“Foi bom enquanto durou”

“Foi bom enquanto durou”



Depois de voltar a seu quarto, Harry tentava lembrar de seu sonho, em vão. Era o mesmo sonho de todas as noites. Talvez alguma coisa de diferente, mas poucas coisas. Ele sempre estava apontando a varinha para alguém, que acreditava ser Voldemort, porém não tinha certeza, pois nunca conseguia ver. Sabia que não estava nos limites de Hogwarts, mas nada além disso.
Ao longe, ouvia alguém gritando seu nome, mas não conseguia distinguir aquela voz. E também não sabia de quem era a mão que ele próprio segurava. Tudo era muito confuso. Antes, quando sonhava com Voldemort, era porque o mesmo estava perto. Mas agora, não havia indícios de que ele estaria próximo dali.
Não sabia como, mas sabia que ele atacaria em breve. “Tem que ser Hogwarts. Qual outro lugar seria de seu interesse?”. Ele precisava conversar com alguém. Lupin! Tinha que falar com ele.
Colocando seu roupão, desceu as escadas silenciosamente, e postou-se em frente à lareira. Ele realmente poderia tentar falar com Remus pelas chamas, mas decidiu que ir até o Largo Grimauld poderia lhe esclarecer melhor algumas coisas.
Subindo ao quarto novamente, tateou seu malão em busca de um saquinho que lhe restara de Pó de Flu. Chegando ao Salão Comunal novamente, jogou um pouco do conteúdo do saquinho na lareira, para ver as chamas vermelhas colorirem-se de um tom de verde.
- Harry?
O garoto olhou para trás e viu uma Gina sonolenta nos primeiros degraus da escada.
- Ei, garotinha. Você devia estar na cama, não?!
Percebendo que havia perdido a chance de ir ao Largo Grimauld, colocou o saquinho no bolso e foi na direção da namorada.
- Eu fiquei meio sem sono...
- Oh, certo... Vamos fingir que eu acredito.
- Ei, é verdade! – disse a garota ofendida.
- Tá bom, tá bom...
- Hum. Mas o que você estava fazendo aqui embaixo? Fugir, por acaso?
Ele enrubesceu com a pergunta. Sabia que não poderia respondê-la sem levantar suspeitas.
- Ahn, eu também estava sem sono, e quando fui procurar um livro meu lá em cima, não achei... Então resolvi procurá-lo aqui embaixo...
- Ah, e você decidiu procurar na lareira? Que lugar mais propício para se achar um livro!
- É... Acho que sim.
- Harry, o que está acontecendo? Você está muito estranho. É a sua cicatriz?
- Porque todos perguntam da maldita cicatriz? – o garoto ficara irritado. – Porque não conseguem me deixar em paz?
- Calma, Harry, nós só nos preocupamos.
- Ah, e eu passei a vida inteira tendo pessoas que se preocupam. Não podem me dar um tempo agora?
- Harry, nós queremos ajudá-lo!
- Talvez eu não precise de ajuda!
A conversa começava a ficar alta, e atrair alguns alunos curiosos para a Sala Comunal.
- Olha, se você está estressado ou seja lá o que for, é seu problema! Mas não fique descontando em mim!
- Eu não descontaria em você se você não tivesse metido o nariz onde não deveria!
- Ah, quer dizer que eu não preciso me preocupar com o meu namorado?
Os dormitórios se esvaziavam cada vez mais. Uns apostavam que o garoto iria levar um tapa, outros torciam por uma briga feia, e outros, para que eles parassem de brigar.
- Não, não precisa!
- E você não se preocupa comigo, então?
- Mais uma preocupação é a última coisa que eu preciso no momento!
- Basta! O que está acontecendo aqui? – a professora McGonagall entrara na sala. – Vamos, todos indo para seus quartos, agora!
Os alunos, inclusive Gina e Harry, começaram a subir as escadas, em direção aos seus respectivos quartos.
- Potter! Weasley! Venham comigo.
Os dois seguiram a diretora, até sua sala. Sentaram-se um ao lado do outro, mas sequer olhavam-se.
- Algum dos dois pode me explicar o que está acontecendo?
Os dois começaram a falar ao mesmo tempo.
- ...porque ele estava acordado...
- ...e ela ficava se intrometendo...
- ...e ele me chamou de...
- Basta! Será que não conseguem ficar calados por um minuto? Posso perceber que os dois estavam brigando. Casais em Hogwarts. Um perigo. Agora, ouçam-me bem. Os dois vão voltar para seus quartos e eu não quero nunca mais que isso se repita. Entenderam? ENTENDERAM?
- Sim, profª McGonagall. – replicaram os dois em coro.
- Ótimo. Podem ir.
Os dois se levantaram e saíram da sala. Durante todo o percurso até a Grifinória, não trocaram nenhuma palavra. Porém, ao chegar a Sala Comunal, a garota quebrou o silêncio.
- Harry, o que você sente por mim?
- Gina, me desculpe, mas eu não estou em condições de te responder agora.
Ela balançou de leve a cabeça. – Não é o suficiente.
- Me desculpe.
- Então, eu acho melhor nós acabarmos com tudo de uma vez.- Acho que sim. – disse ele desabando em uma poltrona.
Ela começou a subir as escadas.
- Ei, Harry. – ele olhou para ela. – Foi bom enquanto durou, certo?
- Sim, Gina. Foi bom enquanto durou.
Chegando em seu quarto, a garota não pôde evitar as lágrimas que lhe lavavam o rosto.
Na sala comunal, Harry se afundava mais na poltrona. Ele a amava, mas não podia desfrutar daquilo naquele momento. Não queria perdê-la ou machucá-la. Tinha de afastá-la ainda enquanto era tempo. Não tinha mais certeza do futuro.


