Me atrasei
Fazia uma bela noite de verão. Havia recebido a missão como a um teste, um desafio. O parque no qual apareceu estava deserto. No início estranhou muito, afinal os parques viviam cheios de crianças brincando. Sua compreensão, daquela visão, se fez quando olhou para os brinquedos. Todos estavam quebrados e/ou pichados. Decerto por vândalos. Reprimindo a vontade de concerta-los, rumou para o seu destino, afinal queria chegar a tempo para o jantar. Andou pelo parquinho tristemente, imaginando as crianças ao verem-no completamente destruído.
Após uns cinco minutos caminhando avistou a rua que procurava. Suspirou nervosamente e prosseguiu. A rua estava estranhamente deserta, para aquele horário. Parou observando o lugar. As pessoas estavam todas em casa assistindo ao telejornal. Sorriu satisfeita. O feitiço funcionara. Continuou o trajeto por aquela rua até alcançar a casa que queria. Parou à porta, suspirando de ansiedade, tocando a campanhia em seguida. Uma senhora idosa, com uma touca na cabeça, abriu a porta, olhando a recém-chegada.
- Pois não! – a senhora perguntou à jovem a sua frente.
- Ah! Boa noite! Eu fui mandada por Lupin! Ele me pediu para lhe entregar...- a jovem começou a revirar os bolsos da calça e da blusa – Onde está? – até que retirou do bolso interno do casaco um envelope, lacrado e endereçado a Sra. Figg – Isto!
A senhora olhou o envelope, que lhe fora estendido, em dúvida. Decidiu arriscar. Pegou o envelope, rompendo o lacre e abrindo-o. Por fim começou a ler e, quando terminou, tornou a olhar a jovem a sua frente.
- Bem! Entre! Antes que algum trouxa a veja! – a Sra. Figg falou, eficientemente, cedendo passagem para a desconhecida, que sem rodeios entrou na sala de estar.
-Então, seu nome é Annabelle!
- Pode me chamar de Any!
- Sente-as! – a Sra. Figg pediu, indicando o sofá.
- Obrigada! – Any agradeceu, observando o ambiente.
- Então, você é a mais nova da Ordem! – Arabella falou, não acreditando muito nisso.
- Sim! Entrei a um mês. Mas devo dizer que não foi fácil. Eles me acharam muito nova, mas eu provei o contrário. E, então, eles me aceitaram.
- Entendo! – Arabella continuou olhando-a – Ah! E quantos anos você tem?
- Dezessete! Completei a três dias! – Any completou ao ver o olhar de Arabella.
- Realmente é muito nova! Pois que eu saiba, apenas os maiores de idade e que tenham terminado a escola podem entrar para a Ordem! – exclamou Arabella de sua poltrona.
- De fato! Mas é que, de onde eu venho, eu já terminei a escola! – ao ver que Arabella não compreendera, explicou – É que eu não sou daqui. Eu vim dos Estados Unidos. – sorriu ao ver que a outra compreendera.
- Ah! Agora está explicado! Lá vocês começam os estudos muito cedo, não é? – Arabella perguntou.
- Sim! Começamos com sete anos. Na mesma época que aprendemos a ler e escrever, com a diferença que vemos apenas a parte teórica. Só com dez anos começamos a prática. Por isso, terminamos o nosso aprendizado um ano antes do que vocês, aqui! – Any explicou, enquanto acariciava um gato que subira em seu colo.
- Bem! Então me espere aqui que eu já volt. Vou trazer a encomenda. – A Sra. Figg se levantou e saiu.
- Espero que ela não demore! Prometi voltar para o jantar! Se eu não aparecer, eles me matam! – pensou Any, olhando carinhosamente o gato.
Enquanto esperava ficava imaginando como seria conhece-lo. Não. Não queria pensar nisso. Gina falara que eles haviam namorado e, para a segurança dela, ele havia terminado o namoro. Decidiu concentrar-se na sala. Havia uma lareira e sob ela várias fotos, de diferentes gatos. Sorriu. A Sra. Figg amava os gatos. Era só inspirar o cheiro, profundamente, do ambiente, de gatos. Retornou para o sofá, ao lado do gato que outrora estivera em seu colo, e ficou observando-o. O tempo não parecia passar, de tão demorada estava a espera. Passado, então, vinte minutos a porta da sala se abriu revelando um rapaz de incríveis olhos verdes e cabelos bagunçados, e a tão famosa cicatriz em forma de raio. Ela pôde ver confusão em seu olhar.
