Uma viagem até A Toca
Pâmela abriu os olhos lentamente. Não enxergou muita coisa a princípio. Suas pálpebras ainda pesavam e o ar parecia estar seco, pois seus olhos ardiam. A garota piscou repetidamente até conseguir ter uma visão clara do que lhe pareceu um teto de pedra.
Tentou se erguer e sentiu uma forte tontura. Desistiu! Agora, com os olhos lubrificados e a mente mais lúcida ela começou a mover a cabeça para os lados. Viu as paredes, também de pedra, subirem até o teto na forma de um cone. A mobília de madeira barata encostada nas mesmas estava impecavelmente limpa e a cama de casal em que estava deitada era extremamente macia, embora sua aparência não denunciasse o mesmo. Era como mágica.
-- Mágica! – Pâmela balbuciou.
Lembrava-se agora. Algo aconteceu em sua casa. Não seria um sonho? Não! Lembrava-se perfeitamente do olhar de Harry e Hermione, então Rony disse algo. Não conseguia se lembrar o quê, mas a deixou muito transtornada. Aquilo devia ter sido a gota d’água, pois logo uma escuridão a envolveu e ele não sentiu mais nada.
Novamente tentou se levantar, agora com sucesso. Olhou novamente em volta e confirmou suas suspeitas. Estava em um quarto de casal de uma casa desconhecida. Uma casa bem peculiar ela podia perceber. Olhou para o chão de taboas de madeiras e tentou firmar os pés.
***
Dois andares para baixo um Harry atormentado andava de um lado para o outro na cozinha dos Weasley.
-- Não pode ser! Como ela pôde ter mentido assim! Eu confiei nela!
-- Talvez haja uma boa explicação – disse Hermione enquanto seguia o amigo e tentava fazê-lo ficar parado
-- Que explicação seria? – Harry retrucou zangado - Ela fingiu o tempo todo! Eu fiquei dois dias sem dormir, genuinamente preocupado com as possíveis reações que ela teria, antes de contar-lhe quem éramos e ela já sabia de tudo!
-- Se ela fosse nossa inimiga já teria feito algo com você antes, Harry! – Rony acudiu Hermione
-- Essa não é a questão! Ela mentiu para mim! Ela era uma bruxa o tempo todo! – Harry quase gritou
-- A reação dela não era de alguém que sabia disso! – Fred disse com ar compenetrado.
-- Como alguém não sabe que é bruxo? – Harry retrucou incrédulo.
Hermione saiu da sala sem dar um pio, interrompendo a discussão.
-- Mione? Onde você... – Harry começou e foi interrompido por Fred que ostentava um sorriso irônico
-- Ah! O quê? É diferente! Eu tinha 11 anos! Ela já tem 20, não tem como não saber. Com certeza ela recebeu a carta de Hogwarts! Além do mais, por que ela pegaria a varinha da Hermione se não soubesse?
-- Reflexo! – todos ouviram a voz do Sr. Weasley dizer junto à porta.
Hermione estava ao lado do pai de Rony com um olhar muito parecido ao da senhora Weasley quando esta repreendia o marido e os filhos. Ela havia se lembrado da reação da Sra. Weasley quando viu Pâmela pelo espelho e dos comentários de Rony a cerca dos jantares em sua casa. Ela sabia que essa história ia além de Pâmela e foi exigir explicações ao pai de Rony.
-- Reflexo!!?? – todos repetiram ao mesmo tempo.
-- Ela é uma bruxa! – começou p Sr. Weasley um pouco à contra gosto - Mesmo não sabendo isso ela reagiria como tal em uma situação de perigo.
-- O que você sabe á respeito dela? – Gina, Harry, Rony e os gêmeos perguntaram juntos.
-- Não sou eu quem deve explicar. Há várias coisas em jogos aqui. Você deveria ter nos contado sobre ela, Harry. Quando soubemos, não dava mais tempo de consertar. – Sr. Weasley repreendeu Harry realmente indignado, como raramente se viu.
-- Consertar o quê?!
Um pouco de pó de serragem caiu sobre o nariz de Rony, fazendo-o espirrar e chamando a atenção do restante da sala. O Sr. Weasley olhou para cima e depois para o relógio de bolso.
-- Ela já despertou! Tenho que ir até lá! – o pai de Rony saiu apressado da cozinha e foi inevitavelmente seguido pelos demais ocupantes.
***
No quarto, Pâmela já havia atingido à porta quando esta se abriu antes de a garota tocar na maçaneta. À sua frente apareceu um homem alto, levemente barrigudo e de cabelos ruivos. Não fosse pela expressão brava no rosto, Pâmela o julgaria simpático.
Pâmela deu um passo para trás assustada e cambaleou sem forças. Antes, porém, de cair, George a amparou e a conduziu de volta para a cama. Hermione sentou-se ao seu lado e segurou-lhe a mão solidária.
-- O... O quê está havendo? – Pâmela olhou para o homem assustada.
-- Não se preocupe, querida! – O Sr. Weasley anuviou a expressão. – Está tudo bem! Meu nome é Arthur e vou cuidar de você por enquanto.
-- Onde eu estou? Por quê estou aqui? – Pámela disse ainda assustada.
-- Está na minha casa, e deve estar faminta! – O Sr,. Weasley balançou sua varinha em círculos até uma suculenta bandeja de leite e torradas com manteiga e mel aparecer pairando à frente da garota.
Esse movimento pareceu ter desanuviado a mente de Pâmela e esta se lembrou das últimas palavras de Rony. Olhando suplicante nos olhos do Sr. Weasley, Pâmela balbuciou:
-- Eu sou...sou.. uma...?
-- Não cabe à mim dizer isso à você, querida!
-- A quem cabe, então? – Harry explodiu inconformado do outro lado do quarto.
-- A mim!!! – todos olharam em direção à porta, de onde vinha a voz grave e calma que pronunciara essas palavras. Pâmela então reconheceu a longa barba prateada e os olhos gentis emoldurados por um oclinhos meia lua que outrora vira em uma página de jornal.
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