Um novo mundo
Quatorze anos e alguns meses se passaram desde então. Haley cresceu se tornou uma jovem moça, tinha os olhos escuros e profundos e os longos cabelos castanho escuros chegavam até perto de sua cintura. Ela estava sentada perto de uma janela em um quarto pequeno. Ela estava no sótão (que por acaso era seu quarto). Seu olhar estava perdido no horizonte e como companhia, apenas uma pomba que havia pousado na janela
- 15 anos - disse ela - Acredita nisso? eu tenho 15 anos, bom na verdade eu faço 15 dia primeiro. tenho um padrinho idiota e um pentelho mimado que me enchem a paciência a toda hora. eu nem sei o que me deu! - riu ela - estou falando com uma pomba! - ela olhou para a pomba que estava ali parada olhando para ela como se entendesse cada palavra que ela dizia - eu hein!
A pomba levantou vôo e um garotinho gordo de 7 anos entrou correndo, pulando e fazendo algazarra. Era Bobby o filho pentelho de Alice e John. Alice e Jonh são os padrinhos de Haley com os quais ela mora. estava fantasiado de índio e dançava de um modo que o fazia parecer bêbado e gritava, depois de bagunçar todo o "quarto" de Haley saiu novamente.
- Agora ainda me vem essa! - murmurou para si mesma - se eu pudesse dar um jeito nesse pentelho!
Bom, se Haley tentasse tocar em Bobby teria sérios problemas com John. Bobby era um tanto mimado e qualquer coisa que o ameaçasse corria para o pai, que sempre o defendia (mesmo ele estando errado, "afinal ele é só uma criança" sempre dizia isso). E Bobby, claro se aproveitava da situação. John é baixinho, gordo, bochechudo e calvo. Alice é a única da família que se salva. Magra de um rosto bonito e justa, Alice é a única que defende Haley. Aliás é a única que percebe a sua existência.
Haley havia se posto a arrumar o quarto quando Alice apareceu na porta:
- Ai, não. Bobby fez de novo não é - ela trazia uma bandeja com um prato de sopa quente do qual ainda saia fumaça - Trouxe o seu jantar. John vai receber visitas e você sabe que ele não gosta que
você fique na cozinha quando ele tem visitas - disse docemente
- é eu sei. pode ficar tranqüila não vou sair daqui
Alice ajudou Haley a arrumar as poucas coisas que ainda estavam esparramadas
- sabe que odeio quando ele faz isso. mas não posso contraria-lo
- tudo bem, eu entendo
Alice abraçou Haley e sussurrou em seu ouvido
- não se preocupe não ficara aqui por muito tempo
- o que quer dizer com isso?
Alice se afastou
- não se preocupe, você saberá depois.
Alice saiu e fechou a porta ao passar. Haley se sentou novamente a beira da janela. Agora já começava a esfriar. Haley viu ao longe o carro de John se aproximar. ela olhou para a porta da frente da casa e notou que havia uma carta lá."Que estranho! cartas não chegam a essa hora" pensou ela
O carro de john agora estacionava em frente a casa. Haley observou John sair do carro e caminhar em direção à porta. ele viu a carta, pegou, olhou e rasgou furiosamente, jogando todos os pedaços no chão. então ele entrou. Haley não entendeu nada, deixou a janela e se concentrou em sua sopa que agora já não estava tão quente. enquanto comia Haley escutou na cozinha a voz de John reclamar:
- De novo! Isso já está começando a me irritar.
A voz de Alice respondeu:
- Não vai conseguir esconder isso por muito tempo John!
- Bom não quero falar sobre isso agora, temos que nos apressar para receber as visitas. Eles chegarão a qualquer momento - encerrou a voz de John
Haley já havia acabado sua sopa e colocou o prato junto com a bandeja vazia em cima de uma cadeira. Cerca de meia hora depois a campainha tocou. Haley imaginou que deviam ser as visitas. Quase quatro horas depois Haley começou a sentir os olhos pesados e adormeceu.
No dia seguinte, à tarde Alice havia pedido que Haley limpasse o armário da sala. Ela já havia limpado toda a parte de cima do armário (levara quase vinte minutos para isso, afinal o armário é enorme!). Ela abriu as portinhas da parte debaixo do armário para limpa-las por dentro.