A neblina se espalhava por toda a extensão do lugar. Haviam corpos estirados no chão, e todos que ainda estavam de pé, estavam inteiramente machucados. Um grupo tentava abrigo embaixo de uma pedra. Outros tentavam correr, mas não conseguiam sair do lugar.
A marca negra brilhava no céu.
O garoto tateava o nada, pois não conseguia ver um palmo à sua frente. Ouvia alguém chorando, mas mesmo que fosse na direção do lamento, nunca chegava até ele. Até se esbarrar em alguém. Instintivamente, empunhou sua varinha. Constatou que esbarrara em quem estava chorando. Era uma garota.
- Olivia?!
- Não me deixa sozinha por favor. Não deixe que ela morra. Não deixe que ele a mate... – era tudo que ela conseguia dizer por entre os soluços.
- Ele quem? Quem ele está tentando matar.
Ela apontava na direção de sua esquerda. – Só não deixe que ela morra, eu te suplico!
- Ahhh! – o choro cessara. A garota desabara em seus pés, e tudo que os unia era sua mão que segurava fortemente a dela. Percebeu que o feitiço era para atingi-lo e não a ela. Esforçou-se para ver o que havia na direção que ela lhe apontara. Só conseguiu distinguir um vulto, que crescia cada vez mais. Empunhou sua varinha na direção do vulto.
- Harry, não! Você não pode fazer isso!
Uma das mãos do garoto segurava a varinha; a outra se ocupava em segurar a outra mão.
- Harry, você não vai conseguir! O feitiço não pode atingi-lo!
As palavras já estavam prontas para sair. Ele não poderia segurar por muito mais tempo.
- Eu tenho que tentar – vociferou ele.
- Ele vai matá-lo Harry! Não faça isso! Harry! Harry!!!

- Harry! Harry, me responde!
Finalmente o garoto abrira os olhos. – Mione?
- Harry? Harry, você está bem? Quantos dedos você vê aqui?
- Mione, eu preciso dos meus óculos.
- Ah, aqui estão – ela lhe entregou os óculos. – Você está bem? O que aconteceu?
- Nada, eu apenas... cochilei.
- Hum. Certo. Você estava bem agitadinho para um cochilo.
- Eu tive um sonho. Mais para um pesadelo.
- Ai, Harry, é a cicatriz? Sabia que tinha algo errado! Você parecia tão cansado! – Ela se movimentava de um lado para o outro, como tentando achar uma solução para algo. – Eu já sei! Vou te fazer uma poção para dormir! Hum, mas eu preciso de ingredientes que não são muito fáceis de conseguir, mas eu sempre posso roubar da enfermaria...
- Mione!
- Sim?
- Chega. Você vai me deixar tonto desse jeito. Eu não preciso de nenhuma poção pra dormir. Eu só não dormi bem hoje, só isso.
- É claro que você não dormiu bem! Você ficou a noite toda nessa poltrona aí? – ela apontava para a poltrona em que ele estava sentado.
- Hum... Sim. Além do que, essa foi uma noite bastante movimentada.
- Oh, é verdade. Você quer conversar?
- Não, obrigada Mione. Mas, nós podíamos tentar pegar o resto do café da manhã... Porque você não vai descendo, e eu vou daqui a pouco?
- Hum, acho que tudo bem... Mas se você não aparecer...
- Já sei, já sei que você vai fazer algo pra me impedir de jogar Quadribol... A gente pula essa parte.
- Bom, já que você já sabe, eu vou indo. Te vejo daqui a pouco.
- Até.
Depois que ela deixou a sala, o garoto subiu para o seu quarto. Ficava pensando no sonho. Que soubesse, ele não conhecia nenhuma Olivia... Não conseguira ver muitas características dela por causa da neblina, mas pudera perceber que era loira. Mas fora esse fato estranho, mais um era conferido àquela noite. Tivera dois sonhos. Será que poderia isso ser um indicador que mais um ataque de Voldemort estava próximo?


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