Todo Seu
Já era tarde da noite, Hermione estava na cama de Rony, esperando por ele. O ruivo havia desaparecido o dia inteiro. O relógio na parede da sala apenas indicava que ele estava fora, mais nada. Nenhuma pista para guiar Hermione. A garota estava deitada, abraçada ao travesseiro apenas esperando. Se tudo tivesse acabado... oh, o que ela faria se tivesse acabado? Foi quando a porta do quarto se abriu e o ruivo entrou. Imediatamente, Hermione começou a falar:
_Rony, me desculpe! Eu não podia me controlar! Eu não queria que tivesse acontecido! Quero dizer, eu queria. Mas, não desse jeito, queria que fosse com você. O você de agora, não o do passado mesmo que fosse o mesmo você e...
_Hermione.- ele falou, tapando a boca dela com a mão.- Ás vezes você fala demais.
_Eu só queria me desculpar.- ela falou, tirando a mão dele da frente da boca dela.- E você disse que me amava. Que isso nunca acabaria e...
_E não acabou.- ele respondeu, a olhando nos olhos.- Eu só fiquei...
_Decepcionado? - ela perguntou tristemente.
_Não, enciumado na verdade.
_Ciúmes de si mesmo?
_Eu sei, totalmente doido. - ele riu.- Foi quando pensei em uma coisa. Você pode até se lembrar do que aconteceu, mas não aconteceu de verdade com você.
_Como assim?- ela perguntou confusa.
_Eu passei a toda noite pensando nisso, naquela maldito sofá duro. Você nunca deixou minha cama, apenas ficou ali desmaiada. Você nunca ficou com ninguém, nem comigo, com esse corpo de agora. Você apenas viu o que aconteceu. Ou seja, você e eu fizemos em outra vida, mas não nessa. Os dois, entende?
_Você pensou nisso tudo ontem a noite? Então por que desapareceu a manhã toda?
_Para comprar isso.- ele falou, abrindo a porta do quarto.- E ter coragem de vir me desculpar.
E quando Hermione olhou, viu que o pequeno patamar da escada que dava para o quarto dele, estava cheio de vasos com as mais variadas flores.
_Eu não sabia qual você gostava mais.- ele falou corando.- Uma vergonha, eu sei, depois de tanto tempo juntos.
_Rony, é...- mas, como ela não tinha palavras para dizer o quão doce e maravilhoso aquilo era, ela o beijou. Foi o suficiente para Rony entender, e até mais proveitoso.
_Ei, eu tive uma idéia.- ele sussurrou.- Você quer resolver nossa pendência hoje à noite?
_Não. - ela repondeu, também sorrindo.- Tive uma idéia melhor. Por que esperar até de noite? Afinal, ainda tenho mais alguns possíveis demaios pela frente...
_E não queremos nos arriscar.- Rony completou, a beijando de novo.
E dessa vez, não houve nenhuma interrupção.
XXX
Hermione estava abraçada com Rony, a luz do sol entrando pela janela fechada do monastério, sorriu ao sentir a pele do ruivo contra a dela. As últimas semanas haviam sido as melhores de sua vida. Rony não havia ido para a guerra, e eles estavam juntos. Finalmente juntos como deveria ser. Abraçou-o com mais força ainda sem querer abrir os olhos. Os pássaros cantavam nos jardins, e o dia parecia claro e iluminado. Ela teria que rezar algumas horas, pedir perdão, e depois voltar ao trabalho. Mas, por que tinha que pedir perdão? O que ela e ele faziam não podia ser errado, eles se amavam de verdade. Não entendia o porquê de toda a implicancia em relação ao casamento, dentro da Igreja. Porque, se pudesse, o que ela mais queria era casar com ele.
_Hora de acordar, dorminhoco.- ela riu, beijando-o no pescoço.
_Me deixa dormir, Hermione.- ele murmurou com a voz carregada de sono.
_Temos que ir, já é de manhã.- ela sussurrou tristemente, beijando-o na orelha.- Você tem que fugir, lembra?
_Fugir? Para longe de você? Nunca!- ele disse feliz, puxando-a mais para perto dele. Hermione soltou um gritinho, e o beijou feliz, todos os problemas e aborrecimentos esquecidos.
Ele se levantaram, e começaram a se vestir, sempre corados e com sorrisos bobos no rosto.
_Mais um dia de trabalho.- ele resmungou, colocando o chapéu de freira em Hermione.- Mas, eu prefiro você sem isso.
_Eu também não gosto muito. Mas, gosto ainda menos do balde que você tem que usar na cabeça.- ela riu, ficando na ponta dos pés, beijando-o em uma doce despedida.
