Capítulo 1



Já fazia cerca de dois nos desde que Harry deixara de freqüentar Hogwarts, e aquele pesadelo persistia em arrastar-se pela noite, como um parasita. Harry já fazia, definitivamente, parte da Ordem, que tornara a se instalar na antiga mansão dos Black a qual agora lhe pertencia. Sendo um membro da Ordem, ele também tinha as suas obrigações, e naquele momento exercia uma delas. Acompanhado de seus melhores amigos, Rony e Hermione, que naquela altura já tinham alianças brilhando nos seus dedos, e Ginny Weasley, atualmente sua noiva.
Há seis meses eles haviam chegado a uma conclusão: não havia mais porque não manterem sua relação, ambos corriam perigo de qualquer maneira, e decidiram enfrentar isso juntos, de mãos dadas e peito aberto. Eles sabiam que se amavam, e aquilo era o mais importante. Na retaguarda vinha mais um casal, nas mãos dos quais os belos e dourados anéis do matrimônio reluziam, Remus J. Lupin e Ninfadora Tonks haviam se casado quando Harry estava no sétimo ano, pouco depois do casamento de Bill e Fleur.
O Sr. e Sra. Weasley estavam certos, em tempos de crise como aqueles, as pessoas apressavam-se nos casamentos, com o perigo em cada esquina, e o medo como uma epidemia de gripe, as pessoas se apegavam, com todas as suas forças, a chance ínfima da felicidade, amor e segurança.
As doze badaladas do Big Bem soaram, as brumas tomavam as pernas da patrulha, havia muito a lua e as estrelas desapareceram do céu, Harry apertou a mão de Ginny, e a varinha em seu bolso, um vulto solitário estava parado sob um dos lampiões, poucos fios cor de ouro eram vistos escapando do capuz que olhava freneticamente para os lados da rua. As três duplas deslizaram pela escuridão, e se ocultaram nas sombras, observando atentamente o estranho e impaciente vulto.
Novamente as badaladas do enorme relógio soaram, anunciando a chegada de mais uma madrugada, exatamente neste instante um segundo vulto surgiu da escuridão, ele deixou-se tomar pela luz do lampião, enquanto o primeiro exibia seu braço esquerdo, onde uma horrenda marca brilhava na noite, um brilho verde esmeralda que toma a forma de um crânio, de sua boca uma sibilante cobra apontara, como uma venenosa língua, o segundo vulto também exibiu seu braço esquerdo, onde reluzia uma marca idêntica.
- Achei que não viesse mais – disse o primeiro, era uma voz familiar que soava nos ouvidos de Harry, mas estava mais grave do que ele se recordava.
- Bella me prendeu – respondeu a outra, era uma voz feminina e suave, como uma melodia triste que ressonava na noite.
- O que a tia queria com você?
- Jogar na minha cara que eu deveria me casar e abandonar esse sobrenome – a garota empurrou o capuz, agitando a cabeça para ajeitar os cabelos negros e sedosos que caiam elegantemente por sobre seus ombros, se estendendo até seus cotovelos, seus olhos eram como o breu, assim como seus cabelos, enquanto sua pele era branca como o leite.
- Ela realmente sente prazer em se intrometer na vida alheia – disse o rapaz, a mão de Harry se fechou cheia de fúria sobre a de Ginny, mas ela não reclamou, seus olhos verdes estavam tão surpresos quanto os de Harry estavam furiosos.
O rapaz tombara seu capuz, e longos e lisos cabelos loiros, quase brancos de tão claros, caíram sobre seus ombros, sua pele brilhava com a luz do lampião, e, apesar das fundas olheiras de cansaço, seus olhos azuis inda mantinham o brilho.
Por um instante Harry pensou que fosse o Lucius, mas o Sr. Malfoy estava em Azkaban, era Draco quem conversava displicente com a garota cujo nome ele desconhecia, porém cujos olhos e cabelos lhe eram familiares.
