O Recomeço



Dois anos se passaram desde a morte de Ninfadora Tonks. Remo visitava o local onde ela foi enterrada com uma freqüência aceitável. O local estava sempre bonito, arrumado e com flores. Havia também uma foto bruxa onde podia se ver a ex-auror mudando o tom dos cabelos. Hermione havia pegado esta e uma outra foto – que Remo carregava sempre com ele – na tarde em que foram esvaziar o apartamento de Tonks. Algum tempo depois daquele dia Remo lhe confessou que não tinha nenhuma foto da ex-namorada e que se arrependia de não ter guardado nenhuma. A amiga lhe entregara ambas.

Remo já não sentia mais aquele aperto doloroso no coração cada vez que se lembrava de Ninfadora. Sentia saudades e também um pouco de culpa por ter se permitido tão pouco tempo com ela, por ter demorado tanto tempo para aceitar que ela o amava e que só seria feliz com ele.

Nesses dois anos nunca foi visto com nenhuma namorada, e quando os amigos tocavam neste assunto ele apenas sorria amarelo e desconversava.

Cerca de um ano após a morte de Tonks ocorreu a grande batalha entre a luz e as trevas. O Bem saiu vencedor quando Harry Potter finalmente destruiu Lord Voldemort. Durante esta batalha Remo lutou e matou Bellatriz. A luta foi justa, mas ele não teve pena dela. Ele a encurralou, duelaram e ele a matou.

Somente após esta batalha, Andrômeda Tonks recuperou-se um pouco da perda de sua única filha. Ela utilizou o dinheiro que herdou de sua irmã (a própria Bellatriz Lestrange) para fundar um orfanato para crianças bruxas que haviam perdido os pais durante a guerra.

Durante o último ano em Hogwarts Hermione e Rony namoraram, porém não por muito tempo. Logo descobriram que o sentimento existente entre eles era amor fraternal e grande amizade.

Após o término de Hogwarts, Hermione foi convidada para ser uma inominável no Dep. de Mistérios do Ministério da Magia, chegou a pensar também em seguir carreira como Medbruxa, mas após uma longa conversa com a Diretora McGonagal decidiu permanecer em Hogwarts. Ela iria acompanhar as aulas de alguns professores. Pelas notas que tinha, poderia lecionar qualquer das matérias que havia cursado para os NIEMs. Foi um ano muito proveitoso, até mesmo Snape – cujo nome ela ajudara a limpar durante o seu sétimo ano – estava mais simpático “Snape simpático?!!, como assim??”.
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Naquele fim-de-tarde de verão Hermione encontrava-se sozinha na cozinha do Largo Grimmauld nº 12. Desde a derrota de Voldemort e o fim da Ordem da Fênix, a casa era usada por amigos e conhecidos de Harry que estivessem de passagem e precisassem de um pouso. Por isso era um bom lugar para ficar só.

Hermione estava perdida em seus pensamentos quando ouviu a porta da cozinha abrir. Antes mesmo de ver quem era apressou-se a enxugar as lágrimas que corriam por sua face. Olhou para a porta aberta e viu Remo Lupin emoldurado pela claridade que vinha do cômodo adjacente, perdeu o fôlego por um segundo e rapidamente desviou os olhos.

-- Olá Remo! – tentou manter a voz firme, mas ele já percebera que ela estava chorando. Entrou e sentou-se ao lado dela.

-- Olá Hermione! Achei que você estaria aqui – ela o olhou interrogativamente, mas logo desviou o olhar, não conseguia fixá-lo por mais que segundos – Cheguei um pouco atrasado ao aniversário e quando vi que você não estava Harry me contou sobre o desentendimento com Andrew. Imaginei que você estaria aqui. – Sorriu com sinceridade.

-- É verdade – Hermione não pode deixar de sorrir ao ouvir o eufemismo, só mesmo Remo para ser tão gentil. Afinal haviam tido uma discussão digna de filmes trouxas – Eu terminei o namoro e, bom..., ele não aceitou “muito bem” – deu de ombros, inspirou profundamente para tentar controlar as lágrimas que teimavam em correr por sua face.

-- O que foi que aconteceu, de verdade? Vocês até pareciam se dar bem. – Ele segurou sua mão na tentativa de lhe dar apoio, o coração dela disparou e ela corou. Olhou-o brevemente, mas antes de falar desviou o olhar.

