Motivos
N.A.: Desculpem pela demora do capítulo, mas eu estava toda atrapalhada com os trabalhos do colégio... Além disso, eu tinha que escrever o capítulo 2 da "Matar ou Morrer"... Mas aqui está!
luiz black: Ah, você está exagerando... *vermelha* Eu não escrevo tão bem assim... É que essa fic aqui é meu xodó, por isso saem coisas mais ou menos boas... O capítulo já está no ar! Valeu!
Prizinha: Viu, as coisas acontecem na hora certa... Tomara que o capítulo tenha ajudado a te distrair do trabalho chato... Ainda bem que você não vai parar de ler! Beijos!
Gabriela Twilight: Eu não tenho nada contra o Remus, não... Pelo contrário, ele é o meu personagem preferido... É por isso que sofre nas minhas mãos *risada maligna* E sim, finalmente James/Lily... Tô morrendo de vontade de começar a ler a Lies logo. Quando puder, atualiza! E continue lendo!
Lady Tromevold: *se assusta com o entusiasmo da Lady* Que bom que você gostou bastante! Sim, stars may collide significa estrelas podem colidir, mas o meu amigo não sabe o que quer dizer "may", e ele estava lendo e traduzindo a letra de Come What May... Eu só me matava de rir. Também amo Moulin Rouge! Valeu pelo comentário!
Dark Princess: Eu sou um tanto trágica, não? Os Marauders passam por poucas e boas nas minhas mãos... Hihihi... Hoobastank é demais, e Disappear entrou certinho no capítulo... Tomara que você goste do capítulo 10, também tem Hoobastank! Beijos!
Flavinha Snape Kal: Que bom que você gostou... Eu sei que você gosta do Sevie, e o próximo capítulo é Severus/Lily, então é só esperar um pouco! Valeu!
Danny Evans: Disappear é linda mesmo... Eu também acho fantástica, e achei que caiu super bem para o capítulo... O Remie sofre muito, mas agora, depois da bronca do Frank, ele vai conseguir se situar melhor. E quanto à temporada de caça, realmente, está aberta. Principalmente no capítulo 12. James e Sirius não conseguem deixar de ser amigos, né? Beijos!
B.Black: Pode deixar que eu vou te avisar pelo hotmail. Só que eu não tenho MSN, daí eu vou ter que te avisar por e-mail mesmo, mas pelo MSN dá pra ver quando chega mensagem nova, né? Dá uma olhadinha! Que bom que gostou do capítulo!!! Continue lendo!
Thatty: É só falar vestibular que já me mete medo... Não tô nem conseguindo dar conta do primeiro ano, que dirá de um vestibular... Pode terminar de ler a fic quando tiver tempo. E sua fic está mesmo linda!!!
Ana Bolena Black: Agora que levou uma reprimenda do Frankie, o Remus já vai voltar ao normal. Quem sabe ele até entra na disputa? E Sirius e James não vão deixar barato essa história do Sevie querer ter alguma coisa com a Lily... E o próximo capítulo Sirius/Lily é o capítulo 16, que promete ser bem quente. Fique de olho!
asrail: Que bom que você veio dar uma olhadinha! É eu apostei alto com os Marauders mesmo, mas é que eu estava cansada daqueles velhos clichês... Vamos viajar geral! É, bem... O Severus da minha fic é um tantinho perturbado. Eu sei, eu mereço *batendo a cabeça na parede* E se você escreveu um Uivo ao Luar, deixe me dizer que a história é simplesmente perfeita! Foi uma das primeiras S/R que eu li e que realmente me despertou para o shipper! Sério, tá muito legal!!! Beijos!
Paola Lovegood: Aaah, uma leitora nova! *capota* Que vbom que você gostou mesmo da minha história, ela é um tantinho esquisita, mas há quem saiba apreciar... E, bem, não acho estranho você torcer pelo Sirius. Estranha sou eu que não sei pra quem torcer... Continue acompanhando! Valeu!
Fla Weasley Malfoy: Espero que você tenha gostado da minha humilde historinha! Não sei se você segue a linha dos Marauders... Mas eu acho que tá ficando legal... Eu já te mandei as fotos, OK? Espero que dê tudo certo! Obrigada!
N.A.: Eu dedico esse capítulo a todos os brasileiros (não desistem nunca) que acompanharam incansavelmente a minha fic, esperando e ansiando por um capítulo James/Lily. Eu fiz pra vocês! A música é The Reason, do Hoobastank!
Eu não sou uma pessoa perfeita
Existem muitas coisas que eu desejava não ter feito
(Hoobastank — The Reason)
James estava quase desistindo de passar o Natal em Hogwarts. Por Gryffindor, parecia que todo mundo iria passar as férias em casa! Remus já fora por causa do pai — seria o primeiro Natal que passariam sem John Lupin, e os outros três lamentavam muito que o pai de Remus tivesse morrido em uma época que era para ser tão feliz. Sirius também iria, teria que passar o Natal em seu apartamento devido ao julgamento no Décimo Tribunal. E Peter iria para Manchester, passar o Natal com sua avó, como fazia todo ano.
E parecia que iria haver o Primeiro Encontro Nacional de Grifinórios em algum dia das férias, lá fora, porque parecia que ninguém iria ficar em Hogwarts. Pelo menos ninguém que fosse da Grifinória. Todas as pessoas com quem ele falara, desde os pirralhos calouros até seus colegas do sétimo ano, iriam passar as férias em casa. Era o medo generalizado que fazia as famílias quererem se reunir; e ele já estava quase indo para casa também quando McGonagall passou com a lista para que os alunos que iriam ficar no Natal assinassem. Numa visão surpreendente demais para seus olhos castanhos, ele viu Lily levantar-se com um sacudir dos cabelos longos e ruivos, e assinar seu nome.
