Enlouquecendo?
At the end of the world
(No fim do mundo)
Or the last thing I see
(Ou a última coisa que eu vejo)
You are never coming home
(Você nunca vai voltar para casa)
Never coming home
(Nunca vai voltar para casa)
Could I, should I
(Eu poderia? Eu deveria?)
And all the things that you never ever told me
(E todas as coisas que você nunca me disse)
And all the smiles that are ever gonna haunt me
(E todos os sorrisos que nunca irão me assombrar)
Harry acordou na manhã seguinte com o sol em seu rosto. Ele se espreguiçou lentamente, sentando na cama. A noite fora tão tranqüila, dormira tão bem! Então, se lembrou de Luna. Aquela noite ela não fora visita-lo. Não sabia se sentia decepcionado ou aliviado.
Ele se vestiu calmamente, ainda pensando na noite anterior. Talvez aqueles tenham sidos apenas sonhos, talvez não tivessem nenhum significado real, apenas o de que ele filnalmente estava acomeçando aceitar a morte da amiga. Amiga... fazia tanto tempo que conhecia Luna, e ainda lhe era estranho chama-la desse jeito. Mas, era hora de deixar o passado para trás e seguir com a vida, ele ainda tinha um dia inteiro de trabalho pela frente.
Harry desceu as escadas, ainda ajeitando as vestes, e quando entrou na cozinha, todos fizeram silencio. Ele olhou de uma cara culpada a outra, especialmente a de Rony que estava com as orelhas vermelhas, antes de se sentar ao lado de Gina. Ele reconhecia muito bem aquele tipo de silencio, eles estavam falando dele. Foi só ele sentar, que Gina perguntou, na voz mais tranqüila e desembaraçada que conseguiu.
_Dormiu bem, Harry?
_Sim, obrigado.- ele respondeu de mau-humor. Detestava quando faziam isso, afinal, o que tinham de tão ruim para falar dele, que não podiam dizer na sua frente?- E você?
_Nem tanto.- ela sorriu.- Eu não conseguia pegar no sono, por causa do calor. Não é Rony? E você, como dormiu?
_Muito bem.- o ruivo respondeu, em uma tentativa frustada de manter a conversa.
Harry saiu emburrado da Toca, aquele dia. Ele só contara sobre seus sonhos para Gina e Rony, e agora toda a família Weasley parecia saber o que estava acontecendo. A sra. Weasley nunca o abraçara antes, com lágrimas nos olhos, antes dele sair para o trabalho. E nem Rony nunca se mostrara tão atencioso, especialmente quando se tratava do sono do amigo.
_Eu não sonhei com ela essa noite, se é isso que quer saber.- Harry falou irritado, assim que chegaram ao Ministério da Magia, e Rony pareceu relaxar um pouco, por ter conseguido uma resposta sem que fosse preciso perguntar diretamente.
Logo depois do almoço, Harry resolveu visitar Rony e Hermione, como sempre fazia. Não encontrando o amigo na aula de aurores, rumou imediatamente para o escritório de Hermione, na F.A.L.E. Quando se aproximou, através da porta entreaberta, ouviu a voz dos dois conversando, sorriu, eles nunca se desgrudavam. Já ia bater na porta, para não encontra-los novamente em uma situação constragedora, quando ouviu pronunciarem seu nome.
_..., você sabe que o Harry tinha sonhos estranhos antes, Hermione.
_Antes, não é mesmo, Rony? Quando Vol... Voldemort ainda era vivo.- Hermione ignorou o pequeno gemido que o namorado deixou escapar, ao ouvir o nome de Voldemort.- Mas, isso era por causa da cicatriz, do ele que eles tinham. Era um elo muito forte aquele, um feitiço tão poderoso os unindo, tanto que o Harry é ofidioglota por causa...
_Hermione, vamos focar na Luna, ok?- Rony a interrompeu.- Você não acha que o Harry está...
_Está o quê?- ela insistiu diante do silencio dele, e Harry se aproximou mais da porta, prendendo a respiração.
_Bem, o jeito com que a Luna morreu, foi horrível. Eu não contei nem a ele, nem a Gina, mas duas noites atrás eu o ouvi dormindo. Estava indo pegar um copo de água, quando ouvi gritos. Quando cheguei no quarto o Harry gritava e chorava, me deu arrepios, ele parecia conversar com ela, chamando por ela. Você não acha que ele... enlouqueceu, ou acha?
