IV- Apenas uma Raposa
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Capítulo IV
- A gente pode dar uma paradinha? Só uma?
- Nem pensar Ronald! Já paramos duas vezes desde hoje de manhã, se pararmos novamente, não chegaremos nunca!
Ron Weasley e Hermione Granger discutiam (pela décima vez naquele dia) enquanto subiam por uma trilha em meio a um bosque isolado. Harry Potter ia andando mais à frente, varinha em punho, observando tudo à volta.
Ron já não se agüentava em pé. Estava exausto de tanto andar, faminto e morrendo de sede. O almoço parecia uma lembrança distante da última vez que vira comida.
Hermione, apesar de fatigada, se mantinha alerta. A garota era movida por puro instinto, atenta a qualquer ruído ou movimento.
- Me explica de novo, Mione. – pediu Ron ofegante. – Por que temos de ir andando? Por que não podemos simplesmente aparatar?
Hermione revirou os olhos, já era a terceira vez que tinha de explicar a mesmíssima coisa.
- Primeiro, - começou ela tomando fôlego. – porque não sabemos exatamente onde fica Godrics Hollow. Segundo: porque poderíamos nos perder um do outro na aparatagem. E terceiro: porque os comensais devem ter meios de descobrir quando um bruxo aparata ou desaparata, e estamos na mira deles, não é mesmo!
- Temos vassouras, - protestou Ron – poderíamos cortar caminho se fossemos voando!
- Está se esquecendo que estamos em um bosque trouxa, - explicou Hermione impaciente. – não em uma floresta deserta!
Ron parou um instante e respirou fundo. Era incrível a lentidão com que as horas se passavam desde que saíram da Toca. Além de tudo, o clima entre os três estava muito tenso. Harry parecia outra pessoa, por vezes pedia que Ron e Hermione o deixassem em paz. Hermione dissera que isso não era de se estranhar, depois de tudo que acontecera, mas Ron sabia que o amigo não estava certo em agir daquela maneira. A dor pela qual Harry passara não lhe dava o direito de permanecer fechado para os amigos. Mas ainda havia algo que Ron sabia que perturbava Harry, por mais que ele não admitisse. Ou melhor dizendo, alguém: Ginny.
- Ron...? Ron? Ron!!
Hermione chamava-o impacientemente.
- Estou ouvindo, estou ouvindo. Calma! – exclamou ele despertando.
- Quer que eu carregue um pouco? – perguntou a garota indicando a enorme mochila esportiva nas costas de Ron.
- Claro que não! – respondeu Ron ofendido, arrumando a postura – Essas barracas estão leves, Hermione. E nós ainda temos o orgulho masculino, não é Harry?
Os dois olharam esperançosos para Harry, que também carregava nas costas uma mochila igual à de Ron, mas ele continuou a andar.
Ron e Hermione se entreolharam.
- Ele está meio... – sussurrou Hermione – distante ultimamente.
- Distante é apelido! – sussurrou Ron em resposta. – O Harry nunca foi assim. Ele está exagerando um pouco. Ta bem que ele tem motivos... mas podia pelo menos falar com a gente!
- É, - concordou Hermione – mas ele está sofrendo demais, Ron. Primeiro o Sirius, e agora Dumbledore... não está sendo nada fácil pra ele.
Ron baixou a cabeça. Tinha de concordar, Harry era muito ligado aos dois. Ron imaginou como se sentiria se alguém de sua família morresse, há tempos vinha pensando nisso. Estava angustiado. Com Molly, Arthur e Ginny sozinhos na Toca... o que poderia acontecer?
Os três continuaram a caminhar, em silêncio. A cada curva o bosque se tornava mais denso e era mais difícil prosseguir viagem.
- Quanto mais Hermione? – perguntou Harry olhando para trás.
Hermione pegou rapidamente um mapa que trazia no bolso e começou a seguir uma linha, riscada a tinta, com o dedo indicador.
- Calculando a distância... aproximadamente umas duas horas.
- Ótimo! – exclamou Ron cansado. – Meus pés estão me matando! Será que chegamos antes de escurecer?
