As armações de Hermione
NA: Obrigada pelos comentários carinhosos e desculpe a demora!
Harry olhava pela janela da sala comunal perdido em pensamentos sinistros. Toda vez que olhava para Hermione e via seus machucados cicatrizando renovava sua determinação. Não podia perdê-la agora! O namoro assumido ajudava muito seu plano de não deixá-la sozinha e sem que ela soubesse contou a verdade para Luna, que agora seguia sua namorada sempre que possível. Harry também usou esse argumento para habilmente manter a amiga avoada mais próxima de Rony. Os dois realmente estavam parecendo se entender, embora nada fosse admitido.
-- O que pretende fazer, cara? – Rony sentou ao lado do amigo e perguntou sem rodeios.
-- Sobre o quê?!
-- Hermione, é claro! Não é nela que está pensando? – Rony estava com um pedaço de bomba de chocolate na mão e cuspia um pouco de creme enquanto falava – Depois de ver a Pansy inconsciente por dois dias agente aprende a não brincar com a Mione, mas se houver um número maior contra ela, não sei não...
-- É...
-- O feriado de natal está chegando... Que tal se ela fosse para a minha casa? Você também vem, é claro...
-- Pámela me convidou para ir para a casa da Professora Minerva passar o natal com elas... – Harry disse avoado.
-- Bom, então leva ela para lá!
-- E os pais dela? – Harry respondeu automaticamente ainda vidrado na janela.
-- É! Isso é um problema... – Rony empacou no meio de uma mordida - Talvez devêssemos avisar eles do perigo, não acham?
-- CLARO QUE NÃO! – os garotos ouviram a voz exasperada de Hermione às suas costas.
A garota atravessava rapidamente a passagem do quadro da Mulher Gorda e olhava impacientemente para os amigos.
-- Oi! –disse com um sorriso ao chegar mais próxima. Ergueu o corpo nas pontas dos pés para alcançar a bochecha de Rony com um beijo e em seguida voltou-se para Harry. Sorriu antes de se erguer para beijá-lo nos lábios e quando “desceu” entrelaçou seus dedos nos dele.
-- Não vou contar aos meus pais! – ela disse novamente com a voz exasperada. – Estou cansada de ter que explicar a eles que Hogwarts é o local mais segura do mundo, que meus machucados fazem parte do aprendizado...
-- Não é bem assim, Mione. – Harry tombou a cabeça com um sorriso matreiro.
-- Eles não precisam saber de TODA a verdade! – Hermione deu de ombros. – Eu sei me defender! E, além disso, eu já resolvi! Como acha que eles me deixaram vir antes das aulas começarem? Estou em um curso avançado de férias! – ela sorriu presunçosa.
-- Não sei se é uma boa, Mi! – Rony disse limpando a cara cheia de creme. – Talvez seja uma boa alguém ficar de olho nos seus pais! Eles são alvos em potencial!
-- É! A Pámela me disse isso... – a voz de Hermione tremeu ligeiramente insegura – Mas Dumbleodore prometeu que iria ficar de olho neles! Eles “ganharam” uma viagem para vários pontos turísticos do mundo mágico e o guia é da Ordem!
-- Quem?! – os dois disseram ao mesmo tempo.
-- A Tonks! – Hermione riu divertida.
Ambos riram junto com ela, mas Hermione ainda pôde sentir a tensão na mão de Harry.
-- Errr... Você não ia me perguntar algo, Harry? – Hermione disse olhando fixamente para a mesa de canto, a face ruborizada.
Harry demorou alguns segundos para entender e então sorriu presunçoso.
-- Hermione, gostaria de passar essas férias comigo? – Hermione sorriu contente e o abraçou. – E todas as outras também? – Harry completou baixinho na orelha da namorada.
Era véspera do recesso de natal, Harry e Rony jogavam uma partida de xadrez de bruxos. Hermione lia encostada no peito de Harry sentindo protetoramente o braço esquerdo do namorado envolvendo sua cintura. Gina e Luna duelavam com as varinhas fazendo uma a outra levitarem. Foi nesse contexto que Olívio apareceu. Todos estavam no gramado do jardim em frente ao lago dos sereianos e o sol escaldantes brilhava nas gotas de suor do rosto de Olívio.