Foi numa fria manhã de dezembro (cada vez mais o inverno se fazia sentir) que ele foi acordado por leves empurrões.
— Prongs… Prongs!…
— Hum…? — resmungou ele, abrindo lentamente os olhos castanhos para dar de cara com Sirius. — Que foi?…
— A gente tá indo embora — disse Peter.
— Já? — perguntou James se sentindo inteiramente desperto. — Tão cedo?
— É — disse Sirius. — Putz, cara, a gente não queria te deixar sozinho as férias inteiras.
— Veja pelo lado bom, Prongs — disse Wormtail. — Você não vai ter que olhar pra cara feia do Six por um mês.
Todos riram alto, inclusive o próprio Sirius. Por um momento, James pensou ver um pedido de desculpas nos olhos do amigo.
(Eu não sou uma pessoa perfeita)
As many things I wish I didn’t do
(Existem muitas coisas que eu desejava não ter feito)
Pulou da cama e se despediu.
— Vou sentir falta de vocês — disse com sinceridade.
— E nós de você — disse Peter. — Fique bem.
— Mandaremos corujas — prometeu Sirius condoído. — Vamos te encher o saco com bicadas até você não agüentar mais.
— Eu também vou mandar corujas — sorriu James. — Agora, é melhor irem, ou vão perder o Expresso, e terão que pegar o Knight Bus.
— Merlin nos livre — disse Peter. — Vam’bora, Sirius. Tchau, Prongs.
— Tchau, Prongs — disse Sirius, os olhos brilhando de um modo estranho.
— Tchau, galera. Boas férias.
— Boas férias — disseram Padfoot e Wormtail em uníssono.
Com rapidez, como se não quisessem deixar mais tempo para saudades, os outros partiram. E, pela primeira vez na sua vida, James se sentiu realmente sozinho. Aquilo não era uma boa sensação. Uma estranha agonia se apoderou do seu peito, como um mau presságio; e, apesar de serem só cinco e meia da manhã, ele não conseguiu mais conciliar o sono, vendo nuvens negras surgirem junto com a aurora.
As mesas das casas estavam praticamente vazias quando James desceu para o café; o fator “falta de alunos” somou-se com o fator “extremamente cedo”, e só haviam duas pessoas no Salão: Frank e Alice. James tinha esquecido que eles iriam ficar em Hogwarts também.
Ficou parado no Salão, hesitante se devia se juntar a eles e possivelmente quebrar um momento íntimo do casal, mas, quando viu, eles estavam acenando para ele. Como não queria ficar sozinho com aquele pressentimento ruim, se sentou ao lado dos dois.
— E aí, James! — cumprimentou Frank alegremente. — Não sabia que tinha ficado em Hogwarts!
— É, eu nem sei por que fiquei — disse James, se sentando ao lado do amigo. — Não tem ninguém na Torre da Grifinória, e quando eu digo ninguém, quero dizer ninguém. A não ser a Lily.
— Bem, já é alguém, né? — disse Alice, sorrindo. — Falando nela… EI, LILY!
James se virou tão rápido que quase caiu da cadeira que ocupava. Lá estava ela, aquela aparição angelical, os longos cabelos ruivos caindo soltos pelos ombros, o corpo esguio, vindo em sua direção. Ele sentiu o coração bater loucamente.
— Olá, Frankie, Alice, Potter…
— Olá, Lily… — disse Frank um tanto distante.
— Oi…
Lily se sentou ao lado de James, que sentiu aquele perfume de lírios inundar suas narinas, o deixando em estado de leve torpor. Por isso, não soube reconhecer se eram realmente suas as palavras que falou:
— Está muito bonita, hoje, Lily… Seus cabelos ficam ainda mais bonitos soltos.
Ela corou vivamente, e James se sentiu tomado por um contentamento intenso que expulsou a sensação ruim do seu coração.
(Mas eu continuo aprendendo)
— Eu já disse que não adianta elogiar, é Evans.
— Vou anotar isso — gracejou James, arrancando mais um sorriso da ruivinha.
Alice olhou para eles com curiosidade, sorrindo, sem notar que Frank tinha o cenho franzido de um modo estranho.
— Onde estão Black e Pettigrew? — perguntou Lily, curiosa.
James sentiu uma clara pontada de ciúmes.
Vê? Sirius não está aqui, porém ela não o esquece.
— Sirius teve que ir para casa, ele vai ter que comparecer a uma audiência do Décimo Tribunal para decidir umas questões lá da herança do tio dele — rosnou o rapaz. — Peter, como sempre, foi para Manchester.
— Então estamos sozinhos na Torre? — ela gemeu.
— Estamos — disse James com toneladas de sarcasmo na voz. — Se quiser, posso chamar o Sirius, pra você… Tenho certeza que ele adoraria te fazer companhia, ele adora acompanhar as garotas de uma noite.
As sobrancelhas de Lily formaram um único arco, enquanto Alice tinha um olhar interrogativo nos olhos azuis. Frank apenas suspirou.
James, você toma, toma e continua sendo o mesmo idiota! De onde tirou isso? Sirius nem está aqui!
“Eu…”
Deixe de ser babaca! Às vezes até eu concordo com a Evans, você realmente tem a cabeça cheia de titica!
“Ei, espera aí!”
Espera nada! Peça desculpas imediatamente, seu retardado maníaco!
— Vou ali na Pomfrey ver se tem alguma Poção para Enxaqueca, OK?
E saiu tão rápido quanto havia mentido. Alice olhou para Lily.
— O que é que foi isso?
— Não sei — disse Lily torcendo as mãos, sem se atrever a ser mais clara na frente de Frank. Uma possibilidade aterradora lhe ocorreu.
“Será que ele sabe? Será que ele sabe de tudo, por Merlin?!”
