhando para Remus e Peter, que agora estavam se mexendo e falando.
- O que você conseguiu, doente? – Indagou James, entrando no quarto e fechando a porta.
- DESFAZER SEU FEITIÇO! – Gritou ele, empolgado.
James voltou a rir, dessa vez mais escandalosamente ainda. Sirius o fuzilou com o olhar.
- Só agora, Sissí? Pensei que você era mais esperto.
Sirius cerrou os olhos, com uma expressão perigosa.
- Ui, ficou irritada? – James provocou, deitando em sua cama.
- Isso é uma insinuação?
- Não precisa, você já assumiu.
Sirius, dominado pela raiva, jogou-se em cima de James e começou a bater no amigo, gritando de raiva. Remus e Peter, que deveriam ajudar, apenas enfeitiçavam Frank (que tinha acabado de chegar no dormitório) para que ele dormisse logo.
- Deu a louca? – Perguntou James, jogando Sirius para o lado.
Caído no chão, o maroto tirou a varinha do bolso.
- Scourgify! – Gritou Sirius.
Imediatamente, bolhas de sabão começaram a sair da boca de James, que parecia ter se engasgado com uma.
- SIRIUS, ELE VAI SE ENGASGAR! – Gritou Remus, assustado. - Finite Incantatem!
James pôde respirar novamente, aliviado.
- Vamos dormir... – Exclamou ele, respirando com dificuldade.
- Boa noite, amores! – Gritou Sirius, alegremente.
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