_Eu... não sei, Rony. O que você está me contando é muito sério. Você não contou mesmo para ele?
_Não, achei melhor contar para você primeiro.
_Bem, é melhor não falarmos nada, até descobrirmos alguma coisa, afinal, somos os melhores amigos dele...
Harry se afastou da porta, o coração disparado. Sim, eles eram seus melhores amigos, e se estavam achando que ele enlouquecera, o que pensariam o senhor e a senhora Weasley? E pior, o que pensaria Gina? Ainda tremendo, ele se afastou para seu escritório. Mesmo que sonhasse novamente com Luna, não iria contar nada a ninguém. Ele não estava louco só estava... confuso. Aquilo, com o tempo, passaria, se já não tivesse parado. E concentrando-se no chão, sem olhar em volta, voltou para a Seção de Aurores.
xxx
Aquela noite, Harry estava encontrando muito dificuldade para dormir, havia posto um feitiço silencionador na porta do quarto, só por garantia. Mas, Luna não viria visita-lo, aquela noite, como não fizera na anterior. O que quer que fossem aqueles sonhos, já havia terminado. Depois de meia hora se revirando, Harry resolveu descer para tomar um copo de água. Estava mesmo quente aquela noite.
Bebendo dois copos cheios, ele se encostou na pia com os olhos fechados, abrindo a porta que dava para o jardim, assim estava melhor. Foi quando sentiu algo além da pequena corrente de ar, que entrava pela porta aberta, e abriu os olhos. Seu coração disparou, e ele derrubou o copo no chão, de susto. Parada a sua frente, estava Luna. Ela o olhava atentamente, sem falar nada. Ele deu dois passos na direção da porta, pensando em fugir. Mesmo que não quissesse admitir, estava com medo. Aquela não podia ser Luna, ela não era um fantasma, não era transparente nem nada. Imediatamente se lembrou dos Inferi, seu medo aumentou. Mas, o corpo de Luna havia sido enterrado, ele vira, estava no funeral quando abaixaram o caixão. Então, como podia ser? Ela parecia tão sólida, e... normal. Normal para Luna Lovegood, mesmo assim, não parecia um zumbi que houvesse levantando de sua cova.
_Luna? É você?- ele gaguejou.
Ela sorriu, fazendo que sim com a cabeça, sem dizer uma palavra. Se ela fosse mesmo um Inferi, não estaria ali, parada, apenas o olhando como sempre olhara. Com aqueles grandes olhos cinzentos, em que ele podia se ver refletido.
_Mas, como?- ele insistiu, mais calmo. Ela parecia tão traqüila, era quase como se passasse a tranqüilidade dela para ele. Então, ele riu. Desde a morte dela, ele vinha se sentido um pouco culpado pelo acontecido, mesmo que não tivesse contado nada a ninguém. Mas, agora, ali estava ela, parecendo tão bem! Ele sentia um certo alívio por dentro, mesmo não entendendo como ela podia estar ali, mas naquele momento aquilo não parecia importar.- Luna, não acredito que finalmente você está aqui! Por onde esteve? Todos já estavam achando que eu tinha enlouquecido, e eu mesmo estava começando a achar, mas você está aqui agora.
Ela continuou sem falar nada. Apenas sorriu mais, um sorriso muito doce, ainda o olhando no fundo dos olhos, com seus olhos enormes que ele sempre achara tão fascinates. Luna então, se aproximou lentamente. Ele não estava mais com medo, porque teria medo dela? E ela apenas se inclinou pata frente, como se fosse beija-lo. Foi quando abriram a porta, assutando Harry, que se virou para ver quem era aquela hora da noite. Rony entrou:
_O que aconteceu?- o ruivo perguntou.- Ouvi um barulho, depois sua voz. O que estava fazendo?
Harry se virou imediatamente para a frente, para mostrar-lhe Luna, mas ela já havia ido. Pela porta ainda aberta, entrava um vento frio que lhe deu arrepios. Ouviu quando Rony fechou a porta do jardim, sem falar nada. Mas, como poderia falar? Dizer que Luna estivera ali, que conversara com ele, que parecia estar bem? Rony provavelmente pensaria que ele havia mesmo enlouquecido.