Mais tarde, no dormitório dos Marauders.
James fazia aviõezinhos com pergaminho, um simples feitiço de vôo e eles voavam por todo o quarto, em uma trajetória irregular, circundando a lâmpada acesa (estava uma escuridão de tempestade lá fora) como moscas.
James do céu, você realmente consegue ser um idiota.
“Pára, tá legal? Eu já estou muito irritado sem precisar de uma maldita voz na minha cabeça.”
É. Ele fez certo, Lily Evans realmente precisa ouvir algumas coisas…
Sim, precisa… Precisa ouvir para realmente saber que está certa, que você, James, nunca vai mudar, que não adianta ela tentar te dar a chance que você tanto quer, pois você vai continuar sendo o mesmo garoto imaturo e emburrado.
— AAAAH! — urrou James, frustrado, afundando a cabeça no travesseiro.
Foi quando ouviu batidas tímidas na porta.
— Entra — disse com a voz abafada.
Sem ver nada além da fronha do travesseiro, apenas ouviu os passos hesitantes de Lily entrando no aposento.
— Eh… James?
Ele podia quase visualizar os seus movimentos. Ela entrara, parara diante dele, ficara um pouco em silêncio, depois se afastara em direção ao beliche, se sentando na cama de Peter.
— James? — chamou de novo.
— Lily… Quer dizer, Evans… — ele se atrapalhou, levantando a cabeça.
Por um instante, ela o olhou, e um riso tímido rompeu seus lábios mimosos. James nunca tinha visto nada tão encantador.
— Que foi? — perguntou, confuso.
— Seu cabelo… — riu ela. — Está pior do que de costume.
— Ei! — riu James indignado, bagunçando ainda mais os cabelos castanhos. — É meu charme natural, OK?
— OK — concordou Lily, com um sorriso.
Sorriso este que logo foi substituído por uma expressão triste.
— Que foi, Evans? — perguntou James, pulando do beliche e sentando na cama de Remus, de forma a ficar de frente para Lily.
— Ah… eh… Eu queria saber… Por que você disse aquilo no café? — ela torcia as mãos de um jeito nervoso. — Eu não entendi…
Ah, entendeu sim.
“Cala a boca, você também.”
— Eu falei alguma coisa que te magoou? — ela perguntou, insegura. — Porque, desta vez, eu não estava querendo te insultar.
— Nunca pensei que ia viver pra ouvir Lily Evans dizendo que não quer me insultar — sorriu James, e Lily sorriu também.
Prongs sentiu o seu coração se apertar de um jeito estranho e dolorido. Viu-a na sua frente, tão angelical, tão serena, e Sirius não estava por perto — não havia ninguém por perto. Não havia ninguém de quem ele pudesse ter ciúmes, e ele a tratando daquela maneira, falando asperamente, sendo idiota. Fechou os olhos por uns instantes, e, quando os abriu, já tinha se decidido.
Tomou as mãos de Lily e murmurou:
— Perdoe-me, Lily… Eu estava um tanto triste porque os Marauders me deixaram sozinho, e… desculpe.
(Eu nunca quis fazer aquelas coisas a você)
And so I have to say before I go
(E eu tenho que dizer antes de ir)
Lily corara vivamente ao sentir as mãos de James nas suas, e agora olhava para ele languidamente com seus lindos olhos verdes.
— Tudo bem, eu só… fiquei… achei estranho você ter dito aquilo.
— Às vezes eu acho que eu realmente tenho a cabeça cheia de titica — suspirou James.
— Não, não tem não — assegurou Lily. — Foi só… aquele dia em que eu disse isso… é que eu realmente não gosto que você fique azarando o Snape.
— Eu sei — disse James. — Às vezes… às vezes eu me acho um tanto imaturo, mas eu… bem, não vou me justificar. Eu azaro mesmo.
Lily sentiu o espanto invadi-la. Seria mesmo James Potter quem estava falando aquelas coisas?
— E… eu queria poder mudar… Se fosse por você.
(Que eu só queria que você soubesse)
I’ve found a reason for me
(Eu encontrei uma razão para mim)
Os olhos de Lily piscavam. James se aproximava…
— Ah, eu lembrei, eu preciso mandar uma carta para minha mãe!
E a ruivinha escapou pelos dedos de James, correndo para fora do dormitório. Mas, mesmo assim, um sorriso sonhador surgiu no rosto do garoto de cabelos despenteados.
— Ah, Alice… Eu já nem sei o que pensar.
— O que foi que aconteceu agora, Lily?
Essa conversa se passava no tranqüilo refúgio da biblioteca. Lily costumava achar que a biblioteca deveria ter uma placa: “ÁREA LIVRE DE POTTER E BLACK”, para os pobres coitados dos outros alunos virem se esconder.
— O que foi que o James te falou? Ele sabe do que rolou entre você e o Sirius?
— Acho que não — disse Lily. — Pelo menos, ele não deu nenhum sinal a respeito. Mas… por Morgana, Alice… ele foi tão gentil e delicado… nem parecia… ele!
— Ele gosta de verdade de você, amiga — disse Alice. — E você deveria prestar mais atenção nisso.
— Ele gosta de verdade de mim — repetiu Lily, irônica. — Droga, Sirius também gosta de verdade de mim! Severus também gosta de verdade de mim!
— Quem?
Lily corou violentamente.
— Peraí, peraí, que temos novidade na área! — exclamou Alice. — Que história é essa do Snape estar gostando de verdade de você?
— Eu e a minha boca grande…
— Então aconteceu alguma coisa e você não nos contou? Bom saber!
— Ah, Alice… — suspirou Lily —, se nem eu mesma consegui entender o que aconteceu…
— Quando foi?
