Segundo Pesadelo
At the end of the world
(No fim do mundo)
Or the last thing I see
(Ou a última coisa que vejo)
You are never coming home
(Você nunca vai voltar para casa)
Never coming home
(Nunca vai voltar para casa)
Could I, should I
(Eu deveria? Eu poderia?)
And all the things that you never ever told me
(E todas as coisas que você nunca me contou)
And all the smiles that are ever, ever, ever
(E todos os sorrisos que sempre estão...)
Harry se viu novamente andando em meio aos escombros. Estava tudo escuro, e destruído, a fumaça não o deixava enxergar direito. Ele procurava algo desesperado por entre os destroços e os corpos. Enquanto andava, ia se sujando de sangue e poeira, no que reconhecia ser os restos do Ministério da Magia. Um vulto passou atrás dele, e Harry se virou assustado. Mas, o vulto foi embora, a urgência de encontrar o que quer que fosse aumentou, e ele começou a se desesperar, revirando as coisas a sua volta. Um grito preso em sua garganta.
Então, Harry ouviu passos e se virou a tempo de ver alguém se aproximando. Uma paz se espalhou por seu corpo quando Gina chegou a seu lado e segurou seu braço, ele sorriu carinhoso para namorada. Então, subtamente percebeu que não era Gina quem procurava, ela sempre estivera ali. Gina pareceu perceber o mesmo, abaixando a cabeça, ainda sem largar o braço de Harry. E quando ela ergueu a cabeça, seus cabelos deixaram de ser ruivos, e se tornaram loiros e longos. Seus olhos desbotaram do castanho para o cinzento, aumentando de tamanho. E quando ela ergueu totalmente a cabeça, o encarando, não era mais Gina que estava ali. Era Luna.
_Luna...- ele engasgou, não a via à tanto tempo!
_Harry...- ela falou em uma voz distante.- Não se preocupe... eu ainda estou aqui.
Ele acordou com um pulo, em sua cama na Toca. Seu corpo inteiro arrepiado, um frio correndo por sua espinha. A imagem dos olhos dela, a voz dela, não saiam de sua cabeça. Ele se levantou, acendendo a varinha e examinando o quarto. Mas, não havia nada ali. Ele suspirou, olhando o relógio. Eram quatro da manhã, em duas horas precisava se levantar para ir ao trabalho. Mas, Harry não conseguiu dormir o resto da noite, todas as vezes que cochilava, a imagem dela voltava, fazendo-o pular de susto.
Ele foi para o Ministério da Magia com sono e mau-humorado na manhã seguinte. Correu direto para seu escritório, sem olhar em volta, com medo de vê-la outra vez. Ele se concentrou tanto no trabalho, que não saiu nem para visitar Rony e Hermione. Fora preciso Gina aparecer, no meio do horário de almoço, para tira-lo dali.
_Você vai almoçar comigo hoje.- ela mandou, arrastando-o pela manga do casaco, até um restaurante trouxa a alguns quarteirões do Ministério.
Eles entraram no restaurante, sentaram em uma mesa e fizeram os pedidos. Harry então ergueu os olhos, e viu Gina encarando-o atentamente.
_O que foi?- perguntou constrangido.
_Eu é que tenho que te perguntar isso. O que aconteceu?
_Não sei do que está falando.- ele resmungou, disfarçando.
_Você sabe muito bem que tem algo errado.- ela disse, estendendo a mão por cima da dele, e acariciando-a. - Eu te conheço Harry, você está muito distraído hoje. Por favor, me diga o que está acontecendo com você.
Ela pediu de uma forma tão carinhosa, realmente preocupada com ele, que Harry não conseguiu se impedir de contar. Afinal, Gina era sua namorada, a pessoa mais próxima dele, para quem contava tudo, com quem dividia tudo. E por que não aquilo também?
_Eu... eu sonhei com a Luna anteontem.- Harry engasgou. De alguma forma, parecia errado dividir aquilo com Gina. Mas, ela o olhava atentamente, incentivando-o a continuar.- E hoje também. E... eu acho que a vi no Ministério da Magia, ontem.
_Mas, não pode ser. Você...- Gina engasgou um pouco - sabe que ela morreu na Grande Batalha contra Você-Sabe-Quem.
