EPÍLOGO







A festa corria a solta. Muitas luzes coloridas e balões de ar flutuavam ao redor d'A Toca com graciosidade. As crianças brincavam, umas dentro de casa a divertir-se com alguns presentes do aniversariante. Outras do lado de fora, a passear pelos jardins perseguindo gnomos e soltando bombas de bosta. Os adultos eram um caso a parte. Luna e Blaise estavam a discutir sobre o futuro acadêmico de um Bruce que brincava de plantar flores com a pequena Malfoy. Mione estava atarefada na cozinha, enquanto Rony e Dylan conversavam sobre quadribol e todo o resto. Draco estava a observá-la, ao que pareciam eras, e a ruiva não o notava. Parecia inquieta, ansiosa talvez. Passava os braços ao redor de si de maneira contínua, alertando os sentidos do esposo. "Tem algo errado." ele pensou enquanto aproximava-se dela, segurando uma dose de Fire-Whisky.


_Um nuque pelos seus pensamentos. - ele falou ao seu ouvido. Gina pulou de susto, porém sorriu delicadamente aceitando o abraço do esposo pelas suas costas.

_Somente? Achei que você fosse muito rico, sabe... - ela desdenhou fazendo-o franzir o cenho em indignação.

_E eu sou! - ele falou virando-a para si - Só não acho interessante pagar tão caro por algo que você vai me revelar de qualquer maneira...

_Convencido! - ela falou rindo.

_Realista. - ele respondeu altivo, apertando-a mais a si. Estava esfriando ali fora. - Então, vai me dizer o que está te incomodando?

_A mim? Nada. - ela falou tentando parecer convincente, mas falhando ao mordiscar o lábio inferior em preocupação.

_Virgínia. -ele insistiu - o que te preocupa, meu amor?

_Ai Draco. Sinceramente, eu não sei. - ela falou encarando-o nos olhos. - Estive pensando...

_Em quê? - ele perguntou sustentando o olhar.

_Em Lia. - ela disse como se fosse óbvio.

_Não entend...

_Draco. - ela disse o interrompendo suavemente -Lia já é quase uma mocinha. Ela está entrando numa fase confusa, assim como a Norah.

_Continuo sem entender... - ele respondeu sincero.

_É que existem "coisas" que mulheres compartilham entre si, entende? - ela perguntou significativamente.

_Tá me dizendo que ela... - ele arregalou os olhos. A ruiva riu.

_Não, seu tolo. - ela falou ainda rindo - ainda não é mocinha, de fato. Mas já se comporta como uma, afinal. Draco, ela precisa de uma mãe.

_Ela tem você. - ele respondeu óbvio.

_Eu sei. E eu a amo como se fosse realmente minha, apesar de tudo. -a ruiva falou, sentando-se num antigo balanço na varanda, com o esposo ao seu lado. - só estou tentando dizer que apesar de amá-la, eu sinto como se ela não conseguisse confiar em mim. Não do jeito que a Norah confia, ou o Dylan... por Merlin! Até o Luke confia em mim pra perguntar sobre "coisas", sabe... mas ela... não, ela não fala. Só se eu perguntar. - ela falou tudo muito rápido, numa explosão de sensações.

_Virgínia. - ele começou a falar, porém parou um instante para observá-la. A face confusa, os olhos temerosos e úmidos. Ele finalmente entendeu como ela se sentia. Não pôde deixar de sorrir por ela se preocupar assim com a pequena. - você é uma ótima mãe. E Lia te ama, apesar de não falar ou demonstrar com frequência. Você vai se sair ótima quando a hora dessa "conversa feminina" chegar. E por Salazar! Não me comunique quando isso acontecer! - ele terminou rindo, arrancando um sorriso tímido da esposa.

_Obrigada querido. -ela falou segurando o rosto alvo do loiro em suas mãos. - eu amo você. - e beijou-o levemente.






********Nos jardins**********





_Quer parar? - uma ruivinha invocada falava com as mãos na cintura, onde uma fita verde transpassava o vestido branco.

_Parar o quê? - o loiro descabelado, da mesma idade, perguntava com cara de inocente.