— Aquele dia em que eu quase desmaiei na biblioteca…
— Quer dizer que alguém disse que ia na enfermaria e preferiu dar uma passadinha nos dormitórios da Sonserina?
Os cabelos e o rosto de Lily se fundiam num vermelho só.
— Ah, bem… eu realmente fui até a enfermaria… Só que eu não consegui nem chegar lá, eu desmaiei pelo caminho, quase nos braços dele. Ele me levou para dentro, e a Madame Pomfrey notou que meu problema era falta de comida.
— Hum, sei…
— Tô falando sério! E daí, me deu um chocolate e pediu pra que o Severus me acompanhasse até a Entrada da Mulher Gorda… só, que, no meio do caminho, estávamos conversando, e então ele me prensou contra a parede… e me beijou…
— Uau! — disse Alice espantada. — Tem certeza que estamos falando da mesma pessoa?
— Nem eu acreditei na hora… E ele ainda me disse que seu coração estava em minhas mãos…
— E o que você fez?
— Eu? Saí correndo.
Alice a olhou com uma cara de “Lily, você às vezes me decepciona”, e a ruivinha não pôde deixar de rir, se defendendo:
— Ah, o que você esperava que eu fizesse?
— Não sei, mas algo melhor que isto, sinceramente!
— Você diz isso porque não sabe como é! — exclamou Lily. — Mal faz dois meses que eu disse ao Sirius que lhe daria uma resposta, e saio beijando Severus pelos corredores!
— Se Narcissa Black te ouvisse dizer isso, te julgaria patética.
— É, mas eu não sou Narcissa Black, tenho princípios, tenho moral, e não gosto de deixar atrás de mim uma trilha de apaixonados desiludidos. Não quero magoar ninguém, não quero…
— Eu sei que não quer — disse Alice, passando a mão de leve no rosto de Lily. — Eu sei que você não suportaria ver ninguém triste.
— A eterna justiça grifinória.
— E aí, garotas? — ouviu-se uma voz.
Era Kingsley Shacklebolt, vindo em direção a elas e se sentando na mesma mesa.
— Ué, Kingsley, você não foi passar as férias lá em New Hampshire?
— Era pra eu ter ido — disse Kingsley —, mas resolvi ficar para estudar para os NIEMs. Só estou torcendo para que as férias acabem logo.
— Parece que alguém aqui anda com saudades da Daisy…
— Verdade — sorriu Kingsley. — Eu gosto muito dela… Mas, o que aconteceu, Lily? Você está com uma expressão péssima.
— Não foi nada…
Foi quando ela olhou a porta da biblioteca e viu James entrando. Algumas corvinais que estavam a um canto suspiraram com seu sorriso travesso.
— Acho que a biblioteca deixou de ser uma área livre de Potter e Black… — comentou Lily.
— Que diabos é que os Marauders têm que todas as garotas caem por eles? — perguntou Kingsley parecendo um tanto aborrecido.
— Meu filho, todo mundo queria saber — replicou Alice.
Lily apenas suspirou, vendo que James não lançara sequer um olhar às garotas no canto.
(Para mudar quem eu costumava ser)
Seis dias depois.
Uma camada grossa de neve havia caído sobre Hogwarts, tornando tudo de um branco quase de algodão. Era divertido, James, Lily, Frank, Alice, e, ocasionalmente, Kingsley, faziam uma guerra de bolas de neve. Uma vez, Frank tivera uma idéia legal e eles tinham montado um boneco de neve igualzinho ao Prof. Slughorn, até na cabeça parcialmente coberta por aqueles cabelos cor de sapê.
James se pegava admirando as risadas de Lily, seus cabelos tão docemente vermelhos, sua pele não muito mais vermelha do que a neve, e pensando era como se vivesse em suspenso, num sonho bonito. Uma ilusão, talvez. A verdade é que ele não se sentia mais assaltado por pensamentos de ciúme desde que brigara com Lily, naquele dia. Era como se um peso tivesse sido tirado de seus ombros, e ele agora simplesmente se deixava contemplar a visão angelical como se não houvesse mais tempo, espaço ou outros garotos.
Às vezes, freqüentemente, eles se sentavam na Sala Comunal vazia e começavam a revisar matérias, fazer trabalhos, ele sem realmente se concentrar. A ouvia resmungando apontamentos de Transfiguração, repetindo fórmulas de Feitiços ou definições de verbetes de Herbologia, e ficava admirando aquele seu jeito simplesmente adorável.
Até aquele dia em que resolvera curtir um pouco.
— Ei, Evans, solte esse livro — disse, tirando um enorme exemplar de Criaturas das Trevas — uma Análise Científica das mãos da garota.
— Precisamos estudar, James! — disse Lily chocada. — Você faz idéia que os NIEMs estão chegando?
— Faltam seis meses para os NIEMs, ruivinha — ele sorriu. — Vamos aproveitar esse clima maravilhoso e dar um passeio lá fora.
— Você não está falando sério, está? — ela perguntou, olhando para a tempestade de neve que caía sobre o castelo.
Mas logo ela iria perceber que James realmente estava falando sério, quando ele saiu correndo para os dormitórios e voltou com dois casacos, toucas e luvas.
— Mas, James!…
— Vamos, vista — disse ele, já de touca e casaco. — Vai ser divertido!
E, ao ver que ela simplesmente o olhava boquiaberta, levantou-a com delicadeza e vestiu-lhe o casaco e as luvas, sem que ela reagisse.
— Agora vamos!
E puxou-a pela mão, levando-a para fora da Sala Comunal, para fora do castelo, até atravessarem as portas do castelo e correrem para os jardins.
— Ah, James, o que está fazendo?! — ela gritou, a ventania era tão forte que mal podiam se ouvir.
— Evans, posso te chamar de Lily pelo menos por hoje?!
