Entre Convites e Sonhos
By Marmaduke Scarlet
Capítulo 1 – Entre Convites e Sonhos.
I know I stand in line until you think
You have the time to spend an evening with me.
(Eu sei que ficarei esperando
Até você achar que tem tempo de passar uma noite comigo)
(…)
I practice every day to find some clever lines
To say to make the meaning come true.
(Eu pratico todos os dias para achar algumas linhas inteligentes
Para dizer, de modo que o significado se torne verdade.)
Nancy e Frank Sinatra – Something Stupid
“Um dia vão lhe fazer uma pergunta à qual você deve responder sim.” – Do velho ano de 97.
Ela era linda.
A garota mais linda da escola inteira.
Para mim, pelo menos. Sim, porque essas coisas de garotas mais bonitas da escola são uma coisa muito relativa. Eu acho-a a mais bonita, já o Frank é capaz de sair no tapa se alguém retrucar que Alice não é a mais bonita, e na cabeça - doente, diga-se de passagem - do Snape, não existe ninguém mais perfeito que a Lula Gigante, com todo aquele óleo de peixe dela e tal.
De fato, se você for parar pra pensar, eles até que combinam. Embora o resultado seja meio... Oleoso. Snape e a Lula, quero dizer. Não Frank e Alice.
Mas a minha garota mais linda - que de fato era a mais linda - era mais do que bonita. Lily era simpática, doce, meiga... Tudo bem, talvez não fosse exatamente a pessoa mais calma, mas isso não fazia muita diferença.
Lily era capaz de ser legal até quando não queria ser - embora ela tentasse realmente não ser legal com algumas pessoas.
E, para a minha infelicidade, os garotos da escola não eram cegos, surdos, ou tampouco eram gays, de modo que sempre havia pelo menos uns três permanentemente apaixonados por ela, e pelo menos mais três convidando-a para sair, e enchendo-a de galanteios.
Eu não era - e continuo não sendo - feio. Tampouco era tímido. De fato, parecia que a minha aparência, aliada a minha personalidade, tinha conquistado algumas garotas. Eu tinha alguma experiência, eu sabia lidar com elas. Às vezes eu não acertava de primeira, mas no fim as coisas sempre acabavam dando certo.
E, por Merlin, eu não era nenhum pouco convencido.
Eu, eu, eu!
Desculpe, eu não consegui me controlar.
O Baile dos Finalistas era o nome chique do Baile de Formatura. Ou foi pelo menos foi assim que o Remus o chamou. E cada um de nós era...
- Convidado a convidar alguém. - Remus anunciou, solenemente, de pé no meio do nosso dormitório, na fatídica noite de terça feira.
- Como é que é? - Sirius jogou para o lado a revista sobre motocicletas que tinha conseguido com Arthur Weasley, através da namorada dele, Molly.
- Você é intimado a levar alguém.
Ótimo.
- Espera, e se o número total de estudantes convidáveis seja ímpar? Alguém vai sobrar!
Sirius me olhou com uma preocupação debochada.
- Prongs, quantas vezes eu preciso te dizer que comer cogumelos alucinógenos não faz bem para a sua cabeça?
- Não, é sério, Sirius. Se for ímpar, alguém vai sobrar e...
- Não vai, Jim. Pode ficar tranqüilo. - Remus declarou, enquanto tirava os sapatos de qualquer jeito. - Agora, Sirius, chega de leitura. Desliguem as luzes que eu quero dormir.
- São recém onze horas, mamãe. Você não espera realmente que eu vá dormir tão cedo, né Moony?
- Eu não espero nada. Você vai dormir agora, ou vai lá pra baixo.
Sirius resmungou qualquer coisa, e jogou a revista para fora da cama, se enfiando nas cobertas.
- Prongs?
- Hum?
- Posso apagar a luz?
- Pode.
