Uma virada do Destino



Uma Virada do Destino
Hinge of Fate
Autora - Ramos
Tradução - Clau Snape
Beta reader - Bastetazazis
Disclaimer: Estes personagens são de propriedade de J.K. Rowling. Nenhum lucro foi obtido pelo seu uso.
Cap. 17
Sumário: De volta a Hogwarts, Sra. Snape.

Uma vez dentro do grande Saguão de Entrada de Hogwarts, Hermione limpou suas lágrimas e endireitou a coluna. Mochila a tiracolo, ela marchou para a torre da Grifinória, dando leves acenos àqueles que a cumprimentavam, mas não parou até que atravessasse o buraco do retrato. Vários membros da sua Casa corriam de um lado para outro, conversando e trocando histórias com seus colegas, mas nem Harry nem Rony estavam por perto. Gina Weasley, enterrada em um canto com diversos de seus colegas do sexto-ano, deu a Hermione um olhar ansioso de perguntas, mas se conteve.

Recolhendo seu nervosismo, Hermione deu um rápido aceno a Gina e dirigiu-se em linha reta para o sofá onde Lilá e Parvati estavam conversando sobre seus respectivos feriados.

- Eu preciso falar com vocês duas – Hermione lhes disse. - Não aqui, entretanto, certo? No quarto de vocês.

- Também estou feliz em vê-la - Lilá respondeu sarcasticamente, embora não tivesse nenhuma possibilidade de chegar perto do tom ácido que Severo conseguia alcançar. - Teve um bom feriado?

- Encantador. Vocês vêm ou não?

Assustadas, as duas meninas concordaram e se dirigiram ao dormitório das meninas de sétimo-ano.

Hermione e Severo concordaram com uma versão altamente editada dos fatos, e com o endosso de Dumbledore, ela tinha bolado uma aproximação Sonserina apropriada para apresentar os fatos. Seguindo suas colegas de quarto até seu dormitório, Hermione ensaiou a versão preferida em sua mente e se preparou para os próximos minutos.

Lilá conduziu todas elas ao quarto antes de fechar a porta.

- Bem, Granger, o que é assim tão importante? Uma nova pilha de livros na biblioteca?

- Eu acho que ela encontrou alguém! - Parvati anunciou enquanto brincava com a extremidade de sua trança, os braceletes de ouro no pulso balançando musicalmente. – Ela está com uma marca roxa no pescoço!

- Bem, mais ou menos - Hermione escapou. - Há uma coisa que eu queria mostrar para vocês. Na verdade, duas coisas. - Respirando profundamente, ela desabotoou sua capa e esticou a mão esquerda.

As duas garotas olharam para o anel, olhares idênticos de assombro colados em seus rostos enquanto notavam a qualidade da jóia.

- Isso é um anel de noivado? – Lilá perguntou, familiarizada com os costumes trouxas após ter passado tanto tempo com seu namorado meio a meio.

- Não - Hermione lhe disse igualmente, ignorando o tom de descrença na voz de Lilá. - É um anel de casamento. Eu me casei.

Lilá respirou rispidamente, mas ambas as meninas gritaram como esperado. Em segundos, elas estavam pulando como doninhas animadas, salpicando-a com perguntas.

- Você se casou? CASOU?? Com quem? Quem é ele?

- Por que cargas d’água você se casou? - Lilá perguntou. - A menos que… OH, meu DEUS!

Com um sorriso, Hermione assentiu e abriu seu casaco, descansando uma mão em sua barriga adiantada. Em segundos as meninas arrastaram-na para sentar-se na cama mais próxima, assediando-a de todos os lados com perguntas e exclamações. Entre o excitamento borbulhante, as perguntas de Parvati foram as primeiras compreendidas.

- Quem é ele? É o Rony Weasley?

- Não com esse anel - Lilá disse rispidamente.


A atitude da menina estava começando a irritá-la, mas Hermione riu, atenta à impressão que estava tentando passar.

- Esperem, esperem! Antes de tudo, eu engravidei no ano passado. O bebê é para este verão. Mas nós nos casamos somente no primeiro dia do feriado.

- Eu pensei que havia algum feitiço em Hogwarts para impedir que as adolescentes cheias de hormônios ficassem grávidas - Parvati observou de forma dissimulada.

- Isso é apenas uma lenda, Par. Não é verdade - Lilá cortou. - Bem, é alguém que nós conhecemos?

- Sim e não - ela respondeu. - É Severo Snape.

- Quem? - Lilá perguntou pálida.

- Severo... não, não - Parvati foi mais rápida. – O Prof. Snape? O Prof. SNAPE?

- NÃO!! - Lilá arfou. Hermione assentiu.

As outras duas garotas trocaram olhares.

- Detalhes! Ai, meu Merlim. Detalhes!

- Você só pode estar brincando. Um professor?

- Não apenas um professor qualquer; o professor de Poções - adicionou Lilá com uma voz apavorante. - Quando isto aconteceu? Ele te seduziu? Ele foi demitido por sua causa?

-Não, Não, - Hermione insistiu, intencionada em abolir essa linha particular de pensamento. Com cuidado de não mencionar nenhuma data, ela contou às meninas como tinha sido abordada por Comensais da Morte em Hogsmeade. Uma audiência excelente, elas arfaram apropriadamente quando ela descreveu a finalidade do seu rapto, embora não tenha mencionado a identidade de nenhum dos homens envolvidos.

Revelando o fato de que Snape estivera presente, mas deixando de fora determinados detalhes, Hermione fez as meninas acreditarem que Snape fora seqüestrado também. Ela contou então como ele lhe dera sua varinha enquanto atacava o Comensal da Morte chefe, e como ele fora selvagemente atacado pelos outros.


- Eu ajudei Madame Pomfrey a restaurar a saúde dele, e bem, uma coisa levou a outra.

Ela abaixou a cabeça para esconder seu rubor inexistente, e as duas imediatamente chegaram à conclusão a que foram conduzidas. Qualquer sugestão de abuso foi transmutada para o rápido florescer de um romance de um homem ferido com sua guardiã.