-- Vocês sabem onde está a Pámela? – Ele disse arfando.
-- Não! – Todos responderam em coro. – Aconteceu alguma coisa? – Hermione completou, a voz um pouco alterada.
-- Não! Não... – Olívio deu de ombros tentando, em vão, parecer não dar importância. – Só queria conversar com ela antes de ir embora...
-- Você já vai embora?! – Hermione se ergueu em um salto assustando Harry.
-- Não. Vou amanhã! Mas não encontro ela desde ontem à tarde. Queria me despedir... – Olívio disse levemente abatido.
-- Ah! Não se preocupe, vamos procurar por ela! Que tal agente fazer uma festa de despedida pra você? – Hermione perguntou inocente.
-- Imagina! Porquê isso? Não vou embora pra sempre... – Olívio achou graça.
-- Quando você volta? – Hermione manteu o tom inocente ignorando os olhares intrigados dos amigos.
-- Não sei! Se o meu time estiver tão bem quanto no ano passado e chegarmos às semifinais acho que jogaremos por dois meses direto antes de eu ter uma folga. – Olívio deu de ombros, dessa vez genuinamente desinteressado.
-- Ah, então! É muito tempo! Vamos fazer uma festa... – Hermione disse melosa.
A essa altura um Harry muito desconfiado estava ao lado de Hermione. A garota segurou a mão do namorado e a apertou com firmeza.
-- O Harry também quer, não quer? – Ela disse entonando o final da frase como uma ordem.
-- C...Claro! – Harry respondeu intrigado.
-- Ótimo! – Hermione sorriu triunfante. – Será hoje, às 20h, no terraço da aula de astronomia!
* * * * *
-- Hermione, ande devagar! – Pâmela disse entre uma golada de ar e outra. – Não posso subir as escadas tão rápido! São muitos lances.
-- Não seja mole! – Hermione respondeu petulante – Falta pouco agora.
-- E por quê tanta pressa? – Pâmela ignorou o comentário de Hermione. – As estrelas não vão sair do lugar. Eu mal cheguei de viagem!
-- Sinto muito, mas você devia ter avisado que iria sair. Eu já tinha me programado, na dá para adiar agora! – Hermione parou no alto da escada bufando impaciente enquanto esperava Pâmela alcançá-la.
-- Desde quando eu preciso avisar quando vou sair com meu avô?! E quem manda fazer planos que me incluam sem me consultar?
-- Não posso fazer planos com meus amigos? – Hermione disse com voz inocente.
Pâmela alcançou-a e examinou o seu rosto. Algo estava errado, mas não era algo ruim! Pâmela não entendia. O que Hermione estaria escondendo?
-- Que foi? – Hermione arregalou os olhos fingindo indignação
-- Algo está mal contado, Mione! - Pâmela estreitou os olhos. – Por quê você me quer aqui?
-- Já disse!
-- Não acredito – Pâmela a cortou.
Hermione ficou em silêncio, amaldiçoando-se por não ter inventado uma boa desculpa. Ela realmente não precisaria mostrar uma estrela agora. Talvez se ela falasse a verdade, mas não por inteiro, desse certo...
-- Não queria que você perdesse a oportunidade... – Hermione disse baixinho.
-- De ver uma estrela que vai estar aí amanhã? – Pâmela estreitou mais os olhos.
-- O que quero que veja talvez não esteja mais aí amanhã... – Hermione disse hesitante. Logo que percebeu uma hesitação na desconfiança de Pâmela e continuou. - Além disso, você já está aqui mesmo... Já gastou sua energia e fôlego, qual o problema de continuar?
Pâmela não disse nada, mas continuou a esquadrinhar o rosto de Hermione à procura de pistas. Quando finalmente ela suspirou em rendição, Hermione sorriu e a empurrou pela porta do terraço segurando seu braço.
Uma vez fora do corredor cinza e úmido das escadas, Pâmela respirou o ar puro e piscou para se acostumar à claridade nova. Foi o tempo necessário para Hermione dar um passo para trás e fechar a porta atrás de Pâmela.
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