-- Parecíamos! Mas não estávamos. – ela não queria mentir para Remo, mas também não poderia lhe contar toda a verdade – Nunca fui apaixonada por ele, mas ele sempre soube disso, e aceitou – ela achou que havia visto um discreto sorriso se formar no canto da boca dele, mas logo afastou tal idéia. Respirou fundo – Eu o achava um cara legal, achei que com o tempo, a convivência – deu de ombros com um suspiro – é mas essas coisas de amor, não são assim – Olhou-o novamente e agora sem dúvida havia um belo sorriso nos lábios de Remo.

-- Não, Hermione, não são mesmo. Mas será que ele – e a olhou falando com os olhos “não o Andrew, o outro” – é assim tão inacessível? – Ela o olhou um pouco assustada, “será que ele havia percebido algo?”, ele ainda tinha um belo sorriso e seus olhos brilhavam, ela lacrimejou, queria poder abraçá-lo, se perder naqueles olhos. Usou de toda a sua determinação e desviou os dela mais uma vez. “Também se ainda não tinha percebido, agora eu estou me denunciando, droga!”.

Achou melhor encerrar aquela conversa, ou poria tudo a perder. Remo, porém ficou em alerta com a reação de Hermione e pior com o reconhecimento da reação dele. Ela tentou se levantar, mas ele segurou seu braço com delicada firmeza. Ela sentiu um arrepio gostoso percorrer seu corpo e estremeceu levemente, fechou os olhos. Remo percebeu a reação dela e seu coração disparou.

-- Hermione? – Ela ouviu a voz dele chamando seu nome. Era tão doce. Ela não conseguia mais se controlar. Já havia tentado sufocar aquela paixão. Há meses tentava esquecê-lo. Até namorou outro cara! Não conseguia enganar seu coração e em algum momento Remo perceberia.

Abriu seus olhos e fixou os dele – brilhantes – sentou-se ainda mais perto, podia sentir seu perfume. Buscou toda a sua coragem grifinória, aproximou-se dele e beijou seus lábios. Ele se assustou, mas em segundos aceitou o beijo, abriu mais a boca e suas línguas se encontraram. Hermione sentiu que com uma das mãos ele lhe enlaçava pela cintura e com a outra aproximava ainda mais seus lábios segurando-a pelo pescoço. Ela o abraçou com força.

Não saberia dizer se o beijo durou minutos ou horas, mas foi maravilhoso. Quando se separaram ambos estavam corados. “Pronto, agora ele vai dizer que não deveria ter feito isto e vai embora, vai se afastar de mim” – Ela não podia encará-lo, não queria ver o olhar de pena dele, simplesmente disse:

-- Desculpe, Remo.

-- Porque escondeu isto de mim? – Hermione percebeu o tom de surpresa na voz dele, mas uma pequena mágoa também não passou despercebida. – Por Merlim! Como eu nunca notei? – falava para si mesmo. Hermione olhou rapidamente nos olhos dele, viu apenas a surpresa, teve certeza de que agora ele se afastaria dela. Levantou-se rapidamente e saiu correndo. Não ouviu quando ele a chamou de volta.

Hermione subiu correndo as escadas e entrou no primeiro quarto, jogou-se na cama chorando. Lembrou-se de como ficaram próximos naquele último ano, estudando, pesquisando, preparando aulas. Como ela sempre estava ao lado dele nos dias que seguiam a lua cheia o apoiando. Tudo aconteceu de forma tão natural, um dia se pegou suspirando, sonhando com Remo Lupin. Tentou se convencer de que estava apenas encantada por ele “uma paixonite adolescente de aluna por seu professor”, mas não era isto, ela estava mesmo apaixonada por ele. Decidiu namorar Andrew, bonito, inteligente, apenas dois anos mais velho que ela, o genro que mamãe pediu a Merlim. Mas havia um problema: ele não era Remo. Hermione não parava de comparar os dois e Andrew perdia em tudo, sempre. Naquela tarde desistiu de se enganar. Amava Remo. Não poderia continuar com o outro, mas não queria que ele se afastasse dela.
Sabia que aquela noite não conseguiria dormir.
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Hermione saiu correndo da cozinha, mas Remo parecia pregado a cadeira pela surpresa da descoberta. Ele já havia percebido que ela estava apaixonada e que não era pelo sem graça do namorado – nunca gostou daquele rapaz. Seriam ciúmes? – mas nunca poderia imaginar que fosse por ele. O que o deixou ainda mais chocado foi descobrir o quanto foi bom beijá-la, e como ele queria aquele beijo.