- Ah, que fofo! - Parvati se emocionou, e enquanto Lilá parecia ainda cética à dinâmica emocional, ela não questionou a maneira como tudo acontecera.

- Nós estamos falando do Snape, certo? Malvado, asqueroso, sujo…

- Ele é muito diferente quando não está tentando ensinar - Hermione interrompeu. - Muito diferente - ela repetiu, e desta vez não teve que fingir o rubor enquanto recordava exatamente como ele podia ser diferente fora da sala de aula. Por vontade própria, sua mão foi até a marca da mordida que ele deixara em seu pescoço.

Parvati guinchou mais uma vez enquanto Lilá gargalhou.

- E você ficou grávida? Eu achei que o Snape lançaria um encanto, ou lhe daria ao menos uma poção ou alguma coisa para impedir isso.

-Bem.... nós meio que deixamos nos levar... - Hermione provocou, dando ainda mais risadas. - E ele passou os últimos meses me convencendo a casar - ela terminou firmemente. - Então nós nos casamos.

Agora, com toda a sorte, as duas principais bisbilhoteiras de Hogwarts teriam a versão preferida da sua história espalhada das masmorras à Torre de Astronomia no jantar, ou o mais tardar no toque de recolher. Internamente Hermione estava tensa, mas continuou a sorrir e riu enquanto respondeu às infinitas perguntas tolas sobre a natureza romântica previamente insuspeita de Severo Snape, esperando intensamente que ele jamais ouvisse alguns dos detalhes que ela estava inventando agora.

Uma vez que escapou das garras de Lilá e Parvati, Hermione deixou a sala comunal da Grifinória acenando novamente na direção de Gina e agradecidamente fez seu caminho pelos corredores altamente silenciosos em direção ao quarto da Monitora-Chefe. A mochila preta da escola estava tão leve como sempre, mas sua bagagem se arrastava pesadamente, fazendo com que seus ombros e costas doessem. Ela não queria nada mais que encontrar seu quarto, cumprimentar seu gato, e desmoronar na grande cama de dossel.

Nada poderia ser tão fácil, entretanto, ela parou de repente a poucos passos da escadaria quando Draco Malfoy apareceu do nada no lugar.

- Granger - ele zombou. Num lampejo ela percebeu a voz de tenor dele tentava a mesma dominação sedosa que a de Severo alcançava tão facilmente, e suas costas se endureceram em desafio. Porque ele não é nada mais quer ser um imitador, ela pensou. Nem mesmo tão intimidadora quanto seu antigo Diretor de Casa ou seu pai, a pose do Draco era uma pálida imitação dos homens que ele queria se igualar.

Mesmo enquanto ela pensava isso, ele lhe deu a mesma inspeção visual ofensiva que lhe era habitual, mas o desprezo cintilou em confusão quando ele percebeu sua gravidez, revelada pela frente do casaco aberto. Choque, revolta e fúria passaram através de seu rosto até que o escárnio voltou.

- Outro bastardo sangue-ruim, Granger? - ele cuspiu. – Você realmente pensa que mesmo o Weasley a aceitará agora?

- Se alguém aqui é um bastardo, Malfoy, é você. E certamente não o meu bebê. – Corajosamente, ela estendeu a mão esquerda, mostrando o anel que Severo tinha lhe dado.

- Que idiota seria estúpido o suficiente para lhe dar isso?

- Bem - ela começou levemente -, eu o chamo de Severo, mas acredito que você o conheça como Prof. Snape.

Draco empalideceu, mas ela poderia ver suas órbitas girando.

- Então era você a vadia dele.
- Ele me pediu para lhe dar um recado, Draco - Hermione lhe disse, ignorando o insulto. – Ele particularmente quis ter certeza que você o transmitiria a seu pai.

- O que aquele traidor possivelmente teria para dizer a meu pai?

- Ele disse para lembrá-lo que os sonserinos protegem uns aos outros.

- Um feudo de sangue? - Draco exclamou cético. - Por causa de uma sangue-ruim? Não me faça rir.

- Eu estou apenas passando o recado, Draco. É uma tradição sonserina.

Durante uma de suas longas conversas, Severo tinha lhe dito que os sonserinos consideravam outros membros da própria casa tão favoravelmente num jogo quanto qualquer outro, mas atacar a família de seu inimigo era razão para um feudo de sangue que poderia durar por gerações. Hermione fora menos do que cortês em refutar aquilo, dada a atração dos Comensais da Morte em atacar no ponto mais fraco do seu alvo.

Isso a fez ter que escutar uma extensa explicação sobre a antiga glória que era a Casa da Sonserina, onde a esperteza e a ambição eram consideradas traços valiosos contanto que a honra pessoal não fosse comprometida. Um verdadeiro sonserino mantinha a honra acima de tudo, Severo insistira, ou era apenas outro assassino. Considerando o que a honra pessoal de Severo lhe custara, ela estava disposta a conceder o ponto.

Draco visivelmente engoliu em seco, seu desprezo perdendo convicção.

- Eu direi a ele. E você pode lhe dizer que meu pai o encontrará e o fará pagar por sua traição.

- Você terá que dizer você mesmo. Veja, eu não tenho a menor idéia para onde ele foi.

- Você está mentindo.

- Você pode acreditar ou não, eu não me importo realmente. Ele disse que tinha alguns arranjos a fazer e que me surpreenderia quando a escola terminasse. - Ela desceu o resto das escadas em direção ao incrédulo sonserino, esperando chegar ao seu quarto antes que o choque de Draco acabasse. - Eu creio que ele foi comprar uma casa para mim - ela adicionou de maneira tola.

A manobra de Hermione funcionou; Draco permaneceu enraizado no lugar enquanto ela passava por ele, e pela primeira vez, não tinha nenhuma crítica quando ela deixou sua presença. Com alívio cuidadosamente escondido, ela alcançou o refúgio de seu quarto e fechou a porta atrás de si.