_De me seguir, Bruce! Que saco. Parece até minha sombra. - ela falou andando de volta aos arvoredos.

_Só estou cumprindo ordens. - ele comentou displicente, encarando os sapatos. A menina ruiva parou de andar.

_Ordens? -ela perguntou desconfiada.

_Papo de garotos. - ele falou rapidamente.



********FLASHBACK*********


"_E então? - um loirinho de rosto pálido e expressão emburrada perguntava com urgência.

_Pra quê eu ia fazer isso Luke? - um outro loiro, de olhos azuis muito vivos, perguntava sem entender.

_É que eu não quero que algo aconteça com ela, né? - Luka falou impaciente - você sabe como a Norah é meio desligadinha...

_Ela não é desligada! É sensível. - Bruce falou alto, se arrependendo em seguida.

_Tá apaixonado! - Luke constatou brincalhão - hahahahaha

_Tô nada. Ela não faz meu tipo. - ele falou erguendo a sobrancelha - E outra coisa, meu pai disse pra eu não namorar até entrar em Hogwarts.

_E o meu diz pra não namorar nem EM Hogwarts! - Luke falou rindo junto do amigo. - mas e aí? Vai ficar de olho na ruiva pra mim?

_Tá bem, você venceu. Mas eu não vou tomar conta dela toda hora, não sou babá. - o loiro de olhos muito azuis respondeu aos resmungos.

_Certo. Certo...

_Espera, o que eu vou ganhar em troca? - Bruce perguntou de repente.

_Em troca? Bom... - Luke pareceu analisar a situação. "Acho que vai valer a pena para pegar um furo da ruivinha..." - uma volta na minha Firebolt 500.

_Uma volta? Hahaha. Nem pensar. Quero ela por pelo menos, duas semanas. - Bruce falou triunfante.

_Ah, tá bem, Zabine. Duas semanas. Espertinho... - Luke falou resmungando enquanto saía para brincar."




********FIM DO FLASHBACK********




_Que seja! De qualquer forma não me interessa. - Norah falou com pose - pegue sua "sombra" e dê meia volta. Anda, passa! Xô xô.- ela gesticulou com as mãos, o expulsando do caminho.

_Não vou voltar para a festa sem você, Norinha. - ele falou debochado.

_Ok, vamos voltar então. - ela falou contra a própria vontade - Chato. - disse ao passar por ele.

_Eu ouvi isso! - ele disse indgnado, recebendo uma careta como resposta.



Voltaram para o interior da Toca onde os outros se encontravam a abrir os presentes. Lia e Michael jogavam uma divertida partida de Snap Explosivo, onde o menino ganhava de lavada deixando a pequena oriental com um semblante chateado. Luke estava estranhamente quieto num canto da Sala de Estar, apreciando uma tortilha de cenoura e chocolate feita por sua tia Hermione, que conversava com sua mãe e sua Tia Luna num canto mais afastado..




_Luna, acho que você está sendo exagerada. - Mione falou devagar olhando para a loira e para Gina que estava ao lado da mesma. - Não acha Gi?

_Ah, Mione. Sinceramente eu não sei. - a ruiva falou bebericando seu Hidromel - eu tenho quatro filhos e me preocupo com todos da mesma maneira.

_Eu sei, também sou preocupada com o Michael. Mas.... -a castanha pareceu receosa.

_Mi, escuta: eu não sou superprotetora com o Bruce. - a loira começou a dizer com os olhos azuis arregalando-se vagamente - só tenho medo dele se machucar com alguns comportamentos, só isso.

_Luna, querida, você não confia no Zabine? - Gina perguntou sem entender.

_Claro que confio. Não é o Blaise que me preocupa. - ela falou levantando-se nervosamente- é aquela casa! Acho que algo de ruim pode acontecer com o Bruce por lá.

_Porque diz isso? - Mione perguntou fazendo-a sentar-se novamente.

_Blaise me contou que hoje, antes de virmos para cá, Bruce estava conversando com o retrato do avô do Blaise, um tal de Bernard. - ela falou suspirando - e, meninas, o cara não é "do bem", entendem? Tenho medo dele colocar minhocas na cabeça do meu filho.

