Prólogo
Florença, Itália.
A tarde estava praticamente perfeita. O “sol das cinco” coloria o céu com tons rosados e avermelhados. A brisa do outono encarregava-se de refrescar o ar. O lago que corria em volta da escola permanecia calmo, e todo o jardim em volta deste era povoado pelos alunos da Academia Didier da Magia.
A tradicional escola italiana de bruxaria abrigava alunos de famosas gerações de bruxos. Alunos que às vezes ligavam os poderes do mundo bruxo aos do mundo trouxa.
Esse era o caso especialmente de um certo grupinho de alunos, que devido à sua ‘influência’ e ‘popularidade’ ganhara o nome de AD ou “Anjos da Didier”. Tal grupo era formado pelos alunos de famílias mais poderosas, alunos considerados os melhores. Eram inteligentes, bonitos e conseguiam tudo o que queriam.
Naquela tarde, cada um dos cinco ocupava-se de uma maneira diferente.
Alana Basille, a ‘cabeça’ do grupo, se reunia com mais algumas garotas do sétimo ano, para planejar a nova sala de leitura da escola.
Vito Fersi, encontrava-se no seu lugar habitual, no campo de Quadribol, se exibindo para as garotas do 2° e 3° anos que soltavam gritinhos à medida que ele descia o suficiente para lhes dirigir o olhar.
Elizandra Villet checava seu guarda-roupa de outono pela trigésima sexta vez.
Arturo Constanza ajudava Elizandra, soltando gemidos de admiração a cada nova peça que via.
E por fim, mas nunca menos importante, Olivia Ricci, a que poderia ser chamada líder do grupo, estava sentada em sua cama, com um bando de jornais ao seu lado.
- Eles vão nos atacar em breve.
- Oh, Olivia, per favore, não comece de novo!
- Eliza, não posso ficar sentada esperando Voldemort nos atacar!
- Dio! Não ouse pronunciar o nome dele assim, Liv! É meio caminho para a desgraça, amore mio!
- [i]Io non ho paura[/i]. {Eu não tenho medo}
- Livia, tu paura alguna cosa? {Você tem medo de alguma coisa?}.
- Arturo, não a chame de Livia. E claro que ela teme algo.
- Ah é, Liza? O quê?
- O pai dela.
No mesmo instante Olivia apontou a varinha para Eliza.
- Nunca mais torne a falar disso – murmurou ela entre os dentes fechados.
- Livia, pare!
Depois de um tempo, ela conseguiu retirar a varinha do pescoço da garota.
-Espero que você tenha entendido bem.
Tendo dito isso, Olivia saiu do quarto.
***
Hogwarts, Inglaterra
- Harry! Ei, Harry!
- Hum, sim?!
- Você está bem? Está parecendo meio... aéreo.
- Estou bem, obrigado Mione. Ahn, onde você disse que o Ron está mesmo?
A garota sorriu.
- Eu não disse. Mas ele está treinando quadribol, eu acho...
- Hum, acho que vou dar uma mãozinha pra ele.
- Oh, mais um pra me abandonar. Tudo bem, pode ir. Eu preciso adiantar algumas coisas de Aritmancia mesmo... Mas, Harry!
- Sim?!
- Como vai a cicatriz? Sem querer te perturbar, mas... Eu só queria saber se você estava bem.
- Não se preocupe, eu estou ótimo.
E com essa frase, virou as costas para a amiga. Foi em direção ao campo de quadribol. O dia estava perfeito para a prática do esporte. Mas no meio do caminho, desviou os passos em direção ao lago, e chegando ao lugar, sentou-se sob uma árvore.
Não, ele estava longe de estar ótimo. Não conseguia dormir na maioria das noites, e quando conseguia duas ou três horas de sono, elas eram povoadas pelos pesadelos de sempre. Ele tentava acalmar-se, dizendo que eram apenas sonhos. Mas falava da boca para fora, pois sabia muito bem que eram visões e previsões.
Ele realmente tentava, todas as noites, esvaziar a mente, como Snape e Dumbledore lhe ensinaram um dia. Do primeiro, restava ódio. Do segundo, lembranças e saudades.