Bichento avançou imediatamente até ela, miando alegremente porque sua bruxa havia retornado, ronronando loucamente enquanto trançava em torno dos tornozelos dela. Hermione caiu de joelhos e acariciou a empolgada bola de pêlos próxima a ela, um único soluço misturado com o riso aliviado que alguém, pelo menos, estava feliz em vê-la.

*****
Em um daqueles que Dumbledore denominaria como um dos pubs menos agradáveis de Hogsmeade, Sirius Black e Remo Lupin discutiam após algumas doses de cerveja. Infelizmente, a cerveja não valia a pena, e Remo fez uma careta quando deu um gole enquanto observava o salão. A multidão no bar estava razoável, mas eles tomaram o cuidado de encontrar uma mesa onde pudessem observar facilmente a porta sem serem muito óbvios. Black olhava longamente cada vez que a porta abria, embora seus resmungos não tivessem cessado.

- Ele está atrasado.

- Ele disse que estaria aqui por volta das sete, e está apenas um pouco atrasado. Relaxe, Almofadinhas. - A porta de carvalho abriu outra vez. – Lá está ele - Remo anunciou quietamente.

Nenhum dos homens fez qualquer gesto de cumprimento, e Severo Snape andou até a mesa deles sem ser notado, apenas recuando e pegando uma terceira cadeira.

- Você está atrasado - Black repetiu.

- E você está encantador como sempre - Severo lhe disse. - Eu tive que resolver um problema.

- Negócio que o manteve longe por uma semana além do nosso cronograma original? - Sirius perguntou. – Que raios era assim tão importante para você nos deixar esperando por tanto tempo?

- Você não lhe contou? - Severo perguntou ao Lupin.

- Não - Remo respondeu, sorrindo dentro de sua caneca. - Eu achei que você ia querer ver a cara dele quando ele ouvisse.

- Ouvir o quê?

- Estou começando a gostar de você, Lupin - Severo disse ao lobisomem com um sorriso sarcástico.

- Cale a boca e me conte - Sirius ordenou.

Este oxímoro recebeu o desprezo que mereceu.

- Se você quer saber, Black, eu estava com uma mulher.

Black bufou.

- Que tipo de vagabunda passaria voluntariamente tanto tempo com você?

A mão de Severo disparou e agarrou o colarinho de Sirius, fazendo com que a cerveja espirrasse para fora da caneca enquanto ele era arrastado para mais perto.

- Diga isso outra vez, Black, e você dirá com o queixo quebrado. Se você quer saber, eu me casei.

- Ora bolas - Sirius cuspiu em patente descrédito. - Quem casaria com você?

- Hermione Granger - Remo ofereceu, apreciando especialmente o espetáculo que Snape fazia. Se tivesse suas dúvidas da afeição do homem por sua noiva, elas teriam se dissipado rapidamente. Os dois homens se provocavam há anos, mas Snape nunca reagiria a tal comentário se não o incomodasse.

- Hermione? A Hermione do Rony? - Sirius perguntou, agarrando o revestimento da lapela de Snape por sua vez.

- Ela nunca foi e nunca será a “Hermione do Rony Weasley”. Ela é minha esposa.

- E logo será mãe - Remo adicionou utilmente. Melhor acabar logo com isso, ele pensou. Pelo menos eles não apontariam suas varinhas um para o outro em uma multidão.

- O QUÊ? - Sirius rugiu. Era um lance de quem fazia quem cair aos seus pés, e eles bateram na parede ao mesmo tempo. Em torno do salão, várias pessoas pararam suas conversas e prestaram atenção ao divertimento desvelado com interesse.

- Seu bastardo!! - Sirius se enfureceu. – Ela é uma criança!

- Ela tem dezoito anos - Severo lhe disse. - E é minha ESPOSA!

- Ela tem metade da sua idade!

- Fora, cavalheiros! - gritou o dono do botequim que saiu de trás do caixa, sua voz se levantou sobre os gritos entusiásticos dos espectadores. A troca de insultos pausou, mas nenhum dos homens soltou do outro.

- É uma longa história - Remo falou para Black enquanto colocou alguns sicles na mesa e agarrou o sobretudo de Sirius. - Nós podemos discutir isso no caminho. - Sua força extraordinária de lobisomem era mais que necessária na tarefa de separar os dois combatentes, e separou-os com facilidade.

- Só dois sujeitos brigando por um passarinho - ele berrou para todo o salão, dando um riso compreensivo para muitos dos bebedores. – Desculpe pela bagunça.

O dono do botequim apontou a saída, recolhendo as canecas viradas e pegando as moedas.

- Acontece todo amaldiçoado dia. Eu preciso usar vestes de juiz certas noites.

- ANDEM - Remo rosnou quando os três homens se encontraram na quietude da rua, acompanhando sua ordem com um impulso na direção certa. – Como eu disse Almofadinhas, é uma longa história. Você quer contá-la, Severo, ou eu conto?

- Por suposto, Lupin, favoreça seu senso dramático - Severo falou lentamente enquanto endireitava sua roupa. - Eu sei que você está louco por isso.

- Cale-se - Sirius rosnou. - Aluado? É melhor que seja bom.

- Ah, isso é - Remo respondeu loquaz. – Entenda, tudo começou com Hermione Granger sendo arrebatada por alguns Comensais da Morte puxa-sacos de Lúcio Malfoy, e então, nosso amigo aqui deixou Malfoy atacá-lo com um feitiço sobre ele.

- Malfoy deve ser amaldiçoado por um hipogrifo - Sirius rosnou.

- Pela primeira vez, Black, eu concordo com você - Severo lhe disse.

A voz de Remo Lupin desvaneceu à distância enquanto eles caminharam a passos largos ao longo da avenida iluminada somente pelas tochas casuais e pelo quarto da lua acima, rumando por partes desconhecidas.

*****

Ladeada por Harry de um lado e por Rony no outro, Hermione entrou no Salão Principal para o café da manhã na manhã seguinte, esperando que seu estômago se comportasse apesar dos nós que atualmente eles davam. Os sussurros começaram quase que imediatamente, e a seguiram enquanto ela andava por entre as mesas até seu lugar usual ao lado de Simas Finnegan. Atingiu um crescendo quando ela puxou suas vestes da escola contra si mesma enquanto se sentava, esboçando sua gravidez para que todos vissem.