- Claro, não se preocupe. – disse Hermione carinhosamente. - Chegaremos antes do jantar. Pelo que diz o mapa, há uma pousada na entrada da cidade.
- Vocês acham que teremos problemas com os trouxas?
- Não, claro que não! – disse Hermione.
- Só espero que não apareçam comensais por lá. – disse Harry impacientemente. – Podem fazer um estrago e tanto. E com trouxas, então.
- Verdade... que foi Hermione?
Hermione parara de andar. Olhava para trás como se procurasse alguma coisa, e empunhava a varinha com a mão meio trêmula.
- Vocês ouviram isso? – perguntou Hermione em sussurros.
- Isso o quê? – exclamou Ron intrigado.
Harry apontou a varinha acesa, dando uma volta completa em torno de si, mas não avistou nada além de árvores e arbustos.
- Não há nada aqui, Hermione.
Mas Hermione sabia que havia, sim, e não parecia ser um animal. Enquanto Ron e Harry procuravam entre arbustos, ela continua olhando na direção em que ouvira. Não tinha dúvidas, eram passos. Forçando um pouco mais o campo de visão, Hermione teve a leve impressão de ter visto mechar de longo cabelo ruivo. A seguir ouviu o farfalhar de uma capa. Não havia mais dúvida.
- Esqueçam! – disse Hermione contendo o riso.
- Quê? – exclamou Ron.
- Deve ter sido uma raposa! – concluiu a garota um tanto sorridente.
Harry e Ron se entreolharam. Eles continuaram a caminhar, em silêncio.
Por entre as árvores, se escondia uma jovem ruiva. Ela já estava vendo a hora em que seu plano iria por água a baixo, mas felizmente não a encontraram.
Obrigada Hermione!, agradecia ela em pensamento.
Ginny já os seguia desde a manhã. Não fora assim tão fácil. A garota teve de voar até aquele bosque antes do sol nascer e segui-los a uma distancia segura. Por sorte usara um feitiço para encolher suas coisas, assim, até a vassoura coube na mochilinha que ela trazia consigo.
Ginny teve de se conter ao máximo, quando viu Harry sair da barraca. Ele parecia tão triste, tão cansado. Ela sentiu um impulso quase incontrolável de correr até ele, abraçá-lo e beijá-lo, ficar junto dele e confortar sua dor. Mas como poderia? Se Harry a descobrisse ali, daria um jeito de mandá-la de volta para a Toca. Além do que, ele ficaria magoado por ela não ficar em casa como ele pedira. Mas ela tinha certeza de que fazia a coisa certa. Nunca iria se perdoar se não o protegesse, nem que fosse as escondidas.
Agora que Hermione a vira, talvez a ajudasse a segui-los. Ginny tinha certeza que a amiga iria lhe dar um belo sermão quando pudessem se falar, mas não se importava. Hermione entenderia. As duas tinham algo em comum: ambas estavam apaixonadas, cada uma por um garoto teimoso e superprotetor. Pelo menos Hermione podia falar com Ron, estar do lado dele, lhe dar apoio. Ginny nem isso podia fazer por Harry, ele não entenderia sua atitude tão facilmente. Apesar de que, Ron e Hermione estivessem demorando de mais para "se entender". Ginny torcia para que eles não demorassem o suficiente para ser tarde demais. Sabia exatamente o quanto era triste saber que poderia ter aproveitado o amor a mais tempo.
Ginny só torcia para que tudo desse certo. Estava disposta a dar sua vida pela de Harry, se fosse preciso. O amor já era mais forte que qualquer coisa em seu coração.
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N/A: Bem, esse capítulo é mais uma introdução pra próxima fase da fanfic: a fase da chegada a Godric's Hollow.
Ainda vai demorar um pouco para Harry e Ginny se reencontrarem, mas prometo dar ênfase nessa cena ^^
Ainda tem muita coisa por vir, muita aventura pela frente e também muito romance.
Espero que estejam gostando.
Muito obrigada pelos comentários xD
\o/ H/G 4ever \o/
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