Remo lembrou-se de como havia sido boa a companhia de Hermione naquele último ano, eles esqueciam do tempo quando estavam juntos, ela sempre parecia mais bonita, radiante quando estava perto dele, muito mais do que quando perto do namorado. Remo bateu na testa “como não percebi” e pior! Como não percebeu a mudança nos sentimentos dele.

Respirou pesadamente. Ele era tão mais velho que ela! Talvez não fosse mais tão pobre, tinha um emprego bom, nem tão perigoso. Só que não dava para esquecer, Hermione era ainda mais nova que Ninfadora. Parou, lembrou-se de tudo que negou a Nyn. Não cometeria o mesmo erro novamente, ele também estava apaixonado. É verdade que não percebera antes, mas não tinha dúvidas, não sentia nada parecido desde que Nyn se fora – sorriu ao lembrar com carinho da ex-namorada – Remo nunca a esqueceria, mas não achava que isto fosse uma traição. Ele tinha certeza que se fosse ao contrario, iria querer ver Ninfadora casada e feliz.

Pegou a foto que sempre carregava. A moça na foto sorriu radiante e mudou os cabelos para um tom rosa berrante. Remo não podia ver, mas bem ao lado dele, com o mesmo sorriso estava uma anjinha muito descolada, de calças justas, botina e cabelos cor-de-rosa. Ele virou-se para onde ela estava e sentiu um ar gelado lhe acariciar a face, pareceu ouvir a voz dela dizendo “É isso aí, Remo, seja feliz!”. Ele sorriu, havia tomado sua decisão. Subiu ao segundo andar e Tonks levantou vôo ainda sorrindo “Missão cumprida, agora sim posso descansar em paz”.
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Parou à porta fechada do segundo andar pensando se Hermione já estaria dormindo. Tentou abri-la, estava destrancada. Ouviu um soluço abafado, entrou e fechou a porta, aproximou-se lentamente dela, sentou ao seu lado na cama e lhe afagou os cabelos.

Hermione estava muito confusa, primeiro ele havia retribuído o beijo, e agora que ela o havia deixado sozinho, ótimo momento para “fugir” dela, ele foi procurá-la. Sempre teve medo de contar a ele que estava apaixonada porque tinha certeza de que ele a afastaria, mas agora ele estava ali ao lado dela e ela não sabia o que pensar ou o que dizer. Ouviu a voz dele baixinho, parecia tranqüilo.

-- Hermione, precisamos conversar – Remo falou baixo, não tinha certeza se ela estava acordada. Ao ouvi-lo, Hermione se moveu e sentou-se de frente para ele. Estavam tão próximos que novamente ela podia sentir seu perfume. Tomou coragem:

-- Remo – Ela tentou manter a voz firme – me desculpe. Você não precisa se preocupar, eu vou ficar bem, mas, por favor – fixou os olhos dele – não me afaste de você, eu prometo que ... – mas o olhar brilhante, o sorriso, a situação, tudo aquilo a desconcentrou.

-- Shhhh! Não estou preocupado – sua voz era quase um sussurro, mas estavam tão próximos, ela não conseguia desviar os olhos dele – não vou me afastar de você – ela ainda parecia não ter entendido. Remo colocou as mãos no rosto dela e aproximou-se bem devagar, apenas roçou os lábios nos dela, ela abriu a boca aceitando o beijo, se abraçaram.

Quando o beijo terminou Remo estava feliz, sorria, mas Hermione ainda estava muito confusa. Agora ele a havia beijado, será que isso significava; ela quase não podia acreditar. Então ele perguntou:

-- Porque escondeu isto de mim? – ela corou, desviou os olhos.

-- Tive medo. Medo de ouvir você dizer que eu estava confundindo os sentimentos, medo de que se afastasse de mim – ela respirou fundo, o encarou novamente – medo de estar traindo... – não conseguiu terminar, esse era na verdade o maior receio dela. Remo parecia surpreso.