_Eu sei!- ele exclamou.- Mas, aparentemente ela não sabe.
_Talvez... a forma que ela morreu...- Gina exitou.- Tenha mexido com você.
_É, provavelmente você está certa.- Harry se encostou na cadeira, esfregando o rosto.
Ele não contou a Gina sobre o sonho, em como ela se transformava em Luna, e nas palavras que o deixaram inquieto. Por que estaria preocupado? E, um arrepio passou novamente por seu corpo, por que Luna insistia ainda estar ali?
Eles almoçaram em silêncio, cada um pensando no que poderiam fazer sobre Luna, mas sem se atrever a tocar novamente no assunto. Harry estava muito assustado, não era só a imagem dela que ele via, mas a presença dela parecia estar em toda parte. Até ali, naquele minuto. Gina olhava o namorado, tentado imaginar por que, depois de tanto tempo, ele começara a ter pesadelos com o que acontecera. Talvez ele estivesse em choque antes, mas nunca demostrara nada. Ele se sentira triste e abalado com a morte de Luna, mas daí a vê-la quando ninguém mais podia? Aquilo não era normal.
Gina não pode acompanha-lo de volta para o Ministério, precisava voltar para casa, sua mãe já devia estar preocupada.
_Vejo você mais tarde.- ela sorriu para Harry, ficando na ponta dos pés, e o beijando.
Harry puxou-a para mais perto, para beija-la melhor. Ele abriu os olhos sorridente, esperando ver doces olhos castanhos encarando-o. Mas, ao invés, viu grandes olhos cinzentos o olhando carinhosos.
_Harry, o que foi?- Gina perguntou, ao ver o namorado ficar pálido, e dar um passo para trás.
_Não é... nada.- ele respondeu tonto e confuso. - Preciso ir, Gina. Estou muito atrasado.
E antes que ela pudesse dizer qualquer outra coisa, ele correu de volta para o Ministério da Magia, a cabeça baixa, sem olhar para os lados.
Harry voltou tarde do Ministério, e embora não quisesse admitir para si mesmo, era porque sentia medo de se encontrar com Gina. Ele teria que dar explicações a ela, coisas que não queria falar. E principalmente, tinha medo de ver Luna, novamente, no lugar da ruiva. Quando Harry entrou na Toca, encontrou Rony e Hermione no sofá da sala, se beijando, a mão dele descendo das costas dela. Ele sentiu-se ficar vermelho, e tentou sair dali, subir para seu quarto, sem fazer barulho. Para o seu azar, porém, Harry se esqueceu de pular o primeiro degrau da escada, que rangia.
_Harry?- Rony perguntou, quando ele e Hermione se separaram em um pulo.
Harry parou na escada, vendo Hermione absolutamente vermelha, se levantando e pegando a bolsa.
_Acho que já vou para casa, Rony.- ela respondeu o olhar interrogativo do ruivo.- Er... oi, Harry.
_Olá, Hermione. Desculpe, não quis atrapalhar.
_Imagine, não atrapalhou nada.- Hermione respondeu ficando mais vermelha, e olhando Rony que fazia uma careta.- Não foi Rony?
_Claro que não.- o ruivo respondeu, mas Harry notou apenas sarcasmo em sua voz.
_Bem, então, estou indo. Até amanhã, Harry, Rony.- e com isso ela desaparatou.
_Desculpe mesmo, cara.- Harry disse novamente a Rony, quando Hermione desapareceu, que se aproximava emburrado com as mãos nos bolsos.
_Tudo bem, antes você do que um dos meus irmãos ou a minha mãe.- Rony deu de ombros.- Eu realmente preciso começar a trabalhar, para poder comprar um apartamento, como a Hermione fez. Assim vamos poder ter um pouco de paz.
_Porque vocês não vão morar juntos?- Harry perguntou surpreso.
_Eu não quero que saiam dizendo que minha namorada me sustenta.- Rony respondeu bravo, então viu Harry erguer as sobrancelhas, e acrescentou rapidamente.- Não quero dizer que a Gina te sustenta! Eu sei que você só mora aqui, porque mamãe quer cuidar de você.