Para sua surpresa um monte de cartas caíram. Mas não eram cartas comuns. não tinham selos nem nada. Todas elas tinham um estranho símbolo. Parecia um brasão tinha quatro estrelas e uma letra que Haley não soube distinguir. E o que mais chamou a sua atenção: Todas eram endereçadas a ela e não tinham remetente. Ela nunca recebera uma carta antes e agora havia montes delas para ela.
Ela ouviu a porta da frente abrir e fechar. E a voz de John anunciar:
- Boa tarde Alice, Tudo bem por aqui? Fui dispensado mais cedo do escritório hoje.
- Que bom, querido - respondeu a voz de Alice
Haley ouviu os passos de John se aproximarem. Ela poderia tentar guardar as cartas de volta no armário, mas n~]ao daria tempo, havia muitas.
John apareceu na porta da sala e ficou paralisado ao ver Haley rodeada de cartas.
- O que esta fazendo?- perguntou trêmulo
- Estava limpando o armário quando achei isto.
- Isso não é seu! Deixe aí!
- Como não é? Tem meu nome nelas. Desde quando estão chegando?
- Isso não interessa! - gritou ele
- Como não?- Ela pegou uma carta e foi até ele - Tem nome nelas e eu tenho o direito de saber porque!- antes que se desse conta estava gritando
-Você Não tem que saber de nada! - Ele tomou a carta da mão dela - Suba, já pro seu quarto e não saia de lá. E se me desafiar, ponho fogo nas poucas coisas que tem de sua mãe! - ele já ficava roxo de gritar
Ouvindo a ameaça, Haley se enfureceu, sabia que John poria fogo na casa se isso fizesse Haley ficar zangada. Ela passou depressa por ele e subiu para o sótão e bateu com força a porta quando passou. Ela estava morrendo de raiva. Podia ouvir as vozes de Alice e John discutindo no andar de baixo. Haley foi até a janela para olhar a noite cair. Ela nem se deu conta de quanto tempo ficou naquela janela. Queria sair dali queria ser livre não agüentava mais ser motivo de briga. Ela ouviu passos de alguém subindo as escadas e Alice bateu na porta:
- Posso entrar Haley? - perguntou de trás da porta
- Claro, entre. Alice abriu a porta devagar e foi até onde Haley estava
- Tudo bem com você?
- É...tudo - mentiu Haley
- Eu falei com John, ele escondeu aquelas cartas até de mim.
- Que cartas eram aquelas?
- É uma historia longa para eu lhe contar, mas não se preocupe ainda amanhã você irá descobrir
- Como?
-Não faça perguntas apenas me escute, amanhã de manhã você vai receber um visitante digamos... um tanto...diferente, ele saberá como te explicar, vá com ele e não se preocupe com nada eu cuidarei das coisas aqui em casa, você só precisa ir com ele. Ele irá te apresentar a uma outra pessoa, o nome é Arthur, pode confiar nele e não se engane. Ele conhecia seus pais e vai te contar toda a verdade, que eu não pude lhe contar.
- Verdade? que verdade? de quem você está falando? eu não estou entendendo nada.
- Não se preocupe em entender agora amanhã tudo ficara claro para você agora é melhor arrumar a sua mala fará uma longa viagem amanhã. -ela se levantou e saiu.
Haley ficou pasma não sabia o que estava acontecendo, mas mesmo assim, seguiria os conselhos de Alice, ela deveria saber o que estava lhe dizendo, afinal, ela não costumava beber. e certamente não estaria bêbada. Alice apareceu novamente na porta de seu quarto carregando um malão.
- Acho que todas as suas coisas irão caber aqui. Agora ande vai precisar de bastante roupas se quiser ficar lá até o fim do ano letivo.E pegue suas roupas de frio, lá é bem gelado no inverno.
- Ano letivo?
- Já lhe disse Haley, não me pergunte nada ok?
- OK.
Alice saiu novamente. Haley começou a esvaziar os armários já havia posto suas coisas no malão, tudo que tinha estava lá então ao vasculhar seus armários em busca de mais alguma coisa que tivesse esquecido, achou uma foto. A foto de sua mãe a única coisa que sobrara do acidente que matara seus pais. Um terrível incêndio que destruíra toda a sua casa. Ela se lembrou do que Alice disse:"A verdade que não pude lhe contar" teria alguma coisa a ver com seus pais?.