- Vamos Harry, entre! – falou a Sra. Figg instigando o rapaz a andar. Quando já estavam no meio da sala ela os apresentou – Harry! Está é Annabelle Miller. É ela quem irá te levar para a Ordem.
Harry olhou a garoto incrédulo. Como uma garota, que parecia ser mais nova do que ele, podia leva-lo? Harry não conseguia parar de pensar no pior. Onde estariam Lupin, Tonks e Olho-Tonto? Por que ninguém o avisara? Será que acontecera algo? Já não bastava ele ter-lhe tirado os pais, o padrinho e Dumbledore, tinha que tirar mais alguém? Harry foi tirado de seus devaneios pela voz ansiosa de Annabelle, que permanecia com a mão estendida em cumprimento. Ele balançou a cabeça e a cumprimentou.
- Prazer! – Harry apertou a mão estendida e, com as sobrancelhas franzidas, perguntou – Aconteceu alguma coisa? – ele olhou dela para a Sra. Figg.
- Não Harry! Apenas acharam melhor leva-lo assim, sem avisos, para não correr o risco de ter o horário interceptado – falou a Sra. Figg.
- Entendo! – ele ficou pensativo por um momento, então, perguntou – E, como vamos?
- Aparatando – ele arregalou os olhos – Eu sei que você não fez o teste, ainda! Portanto eu o levarei comigo! – respondeu Any, para a surpresa de Harry.
- Mas e as minhas coisas? Estão todas na casa dos meus tios!
- Não se preocupe com isso! Lupin me disse que, hoje de madrugada, levaria suas coisas! – e, olhando o relógio, Any arregalou os olhos – Ai meu Deus, nós temos que ir! – e, para explicar a pressa – É que eu fiquei de voltar na hora do jantar, e já são quase sete. Eles vão me matar se não chegarmos logo!
- Tudo bem! – Harry falou, embora quisesse permanecer onde estava. Lembrou-se de como era aparatar e, conseqüentemente, de Dumbledore.
Harry tentava não pensar no que havia acontecido (ele e Dumbledore na caverna, os inferis, a poção, a marca negra, Snape lançando o Avada Kedavra), mas parecia impossível. O “Profeta Diário” era um que não o deixava esquecer do que acontecera, e acontece, a sua volta. Enquanto ele estava preso na casa dos Dursley, seguro, como havia prometido a Dumbledore.
- Então vamos! – Any pegou a mão dele e, virando-se para a Sra. Figg – Foi um prazer conhece-la. Espero vê-la novamente. – e sorriu.
- Igualmente! Tchau! – ela se despediu, afastando-se um pouco.
- Tchau! – eles responderam em uníssono.
Annabelle se aproximou de Harry de tal forma que era possível sentir a sua respiração. Ela sussurrou em seu ouvido “Feche os olhos”, e desaparatou. Ambos sentiram seus corpos se espremendo por todas as direções. O ar começava a faltar-lhes quando, tão rápido como começara, terminou. Quando abriram os olhos se viram em uma esquina, completamente deserta.
- Vamos Harry, depressa! – Any exclamou, puxando-o pelo braço.
Depois de darem alguns passos eles pararam entre duas casas, a de número 11 e a de número 13. Eles, então, se concentraram e, em pouco tempo, surgiu uma casa entre as duas, como se brotasse do solo. Quando tudo se aquietou eles entraram, cuidando somente para não acordarem o quadro da Sra. Black. Quando, enfim, chegaram a cozinha encontraram-na cheia de cabelos ruivos, entre outras pessoas. Todos pararam ao verem os recém-chegados.
- Harry, querido! Você chegou! – a Sra. Weasley levantou-se e o abraçou apertado.
- Tiveram algum problema? – perguntou Moody a guisa de boas-vindas.
- Nenhuma Moody! – Any respondeu e se sentou ao lado de um dos gêmeos – Além do que, se tivéssemos tido algum, vocês teriam dado conta, né? – ela falou enquanto colocava um pouco de suco de abóbora no copo.
- Achei que você tinha dito, Any, que tinha um compromisso, agora no jantar? – questionou Tonks, fazendo a garota se engasgar.
- Cof! Cof! É mesmo! – e, olhando para o relógio, arregala os olhos – Ai1 Eu estou hiper, super atrasada!
- Então é melhor ir! Quer que eu vá com você? – perguntou Quim Shaklebolt.
- Não precisa, Quim! – Any tomou um gole do suco, distribuiu tchau para todos e partiu.