-- Você não sabe .... o que.... – em seguida seus olhos se entristeceram, ela parecia tão cheia de dúvidas. Hermione alarmou-se ele estava entendendo tudo errado.

-- Não! Remo, não tenho dúvidas do que sinto – ela segurou o rosto dele obrigando-o a olhá-la – sei que estou apaixonada por você. Eu te amo! – soltou o rosto dele, as lágrimas voltaram aos olhos dela – Só não sei se tenho este direito. Às vezes sinto como se – controlou as lágrimas, era difícil dizer isto para ele, se sentia um pouco infantil – estivesse roubando o namorado de uma amiga. – Olhou rapidamente, para ver a reação dele, e ele sorria.

-- Hermione, você mesma me disse que Ninfadora iria querer me ver feliz, iria querer que eu reconstruísse a minha vida.

Hermione concordou com um aceno, Tonks nunca foi uma pessoa egoísta, e claro que se ela ainda estivesse entre eles Hermione nunca olharia Remo com outros olhos, tinha certeza disto. Ela se aproximou dele apenas para consolá-lo, para cuidar dele. Não percebeu a mudança em seus sentimentos, quando se deu conta já estava apaixonada. E agora percebia que o sentimento era recíproco e que ele parecia estar aceitando bem essa situação.

Olhou-o com um grande sorriso, ele a beijou e este foi o melhor beijo até aquele momento, pois não havia culpa, dúvidas, medos. Aquele beijo selava um compromisso.

Logo o beijo tornou-se mais ardente, ambos deixaram fluir o amor e também o desejo que sentiam. As mãos pequenas e delicadas de Hermione abriram os botões da camisa de Remo, passou a acariciar seu tórax, enquanto desviava os beijos para o pescoço. Remo afastou-se um pouco olhando em seus olhos. Hermione corou levemente, mas manteve o contato, acariciou o rosto dele, percebeu o quanto ele estava constrangido. Pegou uma das mãos dele e trouxe para sua coxa.

Remo estava mesmo muito constrangido, desde a morte de Ninfadora nunca mais estivera com uma mulher. Na verdade nunca mais teve vontade de estar com uma, mas agora depois daqueles beijos e daquelas poucas carícias sentia seu corpo novamente aceso. Mas será que não estavam indo rápido demais. Hermione parecia ler os pensamentos dele.

-- Se não temos dúvidas em relação aos nossos sentimentos – Seu sorriso era tão confiante, que Remo teve que sorrir também – Não estamos fazendo nada errado. – Ela o beijou e sentiu ele relaxar, logo retornavam as carícias.

A noite foi maravilhosa, amaram-se algumas vezes.

Na manhã seguinte enquanto tomavam café, a Diretora McGonagal apareceu na lareira da casa para procurar por Hermione e não pode esconder a surpresa ao ver o casal de roupão e trocando um beijo apaixonado. Remo corou furiosamente quando se deu conta do flagrante, mas Hermione, com o sorriso mais lindo dos últimos tempos, confirmou para Minerva o namoro deles.

Hermione assumiu a cadeira de Runas Antigas no lugar da professora Vector que se aposentava. O namoro deles foi recebido com surpresa, mas muito agrado por todos os amigos. Apenas Snape ainda se aproveitava da situação para irritar Remo – chamava-o de “papa anjo” sempre que podia.

Cerca de um ano depois, Hermione deu a luz a uma bela menina a qual chamaram Diana – Remo contou que Ninfadora sempre adorou esse nome. Alguns anos depois descobriu-se que a pequena Diana era uma metamorfomaga.

Mas essa é uma outra história.
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Oi pessoal!
Eu adorei escrever essa short. Ela não tem nenhuma pretenção de ser nada alem de um pequeno divertimento. A idéia me veio na cabeçe e eu coloquei no papel. Acho que ficou bonitinha!!

Para quem estranhar o casal deixo claro que não apoio pedofilia! Nessa história Hermione já tem quase 20 anos. a A diferença de idade dela para Remo é de cerca de 20 anos. É muito? Talvéz, mas se há amor nada é impossível.

Se você leu deixe um review!! Por favor!!
Obrigado a todos que lerem
Ana Luiza

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