Ela procurou mais fundo na gaveta em que estivera mexendo e encontrou mais uma lembrança de seu passado: um colar. Era uma velha correntinha que tinha um anel fortemente dourado nela. Alice havia lhe dito que era a aliança de casamento de sua mãe. A única coisa que sobrara. Ela o colocou no pescoço, fazia algumas semanas que não o usava. Haley foi novamente a janela e ficou olhando para a noite e reparou que na casa da frente, onde morava um estranho garoto que normalmente era motivo de desprezo de John, que se queixava de ter que conviver com gentalha. Ela notou que uma das janelas da casa brilhava, uma luz esverdeada piscava avidamente. Haley imaginou estar vendo coisas, estaria tão cansada e confusa a ponto de ver luzes verdes piscando nas janelas dos vizinhos? Não sabia mas, nem sequer se trocou caiu em sua velha cama e antes que qualquer outra coisa maluca pudesse acontecer, ela adormeceu. Esperando que o dia seguinte lhe trouxesse alguma resposta. Ou talvez, lhe trouxesse a verdade, que verdade, nem ela saberia dizer, apenas esperou que ela aparecesse.
Na manhã seguinte Haley acordou de um pulo. “Que sonho mais estranho!” pensou. Ela se levantou para ir tomar café e tropeçou em alguma coisa. Caída no chão ela olhou para seus pés procurando o que a fizera tropeçar. Era um malão. Então não havia sido um sonho, era verdade. Ela se beliscou para ter certeza. Doeu. Ela correu até o espelho na parede ao lado de sua cama. Parecia normal. Ela tentou se lembrar do que Alice havia dito. Um estalo alto encheu o quarto e quando se virou para ver o que era, tampou a boca com a mão para conter um grito de susto.
Uma pequena criaturinha apareceu bem na sua frente. Media até perto de sua cintura, de olhos grandes, um pouco dentuça, de orelhas pontudas , bastante simpática, incrivelmente esverdeada e usava um uniforme azul com um chapeuzinho combinando.
- Quem, ou o quê, é você?
- Meu nome é Senslav – disse se curvando levemente – Sou uma elfa. Mensageira do correio élfico. E tenho uma mensagem para a Srta. – ela pareceu estranhar a pergunta
Então ela se lembrou do que Alice havia dito: “Um visitante diferente”. Senslav havia tirado uma carta de seu chapéu e a segurava entre seus dedos compridos e finos para que Haley a pegasse. Ela agora sabia o que deveria fazer, tinha se lembrado de tudo que Alice disse. Pegou a carta e se sentou na beirada de sua cama. A carta era igual as que ela havia encontrado no armário na tarde anterior. Com medo do que pudesse haver nela, ela abriu a carta bem devagar e nela havia algo que parecia ser um pergaminho onde estava escrito em grandes letras negras:
Srta. Haley Smythe Gyndfor,
É com muito gosto que a convidamos a entrar para a
Escola de Guardiões e Cavaleiros de Howalert.
Estamos ansiosos em recebe-la. A data de embarque e sua lista
de materiais estão descritos na carta anexa que vira em breve
Agradecemos e aguardamos sua chegada
Atenciosamente,
Paul Mclane
Vice-diretor
Ela leu a carta três vezes, não acreditou. Porque John teria escondido isso dela? Não tinha nada de extraordinário. Ela ouviu passos subindo a escada e sem pensar duas vezes escondeu a carta embaixo do travesseiro e colocou Senslav embaixo da cama. Para seu alivio foi Alice quem abriu a porta.
- Haley, você ainda esta aí! Senslav já chegou?
- Sim. Pode sair Senslav – a elfa saiu de debaixo da cama e ficou encarando Alice – eu a escondi pensei que fosse John.
- Tudo bem, mas precisa ir agora, antes que John suspeite de algo. – ela se virou para Senslav – Senslav, você sabe o que fazer, não é?
- Sim, grande mestra, eu sei – disse fazendo um aceno com a cabeça. Alice tirou um pequeno saco de dentro de seu bolso e entregou a ele
- Leve-a em segurança
- Levarei, grande mestra
- Rápido, Haley, vá!
E antes que Haley pudesse entender ou perguntar alguma coisa, Alice pegou o malão, o colocou em sua mão e ela o segurou com força. Senslav apertou seu braço com força, Alice deu um beijo em sua bochecha como despedida:
- Fique segura. Sentirei sua falta. Até breve minha querida.
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