_Não aconteceu nada.- Harry mentiu.- Eu apenas derrubei o copo, e xinguei alto demais. Desculpe, já vou dar um jeito nisso. - e com um aceno da varinha, os cacos se juntaram em um copo novamente.
_Certo.- Rony concordou, ainda parecendo desconfiado, olhando de Harry para a porta aberta.- Eu vou voltar para a cama, então.
_Eu já estou indo.- Harry respondeu, quando o ruivo fez mensão de o esperar.- Vou só beber mais um pouco de água.
Rony saiu exitante, como se quisesse ficar e falar algo para Harry. Mas, pareceu pensar melhor, e simplesmente foi embora. Harry soltou o ar pela boca, relaxando, e sentando em uma cadeira. Luna estivera ali! Como, ele não saberia dizer. Mas, ela parecia bem, e melhor, não parecia odia-lo pelo que tinha acontecido. Na realidade, ouve um momento, antes que Rony entrasse, que ele achou que ela iria beija-lo. Aquela noite, lhe trouxe uma lembrança muito antiga, de algo que acontecera a muito tempo, momentos antes da Luta Final contra Voldemort, ali mesmo, na Toca.
7 meses antes
Harry ajeitava a roupa rapidamente, guardando sua varinha no bolso. Suas mãos tremiam, e segurando o pulso, ele parou por um instante, tentando se acalmar. Eles haviam encontrado, depois de meses de busca, o esconderijo dos Comensais da Morte, onde, provavelmente, o próprio Voldemort estava escondido. Aquela podia ser a noite, em que tudo acabaria, em que mataria Voldemort. O motivo pelo qual nascera. E se sobrevivesse, e ganhasse a luta, ganharia algo mais, sua liberdade. Finalmente poderia ser uma pessoa normal.
A porta se abriu, e ele se assustou, achando que já era Lupin ou Rony o apressando. Mas, para sua surpresa, era Luna. Ela ficou parada por um tempo, na frente da porta, o encarando, a varinha pronta atrás da orelha. Então, sem uma palavra de ambos, ela correu até ele e o abraçou com força, pegando-o de surpresa. Ele não soube o que falar ou fazer, apenas ficou ali, sentindo o abraço dela.
_Luna...- ele murmurou confuso.
Foi o bastante para ela solta-lo, parecendo levemente constrangida. Ela então o olhou, com aqueles olhos enormes que ele já não considerava esquisitos, sorrindo. E sem uma palavra, ela apenas abriu a mão direita dele, forçando algo, e a fechando antes que ele pudesse ver o que era.
_Para dar sorte.- ela murmurou fracamente.
Foi quando bateram na porta e assustados, como se estivessem fazendo algo errado, Luna e Harry se viram para ver quem era. Rony entrou, parecendo verde sob as sardas.
_Está na hora.- o ruivo falou com um fio de voz.- Lupin está chamando, todos já estão lá embaixo, prontos.
E saiu. Harry ficou parado, o coração pulsando de expectativa. Então, lembrou-se que Luna lhe dera algo, e abriu a mão. Era o colar dela, de rolhas de cerveja amantegada, que ele a vira usar no dia em que se conheceram.
_Obrigado.- murmurou com um sorriso, e quando ergueu os olhos, apenas viu os cabelos dela enquanto se distanciava, uma coragem inteiramente nova enchendo seu peito. De alguma forma, ela sempre conseguia faze-lo se sentir assim, como se a esperança não houvesse deixado o mundo, mesmo em uma noite como aquela.
Never coming home
(Nunca voltando para casa)
Never coming home
(Nunca voltando para casa)
Could I, should I
(Eu deveria, eu poderia?)
And all the wounds that are ever gonna scar me
(E todas as feridas que não irão me cicatrizar)
For all the ghosts that are never gonna catch me
(Por todos os fantasmas que nunca irão me pegar)
N/A- Espero que tenham gostado, e sentido um pouco de calafrios. Não medo, não tem como se ter medo da Luna. Eu estou tentando demonstrar que, mesmo que nunca tivesse percebido, o Harry sempre sentiu um carinho especial pela Luna. Vocês já repararam como ele sempre descreve os olhos dela, ele não faz isso com nenhuma outra garota, nenhuma descrição detalhada, só com a Luna. Repararam também que, sempre que eles tem uma conversa, ele se sente melhor? Foi isso que tentei mostrar nesse capítulo. Espero que estejam gostando, já que o final está próximo. Beijos, Mary.
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