Rony tomou o lugar do outro lado dela, enquanto Harry circundou rapidamente a extremidade da mesa para seu lugar oposto ao dela. O zumbido no salão aumentou e caiu enquanto a história alcançava as extremidades do salão e emparelhando com as vigas, onde o fantasma de Lady Gray pairou com o Barão Sangrento, sussurrando em seu ouvido. O austero fantasma, manchado de prateado, flutuava perto do teto e cruzou os braços, deu-lhe então um assentimento quando ela o encarou.

- Outro Sonserino, sem dúvida - balbuciou silenciosamente.

Hermione sorriu de repente com o absurdo disso tudo e sacudiu a cabeça. Se ela tivesse se casado com qualquer outro, ou engravidasse imediatamente após a escola, a maioria de seus colegas daria de ombros com indiferença e seguiriam com suas vidas sem lhe dispensar outro pensamento. Uma vez que deixassem a escola e a vida relativamente simples dentro daqueles limites, eles provavelmente perceberiam como seu comportamento era realmente tolo. Pediu a Simas para passar o suco, o que ele fez, junto com um prato de torradas. A normalidade começou a retornar quando ela empilhou seu café da manhã no prato e ignorou completamente o rebanho de tolos em torno dela.

Logo do outro lado de Simas, Lilá veio e se sentou. Não respondeu aos vários cumprimentos que recebeu, e depois de momento, inclinou-se e sussurrou na orelha do namorado.

Simas parou de mastigar, então engoliu cuidadosamente.

– O quê? – ele perguntou.

- Eu disse que também estou grávida - Lilá repetiu aborrecida e um tanto alto. Hermione podia ver o queixo da jovem tremer. A mesa cresceu num silêncio mortal.

- Lilá… - Simas gaguejou.

- Não tem importância - a menina murmurou, levantando-se rapidamente do lugar. Antes que ela desse mais alguns passos, Simas segurou-a pelo braço. Ele a forçou a olhar para ele segurando o rosto dela com sua mão livre.

- Mesmo? - ele perguntou, num tom extasiado.

Lilá assentiu miseravelmente. Uma lágrima escorreu pelo seu rosto e Simas limpou-a com o polegar antes de beijá-la. O beijo passou rapidamente de um beijo gostoso a uma explosão exagerada, entre assobios e aplausos das mesas vizinhas.

Simas de repente interrompeu o beijo e sussurrou algo, ao que Lilá assentiu timidamente. Ele deu um grito e a levantou do assoalho, girando-a ao redor.

- Quando será o casamento, Simas? - Rony perguntou, provando que não estava completamente distraído.

- Assim que nós nos formarmos. Certo? - ele perguntou a Lilá, que apenas assentiu outra vez e o beijou. Entre algumas risadas e alguns comentários especialmente impróprios, o mais novo casal de noivos sentou-se de volta para seu café da manhã.

Através da mesa de Hermione, Gina inclinou-se e sussurrou algo na orelha de Harry. Harry engoliu visivelmente e sorriu.

Rony, entretanto, olhou de cara feia e abaixou sua colher com uma batida.

- Hermione - ele começou sutilmente -, eu estava aqui justamente dizendo a Gina que você realmente pode engravidar na primeira vez que transa com alguém.

Hermione deu a Rony um olhar. As orelhas dele ficaram vermelhas, assim como as de Harry, mas visto que a cara de Rony estava hostil, Harry cuidadosamente prestou atenção ao seu prato e não em seu amigo ou, mais importante, à menina ruiva que estava sentada ao lado dele. Gina, entretanto, levantou seu queixo e olhou fixamente de volta a seu irmão mais velho com uma luz perigosa no olhar.

- Sim, é verdade - Gina respondeu antes que Hermione pudesse responder. - Embora, uma vez planejado, uma visita à Madame Pomfrey pode cuidar disso.

- O que é muito interessante, Srta. Weasley - veio a voz clara de McGonagall. Hermione e Rony se viraram para encontrar a professora de Transfiguração parada ao lado deles, com seus lábios cerrados em desprazer e com um leve rubor em cada face.

A Prof. McGonagall alfinetou cada Grifinório na vizinhança imediata com um olhar afiado sobre seus óculos quadrados.

- Você, Srta. Brown, e você, Sra. Snape, e eu acho que a Srta.Weasley também, vão passar a tarde no consultório de Madame Pomfrey. Vocês quatro reunirão as informações que Pomfrey julgar adequadas para cobrir o assunto de reprodução e controle de natalidade. Estará na minha mesa na noite de sexta-feira, sem atraso. Uma vez que eu o aprove, a Monitora-Chefe fará com que uma cópia seja dada a cada aluna do sexto e sétimo ano nas nossas dependências. Eu me fiz entender perfeitamente?

- Sim, professora - as jovens responderam em coro obedientemente.

- Eu venho insistindo há anos que algo desse tipo seja feito nessa escola, mas o Diretor sempre pegou a visão do Conselho Escolar de que a educação sexual não pertencia a Hogwarts. – Ela fungou em desprezo. - Como se nenhum deles se recordasse de como eles eram quando eram adolescentes. Eu estive na escola no mesmo ano que Cornélio Fudge, e eu poderia contar-lhes histórias… Naturalmente que ele não o recorda essa maneira.

A bruxa mais velha fungou outra vez, e Hermione teve que esconder seu sorriso forçadamente com choque de seus colegas. Rony olhou como se fosse morrer ali, enquanto Harry estava boquiaberto, sua boca totalmente aberta, dando uma visão não muito atrativa da sua última mordida. O leve pensamento do Ministro Fudge agindo como um adolescente imprudente era altamente perturbador.

- Lembrem-se, senhoras. Não após as oito horas de sexta-feira, ou eu estarei deduzindo tantos pontos da Grifinória que você desejarão que o professor Snape estivesse aqui no meu lugar. - Apesar de sua voz austera, o minúsculo piscar na direção de Hermione ajustou um outro sorriso forçado. - Agora. Onde está o Monitor-Chefe? Eu acho que eu preciso falar com ele, também.