_Luna, se isso te deixa assim tão preocupada, acho que deveria conversar com o Blaise. - Gina falou seriamente, encarando os olhos azuis da amiga.

_Eu sei. Pretendo conversar com ele ainda esta noite. - ela falou suave, encarando o chão.

_Boa sorte. - Mione desejou sinceramente - tudo vai acabar bem, acredite.

_E falando em acabar - Gina começou a dizer sorrindo - acho que já está na hora de cortar o bolo, não acha? - indagou à cunhada.

_Certo. - a castanha disse levantando-se - OK crianças! - ela gritou de repente - venham cantar os parabéns. Vamos, vamos.



Dylan entrou quando as luzes da Toca já estavam se apagando para começarem a cantar e Virgínia pôde perceber um sorriso de canto de boca do filho mais velho. Draco, Blaise e Rony, que pareciam tratar de negócios a um canto da cozinha, também se aproximaram da mesa, onde um enorme bolo decorado com confeitos coloridos os aguardava. Cantaram os parabéns, com direito a uma chuva de confetes caindo (obra de Luke) na cabeça de todos os presentes.





******Mansão Malfoy******



_Virgínia? - Draco chamou-a pela quinta vez, antes de dormirem. A ruiva estava muito distraída desde o fim da festa.

_Ãhn...sim, querido?! -ela respondeu vestindo uma camisola branca. - o quê? - ela perguntou ao vê-lo analisando-a meticulosamente.

_Você está bem? - ele indagou seriamente, levantando-se. - Estou te achando... distante.

_Sim...é só um mal estar. Vai passar logo. - Ela falou tentando tranquilizá-lo, e falhando miseravelmente. - Vá dormir querido.

_Tem certeza? - ele perguntou carinhando-a na face - você não está...? - ele perguntou num semblante assustado. Virgínia riu.

_Não, com certeza não. -ela falou sorrindo levemente.

_Sabe que pode contar comigo sempre, não é? - ele perguntou ao que ela assentiu com a cabeça. - e que eu estou aqui para espantar os monstros do seu armário, certo? - ele perguntou fazendo alusão ao medo da filha mais nova - Ruiva, estou preocupado com você. - ele falou mais brando, encarando-a. - Conte comigo pra qualquer coisa, tá?

_Sim, fique tranquilo. - ela falou num suspiro pesado. Sem saber exatamente porquê, Draco abraçou-a com força. Virgínia sorriu. Estava segura agora. - Querido? - ela chamou-o ainda no abraço.

_Sim. -ele se afastou para encará-la melhor.

_Está acontecendo algo com o Dylan que eu não sei, não é? - ela perguntou encarando-o. Draco engoliu em seco.

_Não sei de onde você tira essas coisas. - ele comentou displicente.

_E você sabe do que se trata, certo? - ela perguntou analisando-o.

_Eu? - ele engasgou - claro que si...não!! Não! Eu não sei de nada. Pára de perguntar essas coisas Virgínia. - ele falou de mau-humor, entrando debaixo das cobertas rapidamente.

_Não minta pra mim, Draco Malfoy! - ela falou num tom enérgico, mas com um sorriso maroto nos lábios - ah, qual é Draco? Não vai me contar o que tá acontecendo com o meu bebê? - ela perguntou ao ouvido do loiro, num tom suave, quase infantil.

_Óh, está bem! - ele resmungou impaciente - Não devia te contar isso. É contra as regras masculinas dos Malfoy. - ele falava para si mesmo, enquanto virava-se para a esposa, que sorria marota. - Isso não vai sair daqui, certo? - ele perguntou seriamente.

_Draco, está me achando com cara de quê? Eu não vou sair por aí contando nada da vida do meu filho, né? - ela falou meio exasperada - conte-me logo.

_Certo.




******Mansão dos Zabine******




_Blaise? - Luna chamou no meio da escuridão do aposento. Já estavam deitados há alguns minutos, mas a preocupação não deixav a loira pregar o olho - Blaise!

