IX - Revelação inesperada



N/A: A pedidos, aqui está uma prévia do capítulo 9. Eu sei que a fic está abandonada à algum tempo, mas me perdoem, por favor!!! Minha criatividade não está colaborando!!! Essa prévia esta curta, mas é uma parte importante da fic. Por favor, me digam se estiver um lixo! Não sei o que eu tenho ultimamente! Não consigo mais escrever decentemente!!!!
Todo caso, espero que gostem.
Surpresinha de Natal depois da prévia! xD
Eu achei por acaso, e como adorei, resolvi dividí-los com vocês!
Beijo
=**

N/A² (02/05/07): Foi o que deu para postar ^^'


CAPÍTULO IX



O parque Sheffield, como Harry já deveria ter previsto, não lhe era nada convidativo. Sussurros estranhos ecoavam por todos os lados. Corujas, ratos, bichos de todo o tipo, contornavam as árvores se escondendo dos novos visitantes.
Harry segurava a varinha disfarçadamente, espiava por cima dos ombros e procurava ouvir qualquer movimento por mais insignificante que fosse. Ron e Hermione faziam o mesmo, observavam em silêncio a escuridão por entre as árvores. A trilha era o único espaço banhado pela luz do sol poente.
O ar era tomado por um forte cheiro de abóboras. Harry notou, enquanto passavam por uma clareira, que ao lado do parque havia uma imensa plantação de abóboras. Enormes, bem cuidadas e de aparência suculenta.

Seu coração pulsava enlouquecido. Harry sentia-se tomado por uma onda gigantesca de adrenalina, mal sentia as pálpebras se fecharem rapidamente para proteger seus olhos atentos. A cicatriz em forma de raio em sua testa formigava agradavelmente, quase como lhe fazendo cócegas.
O nó em sua garganta apertava mais a cada passo. Ouvia, distante, a voz feminina que os dementadores sempre traziam a seus ouvidos. A voz de Lily, a voz de sua mãe, implorando para que poupassem a vida de seu único filho.
Harry tinha certeza de que nada mais seria como antes depois daquele dia.
Ele não tinha muitas lembranças de sua família, mas ali, com certeza, encontraria os vestígios de seu passado. Alguma coisa em seu coração, lhe dizia que havia perguntas que somente Godric's Hollow poderia responder.

A trilha ia estreitando aos poucos e o destino final estava cada vez mais próximo.
Enfim, os quatro chegaram a um ponto sem saída. Ali havia um muro, bloqueando o acesso ao lado de fora do parque, coberto por uma imensa trepadeira.
Harry parou um instante e observou. Não havia como passar. Talvez pulando o muro, pensou ele. Mas era alto demais, e como saber o que os esperava do outro lado? O garoto sentia-se frustrado.
- O que este muro faz no meio do caminho? Como vamos passar? – perguntou Harry, nervoso.
Ele segurou a varinha com mais força. Estava disposto a distrai a Sra. Pumpkins e explodir os tijolos envelhecidos.
- Não se preocupe. – disse a velhinha, sorrindo. – Tem uma passagem bem ali. Ela apontou para um canto escuro escondido sob as árvores. Observando melhor, Harry notou que ali havia uma portinha de madeira, também coberta pelas folhas, pequenina e mal-cuidada. Se aquele não fosse um parque trouxa, aquilo poderia ser uma entrada especial para duendes.
- Nós passamos por ai? – indagou Ron fazendo careta.
- É a única passagem. – explicou a Sra. Pumpkins.
- Pra senhora é fácil...- comentou Ron.
- Nós podemos passar engatinhando, - sugeriu Hermione – é a única maneira.
Harry mal os escutara, dirigiu-se rapidamente para o canto escuro e começou a girar a pequena maçaneta enferrujada. Mas a porta não se mexeu, tantas eram as folhas que lhe bloqueavam.
Por um segundo, houve uma pausa silenciosa. Harry ia pedir ajuda para abrir a porta, mas algo lhe chamou a atenção. Sussurros e o estalar de folhas.
- Vocês ouviram isso? - perguntou o garoto levantando-se de um pulo.
- Isso o que? – perguntou Ron, confuso.
Harry observou por entre as árvores. Nada.
- Havia alguma coisa ali. – sussurrou ele. – Eu ouvi! Pareciam vozes.
- Vozes?! – exclamou Hermione, de repente. – Na-não deve ser nada não, Harry. – concluiu a garota, sorrindo de um jeito estranho.
Harry podia jurar que ela estava escondendo alguma coisa.
- Vamos logo, crianças! – apressou-os a Sra. Pumpkins. – Já está entardecendo!