— O quê?
— Deixa eu te chamar de Lily!
— Ah… tá bem! — ela respondeu, corando.
Ele abriu um dos sorrisos mais sinceros que ela já vira em seu rosto travesso.
— Lily, eu queria que você visse uma coisa! — ele gritou, puxando ela até a floresta.
— Mas, James, não podemos entrar aí! — ela exclamou. — É proibido, é perigoso!
— Ah, não é perigoso não, Lily! — ele sorriu. — Vem comigo!
Antes que ela se desse conta, os dois já estavam se embrenhando nos caminhos da floresta.
(Uma razão para começar algo novo)
And the reason is you
(E a razão é você)
— Ai, James, pra onde você tá me levando?! — ela perguntou, ao ver que os dois estavam cada vez entrando mais na floresta.
— Você vai ver, e vai gostar!
— AAAH!
Ela tropeçou e caiu, se ralando toda nas folhas. Os olhos castanhos de James se arregalaram.
— Céus, Lily, desculpa! — ele exclamou, tentando ajudá-la a levantar.
— Não foi nada, é que eu sou estabanada, e estava correndo demais… — ela lamentou-se, levantando.
— Eu que estava fazendo você correr — murmurou James. — Desculpe, Lily.
Ele tomou uma das mãos da ruivinha entre as suas. Sangue escorria de um dos dedos finos e delicados da garota. Num gesto de romantismo, ele beijou os dedos de Lily, sugando levemente o sangue.
(Desculpe ter te machucado)
It’s something I must live with everyday
(É algo com que eu tenho de conviver todo dia)
Lily corou furiosamente.
— Vamos, então? — disse, vermelha com a atitude do garoto.
— Vamos — disse James, beijando uma última vez a ponta daqueles dedos.
E tornou a puxá-la, dessa vez mais delicadamente, os dois se embrenhando entre caminhos perdidos da Floresta.
— James, acho que vamos nos perder se continuarmos assim.
— Eu conheço essa floresta como a palma de minhas mãos, Lil. Pode ficar tranqüila…
— Será que eu devo confiar em você?
Ele simplesmente sorriu, um sorriso tão radiante e travesso que ela não pode deixar de pensar que ele realmente sabia o que estava fazendo.
Finalmente, chegaram a uma lareira iluminada pela luz fraca do luar.
— O que você quer me mostrar, James?
— Está por aqui… Eu sempre venho admirá-los quando tem lua minguante… Ah, encontrei!
Lily sentiu o queixo cair.
Três lírios refulgiam ao pé de uma grande faia, que parecia se debruçar para protegê-los. Ao contrário dos lírios comuns, esses possuíam pétalas cor de prata, que refulgiam à luz do luar como se tivessem sido plantadas verdadeiras jóias preciosas. Parecia que a natureza se esmerara em entalhar aquelas flores com toda a precisão e perfeição…
— “Olhai os lírios do campo; eles não trabalham, nem tecem; no entanto, eu vos digo: mesmo Salomão, em toda a sua glória, não se vestiu como um deles” — recitou James.
Lily o olhou sentindo os olhos marejarem.
— Como você conhece essa frase?
— Moony — disse James. — Ele já me explicou algumas coisas sobre cristianismo. Gostou?
Não haviam palavras para expressar o encanto de Lily frente àquela obra-prima tão cuidadosamente esculpida.
James não pôde deixar de sorrir. Tudo aquilo sobre Sirius, sobre Snape, tudo parecia tão distante — era como se não houvesse tempo, ou espaço, ou amigos, conhecidos; eram só ele, ela, e a eternidade daquele momento.
(E toda a dor que eu te causei)
I wish that I could take it all away
(Eu queria poder desaparecer com ela toda)
And be the one who catches all your tears
(E ser o único que segura suas lágrimas)
Ela se ajoelhou no chão, sentindo os joelhos fraquejarem; James sentiu o doce perfume dos lírios no ar, inebriando-o, entorpecendo-o; já não era mais senhor de seus atos. Se ajoelhou junto a Lily, tomando seus cabelos ruivos, aspirando sua fragrância suave enquanto, cuidadosamente, ternamente, acariciava sua pele macia e branca.
— James… — ela murmurou, ao sentir aquele toque.
— Lily, eu te amo… Eu te amo mais do que a minha vida, porque você é vida, você é a razão porque eu levanto todo dia… Você é a estrela que brilha no meu céu, a luz que me guia nos meus dias escuro, eu te amo, e é simplesmente isso que posso dizer…
— Ah, James… eu… não sei o que dizer…
— Psiu… — ele sussurrou. — Não diga nada… pelo menos por enquanto…
E, deixando a mão acariciar os cabelos ruivos dela — eram tão macios! —, puxou-a para perto de si… Sentiu sua respiração ofegante, seu ar quase assustado e viu aqueles olhos verdes se fecharem encimados pelos cílios ruivos…
Sentiu suas bocas se tocarem, ardentemente — parecia um sonho! —, sentiu ela entreabrir os lábios — tão doces! — , lentamente, suavemente… sentiu sua língua deslizar para dentro da boca dela, languidamente, como ele sempre sonhou, como sempre almejou com todas as suas forças… e sentiu a língua dela corresponder, desajeitada no início, porém logo ardentemente, deliciosamente…
(É por isso que eu preciso que você escute)
I’ve found a reason for me
(Eu encontrei uma razão para mim)
Por cerca de duas semanas, Lily e James não comentaram nada entre si sobre o ocorrido.