_Uhn... - ele resmungou ainda dormindo.

_Está acordado?

_Não. - ele respondeu aconchegando-se mais nas cobertas.

_ACORDA AGORA BLAISE! - ela gritou fazendo-o cair da cama pelo susto.

_TÁ MALUCA, MULHER? - ele gritou ainda do chão.

_Desculpe. - ela falou numa voz baixa, com o olhar marejado.

_O que houve, querida? - ele perguntou preocupado, esquecendo-se do susto.

_Ah, Blaise. -ela começou a chorar e ele a aninhou nos braços.

_Shiu... calma loira, o que houve? - ele estava começando a se desesperar.

_É que...ah, esqeuce, você vai me achar uma idiota. -ela falou com a voz embargada, afundando o rosto no peito do marido.

_Luna, o que aconteceu? Fala pra mim. - ele pediu afastando-a um pouco, somente o suficiente para ela encará-lo - ande, me conta.

_É Bruce. -ela começou a falar e encarou-o - tenho medo de que algo ruim possa acontecer com ele nesta casa, Blaise.

_Acho que você ficou impressionada com o que eu disse sobre Bernard, não é? - ele perguntou gentil.

_É. Foi isso sim. Não quero que aquele lunático machuque o meu bebê.

_Luna, querida... entenda: Bruce não é mais um bebê. Ele já vai fazer onze anos e logo estará indo para a Escola. Esta casa só vai ser moradia dele nos feriados. Não há motivo para você...

_Mesmo assim. - ela insistiu - estou aflita Blaise.

_Certo. - ele suspirou pesadamente- vou dar um jeito no quadro, ok?

_Promete? - ela perguntou com o olhar infantil.

_Sim, eu prometo. - ele falou abraçando-a, e beijando-lhe os cabelos loiros, pensativo.





********A Toca*********


_Nossa! - Rony exclamava enquanto deitava em sua cama, de barriga para cima - essas crianças fazem uma bagunça danada!

_Realmente - Hermione concordou retirando as sandálias e jogando-se ao lado do marido na cama - sabe em que eu andei pensando?

_Não faço a mínima idéia. -ele disse rindo, encarando-a - conte-me.

_Bom, você sabe que agora que Michael vai para Hogwarts - ela começou a falar, passando o dedo indicador no abdômen do ruivo, levemente - e só ficarão nós dois aqui nesta casa... -ela beijou-lhe os mamilos de leve, causando arrrepios - eu estava pensando... - as pernas entrelaçando-se - se você não toparia... - um beijo no queixo.

_Sim, - ele falou virando-a, de modo que ela ficou por baixo dele, com um olhar surpreso - sim e sim. - ele falou rapidamente beijando-lhe com sofreguidão.

_Ron! - ela falou assim que recuperou o fôlego - vai com calma, ruivo. - ela disse rindo, deixando-o sem graça.

_Ah, qeurida, me perdoe, mas você é muito atraente. -ele falou beijando-lhe a orelhja - e ainda fica me tentando - uma mordida no pescoço - depois de tento tempo em jejum...

_Tanto tempo? - Mione falou num tom de voz engraçado - fizemos amor ontem! - ela exclamou surpresa.

_Então!! Já são quase vinte e quatro horas! - ele falou estupefato.

_Ron, você não existe. - ela disse beijando-o com volúpia em seguida.



**********Mansão Malfoy, quarto das meninas***********




_Acha que ele ainda vai se lembrar? - uma chinesinha perguntou num tom aflito.

_Quem? - a ruiva perguntou sonolenta.

_Meu pai. - a de olhos orientais perguntou fracamente.

_E como que o papai esqueceria da gente, Lia? - a ruivinha virou-se para o outro lado da cama - eu hein. Você cada idéia... - falou resmungando e abraçando Terêncio, o ursinho de dormir, de maneira delicada.

_É... como ele esqueceria? - Lia perguntou para o nada, em tom baixo. Deitou-se novamente, mas não conseguiu pegar no sono. Levantou-se, então, decidida a beber um pouco de água.