Como era de se esperar, Harry, Ron e Hermione tiveram de atravessar a minúscula porta agachados, enquanto a Sra. Pumpkins a atravessara tranqüilamente. Ela foi a primeira a passar, seguida por Hermione, Ron e Harry, cuja mente trabalhava sem descanso.
Com o coração disparado e as têmporas latejando, o garoto respirou fundo e sentiu aqueles singelos segundos, em que atravessava a passagem, de uma forma intensa e ansiosa.
Quando enfim o muro alto já não era uma barreira e Harry se apoiava em Ron para ficar em pé, seus olhos viram o que sua mente esquecera de lembrar. Um espaço de terra seca e incultivável se estendia a seus pés. A uma distância razoável separava o grupo de uma imensa pilha de destroços. Harry sentiu os olhos arderem enquanto analisava a cena. Por um instante, era como se um punhal invisível lhe atravessasse peito e, no momento seguinte, uma voz triste e familiar ressoava por sua cabeça. "Foi ai que tudo aconteceu".
Sentimentos esquisitos perambulavam por suas entranhas. Dor, sofrimento, ódio, tristeza, Harry não sabia exatamente o que era, e se existia um nome para aquilo. Só sabia que precisava encontrar um sentimento, uma lembrança, qualquer que fosse, que o mantivesse firme. Não foi preciso esforço. Harry sentiu alguém lhe cutucar o braço esquerdo.
- Você está bem, cara? – perguntou Ron, com um olhar estranhamente triste.
- Quer mesmo continuar, Harry? – indagou Hermione, cujos olhos castanhos demonstravam amizade e uma desconfortável compaixão.
Saber que Ron e Hermione estavam a seu lado era do que ele precisava naquele momento.
- Estou bem, não se preocupem. – respondeu o garoto.
Harry respirou fundo e encarou a Sra. Pumpkins, dando a entender que pretendia prosseguir. Mas, ao retribuir o olhar do garoto, ela simplesmente parou.
- Algum problema? – perguntou Harry.
Ela continuou a fitá-lo e no instante seguinte seus olhos lacrimejaram.
- A senhora está bem? – perguntou Hermione, abaixando-se e segurando os ombros da velhinha, enquanto tentava manter sua cabeleira fora do caminho.
Ela olhou para Hermione e dela para Harry.
- Aconteceu alguma coisa? – perguntou ele, atônito, entreolhando-se com Ron, que deu de ombros.
Passaram-se alguns segundos até a Sra. Pumpkins falar:
- Eu não posso fazer isso, filho! Não posso! – disse ela com a voz embargada e trêmula.
- Por que não? – perguntou Harry curioso. Algo em sua cabeça precisava de uma resposta.
- Porque... porque... – ela fez uma pausa e observou-o mais uma vez. – Porque você não suportaria... você era tão pequeno... tão pequeno.
- Do que a senhora está... – Harry parou um momento.
Não podia ser o que ele estava pensando.
- A senhora sabe de alguma coisa? – perguntou Harry rapidamente.
Seu estômago afundou uns bons dez centímetros naquele momento.
Harry fitou-a, o olhar concentrado, implorando uma resposta até que os lábios secos da Sra. Pumpkins se movessem.
- Eu sempre soube... sempre. – os olhos dela estavam marejados e na sua voz havia um tom de desespero. – Eles eram jovens, tão jovens. Eu não pude fazer nada. Eu vi o relâmpago verde, eu vi! Mas eu... eu não pude.