Com um feitiço, as luzes do dormitório se apagaram, com exceção de uma única vela, na minha mesa de cabeceira. Eu não durmo no escuro. Sou míope, e me sinto completamente cego se desligo todas as luzes na hora de dormir. Por isso, a vela sempre fica acessa.
Deitado de barriga para cima, eu observava as formas que a luz bruxuleante formava no teto.
Se eu tivesse coragem de convidá-la...
Já podia ver a nós dois dançando no pomposo Baile dos Finalistas.
Gárgulas Galopantes, que título ridículo para um baile de formatura. Parece o nome de algum concurso de dança ou coisa do gênero.
Eu só espero que eles não contratem Celestina Warbeck para cantar no baile. Sirius vai surtar se tiver que ouvir "Um Caldeirão Bem Quente e Forte" ou seja lá qual era a música da mulher.
Seria engraçado.
Não, James, não seria. A ruiva não poderia ver jamais o Sirius surtado. Não seria nenhum pouco romântico.
Teria que sair tudo perfeito...
Você iria surpreendê-la com a sua extraordinária capacidade de dança, e depois, quando a noite começasse a ficar alta, vocês dois iriam para um lugar mais reservado, e tomariam um drink ou dois... E então, quando baile estivesse por acabar, você a beijaria, fazendo-a se apaixonar perdidamente por você.
É, seria um bom plano...
Merlin, porque estou bocejando? É cedo ainda... Eu não estou com sono...
Onde eu coloquei a varinha? Como vou apagar essa vela...
Que droga, estou com tanto sono...
Eu desci inspirado naquela manhã.
Otimista, com um humor excelente, animado a ponto de sorrir até para as pedras do chão do caminho até o Salão Principal.
Tinha me preparado a manhã inteira. Durante o banho, enquanto me vestia e até mesmo enquanto arrumava a mochila - não que eu arrume minha mochila de fato, mas enfim.
Estava pronto para ir para a batalha.
Adentrei no Salão com o meu melhor sorriso. O mais genuíno. Não o carregado de charme, porque ela não gosta muito, mas o outro, totalmente natural.
Aproximei-me da mesa do café da manhã rapidamente, meus olhos procurando por ela. Encontrei-a sentada tomando café com uma amiga, perto da mesa dos Professores. Sentei-me em um dos tantos lugares vagos que havia na frente dela, já que o Salão estava meio vazio.
- Evans? - chamei. Ela largou a xícara de chá que bebericava no pires delicadamente, e me encarou.
- Sim?
Eu engoli em seco. Avante, James, coragem! O pior que pode acontecer é ela dizer não.
- Minha flor! - Bertan Aubrey, aquele idiota metido a conquistador, se aproximou dela, com aquele sorriso que ele acha que é sedutor, mas que na verdade é ridículo de tão forçado. Um qualquer sem o menor senso de estilo, sem a menor classe, sem a menor elegância. Sei que não sou o melhor cara da escola, mas modéstia a parte, sou extremamente melhor que esse pé-rapado aí.
Pegando a mão delicada e elegante da ruiva, o imbecil depositou um beijo ali. O que chega a ser um completo ultraje, por Merlin! Ele deveria ser morto e esquartejado por ousar encostar-se à ruiva!
- Bom dia, Sr. Aubrey.
- Quantas vezes vou precisar pedir que você me chame de Bertan, querida?
Mas era só o que me faltava! Esse... Esse... Esse boçal deu para usar as MINHAS frases agora! Como se ele tivesse o mínimo de classe, requinte e inteligência para isso!
- Ao menos mais uma vez, Sr. Aubrey. - Lily respondeu, sem nem ao menos olhar para ele.
Bem-feito!
- Meu docinho de abóbora... Você quebra meu coração assim. - blábláblá, váparaoinfernoAubrey.
- O que você quer?
Ele se ajoelhou, ainda segurando a mão dela.
- Raio de luz do meu dia-a-dia, você me daria a imensa honra de ir ao baile com você?