Os risos abafados e envergonhados na mesa da Grifinória se acalmaram quando o esquadrão de corujas da manhã sobrevoou através das janelas e começou a deixar cair o correio aos estudantes em todo o salão. Embora soubesse que era tolo, Hermione não pode deixar de sentir uma leve cintilação de desapontamento porque não recebera uma carta. Ao invés disso, retornou à sua refeição e escutou ausente os outros discutirem suas correspondências.

O grito atemorizado de um estudante desconhecido alertou a todos por uma entrega mais atrasada. Cada olhar no Salão se levantou até observar uma águia preta e branca enorme que planou no salão. As corujas em toda parte se dispersaram para o teto enquanto a águia circundou o salão, suas asas largas e compridas batendo pelos cantos agilmente. Ordenadamente, deixou-se cair na mesa da Grifinória, suas pesadas garras batendo sobre a mesa com um tinido alto.

O silêncio repentino foi quebrado quando Hagrid exclamou feliz:

- É uma águia de Bateleur, isso sim.

A águia planou levemente para frente, cruzando uma distância maior que o braço de Hermione para aterrissar na frente do seu prato quase vazio. Considerou-a firmemente, as penas pretas eriçavam torno do rosto avermelhado enquanto virava a cabeça de um lado ao outro. Satisfeita, pegou um cordão em torno do pescoço com seu enorme bico curvado, desfazendo um laço. Uma caixa pequena se soltou do laço.

- Obrigada - Hermione conseguiu falar, pegando a caixa.
A águia sacudiu a cabeça mais uma vez e levantou vôo, as asas batendo espalhafatosamente quando planou para fora da janela, mandando corujas nervosas para todas as direções.

- Chocante - comentou Rony.

- O que você recebeu? – Lilá perguntou.

No papel de embrulho marrom estava inscrito: Hermione Granger Snape, e estava amarrado com um grosso cordão. Hermione rasgou o cordão e o papel marrom da caixa e a abriu. Dentro estava um chumaço de lã de algodão e um bilhete

Olhando o bilhete rapidamente, leu:

Querida Hermione,

Meu filho escreveu-me sobre seu casamento, e eu espero que você perdoe uma mulher velha por estar ansiosa para se encontrar com você. Eu esperei este dia por mais de uma década, entretanto, eu suponho que algumas semanas a mais não farão nenhuma diferença.

Por favor, aceite este símbolo de boas vindas à família. É o escudo da família Snape e um é dado de presente a cada nova noiva por quatro séculos. Não se preocupe - a corrente é enfeitiçada contra quebras e o próprio medalhão tem um encanto poderoso contra-roubo nele. Por favor, use-o como um presente meu e de Severo. Você já me deu o presente o mais inestimável de todos - a felicidade do meu filho e o futuro neto que você carrega.

Até que nós nos encontremos, subscrevo,

Lucrecia Snape


Dentro do ninho aveludado de algodão, uma centelha brilhante metálica reluziu da jóia. Hermione prendeu a respiração quando a removeu com cuidado.

O pingente era um tanto grande, consistindo principalmente num círculo de muitas folhas formadas em ouro com um revestimento de esmalte verde brilhante. No centro das folhas, pequenas granadas ou possivelmente rubis davam à forma de uma maçã. Um exame mais detalhado mostrou que uma borda da maçã tinha uma mordida, a polpa da maçã descrita em diamantes amarelos minúsculos. Outros detalhes foram observados, como a haste esmaltada marrom minúscula, e uma pequena cobra serpenteando entre as folhas verdes minúsculas, seus olhos de esmeralda não mostravam nenhum remorso.

Virando-o, Hermione encontrou uma inscrição em latim no verso: Cognitio indifferns virtus mallus, ela leu.

Assim que leu as palavras, um formigamento de magia percorreu seus dedos, e ela quase o deixou cair. O senso comum lhe disse para por imediatamente a jóia de volta na caixa e a enviar de volta à Itália, mas o desejo de ter algo tão ligado a Severo cancelou facilmente esse impulso. Em vez disso, Hermione colocou a corrente de ouro em seu pescoço, o medalhão dentro de suas vestes, e resolveu procurar o Prof. Flitwick na próxima oportunidade.

Na tarde seguinte, Hermione conseguiu chegar à aula de Feitiços cedo o bastante para pedir ao professor da matéria para examinar o colar. Recusando-se a tocá-lo, Flitwick ajustou seus óculos e olhou bem de perto a peça envolta pelas mãos de Hermione. Algumas ondulações de sua varinha e pequenos murmúrios depois, o pequeno bruxo desistiu, balançando a cabeça.

- Eu não estou familiarizado com este feitiço em particular, mas é definitivamente o trabalho de um mestre - ele pronunciou em sua voz estridente. - Assim como o trabalho da jóia, no que diz respeito ao assunto. Não foi um Cellini ou um Boticelli, mas um mestre renascentista certamente fez isso.

- É para ser uma herança tradicional de família - Hermione lhe disse. – Foi um presente da... bem, da minha sogra.

- Mesmo? É encantador - Flitwick lhe disse. - Eu lhe diria para mantê-lo seguro, mas parece que fizeram um bom trabalho aqui. Aliás, minhas sinceras felicitações a você e a Severo também - ele adicionou. – Não deixe de dizer ao seu marido que ele faz falta aqui em Hogwarts.

- Obrigada - Hermione respondeu. - Você tem certeza que isto não é demasiado valioso para se usar?

- Deve certamente ser valioso, mas os bruxos têm um inclinação para passar adiante este tipo de jóia encantada. Eu estou inteiramente certo que os feitiços são como você disse, encantos para impedi-la de ser roubada ou perdida. Use-a de bom grado, Srta. Granger. Desculpe-me - ele riu -, Sra. Snape. Agora, eu creio que nossa aula esteja pronta para começar. Se você puder se sentar, por favor?