- COMO A SENHORA SABE DISSO? COMO? – brandiu Harry, que não conseguia mais se controlar.
- Fui eu... eu inventei os boatos... – disse a Sra. Pumpkins, o olhar voltado para o chão, com receio de encontrar os olhos de Harry.
- O QUÊ?
Se havia alguma coisa que Harry queria naquele momento, era saber toda a verdade. Precisava daquela explicação. Ele não pensava em mais nada.
Ron e Hermione ficaram sem ação.
- Eu sinto muito... eles queriam investigar, eles iam descobrir a verdade... o delegado me fez perguntas... mas são trouxas, eles não poderiam...
- COMO SABE SOBRE TROUXAS? COMO... – Harry parou um momento, sentindo um nó na garganta. – Não! A senhora não é...
- Uma bruxa. – completou a velhinha, aos pratos. – Sim, sou uma bruxa. Quando vocês bateram à minha porta eu não fazia idéia... mas quando o vi na mesa do jantar... seus olhos. Verdes como os dela. E seu rosto, seus cabelos. Você é idêntico ao seu avô e ao seu pai.
Harry caiu de joelhos no chão. Seu coração pulsava loucamente. Uma sensação de queda invadia seu corpo inteiro e ele desejava mais do que nunca saber o que estava acontecendo.
- Não é possível... você... o que está dizendo?
- Eu trabalhei para o Potter a minha vida toda. Até o assassinato. – explicou a Sra. Pumpkins, em um tom sério, enxugando as lágrimas. – O Ministério me obrigou a mentir, por favor entenda. A casa estava em ruínas, seus avós enterrados no jardim e os corpos de seus pais sob os entulhos, sem vida. Mas você estava vivo, só você. Então Dumbledore mandou que seu homem de confiança viesse buscá-lo...
- PARE! PARE!!! – gritou Harry, tampando os ouvidos.
O garoto entrou em desespero. Não queria mais ouvir aquilo, não conseguia. Não podia ouvir aquela história, não com tantos detalhes.
Ron se ajoelhou à seu lado, enquanto Hermione abraçava a Sra. Pumpkins, tentando acalmá-la.
- Harry... por favor... se acalma, cara! – pediu Ron, sem jeito.
Harry respirou fundo e repassou tudo que havia escutado. Foi ela, o tempo todo foi ela. A Sra. Pumpkins mentira. Enganara a toda a cidade e o pior: acusara James e Lily de assassinato.
Harry podia acusá-la, descontar toda a sua raiva nela... mas não conseguia.
No fundo algo lhe dizia que havia sido por uma boa causa. Ela só fez o que devia, pensou ele.
- Me perdoe, por favor! – implorou a Sra. Pumpkins, olhando-o com seus olhinhos molhados de lágrimas.
Harry não sabia o que fazer.
Passaram-se alguns minutos em silêncio. Harry mergulhava em pensamentos, Ron e Hermione permaneciam calados, observando, tentando ajudar e a Sra. Pumpkins mirava o gramado, envergonhada.
- Harry... – disse Hermione, interrompendo o silêncio. – eu sei que é difícil pra você... Mas, por favor, não adie mais esse momento.
Harry entendeu o que Hermione havia dito.
Ele procurou Ron, que também lhe acenou com a cabeça, encorajando-o.
Não havia mais como fugir dali em diante, teria de ir até o fim e deixar essa angústia de lado.
- Eu sei... Eu entendo o que a senhora fez. – disse o garoto.
A Sra. Pumpkins, cujas lágrimas secas brilhavam no rosto, sorriu para ele.
- Obrigada, filho. Muito obrigada não sabe o peso que tirou das minhas costas.