Lia sempre gostou dos corredores da Mansão Malfoy, principalmente a noite, quando Norah morria de medo e ela e Luke faziam travessuras para assustar a irmã. "Daqui a pouco faço onze anos..." ela pensou melancólicamente, descendo os degraus de pedra fria da escada, devagar. Olhava tudo ao redor como se fosse a primeira vez que via aquela decoração requintada, mas não o era. Sentia que estava crescendo e isso a assustava. A perspectiva do pai esquecer dela, só porque ela entraria em Hogwarts já lhe tirava o sono. Sempre teve uma boa relação com a mãe, apesar de achar que algo estava estranho, ou errado. Não sabia exatamente o que, mas algo no olhar da mãe a intimidava. "Que bobagem. A mamãe me ama, igual ama o Dylan e os gêmeos. Eu devo estar paranóica!" ela pensava num sorriso melancólico chegando na cozinha.


A noite estava quieta e ventava forte do lado de fora da Mansão. Algumas portas rangiam pelo vento frio e poucos eram os archotes que conseguiam vencer a força daquele vento, mas para Lia nada disso a impressionava. Era tudo tão certo. Tão engraçado, até. A chinesinha terminava de beber o conteúdo transparente de seu copo e voltou sua atenção para a entrada da cozinha. Uma luz tênue iluminava um ponto a frente no corredor. "Que estranho. O escritório está sempre apagado." ela pensou andando calmamente em direção à luz fraca. Reparou que uma frecha da porta iluminava o corredor, dando indícios que alguém estava lá dentro. Mas a pergunta era quem? E qual o motivo de andar tão tarde dentro de casa? Olhou pela estreita fenda de luz e pôde observar o semblante preocupado do pai, com os cabelos platinados caindo-lhe na face, analisando um pergaminho com cara de poucos amigos. "Será que eu devo entrar?" ela se perguntava quando o pai levantou-se de repente, assustando-lhe. Deu um salto para trás de uma estátua do corredor e pôde ver seu pai passando em direção às escadas do andar de cima, resmungando algo como "Inglês idiota" e "Não vai conseguir tirá-la de mim". Ainda pôde ouvir o barulho da porta do quarto batendo com força antes de espiar para dentro do escritório. Vazio. "O que tem nesse papel pra te deixar tão nervoso, papai?" ela perguntou para si enquanto adentrava o cômodo.


Caminhou até a escrivaninha e sentou-se na imponente cadeira de couro negro do pai. Sempre quis sentar-se ali, mas Dylan ou o pai a estavam sempre ocupando. Sentiu-se como Draco sempre a chamava, como uma princesa. Deu alguns rodopios até que lembrou-se do porque estava ali e não no seu quarto. Pegou o envelope pardo em cima da mesa e analisou-o com cuidado. Tinha um carimbo em um idioma estranho. Não era sua língua natal com certeza ou ela teria entendido o que estava escrito naquele carimbo. Dando de ombros, abriu o envelope e retirou o conteúdo. Um pergaminho, desta vez em idioma legível. Leu algumas linhas até que algumas palavras pareceram fazer eco em sua mente. Não podia ser verdade. Não queria que fosse verdade. Não ERA verdade. Em estado de choque levantou-se bruscamente da cadeira e deixou o envelope cair. De dentro dele, escorregou uma fotografia trouxa, de uma mulher grávida. Lia pegou a fotografia, com as mãos trêmulas e os olhos puxados, úmidos. Uma mulher aparentemente feliz com uma grande barriga. A mulher tinha os olhos puxados como os dela, pôde perceber. Ao virar a fotogragia pôde ler claramente as palavras "Ela foi feliz um dia Draco.".


Ainda estava em estado de choque, as lágrimas corriam livremente em seu rosto, quando a porta do escritório se abriu. Um loiro alto, imponente, descabelado e com um olhar perdido a encarava, com a boca ligeiramente aberta. Draco passou a mão pelos cabelos nervosamente, sem saber como começar a falar. "Merda! Devia ter queimado a carta." ele pensou em desespero ao ver o olhar molhado de Lia em sua direção. Seu peito comprimiu mais quando observou a fotografia que a menina agarrava ao peito, enquanto soluçava.