O fato de que finalmente conseguira beijar Lily Evans ainda permanecia profundamente entranhado na mente de James, como um sonho real do qual ele não conseguia — e nem queria, diga-se de passagem — se livrar. Ele revivia o delicioso momento em devaneios, sentindo o mesmo calor ardente tomar-lhe o peito, e o mesmo suspiro frouxo deixar seus lábios:
— Lily…
Mas ele sabia, assim como ela sabia, que eles ainda tinham muitas pendências, muitas coisas a resolver, e que aquelas férias eram como uma trégua que eles davam a si mesmos, a última trégua, antes da volta das aulas, da volta dos problemas, de volta de Sirius e de Snape. Ele sabia que palavras não eram o bastante, que ela desejava uma prova… E procurava desesperadamente pensar como convencê-la de que ele estava tentando mudar…
(Para mudar quem eu costumava ser)
A reason to start over new
(Uma razão para começar algo novo)
And the reason is you
(E a razão é você)
Foi assim, que naquela noite, eles estavam sentados na Sala Comunal e se encararam brevemente.
Frank e Alice estavam junto com eles; como ficavam muito sozinhos lá na Sala Comunal da Lufa-Lufa, tinham decidido fazer um pouco de companhia aos amigos grifinórios. Mas, mesmo eles, tão astutos para perceberem o que passava com os outros, não puderam captar os olhares envergonhados que Lily lançava a James e o modo ardente como ele a fitava…
— Ah, estou morrendo de vontade que as férias acabem logo — suspirou Frank, se largando em uma das poltronas vermelhas perto da lareira.
— Quer dizer que não gosta de passar o tempo livre comigo, é? — perguntou Alice, fazendo beicinho.
— Não é isso, Alice — disse Frank sorridente, acariciando os cabelos da loirinha.
— É, sabemos bem que não é isso… — comentou James malicioso.
— Ah, cala a boca, Prongs — replicou Frank. — A verdade é que eu gosto daquele movimento, eu gosto das aulas…
— O Frankie é um dos poucos seres desse mundo que eu conheço que gostam de estudar…
— Eu gosto de estudar — disse Lily.
Percebia-se uma estranha inflexão em sua voz.
— Eu sei, você também é um dos poucos seres que eu conheço que gostam de estudar… Acho que só posso incluir nessa conta também o Remie e o Snape. E mais ninguém.
— É, e aqueles que estudam que se cuidem perto de você, hein? — disse Frank, sem imaginar que estava botando ainda mais lenha na fogueira.
— Ah, às vezes eu posso ser um pouquinho cruel.
Lily piscou, e enxergou o James Potter que parecia ter tirado férias junto com os outros; o Marauder detestável que ficava azarando os outros. Por um momento, a idéia de ter beijado aquele garoto que odiava pareceu-lhe horrível, e ela sentiu seu peito se inflar de raiva.
— Cruel até demais, eu diria — disse Lily. — Até irritante.
— É — concordou James inocente —, eu às vezes exagero… Mas… bem, não há ninguém que reclame, eh?
— Eh, a não ser os azarados — disse Lily mordaz. — As pessoas têm medo de você. Você gosta disso?
— Ora, Lily, eu…
— Você continua imaturo, Potter.
“Mau sinal.”
— Ora, Evans, eu não quis dizer nada…
— É, mas não muda, continua azarando as pessoas, sem se importar com nada ou ninguém além do seu próprio umbigo!
— Como assim não mudo?! — disse James indignado. — E todo o esforço que tenho feito?!
— De nada adianta se você não muda sua cabeça de criança!
— Ei, galera… — disse Frank pressentindo o perigo.
Ninguém o escutou.
— Cabeça de criança?! Você não estava pensando assim naquela hora na floresta…
Lily sentiu o sangue lhe afluir às faces.
— Idiota!
— É, idiota… — disse James sarcasticamente. — Naquela hora eu era só “James, ah, James…”
Lágrimas subiram aos olhos da ruivinha.
— Seu nojento retardado, filho duma égua! — exclamou. — Eu te odeio, eu te detesto, eu quero que você morra amanhã!
E saiu correndo para os dormitórios. Alice lançou um olhar exasperado a James e saiu atrás da amiga.
Frank apenas o olhou meio de lado, enquanto ele compreendia que tinha feito uma das maiores besteiras da sua vida.
(Eu não sou uma pessoa perfeita)
I never meant to do those things to you
(Eu nunca quis fazer aquelas coisas a você)
— Lily! — exclamou Alice, entrando no dormitório e dando de cara com uma chorosa ruivinha, a cabeça escondida nos travesseiros.
— Alice, por favor, me deixe!
— Não, eu não vou deixar você ficar aí se consumindo em lágrimas.
— Alice…
Tarde demais; a garota já havia se sentado na beirada do beliche, e puxava a ruivinha para uma conversa.
— Alice, eu não vou contar o que aconteceu e…
— …Eu sei que você não contar, e, no momento, eu não quero saber. Só queria… conversar com você sobre o James.
Lily tornou a afundar a cabeça no travesseiro.
— Potter é um idiota ridículo!
— Eu não sei do que estavam falando, Lily, mas você tem que entender que James é meio crianção, e…
— O que eu tenho que entender é que eu já deveria ter percebido que James Potter é um idiota imaturo! Que ele nunca vai mudar, que eu nunca deveria ter dado uma chance a ele!
— Lily…
— Mas não, não, a idiota aqui acha que Potter pode mudar, dá uma chance! É bom pra eu aprender mesmo a deixar de ser a eterna justiceira!
— Lily, deixe ele se explicar!
(E eu tenho que dizer antes de ir)
— Explicar o quê, Alice? Explicar que é um idiota completo, explicar que estava se aproveitando de mim, explicar que eu fui uma tola idiota por ter confiado nele? Eu não preciso que ninguém me explique isso!
— Lily… Ele foi levado pela raiva… Você sabe como grifinórios são impulsivos, ele falou sem pensar!
Lily suspirou.