- Ela gosta de me perturbar com aquilo – disse a garota, seu olhar vagou triste pela nevoa, apesar de sua expressão estar congelada.
- Bella não presta ...
- E nem você! – Harry saiu de seu esconderijo, as sobrancelhas arqueadas, uma expressão de ódio e a varinha em punho, os demais que realizavam a patrulha junto dele o imitaram, Draco se pôs na frente da garota, como em um ato de proteção, a varinha diante de ambos – Você esta preso, Draco Malfoy!
Mal Harry terminava de falar, Malfoy e a garota giraram nos calcanhares e se puseram a correr pela escuridão, Harry não precisou pensar duas vezes para saber o que devia fazer, seguido pelos demais, dispararam atrás dos comensais. Seus cabelos, rebeldes, como sempre, estavam mais longos, e se erguiam durante a corrida, com certa dificuldade ele pode ver o vulto de Draco que corria diante dele, apontou enquanto corria, e mentalizou: "Impedimenta!"
Um lampejo saiu de sua varinha, porém apenas serviu para derrubar algumas latas de lixo, Malfoy havia acabado de virar a esquina, e a perseguição persistia, eles viraram ao mesmo tempo de vê-lo entrar junto da desconhecida em uma pequena pousada trouxa, o grupo os imitou. Draco havia acabado de pegar uma chave, mal olhou para o enorme grupo que adentrava, já se punha a correr escadaria acima.
Harry, nem ninguém, poderia usar um feitiço ali, o local tinha trouxas para todos os lados, portanto, se reduziram apenas a seguir pelo mesmo caminho que a dupla fugutiva.
- Entra! – exclamou Malfoy, abrindo uma das portas do corredor, a menina se jogou para dentro, e ele a imitou, fechando a porta.
Quase que simultaneamente, Harry abriu a mesma porta, e dois estalos soaram pela pousada, ele tossiu com a nuvem de pereira que se levantou, aos tropeços se retirou do quarto, incornformado.
- Aparataram? – indagou Rony.
- É, aparataram.
- Realmente, foi por muito pouco! – relatava Tonks para Moody durante o café da manhã, seus cabelos estavam cor de rosa e repicados, indo até o meio de suas costas, seus olhos castanhos e seus lábios vermelhos, mexiam-se velozmente, assim como suas palavras.
- Não se preocupe, Potter, você vai pegá-lo – disse Moody, o som metálico e perturbador de seus passos soando pela cozinha.
Harry não estava nas suas melhores manhãs, novamente tivera uma guerra entre a escova e seu cabelo, e o fracasso da noite anterior atrapalhara seu sono, sentado na mesa da cozinha dos Black, ele degustava de um dos deliciosos pratos da Molly Weasley, porém as torradas eram como serrgem em sua boca.
- Bom dia, Harry – disseram Rony e Hermione, chegando juntos à cozinha.
- Bom dia – respondeu ele, tomando um gole de café.
Rony se sentou ao lado do amigo, estava mais alto e forte, as sardas haviam diminuído com a maturidade, e os cabelos de fogo ultrapassavam seus ombros, ele esticou um de seus braços e se serviu de bacon e torrada, Ronald havia sido convidado por diversos times de Quadribol, e atualmente era o goleiro titular do campeão bretão do momento, e o time de sua vida, Chudley Cannons. Desleixado como sempre, Rony estava vestindo calças longas pretas, tênis da mesma cor e uma camis de mangas longas, ao contrario de Hermione, que trajava u longo vestido de veludo azul, seus cabelos estavam presos em um coque, e faltavam apenas rugas e um par de óculos de tartaruga para que ela estivesse idêntica a McGonagall.