continuação do capítulo

Harry respirou fundo. Daquele momento em diante, avançaram calados. Hermione ainda consolava a Sra. Pumpkins, que não se recuperara tão bem das lágrimas quanto esperavam. Ron caminhava ao lado de Harry, quieto, sóbrio. A cada passo parecia mais difícil prosseguir. Os destroços estavam cada vez mais perto. Harry respirava cada vez mais fundo, como se aquilo pudesse conter a ansiedade. E então chegou o momento, o inevitável: Harry teve uma vista completa do que um dia fora seu lar, o único lar que tivera.
Pedaços de madeira apodrecida estavam empilhados ao longo de um grande espaço de terra seca. Haviam restos de móveis destroçados e cobertos de fuligem, mas nada que esclarecesse todas aquelas perguntas. Harry ficou parado, observando, mas logo um impulso levou-o entre os destroços, procurando qualquer vestígio, qualquer objeto, qualquer lembrança.
Enquanto caminhava, algo lhe chamou a atenção. Uma moldura antiga, de bronze, provavelmente. Harry foi em sua direção, mas não chegou perto o suficiente para observá-la melhor.
- Achei uma coisa aqui, Harry!- chamou Ron, que estava agachado a poucos metros do amigo.
Ron segurava um objeto retangular e o observava com grande interesse. Harry se aproximou e o ruivo entregou-lhe o item.
Bastaram dois segundos para que Harry mergulhasse novamente em esperanças.
Era um porta-retrato.Velho e desgastado pelo tempo. A figura em seu interior mostrava um casal de certa idade, que Harry supôs serem seus avós, um casal mais jovem e um bebê. Lá estava a família Potter, sorrindo alegremente. James Potter acenava para a câmera, enquanto Lily, sua esposa, brincava com o filho recém-nascido. Atrás deles, o Senhor e a Senhora Potter, sorriam cordialmente, felizes, realizados. A Sra. Pumpkins não mentira. Tal como Harry era idêntico a James, este era imagem e semelhança do pai. Era impossível não notar, mesmo que a foto estivesse em preto e branco.
Ron levantou-se e deixou que Harry observasse melhor a fotografia.
O garoto não podia mais se conter. Perdera tudo aquilo. Uma família, um lar, toda aquela felicidade graças à Ele, mas o ódio não era maior que a esperança e o conforto que o tomavam.
Um vento gelado soprou forte, o céu escurecia.
Uma voz feminina e desesperada penetrou os ouvidos de Harry. Implorava misericórdia, implorava pela viva do filho, sacrificava a si mesma.
Ai sim a frustração o atormentou. Circulava por suas entranhas como uma cobra venenosa e escorregadia.
Um desejo de vingança se espalhava pelo seu peito. O céu tornou-se negro.
- Harry! – gritou Hermione.
Ele mal a escutara, aquela raiva se apoderara dele. Só sentia ódio e frio, muito frio.
- Harry! – desta vez, Ron gritara tentando chamar a atenção do amigo.
Mas eles pareciam estar tão longe.
Um cheiro de podridão tomou conta do ar. Seria esse o cheiro que exalava aquele turbilhão de desejos estranhos?
Ele olhou para trás. A Sra Pumpkins desmaiara e Hermione a equilibrava em seu colo, enquanto Ron abraçava a garota, protegendo as duas. O ruivo tinha uma expressão dura e segurava a varinha apontada para a escuridão quase completa. Era possível vê-los graças ao patrono que Ron mantinha com esforço. Harry mergulhou em um devaneio conhecido. Eram dementadores.
Pense em algo feliz!, tentou Harry.
Mas não havia nada. Apenas aquele ódio e uma súbita tristeza.
Um dementador aproximou-se dele. Harry pegou a varinha, mas a seguir perdeu-a no breu.
Logo os dementadores a seu redor eram vários. O sufocavam com o ar gélido e aroma de podridão que exalavam.
Morreria naquele instante? Seria esse o seu fim? Lutara tanto para acabar daquela maneira?
É, talvez tivesse sido assim, se uma figura branco-pérola não o tivesse protegido.
Harry não raciocinava naquele momento e passou alguns minutos em profunda abstração. A escuridão se dissipou, mas sua visão continuava turva e seu corpo e mente alheios a tudo. A última imagem que viu, foi a de um vulto nublado vindo em sua direção. Podia jurar que vira mexas de cabelo ruivo.















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