Hermione tomou seu lugar ao lado de Harry, que se apressara para entrar no último instante, e ambos arrumaram suas coisas e esperaram enquanto o Prof. Flitwick escalava a pilha de livros que o levariam até a altura do pódio.

Para sua surpresa, a aula de Flitwick começou discutindo a mágica elementar do lançamento de feitiços e como fundamentar o encanto no elemento apropriado aumentava a eficiência do feitiço. Moveu-se rapidamente sobre outras maneiras de aumentar a eficiência de um feitiço, e enquanto a pena de Hermione fazia anotações rápidas, seu cérebro continuou a captar os comentários feitos por Noggy, a elfa-doméstica, a respeito da Mágica da Terra.

Quando Flitwick fez uma pausa perto do fim de sua aula, Hermione levantou a mão.

- Professor, você poderia explicar um pouco mais sobre a Mágica da Terra?

Flitwick se embaraçou momentaneamente, mas respondeu prontamente:

- A Mágica da Terra é um outro nome para a mágica primitiva, ou mágica elementar. Como você pode se recordar das aulas de Teoria da Magia do ano passado, a força da mágica pode acontecer em qualquer um suficientemente motivado ou descontrolado. A Mágica da Terra é considerada um atributo feminino, já que as fêmeas são as que carregam as futuras gerações. Adicionalmente, o ciclo menstrual é geralmente governado pelas fases da lua, que é outro símbolo da terra. As jovens geralmente desenvolvem seu poder ao mesmo tempo em que estão desenvolvendo sua condição feminina, e os dois estão ligados. Assim como a maioria de vocês, jovens mulheres, com certeza observaram, o controle do seu poder flutua dependendo do seu ciclo.

Embora uma ou duas meninas tenham corado nesta referência muito ocasional a suas vidas pessoais, diversas cabeças assentiram em concordância. A expressão de Flitwick clareou quando subitamente ele fez a conexão entre a gravidez e a pergunta dela.

- Você observou alguma mudança em seus poderes nos últimos meses, Sra. Snape?

Hermione assentiu, ignorando os sussurros eliciados por seu status e nome novos.

- Alguns dias eu mal conseguia fazer alguma coisa funcionar, e agora eu me sinto muito mais poderosa ultimamente.

- É o esperado, em suas condições - ele a assegurou. - Você perceberá que suas habilidades se nivelarão logo após seu confinamento.

Hermione assentiu, mas Harry se aproximou.

- O que é ele quer dizer com confinamento? - ele sussurrou.

- Quer dizer quando eu der a luz - ela sussurrou de volta.

Harry fez uma cara ligeiramente enjoada e voltou sua atenção para Flitwick, que continuava a aula sobre a mágica elementar.

- Por outro lado, os homens jovens estão geralmente ligados ao que algumas vezes conhecido como Mágica do Fogo. Porque, antes que vocês ganhassem uma varinha e uma apropriada educação mágica, sua mágica acidental ocorria mais freqüentemente quando vocês jovens perdiam a calma.

- Agora, por favor, tenham em mente que eu estou fazendo uma generalização bem ampla. Uma jovem garota ainda é tão passível de quebrar uma janela quando tem uma explosão de raiva, e um rapaz em seus arroubos de melancolia pode ser tão destrutivo. O que isso significa, entretanto, é que essa criança está extravasando os elementos mágicos em torno dela ao invés de canalizá-los através de uma varinha e, na verdade, estão executando um tipo de mágica sem varinha. Há diversos casos documentados do uso da mágica elementar para produzir resultados surpreendentes. Entretanto, é exigido muito esforço da pessoa que consegue tal mágica, e pode ter resultados desastrosos e inesperados. Em alguns desses casos, pode ser fatal.

- Isto responde à sua pergunta, Sra. Snape?

Hermione assegurou ao professor de Feitiços que sim, enquanto meditava sobre o fato que o pequeno homem normalmente gregário, não tinha olhado com cuidado na direção de Harry Potter ao discutir os resultados fatais do uso selvagem da mágica elementar.


*****

Assim que Hermione tinha se resignado a não receber nenhuma carta do seu marido de qualquer modo, um curto bilhete de Severo chegou com o correio da manhã. Tipicamente contido, expressava a confiança na habilidade dela para passar nos NIEMs e continha um encorajamento de espírito sutil e mais de uma severa censura para tomar cuidado da sua saúde. O bilhete terminou apenas com as iniciais dele, mas um borrão da tinta mostrou que sua pena tinha descansado lá por diversos momentos antes que se decidisse como assiná-lo.

Harry e Rony também tinham recebido um bilhete de Severo, embora ela só descobrisse isso quando deixou a biblioteca muito tarde uma noite e pegou Harry esperando por ela no salão.

Com o fim repentino do hábito de Draco Malfoy em segui-la, Hermione começara a sentir mais facilidade em vagar pelos salões de Hogwarts à vontade. A presença constante de um ou ambos de seus amigos não fora notada até que Harry e Rony apareceram, muito coincidentemente, para acompanhá-la de volta até seu quarto pela terceira noite consecutiva. Parando abruptamente no salão, ela virou-se para ambos.

- Por que vocês estão me seguindo? – ela exigiu.

Rony e Harry trocaram um olhar.

- Porque o Snape nos pediu - Harry confessou finalmente. A cara de Rony se contorceu, esperando o ultraje. O que não demorou a vir.

- Mas que OUSADIA! - ela explodiu. - Como ele OUSA? Eu estou a dois meses de me formar... Eu sou a maldita MONITORA-CHEFE! Parece que eu preciso de uma babá?

- Talvez daqui alguns meses - Rony indicou imprudentemente. O olhar penetrante que recebeu em troca foi perigoso.

- Olha, Hermione - Harry adicionou rapidamente quando ela voltou sua ira para ele -, ele está apenas preocupado com você. Ele apenas nos pediu para ficar de olho em você para se certificar que o Malfoy ou um de seus pequenos comparsas não lhe façam nenhum mal.

-Sim - aderiu Rony. - Ele chamou isso de um ramo de oliva, seja lá o que isso quer dizer.