Eu.não.acredito.nisso.
A ruiva suspirou e forçou um sorriso triste.
- Desculpe Aubrey, é que eu já vou com outra pessoa.
Eu.realmente.não.posso.acreditar.nisso.
E então...
Por favor, música de suspense.
Não, calma, não foi nada disso! Eu juro solenemente que não matei ninguém!
A musiquinha era apenas para descontrair.
Enfim.
Estava eu lá, com meu coração partido, meu otimismo matutino dançando pelado nos anéis de Saturno, juntando os cacos da minha dignidade, quando, de repente, Lily Evans se vira para onde eu estou, com todo aquele cabelo lindo balançando brilhante no sol da manhã. Acho que tava com uma cara tão miserável que simplesmente achei melhor, por via das dúvidas, me abaixar e fingir que estava amarrando os sapatos embaixo da mesa.
- Potter?
Por baixo da mesa, eu vi os sapatos de Bertan Aubrey se afastando vagarosamente da nossa mesa.
Ótimo. Já vai tarde.
- Potter? - O rosto de Lily apareceu debaixo da mesa.
- Estou amarrando os sapatos. - declarei.
- Os seus sapatos não têm cadarços. Eu estou vendo daqui.
Ops.
Como era mesmo a regra?
Ah sim. Negue.
- Claro que tem. É que eles são internos, não dá para ver de onde você está. - menti descaradamente, sem me atrever a levantar a cabeça.
- Tá bem. Escuta, Potter, eu preciso que você me faça um favorzinho.
Eu senti o sangue parar nas minhas veias.
Até me esqueci que estava amarrando o sapato, e olhei para ela. COMO É QUE É? Lily Evans me odeia desde... Deixe me ver... O terceiro ano! Ela nunca iria me pedir um favorzinho.
- Por favor. - ela me pediu, mordendo o lábio inferior, com uma cara manhosa. Eu descobri naquele momento que seria impossível tentar negar-lhe alguma coisa.
Mas eu ainda sou um Maroto, rebelde e eternamente inconformado com as regras.
- O que é, Evans? - perguntei, me fingindo de desinteressado.
- É que assim - ela desceu completamente para baixo da mesa, onde eu estava. - Eu menti pro Bertan que eu ia com alguém no baile. Já é a terceira vez que ele me convida, e quer saber quem é. Eu preciso arranjar um par.
- Você quer que eu arranje um par para você? É isso?
Ela rolou os olhos para cima, completamente corada.
- Não. Eu queria que você fosse ao baile comigo.
Eu encarei o meu reflexo no espelho do banheiro mais uma vez.
Eu iria ao baile com Lily Evans.
Lily Evans.
A garota mais linda da escola inteira.
Ou é muita sorte, ou é muita sorte MESMO.
Não consigo acreditar na minha própria sorte. Eu vou ao baile com Lily Evans.
Terei que me esforçar, dessa vez, James.
Afinal, eu vou com a Lily!
Com a Lily!
É, com ela!
Rá!
Sabe, uma vez, eu acho que Lily Evans gostava de mim. Há uns três anos atrás. No quinto ano, acho.
No quinto ano, eu realmente era um idiota. Admito, tá bem? Mas com quinze anos todo mundo é um pouco idiota.
Eu só era um pouco mais idiota que o normal.
E estraguei tudo. E ela me odeia desde então.
Mas Merlin é sábio. E me deu uma segunda chance.
Dessa vez, Lily Evans não terá do que reclamar. Eu serei o perfeito cavalheiro.
- Lily, você gostaria de dançar?
Não, assim, com essa cara de pateta não.
- Bonita a noite, não?
Pelo amor de James, abre a maldita janela do dormitório, e se joga!
- Meu Deus, cara, você é patético.
Obrigado espelho.
Havia música. Uma música alegre, um pouco antiquada, mas alegre. Tipo Dolly Parton¹.