De repente, a porta do quarto se abriu com um tranco, e uma jovem freira entrou seguida pela Madre e vários cavalheiros templários, que olharam Rony com total perplexidade. O coração de Hermione começou a bater com tanta força contra o peito, que chegava a doer. Ela sentiu como se fosse desmaiar, mas se manteve firme em seu lugar. Eles haviam sido descobertos!
_Eu me enojo de vocês!- a Madre cuspiu no chão, parecendo furiosa. - Quando Ernita me disse,- ela apontou para a pequena e sorridente freira a seu lado.- que você estava recebendo um homem em seu quarto, Hermione, eu não pude acreditar!
_Irmã eu...- Hermione tentou explicar, lágrimas de medo escorrendo por seus olhos.
_Não me chame de irmã! - a Madre gritou, branca de cólera.- Você não merece ser minha irmã. Cavalheiros, prendam-nos. E os levem para a masmorra mais fria enquanto aguardam o julgamento.
_Não, por favor!- Rony pediu seus ex-companheiros, pulando na frente de Hermione para protege-la.
Os Cavaleiros Templários pararam, incertos do que fazer.
_O que estão esperando?!- a Madre gritou- Ele não é mais um de vocês. Ele traiu o código de castidade dos Templários!
_Desculpe-nos.- um dos Cavalheiros pediu, olhando Rony tristemente.
Então, com todo o cuidado, mas usando a força, cada cavaleiro segurou um dos dois amantes. Rony tentou lutar, se debatendo, mas parecia impossível se livrar das mãos que o seguravam. Hermione ia em silêncio aceitando seu destino, a cabeça baixa de vergonha, na porta a Madre arrancou com força o chápeu de sua cabeça.
_Você não merece usar tal coisa.- ela murmurou violenta, mas Hermione pode ouvir a tristesa em sua voz.
Eles saíram do quarto, sendo arrastados pelo corredor, e Rony desistiu de lutar. Não havia o que fazer. Aquele era o fim, seriam julgados e provavelmente condenados a morte. O pensamento trouxe lágrimas aos olhos de Hermione, não por sua vida, mas pela vida que Rony poderia ter tido se não fosse ela. Afinal, se tivesse ido embora assim que ele tinha se curado do ferimento, nada disso teria acontecido. Se tivesse sido um pouco mais forte e corajosa... Oh, o que fizera?!
_Rony...- ela deixou escapar dolorosamente.
_Me perdoe, eu devia ter ido mais cedo. Foi minha culpa.- ele sussurrou, e ela pode ver lágrimas escorrendo pelo rosto dele e aquilo pareceu fazer a dor dela aumentar.
Ia responder que a culpa não fora dele, e que cada momento a seu lado fora maravilhoso, e que ela não se arrependia de nada, quando chegaram a uma bifurcação no corredor. E para o horror dos dois, os Cavalheiros começaram a leva-los para direções opostas.
_Rony!- Hermione gritou se debatendo.
_Hermione! Para onde estão a levando, seus inúteis?!
E com esforço, Rony conseguiu estender uma mão e segurar a de Hermione.
_Eu não vou deixar que te levem para longe de mim.- ele falou, tentando segura-la com força, mas Hermione podia sentir seus dedos escorregando.
_Me solte!- ela se debateu, tentando segurar Rony, mas foi inútil. Em pouco tempo eles estavam separados novamente.
_Hermione!
_Rony!- ela gritou desesperada, vendo-o se afastar.
_Eu te amo! Nunca se esqueça disso!- ele gritou em uma voz que ia ficando cada vez mais fraca.
_Eu também te amo!- ela solouçou, mas se ele a ouviu ou não, ela não soube.
Hermione foi levada até um padre, onde foi forçada a confessar tudo. Seus cabelos foram cortados, e ela teve que se vestir em trapos e comer apenas pão com um pouco de água. Era obrigada a rezar em voz alta dias inteiros, e noites também, sem dormir. E ela aguentava tudo com apenas uma coisa em mente: descobrir o que acontecera a Rony. Se o castigo dela era aquele, não conseguia pensar no ruivo sem que lágrimas começacem a escorrer por seu rosto sujo, e ela engasgasse na oração sendo obrigada a começar tudo novamente.
Quantos dias se passaram dessa maneira, ela não saberia dizer. Um dia, sem explicação foi jogada em uma masmorra suja e escura no fundo do monastério, faminta e fraca. Ela se deitou, chorando sem conseguir parar. Foi quando a porta se abriu, e uma pessoa foi empurrada para a cela a sua frente. O coração de Hermione acelerou, e uma força vinda não sabia de onde, se apoderou dela. Mesmo sujo, rasgado, ensanguentado, faminto e mil vezes mais magro, ela reconheceria Rony.