_Tudo bem.- Harry deu de ombros, sentando no sofá antes ocupado pelos dois amigos.- Talvez eu devesse mesmo começar a procurar um lugar só para mim.
_Harry, você está bem?- Rony perguntou, sentando-se ao seu lado.- Você não apareceu nem para mim, nem para a Hermione, o dia inteiro. A gente estava mesmo falando nisso, antes de... você sabe.- as orelhas de Rony se avermelharam instantanemante.
_Vocês ainda não cansaram de conversar sobre mim?- Harry sorriu, lembrando-se com saudades dos tempos de Hogwarts.
_Velhos hábitos, sabe como é.- Rony sorriu de volta.- Mas, sério cara, eu e a Hermione te conhecemos, tem alguma coisa errada.
_Parece que todo mundo me conhece ultimamente.- Harry respondeu emburrado, será que ele era tão tranparente assim?
_Somos seus amigos, estamos preocupados. Então, o que foi?
_Não é nada! É só que...- Harry respondeu, encarando as próprias mãos, no seu colo.- Eu tenho tido um bocado de pesadelos, ultimamente.
_Como os da época de Você-Sabe-Quem?- Rony perguntou, a voz subtamente mais tensa.
_Não.- Herry sacudiu a cabeça, ainda encarando as próprias mãos. - Diferentes. Eu tenho sonhado com... com a Luna, na verdade.
_Luna Lovegood?- Rony perguntou surpreso.
_Sim. Ela tem... aparecido para mim. Acho que estou ficando louco.
_Olha, eu não sou a melhor pessoa para falar sobre essas coisas... Quem sabe a Hermione? Mas, será que isso não tem a ver com o modo com que ela morreu?
_A Gina me falou a mesma coisa.- Harry riu.
_Talvez seja isso, talvez... você se sinta culpado pelo que aconteceu.
_Você está parecendo a Hermione, falando assim.
_Não, ela é muito mais esperta.- Rony sacudiu a mão.- Mas, sério! Ela morreu nos seus braços...
_Para me defender... - Harry completou, rouco.
_Isso deve ter alguma influência em você, nos seus sonhos.- Rony continuou, parecendo constrangido.- Não é a melhor forma de ver uma pessoa com quem nos importamos, morrer.
_Sério?- Harry disse ironico, erguendo a cabeça e encarando Rony.
_Olha, Harry. Talvez demore um tempo para você aprender a lidar com isso, mas vai passar. Quero dizer, não tem como ela ter realmente voltado. O fantasma dela nunca apareceu!
_Luna disse para mim uma vez, que as pessoas que morrem nunca desaparecem, elas só estão escondidas, em algum lugar que não podemos ver.
_Harry, sem querer ofender, ela era a Di-Luna. Não que eu queira dizer que as pessoas desaparecem quando morrem, mas daí a estar apenas escondidas? Eu não sei, é muita doideira na minha opinião.
_Talvez você esteja certo.
_Olha, cara.- Rony sorriu, se levantando e pondo uma mão no ombro de Harry. - Porque não relaxa um pouco, e vai dormir. Ela vai desaparecer, eventualmente. Quero dizer, ela não pode assombrar seus sonhos para sempre, não é? Sendo que o espírito dela seguiu em frente, para onde quer que seja que os espíritos vão.
_Você deve ter razão.- Harry suspirou, mas não estava mais aliviado com aquela conversa. Continuava confuso e inquieto.
_Dê tempo ao tempo. Um dia, você apenas lembrará dela com saudades, como uma amiga de verdade.- Rony sorriu, e batendo no ombro de Harry, saiu.
Harry continuou ali sentando, pensando seriamente em não correr o risco, e não dormir. Mas, o cansaço acabou vencendo, e ele teria que ir trabalhar na manhã seguinte. As palavras de Rony eram o seu único conforto, enquanto fechava os olhos, para dormir.
Get the feeling that you’re never
(Sinto que você nunca esteve)
All alone and I remember now
(Completamente sozinho e eu lembro agora)
At the top of my lungs, in my arms she dies
(No auge do meu suspiro, nos meus braços ela morre)
She dies
(Ela morre)
N/A- Esqueci de avisar, essa música Ghost Of You- é do My Chemical Romance
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