Quando saiu da mansão Black esta desapareceu. Any olhou para todos os lados certificando-se de que não havia ninguém a vendo.Sacou a varinha e, concentrando-se, desaparatou. Ao abrir os olhos ela se viu em um bairro trouxa. Havia muitas casas iguais, umas ao lado das outras, com uma varanda, garagem e uma cerca-viva, além de um primeiro andar. Any, rapidamente, transfigurou suas roupas para uma calça jeans preta e uma bata com detalhes em crochê, no lugar das vestes bruxas. Suspirou pesadamente e apertou a campanhia da casa número dez. Uma mulher com seus quarenta anos, cabelos negros e olhos cor de mel, apareceu. Quando o seu olhar cruzou com o da jovem, podia-se facilmente notar raiva e decepção.
- Oi, mãe! – Any cumprimentou a mulher a qual a fuzilava com o olhar.
- Atrasada! – A Sra. Miller rangeu os dentes, permitindo a entrada da filha.
- Any passou pela mãe de cabeça baixa, escondendo um sorriso que teimava em lhe escapar dos lábios. Subiu as escadas que levavam ao patamar superior e entrou no quarto. Enfim, soltou o riso caindo sentada na cama, recuperando-se quando a porta se abriu e seu pai entrou.
- Atrasada para o jantar, de novo! – ele falou, parecendo se divertir com a situação.
- Pois é! Fazer o quê, né? Eu não tenho horário! – Any falou, dramatizando, escandalosamente sua vida.
- Claro! Sei! E posso saber onde a senhorita estava até agora? – ele acrescentou, rapidamente, impedindo-a de responder – E não me venha com essa de “eu estava com o pessoal da faculdade” porque, coincidentemente, eles ligaram a sua procura! – ele terminou com sarcasmo na voz.
- Ok! Ok! Ok! Eu estava no mundo mágico! Satisfeito? – ela terminou quase num sussurro.
- Sabe o que eu e sua mãe pensamos! – ele suspirou cruzando os braços.
- Sim, eu sei! Mas o que querem que eu faça? Me esqueça o que sou? O que eu aprendi? O que eu me tornei?
- Any...
- EU SOU UMA BRUXA! – ela explodiu, juntamente com alguns bibelôs de porcelana – E não vou me esconder só porque tem um maluco por aí que quer controlar o mundo. Não! Eu vou lutar, assim como muitos, para derrota-lo! - Any parou tomando fôlego – Além do quê, independentemente de onde estivermos, podemos ser atacados. – ela finalizou esgotada, encarando o pai, tristemente.
- Eu sei! Só que... – ele sentou-se ao lado da filha envolvendo-a em um abraço – Nós só não queremos que você se machuque! Só isso! – ele beijou o topo da cabeça dela e se levantou – Vamos! Sua mãe está nos esperando para irmos a casa de seus avós.
- Ok! Só deixe eu me arrumar um pouco e já desço! – ela disse, respirando fundo e se recompondo.
Após a saída do pai, Any se senta em frente ao espelho e começa a se arrumar. Com um simples feitiço fez um penteado com uma trança-raiz, “é nessas horas que me orgulho de ser uma bruxa” pensou. Pegou, então, uma caixinha de madeira e abriu-a. Dentro havia inúmeras jóias, dadas pelos avós e pais, e escolheu um conjunto que ela gostava muito; um colar, e um par de brincos, de pérolas. Prendeu-os e os admirou. Passou uma maquiagem simples, porém, ótima para a ocasião. Ficou em pé e, após pensar muito, transfigurou as roupas para um vestido preto, bordado em alguns lugares, dando um ar glamouroso. Nos pés uma sandália de salto e, para finalizar uma bolsa de mão compunha o visual.
- Bem! É agora ou nunca! – e, respirando fundo, saiu para mais um jantar com a família, com a cabeça em um certo par de esmeraldas.
N/A: Milhões de desculpas pela demora do capítulo, mas sabe como é, vida de estudante é fogo. Espero que tenham gostado. Comentem aí pessoal!
NO PRÓXIMO CAPÍTULO:
O que foi? – Harry perguntou esfregando os olhos na tentativa de fazê-los parar de apresentarem pontinhos brancos. Isso o estava irritando.
Você! Isso foi engraçado! – e ela caiu na risada.
Você não veio aqui rir da minha cara, né Gina? – ele perguntou enquanto via sua ex-namorada tentando parar de rir.
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