_Hermione?- ele perguntou com um fio de voz, se arrastando até estar o mais perto possível da grade dela, estendendo a mão através dos ferros para tentar alcança-la.
_Rony!- ela murmurou com lágrimas escorrendo por seu rosto, estirando a mão. Ele estava ali, e estava vivo! Ela não podia estar mais feliz, já havia perdido as esperanças de voltar a vê-lo um dia. Mas, ali estava ele.
E com um esforço enorme de ambas as partes, por causa da distância que os separava, eles seguraram os dedos um dos outro.
_O que aconteceu com você?- ela perguntou, lágrimas escorrendo por seus olhos.
_Isso não importa agora, com você aqui. Oh, Hermione! Estive tão preocupado.
_Eu estou bem, apenas um pouco diferente. Mais magra suponho, e cortaram meu cabelo...
_Você está linda.- ele murmurou, tentando enxugar as lágrimas que teimavam escorrer.
_O que vai acontecer com a gente?- ela perguntou assustada.
_Eu não sei. Mas, não vamos pensar nisso agora. Não quando estamos juntos novamente.- ele então, tentou secar a s lágrimas para poder olha-la nos olhos, e Hermione pode ver como o rosto dele estava machucado magro.- Você, Hermione, me deu esperança de um mundo belo e melhor, que nunca tive antes, diante de tantos horrores durante a guerra. Só de imagina-la a salvo, passeando em um jardim, já fazia valer a pena continuar lutando por esse mundo. Mas, agora você está aqui e a culpa é minha.
_Pare de dizer isso! Cada momento que passei com você, Rony, foi de uma felicidade inexplicável. Você me devolveu a vida, nesse mundo cercado de paredes e pessoas frias. Eu prefiro ter tido todos esses momentos felizes e morrer amanhã, do que viver uma vida muito longa, sem você. A única coisa que lamento, é você ter que pagar por isso também.
_Não lamente.- ele pediu com um sorriso, e ela sorriu de volta.- Um minuto a seu lado já valeu por todas as eternidades.
Nesse momento, ouviram passos pesados, de várias pessoas, andando no corredor. E eles não precisavam que ninguém lhes dissessem que eram os guardas, vindo busca-los para o julgamento. A mão de Rony segurou com mais força a de Hermione, que, assim que a pesada porta se abriu, fechou os olhos.
XXX
Hermione acordou com um grito, se sentando na cama. Ela olhou em volta, estava na cama de Rony, os dois à salvo na Toca. O dia nascia, calmo e belo. Mesmo assim, lágrimas teimavam em descer por seu rosto, e uma dor parecia tomar todo seu peito. Acordado pelo grito, Rony se sentou preocupado na cama, e ao ver o estado de Hermione a abraçou com força. Ela o abraçou como nunca abraçara antes, como se novos guardas se aproximassem para separa-los.
_Shh, acalme-se.- ele sussurrou no ouvido dela, passando a mão em seus cabelos. O toque dele era tão bom, que ela sentiu como se tivessem tirado um peso de seu peito.- Você está tremendo, o que houve?
_Foi horrível!- ela disse por entre soluços.- Oh, Rony.
_Eu estou aqui, não se preocupe, foi só um pesadelo.
_Não foi um pesadelo.- o choro dela recomeçou com mais força que nunca.
_Foi outra visão?- ele perguntou amargurado, e ela fez que sim com a cabeça.- Droga, eu só queria poder fazer alguma coisa para parar isso! Mas, Fred e Jorge disseram que não tem antíduto, aqueles idiotas. Eu ainda os mato!
_Não, Rony. - Hermione pediu.- Apenas fique comigo. É disso que eu preciso, de você.
_Bem, isso é bem fácil de conseguir.- Rony sorriu, beijando-a para acalma-la. A pior coisa para ele era vê-la naquele estado e não poder fazer nada.- Afinal, eu já sou todo seu. E já faz muito tempo, se ainda não sabe.
_Bobo.- ela disse baixinho, um leve sorriso espalhando por seus lábios. Só Rony para faze-la sorrir em uma hora como aquela.
N/A- Não se preocupem, as memórias já estão quase no fim. E a fic também. Estão gostando? Então, onde estão os comentários? Se vocês desistirem da fic eu desisto também, oras! Eu até que gostei desse capítulo! Beijos e COMENTEM, Mary.
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