_Lia, - ele começou sem jeito. - querida, o que você faz acordada?

_Vim... - ela falou em meio às lágrimas - vim beber água. O que é isso? - ela perguntou nervosamente - porque esse moço tá dizendo que eu sou filha dele, papai? Quem é essa mulher? -ela perguntou mostrando-lhe a fotografia - porque você nunca me contou que sabia quem eram meus pais de verdade?

_Eu, posso te explicar, querida - ele falou com voz mais firme, e os olhos umedecendo.

_Você mentiu pra mim. - ela falou categórica, enxugado as lágrimas com a palma da mão de maneira violenta.

_Lia... -ele tentou aproximar-se mas ela se esquivou.

_Fica longe de mim. - ela falou nervosa. - você é mentiroso, papai.

_Lia, você está nervosa. -ele falou cuidadoso - eu posso te explicar.

_Eu sempre desconfiei que não era filha de vocês. - ela falava nervosa, com o rostinho molhado - mas unca precisei dizer nada disso porque vocês sempre me trataram como filha de vocês. Mas eu sempre desconfiei, e você nunca me disse nada, pai. NADA!

_Se acalma, filha. - ele pediu ajoelhando-se na frente dela e a segurando pelos braços.

_Eu não vou me acalmar. EU NÃO QUERO ME ACALMAR. VOCÊ MENTIU PRA MIM. - ela falava soltando-se dele e correndo para fora do escritório.

_Lia! - ele levantou-se de um pulo, pôndo-se a correr atrás dela - LIA, VOLTA AQUI!

_Não. - ela falou mais calma do alto da escada - eu odeio você, Draco. - e correu para o quarto, batendo a porta com força.



O loiro suspirou derrotado, sentando-se nos primeiros degraus da escada. Sentia-se fraco, inútil. Uma súbita vontade de chorar veio-lhe a mente, mas conseguiu se conter. "Chorar não vai adiantar nada seu babaca!" ele repetia para si como um mantra. Levantou-se e rumou para o seu quarto. Abriu a porta e encontrou, surpreso, a esposa acordada na varanda esperando-lhe. Virgínia tinha o semblante tenso, e segurava um pergaminho nas mãos. Aproximou-se da esposa e percebeu que ela tremia e que tinha lágrimas presas aos olhos castanhos.




_Virgínia, o que? - ele perguntou ao que ela somente estendeu-lhe o pequeno bilhete. Era curto, porém claro. Com o semblante de choque virou-se para a esposa, que somente desabou num choro descontrolado aos seus pés. - Calma. Ela não vai machucar você.

_Eu me preocupo... com... as... crianças. - ela falou com a voz embargada pelo desespero do pranto - e se ela pegar a Lia? E se ela quiser machucá-la? Draco, eu não quero que nada aconteça com meus filhos. -ela falava desesperadamente enquanto ele a abraçava com força, naquela sacada fria de pedra deixando o pedaço de pergaminho, com a mensagem tão clara e cruel, esquecido no chão próximo a ambos.




"Ainda não acabou, Weasley!"












*****************





N/A: ACABOU GENTE!!!!!!!!!!
Foi muito emocionante escrever esta fic, principalmente este último capítulo. Quase chorei com o desespero do Draco. Enfim... se quiserem saber como ele vai sair dessa e se a chinesa doida vai atacar novamente, acompanhem "Heranças - Jamais duvide do poder que corre em suas veias" .

Pra quem quiser saber como é a fotografia da Cho enquanto estava grávida:




Muito obrigada a todos que leram, comentaram, aos que votaram e aos anônimos, porque suas visitas me trouxeram números! =]
Agradeço de maneira especial à todas as pessoas que rezaram por mim nos momentos difíceis e que me apoiaram quando eu pensei ter perdido meu chão. (Lê-se a morte do meu grande amigo).
PESSOAS vocês moram aqui! *aponta para o tumtum*

Bjokinhas... e ...


C O M E N T E M !!!

FUI.

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