— Este está sendo o meu grande problema, Alice… Não pensar. Chega de “não pensar”. Agora, vou pensar mil vezes antes de fazer alguma coisa, e vou pensar mil vezes antes de deixar as pessoas se aproximarem.
E, se levantando, furiosa:
— Não adianta, não vão mais fazer gato e sapato de Lily Evans de novo não!!!
— Droga, droga, droga, droga, droga!!!
James desejou que o chão se abrisse e o engolisse. Como ele podia ter sido tão idiota? Tão imaturo, tão insensato! Em menos de cinco minutos tinha destruído tudo o que levara semanas para construir!
James do céu, você não tem controle sobre esse poço aberto que chama de boca?
“Oh, céus… O que foi que eu fiz?”
Exatamente, o que foi que você fez, seu retardado besta, você acabou em um segundo com todas as chances de ficar com Lily em um tempo menor que um século!!! Céus, será que alguém pode com você?!
“Por Merlin, por Morgana, por Circe, por Paracelso, por Ptolomeu, por Arquimedes, por Gryffindor, por todos os malditos bruxos…”
— James?
Era Frank. Ainda estava ali.
— Frank, eu sou um idiota — disse James em tom de velório. — Eu sou um tremendo idiota.
— Eu sei — disse Frank. — E eu estou me sentindo um hipócrita em dizer isso pra você, James, mas se cuide. Se realmente quer ficar com a Lily, se cuide.
James olhou para ele com um leve vestígio de surpresa.
— O que é que você sabe sobre isso?… — perguntou lentamente.
— O suficiente para saber que você está bem perto de perdê-la de vez, James. Tem mais gente nessa história além de você, gente que está melhor no conceito da Lily.
O Marauder esfregou os olhos.
— Você sabe de alguma coisa? Você ouviu alguma coisa?
— Já ouvi muito por aí, cara. Aposto que sei mais sobre isso tudo do que você.
— E quem? Quem é que gosta dela além de mim? O que você sabe que eu não sei?
— Eu não vou contar. E, se quiser realmente um conselho, abaixa a bola com a Lily. Aproveita enquanto os outros não voltam. Tenta crescer um pouco no conceito dela para ficar no mesmo nível dos outros, OK? Porque quando eles voltarem vai começar a verdadeira disputa, e, se você continuar nessa, vai dançar.
Com um suspiro, se dirigiu ao buraco do retrato.
— Quando a Alice vier, diz pra ela que eu tô esperando lá nos dormitórios da Lufa-Lufa.
— Frank! — exclamou James. — Quem mais gosta da Lily?
Mas o rapaz já tinha saído, deixando um James ainda mais aturdido.
“Tentar crescer no conceito da Lily?… Verdadeira disputa?… Que é que ele quis dizer com isso?…”
Vai ver ele quis dizer que você tem que se espertar, idiota. Que tem que parar de dar mancadas com a Lily, porque, se continuar assim, Sirius e até o Snape vão passar na sua frente.
E quem sabe mais quantos…
“Mas ele falou em mais alguém que gostava da Lily… Será que tem mais alguém nessa história? Quem?”
Ou quantos? Quem sabe quantos mais estão se apaixonando por Lily, quem sabe quantos mais ela vai deixar que a beijem…
A verdade, James, é que você deveria olhar um pouco mais pro seu nariz em vez de ficar se perguntando quem mais gosta da Lily. Pense em você, vá lá, se desculpe, admita que é um idiota. Depois a gente pensa em quem mais pode gostar da Lily.
(Que eu só queria que você soubesse)
I’ve found a reason for me
(Eu encontrei uma razão para mim)
“Tem razão. Mas… vou ficar de olho. Quero ver se alguém mais olha pra ela…”
E, com um pesado suspiro, se largou numa das poltronas em frente à lareira. E lá ficaria por muitas horas, fitando as chamas.
— Ah, aqueles dois nunca vão se entender — comentou Alice.
Estavam ela e Frank no dormitório da Lufa-Lufa, apoiados numa poltrona larga e de um amarelo-canário alegre. Ela deitara sua cabeça loira nos joelhos de Frank, e este acariciava seus cabelos com um ar pensativo.
— É, nunca vão se entender — concordou Frank. — Eu falei pro James, ele tem que parar de ser tão idiota, senão logo, logo, alguém vai passar ele pra trás.
— Sim — concordou Alice. — Tem muito mais pessoas interessantes no colégio, James não é o único.
Frank fez uma careta.
— Quer dizer que a senhorita acha o Prongs interessante, é? — perguntou fingindo irritação.
Alice deu uma risada.
— Claro que acho. Quem não acha James interessante, com aquele sorriso e aquele jeito de fazer todo mundo se sentir pra cima?
— Ah, então pode ir lá procurar ele, vai — disse Frank fazendo birra e parando de acariciar os cabelos de Alice.
— Ah, Frankie, você sabe muito bem que, pra mim, não tem nada mais interessante que você.
(Para mudar quem eu costumava ser)
A reason to start over new
(Uma razão para começar algo novo)
— Eu sei — riu Frank, beijando a testa de Alice. — E pra mim não tem nada sequer que chegue aos pés da minha Alice.
— Nem Narcissa Black?
Frank fez um muxoxo.
— Aquela lá é um palito escorrido com macarrão em cima.
Dessa vez, Alice caiu na gargalhada, e até Frank riu das suas próprias palavras. Em poucos minutos, estavam rindo como se o mundo fosse acabar.
— Alice, você sabia que eu te amo?
— Sabia… E você, sabia que eu te amo?
— Acho que sabia… O que vamos fazer a respeito?
— Não sei… Que tal nos beijarmos como se o mundo fosse acabar amanhã?
— Hum… Gostei da idéia.