Ele realmente sentia a falta do diretor. Era uma das únicas pessoas nas quais podia confiar, e também de quem Voldemort ainda conservava um certo medo. E agora, Harry perdera mais alguém que amava. Era uma maldição para os que estavam a seu redor, disso não lhe restava dúvida.
***
- Não! Você não pode fazer isso!
- Harry, não!
Uma das mãos do garoto segurava a varinha; a outra se ocupava em segurar uma outra mão.
- Harry, você não vai conseguir! O feitiço não pode atingi-lo!
As palavras já estavam prontas para sair. Ele não poderia segurar por muito mais tempo.
- Eu tenho que tentar – vociferou ele.
- Ele vai matá-lo Harry! Não faça isso!
Harry Potter acordou suando. Mais uma noite de sono lhe era levada. Mas agora, ele já podia afirmar que o que antes era uma hipótese, agora estava para se tornar um fato.
- Torta de chocolate.
Era de opinião geral que desde que a Professora McGonagall se tornara diretora, as senhas que faziam a gárgula da sala do diretor se mover haviam decaído consideravelmente.
Além disso, ainda era estranho para os alunos, abrirem a porta e não verem o diretor de barbas longas ou sua fênix em seus lugares “habituais”. Não, na verdade, duvidavam que a sala fosse voltar a ter o mesmo espírito de antes. Se tornara deprimente ter que subir as escadas, sem a perspectiva que Dumbledore te olharia sob os oclinhos de meia-lua e te reconfortaria com suas palavras firmes e calmas.
Mas era necessário passar por isso em situações de urgência.
Três batidas à porta sucederam a entrada de um jovem com uma cicatriz de raio à sala.
- Senhor Potter! O que faz acordado até agora?
- Boa noite para a senhora também, Professora. Tenho alguns... assuntos que gostaria de comentar com a senhora.
- Bem, como o senhor já está aqui, prossiga.
- Eu tive algumas visões. Hum, digamos, mais como previsões. Voldemort atacará novamente.
- Oh claro, senhor Potter. E como chegou a essa conclusão? Talvez porque ele venha atacando todos os lugares possíveis e imagináveis desde o último ano?
- Professora, o que eu estou querendo dizer é que ele atacará Hogwarts.
- Senhor Potter. Entenda uma coisa. Voldemort acabou de nos atacar. Realmente não acho que é de seu interesse atacar-nos novamente tão rápido assim.
- Mas ele vai, professora!
- Senhor Potter, faça-nos o favor de guardar suas opiniões para o senhor. Agora se puder me dar licença, tenho alguns assuntos a resolver.
O garoto se levantou, porém continuou imóvel onde estava. Não podia acreditar que McGonagall tinha outras preocupações mais importantes que a segurança de seus alunos. Simplesmente não fazia sentido. Nada seria igual depois de Dumbledore. Hogwarts nunca seria mais a mesma. Então ele percebeu que se quisesse fazer algo para proteger a escola, teria que agir por si mesmo.
***
- Mestre, tentaremos Hogwarts novamente?
- Não, não. Será inútil atacarmos Hogwarts agora. Eu preciso dela agora. Sua mãe me prometeu, porém ela não quer cumprir. Teremos que conseguir por um meio, digamos, um pouco mais... violento.
- Vamos obrigá-la, senhor? Podemos enfeitiçá-la. Cruciatus ou Imperius nunca nos deixou a desejar.
- Ah não, Lucius. Ela é forte demais para Imperius, e não quero conseqüências muito ruins com Cruciatus. Precisamos de algo que nos dê poder para barganhar... Quero tê-la em minha mão.
- Quem é ela, Mestre?
- Ah, Nagini sabe o que fazer. Como não me lembrei de Didier? Lucius, avise os comensais. Faremos mais um ataque.
- Quem nós queremos, Mestre?
- Queremos Caroline, Lucius. Agora vá fazer o que te mandei.
O comensal saiu da sala. No corredor, seus joelhos cederam por um momento. Mesmo após 17 anos, ainda não conseguira perdoá-la. O orgulho ferido de Malfoy voltara a incomodá-lo.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!