Eu estava com um copo de soda-limonada na mão.
Caminhei por entre as mesas redondas, com toalhas brancas e um arranjo de flores vermelhas que estavam dispostas no meio do campo de Quadribol (?), até encontrá-la.
Tinha um senhor, um senhor mal-barbeado, de vestes azul-pavão² sentando sozinho em uma das mesas. Quando passei por ele, ele me disse: "Mogno, vinte e oito centímetros. Flexível. Em uso há sete anos.”.
E eu assenti. Estranhamente, estava com meu uniforme de Quadribol. O dos jogos, vermelho e dourado, nada discreto.
Andei mais uns passos, passando por uma mesa cheia de cópias do livro "O Abelhão Voador - Aerodinâmica na Natureza".
Então, eu a enxerguei. Lily estava parada do lado de uma mesa comprida, coberta também por uma toalha branca, onde havia soda, uma cafeteira tamanho industrial e algumas bandejas com biscoito comprado pronto. Aveia com pedaços de passas.
Misteriosamente, Lily estava com um vestido azul, com um aventalzinho branco, igual ao de Alice, daquele livro trouxa Alice No País das Maravilhas. Ela sorriu pra mim, e eu lhe entreguei copo de soda-limonada quente que eu tinha na mão. Ela agradeceu, e delicadamente o colocou de lado, como se estivesse guardando uma coisa muito preciosa. Então, se aproximou de mim e me beijou.
Quando eu abri os olhos, o teto do dormitório entrou em foco, ou pelo menos tão em foco quanto podia entrar para um cara que tem sete graus de miopia em um olho e cinco e meio no outro. Virei-me pro lado, pegando os óculos no criado-mudo, e os colocando.
Na mesinha de cabeceira, estava o livro "O Abelhão Voador - Aerodinâmica na Natureza".
¹ Dolly Parton é uma cantora country. A música que James ouve no sonho é "Country Roads Take Me Home".
² E aí? Alguém lembra do bruxo que fica com a varinha de Harry quando ele visita o Ministério da Magia, para a audiência disciplinar? Harry Potter e a Ordem da Fênix, pág. 107.
N/A: Olá, caros leitores dessa fic! Eu estou de volta! Acharam que iam se livrar de mim, né? Bom, sinto muito. Descobri que eu realmente gosto de escrever, e não vou abandonar o fandom tão cedo. Agradeçam às Musas, e a todas as outras pessoas que me incentivaram a ficar! ;)
E voltei com mais uma comédia. Em primeira pessoa. De novo.
Espero que vocês não cansem de primeira pessoa, porque infelizmente para nós, todas as minhas tentativas de escrever fic em terceira pessoa falharam miseravelmente. É sério. E eu fiz muitas tentativas durante esse tempo que estive afastada.
A fic
Essa fic tem uma longa história. Começou a ser escrita como uma song com a música “Something Stupid”, da Nancy e do Frank Sinatra. Depois, se transformou na resposta ao challenge Primeira Vez, do A3V. Mas como era impossível de termina-la – comecei a escrever dia 18 de julho, e dia 20 eu viajei e só voltei dia 2 de agosto, e o challenge encerrava dia 28 de julho, dia do aniversário da minha irmã – eu a deixei de lado, e agora terminei o primeiro capítulo.
Contrariando todas as promessas que eu fiz de nunca mais começar a postar uma fic sem te-la completa no computador, eu estou postando essa fic, e não tenho mais nada dela escrito. Talvez, quando você a chegar a ler isso aqui, eu tenha mais coisa, mas não é certo.
Agradecimentos
À um monte de gente, mas mais especificamente pra minha beta, amiga e consultora, dona Gween Black, que descobriu o significado oculto nos graus de miopia do James :P~ Ah, e a Florynha, minha amiga/review nº 200 em Loucura Platônica.
Bom, chega disso. Até o próximo cap., folks!
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