Enfim, chegou o dia do Natal. James e Lily não se falaram durante esses cinco dias, e continuaram não falando durante o almoço. Por maiores que fossem os esforços de Frank e Alice para fazerem os dois se animarem, nada deu certo. James, de vez em quando, lançava um olhar entristecido e nebuloso para Lily, que evitava olhá-lo de todas as maneiras.
Enfim, desistindo das tentativas de terem um Natal amigável com os dois grifinórios, Frank e Alice foram aos dormitórios da Lufa-Lufa com a intenção de passar a Noite se esquentando na lareira e namorando.
James e Lily foram para o dormitório sem trocar palavra alguma. A ruivinha sentia um aperto na garganta, uma imensa vontade de chorar. E James nunca se sentira tão sozinho e tão arrependido.
Apenas quando ultrapassaram o retrato da Mulher Gorda, e Lily começou a caminhar para o próprio quarto, James segurou seu braço.
— Lily…
— Evans — disse Lily num misto de fúria e surpresa.
— OK, Evans — disse James tentando se controlar. Ele perdera pontos com ela e sabia bem disso. — Eu preciso conversar com você.
— Olha, Potter, eu…
Ela calou-se ao ver James cair suplicante, de joelhos, aos seus pés.
— Eu sou um babaca completo, sem moral, um idiota que não te merece de jeito nenhum… Mas eu te amo, Lily… Te amo demais…
(E a razão é você)
As lágrimas que Lily contivera até ali começaram a cair sem cessar.
— Diz que ama… De que adianta dizer! De que adianta dizer e me ferir, me magoar, e continuar azarando as pessoas?! De que adianta dizer e se aproveitar de mim, pra depois me jogar na cara!
James fechou os olhos por alguns instantes. E, então, sem mais se conter, levantou-se de um pulo e puxou Lily junto a si.
— Me largue, seu maluco! — exclamou ela, socando-o. — Me largue!
Ele deixou com que a mão livre acariciasse os cabelos ruivos da garota, aspirando o seu cheiro, tocando sua pele macia. Lentamente, ela foi cedendo, parando de lutar, e ao final apenas o abraçou mais forte.
— Você é um idiota, Potter — sussurrou.
— E te amo mesmo assim — murmurou James.
Suas respirações estavam desiguais. Seus lábios se aproximavam. O ar estava tão, mas tão quente… Tudo fervia em volta deles, mas que tudo? Para James, não havia tudo — não havia nada quando ele podia envolver Lily em seus braços. Com a língua, acariciou os lábios dela, pedindo passagem. Passagem que ela logo concedeu. Uma língua enroscou-se com a outra, provocando deliciosa vertigem nos dois adolescentes…
— Não! — exclamou Lily de repente, se desvencilhando. — Não, eu não vou cair nessa de novo!
Recuou para longe dele, tropeçando no tapete e caindo perto da lareira. Ele imediatamente foi ajudá-la a se levantar, beijando trêmulo suas mãos, o rosto banhado de lágrimas. Ela nunca pensou ver James Potter, o Prongs, o mito, tão vulnerável.
(Eu encontrei uma razão para mostrar)
A side of me you didn’t know
(Um lado de mim que você não conhece)
— Lily… Lily, eu… pelo amor de Merlin, me perdoa, me perdoa por ter a língua maior que a cabeça… Não pensei aquilo, juro… Nunca quis me aproveitar de você… — ele tremia, soluços lhe sacudindo o corpo. — Eu falo mais que devo, mais do que posso, e eu machuco as pessoas que eu mais amo…
Novos soluços romperam o peito de James. Lily sentiu as lágrimas tornarem a descer pelos seus próprios olhos.
— Eu… me perdoe… por favor… É só isso que eu peço… Me dê outra chance…
As pestanas de Lily se cerraram suavemente sobre aqueles lindos olhos verdes.
— Eu… te darei outra chance, James.
Um sorriso surgiu no meio dos soluços.
— Mas… você deve me prometer que nunca mais fará o que fez… E que vai me dar um tempo.
— Um tempo?…
— Um tempo para pensar… Um tempo para me decidir… Um tempo para ver o meu coração… — ela abriu os olhos e sorriu, acariciando o rosto de James. — Você é muito atraente… e seu jeitinho alegre e otimista me encanta… mas… eu ainda preciso de um tempo.
James sabia disso. Sabia que havia caído e demoraria até que Lily conseguisse confiar nele de novo. E demoraria mais até que Lily o amasse. Mas… estava disposto a tentar.
— Lily… Eu… só posso dizer uma coisa.
— O quê?
— Que tudo o que eu faço… todas as coisas… o motivo de eu acordar todo dia… de me esforçar para mudar… o motivo para começar algo novo… o meu motivo… é você… É só você.
(Uma razão para tudo o que eu faço)
And the reason is you
(E a razão é você)
— Então eu vou esperar… Vou esperar pela sua mudança — sorriu Lily.
James sorriu também. E de repente o mundo parecia um lugar perfeito.
Legenda:
Knight Bus: Nôitibus Andante
N.A.: Eu queria avisar. A fic não tem mais 20 capítulos, aumentei pra 21...
Prévia:
Volta às aulas, e voltam também as inquietações. Severus sente que não conseguirá mais agüentar. Tocá-la, senti-la, por um segundo apenas, fazer com tudo deixe de ser um sonho... É o seu único desejo...
"— Sou capaz de matar e morrer por você."
Quem se interessar, visite:
Incondicionalmente
http://www.floreioseborroes.net/menufic.php?id=14650
Shining Like a Diamond
http://www.floreioseborroes.net/menufic.php?id=14686
Os Outros
http://www.floreioseborroes.net/menufic.php?id=14942
Matar ou Morrer
http://www.floreioseborroes.net/menufic.php?id=15209
N.A.: Comentem! :)!!!!!
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!