A boca de Hermione abriu e fechou diversas vezes antes que ela pudesse falar outra vez.

- Isso é tão… tão… SONSERINO da parte dele! Ele recrutou vocês dois para me observar dia e noite pedindo para que vocês fizessem isso como um favor. Dessa forma, vocês três se tornam os machos que brincam de malditos heróis e dão tapinha nas costas uns dos outros, todos juntos, enquanto eu sou a senhorita em perigo! E ele sabe que se eu fizer um escândalo e mandar vocês pararem, será minha culpa se vocês três não se acertarem!

- É mais ou menos isso - Harry admitiu de modo falho.

- Espertinho, não é? - Rony comentou.

*****

Alguém observou uma vez que a máquina do governo moi devagar, e foi assim, logo depois das aulas recomeçarem e imediatamente depois do primeiro de Maio, que Dumbledore recebeu uma visita oficial de um vara-pau puritano de um bruxo. O Sr. Blackadder, do Ministério, deixou perfeitamente claro durante as poucas horas que esteve em Hogwarts que detestava crianças, a Vice Diretora Prof. McGonagall e, especialmente, o próprio Diretor. Ouvindo a conversa de seus colegas, Hermione pensou consigo mesma, imaginando se Severo cortaria o homem nos joelhos ou o destruiria totalmente com algumas punhaladas bem-colocadas no ego do homem.

No final daquela tarde, depois que o oficial do ministério saíra, Hermione recebeu um bilhete de Dumbledore convidando-a para tomar chá com ele. Ela se apresentou precisamente na hora, para mais uma vez agradecer as escadas giratórias que não a obrigaram escalar sobre elas para alcançar a torre até o escritório do Diretor. Encontrou o escritório redondo um tanto diferente que da última vez que fora convidada, porque diversas prateleiras estavam vazias, os livros se encontram empilhados e os feixes limpos nas prateleiras e nas portas dos armários eram a evidência de uma varredura vigorosa.

- Você está embalando suas coisas? - ela perguntou, por algum motivo desanimada pelos sinais desta atividade.

- Não, não, minha cara. Eu receio que eu tenha me tornado um pouco tagarela com o passar dos anos - Dumbledore confessou com um sorriso fraco. - Eu tenho planos para este verão, e decidi começar com uma boa limpeza. Minerva detesta desordem, e eu tenho andado um bocado cansado dela me irritando.

Ele indicou uma cadeira para Hermione, onde um bule de chá a aguardava. Acima da cadeira dele, Fawkes, a fênix, empertigou-se em seu cochilo e espreitou Hermione com interesse. Seus olhos pretos brilhantes pareciam focalizados na barriga dela.

- Humanos não põem ovos nem se queimam - ela disse ao pássaro. - Nós fazemos desta maneira preferivelmente.

A cabeça vermelha e dourada se sacudiu, e Fawkes soltou uma única nota de reconhecimento antes de virar abruptamente suas costas para Hermione e Dumbledore, aparentemente com a intenção de recomeçar seu cochilo.

- O Ministério está criando algum problema porque Severo e eu nos casamos? - Hermione perguntou enquanto servia uma xícara de chá a pedido de Dumbledore e a oferecia para ele. – Eles não podem realmente fazer muita coisa, podem?

- O Ministério e Fudge não ficaram especialmente satisfeitos com a maneira com que eu conduzo esta escola - Dumbledore respondeu levemente. - Entretanto, eu ainda tenho a total confiança do Conselho, e até quando aqueles cavalheiros acharem que devem me ajudar, Cornélio Fudge não tem terreno nem recurso.

- Mas o Sr. Blackadder não vai dizer ao Conselho o que descobriu hoje?

- O Sr. Blackadder - começou Dumbledore em tons divertidos que diziam a Hermione exatamente qual a opinião sobre o indivíduo -, veio aqui para investigar os relatos de que uma aluna foi seduzida por um professor. Visto que os Comensais da Morte oficialmente não existem, eu mal poderia mandá-lo de volta com uma história de malfeitores inexistentes. Em vez disso, eu simplesmente deixei claro que você e o professor Snape não estavam juntos antes dele começar a sua licença. O que aconteceu depois que ele deixou o emprego não era mais da minha conta.

- E ele acreditou em você?

Dumbledore achou o teto especialmente interessante naquele momento.

- Eu devo confessar que o Sr. Blackadder saiu com a impressão distinta de que Severo era um cavalheiro estudioso socialmente inepto, perdido pelos encantos de uma jovem muito inteligente.

- Você quer dizer que ele pensa que eu sou uma alpinista social que se agarrou a um marido rico - Hermione supôs com um toque de ultraje, então desabou em sua cadeira. - Bem, eu suponho que poderia ser pior. - O chá foi agitado e bebido sem destinar-lhe mais do que um olhar apressado.

- Certamente que poderia. E foi, no meu tempo - ele suspirou. Quase para ele mesmo, murmurou: - Nunca pensei que viveria para ver a história se repetir.

Hermione observou a inclinação cansada dos ombros de Dumbledore.

- As coisas estavam tão ruins quando você derrotou Grindelwald? – ela perguntou timidamente.

Dumbledore inspirou, depois deixou a respiração sair lentamente, e uma corrente repentina da mágica no ar pareceu se agitar em torno do bruxo, rodando como asas enfumaçadas na pequena sala. O poder irradiou dele por um momento como as memórias pressionadas em todos os lados.

- Foi pior, realmente - Dumbledore lhe disse, a voz do velho homem velho soou profunda e conformada. - Havia uma outra guerra acontecendo também, você sabe, trouxas lutando contra trouxas pelo mundo inteiro. Eu estava nos meus oitenta quando lutei contra Grindelwald, e eu jurei que jamais permitiria que tal coisa viesse a acontecer novamente. No entanto, aí está.

Hermione falou sem pensar:

- Não é, não realmente.

- Não, Srta. Granger? Me desculpe, Sra. Snape.

- Pelo que eu li - Hermione começou seriamente -, Grindelwald teve um círculo muito pequeno de ajudantes. A segunda guerra mundial foi algo que ele simplesmente usou como vantagem adicional para seu próprio fim. Voldemort parece ter aprendido com esse erro. Ele recrutou muitos Comensais da Morte, não foi?

- Ele criou uma base de poder mais ampla, mas então, Hermione, eu também.

- Mas no passado você agiu sozinho, certo?

- Não precisamente sozinho - ele corrigiu. - Meu afilhado lutou ao meu lado, assim como alguns outros, mas nada parecido com a Ordem que eu tenho agora.

- Seu afilhado? - Hermione perguntou.

Dumbledore sorriu acariciando sua barba.

- Meu afilhado Gussy. Mais conhecido por você, eu acho, como Augusto Snape.

- O pai de Severo? Eu pensei… bem, Severo me disse que ele era como Lúcio Malfoy.

- É uma infelicidade que um filho nunca conheça seu pai com a mesma idade. É verdade que Gussy eventualmente se transformou num tirano, mas quando ele tinha vinte anos, era um jovem doidão como seu pai fora antes dele. Os gêmeos Weasley não teriam chance de competir com tal patife.

Hermione estava fascinada.

- O que o mudou?

- A guerra, eu acredito. Mudou todos nós. Augusto pensou que seria divertido me acompanhar numa investida que arranjara com algumas famílias bruxas presas em Moscou durante a ocupação alemã na Rússia. O massacre absolutamente o aterrorizou, é claro, mas ele realmente não pegou ao coração, nem depois, de qualquer forma.

- A Guerra é que algo trouxas fizeram a trouxas, certo?

Dumbledore assentiu tristemente.

- Eu encontrei traços da influência de Grindelwald, entretanto. Eu não o peguei até dois anos mais tarde, mas Gussy e eu encontramos evidências de bruxos e bruxas que foram apanhados na guerra, mortos por trouxas que eram joguetes de Grindelwald. Nós conseguimos libertar alguns de um trem, uma noite, e ele teve uma bruxa romani atada a si antes que pudesse dizer o contrário. Eu acho que ela se apaixonou por ele imediatamente.

- Depois que eu duelei com Grindelwald - e nessa frase despretensiosa Hermione esforçou-se para não tossir -, Augusto mudou. Aqueles anos depois da guerra foram muito difíceis, tanto para os povos trouxas como bruxos. Eu acho que ele não queria ter filhos, mas Lucrecia o cansou e eventualmente eles tiveram Severo. Infelizmente para o menino, ele nasceu no final dos anos sessenta.

- Meus pais me contaram sobre isso - Hermione disse.

- Em compensação, Augusto era muito mais estrito com o menino, e morreu imediatamente antes de Severo sair para a escola. Uma pena, realmente. - Dumbledore ajustou sua xícara na mesa. - Eu vi muitos bruxos mais velhos mortos na última metade do século passado, Hermione. Eu me preocupo sobre o efeito que isso terá em nosso mundo.

Hermione assentiu.

- Eu estou trabalhando num projeto com Madame Pomfrey, e eu lhe perguntei se havia algum tipo de censo para bruxos. Ela não sabia de nenhum, mas parece que os povos bruxos não se espalham muito.

- Você pode ter certeza que aproximadamente um em cada cinco novos estudantes em Hogwarts é nascido trouxa assim como você mesma, minha cara. Uma porcentagem um pouco maior tem pais de ambos os mundos, e é o que o Sr. Finnegan se refere como meio a meio. Mas diga-me, Hermione, você conhece muitos entre seus colegas que têm mais de um irmão?

- Bem, tem o Rony - ela respondeu imediatamente, e Dumbledore assentiu.

- Sim, bem, a família Weasley é uma raridade entre bruxos de puro sangue. A maioria das famílias bruxas tem apenas um, talvez dois filhos.

- Uma população estável de qualquer espécie requer que a taxa de nascimentos e a longevidade relativa se contrabalancem - Hermione citou de um artigo médico esquecido que ela lera. - A menos que essa população sofra uma queda devido a um evento maciço.

- Exatamente, minha cara. Eu temo que nossa sociedade está correndo o sério risco de se extinguir, apenas porque nós não podemos reabastecer nossos melhores e mais brilhantes tão rápido quanto Voldemort encontra maneiras de matá-los. É por isso que eu fiquei muito satisfeito ao ouvir você dizer que teria seu filho, Hermione. O mundo bruxo precisa de mentes novas e frescas como a sua, e sua união a Severo é uma esperança brilhante para mim. Eu espero que vocês dois encontrem muita felicidade nos anos por vir.

Hermione assentiu, não confiando em si mesma para falar. O otimismo do Diretor era sincero e resoluto, assim como olhar para o sol. As correntes de poder que cercavam o velho bruxo eram tão acolhedoras, embalando-a num acordo complacente independente da preocupação corrosiva sempre presente por Severo e os bruxos com ele.

Olhando para o Diretor, sentado atrás de sua mesa com uma xícara de chá escondida entre os destroços em sua mesa, ele parecia como o tio favorito de alguém. Com sua barba e cabelo longo, oclinhos de meia-lua e um ar geral de professor distraído, Alvo Dumbledore poderia passar por qualquer aposentado senil em vestes bruxas.

Hermione teve a consciência de se lembrar que aquele velho homem era provavelmente o bruxo mais poderoso vivo e lutava ativamente numa guerra suja não declarada contra um ser puramente mau. Ele estava lutando para preservar não sua própria pele enrugada, já que sua longevidade não podia negar que recebera mais tempo que nenhum outro bruxo, ou mesmo o status quo da sociedade, mas a preservação de seu mundo.



N/T- Quantas surpresas não? Acho que o melhor foi ver o assombro do Sirius rsrsrs, e a população bruxa cresce. Bom, continuo só tendo a agradecer os reviews pra lá de carinhosos que venho recebendo. Lembrando sempre que sem a maestria da Ramos em nos escrever essa história, nada disso seria possível. Obrigada novamente à minha beta Bastet e à Fer que sempre arruma um tempinho em sua agitada vida, pra me orientar. Beijos e eterna gratidão. Clau Snape.


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