Hermine, aos 20 anos, era a chefe do Departamento de Cooperação Internacional em Magia, sendo a líder de Departamento mais jovem que o Ministério já contratou, mas, ao mesmo tempo, a mais bem aceita e recomendada. Há cerca de um ano a Escócia e a Irlanda haviam se voltado contra a Inglaterra, jogando sobre suas costas todos os problemas referentes a Voldemort, era praticamente uma guerra declarada quando a França uniu-se ao protesto, fora Hermione quem escreveu e preparou o tratado que, por intermédio do Ministério fora posto em prática e interrompeu o conflito, sendo assim, todo o conselho concordou em conceder o cargo para ela.
Já o Harry havia se tornado auror, e um auror de nome e renome, já estava vestido para o trabalho, vestes sociais típicas para os bruxos, a capa o aguardava na entrada, junto com o chapéu. Os óculos não eram os mesmos do tempo de Hogwarts, eram de prata e bem cuidados, com lentes que não manchavam.
- Harry, estamos atrasados! Ginny já se foi! – disse Hermione, irritada com a calma de Harry, ele a olhou surpresa, e em seguida para o relógio que ela apontava, eram quase dez da manhã, Tonks e Moody tinham aparatado a tempos, e Lupin já não estava desde o inicio, Harry sentiu a comida estacionar na garganta, saltou da cadeira tossindo.
Hermione revirou os olhos, e, com um beijo, se despediu de Rony, cruzando a porta, Harry se despediu do amigo, e saiu correndo atrás dela, Rony ria da cena, duas pequenas manchas vermelhas colidiram contra Harry, que caiu desnorteado no chão.
- Desculpa, tio Arry. – um menino de olhos castanhos e cabelos de fogo estava diante dele, e rosto era branco e cheio de sardas, uma menina, idêntica a ele, porém com os cabelos longos, se escondia atrás do menino, ambos não deviam superar os 70cm de altura.
- Tudo bem, Jack – Jack e Elizabeth eram os filhos de Rony e Hermione, que haviam nascido há cerca de um ano. Harry e Ginny eram os padrinhos.
- O que eu disse sobre correr pela casa? – repreendeu Hermione, as mãos na cintura e uma expressão severa no rosto.
- Tudo bem, Mione – Harry se levantou, passando a mão sobre a cabeça de Jack, mas Elizabeth fugiu para junto do pai, as pequenas pernas como varas sem equilíbrio. Harry suspirou, já estava acostumado, ela simplesmente sentia repúdio dos homens, exceto seu pai.
Hermione se aproximou dos filhos, e fez diversas recomendações para ambos que, na verdade, não aparentavam estar prestando muita atenção, enquanto vestia a capa, Harry se recordava da cena da noite anterior, sem conseguir se lembrar muito bem da aparência da jovem que acompanhava Malfoy, tentava reconstruir a imagem dela na sua mente, seus olhos e cabelos negros, fios pesados e lisos, ombros não muito largos, o nariz arrebitado, os lábios grossos, os belos e enormes cílios, tão negros quanto seus cabelos, criando um contraste harmonioso com sua pele lisa e clara como porcelana.
Hermione o despertou de seus devaneios, os cabelos castanhos agora eram alisados diariamente, e algumas mechas caiam sobre seu rosto, que exibia uma expressão de curiosidade e indignação.
- Eu vou... andando – disse Harry, ajeitando os óculos que lhe escorregavam pelo nariz, ela estranhou um pouco, mas não fez mais perguntas, beijou as testas de seus filhos e com um gracioso rodopio e um estralo, ela aparatou, desaparecendo no ar exatamente como os dois da noite passada fizeram.
Com o chapéu pontudo que usava no trabalho, guardado dentro da capa, Herry se retirou da antiga casa no Largo Grimmauld, atravessando ruas desertas que cheiravam a podridão, parecidas com àquelas que patrulhara na noite anterior. Ao chegar na estação do metrô, recheada de trouxas, Harry tratou de comprar um bilhete e se encaminhar até a plataforma, uma faixa amarela no chão recomendava para que não a ultrapassasse, mas duas crianças brincavam na borda, o som do trem se aproximando soou pelo túnel, já era possível ver a ofuscante luz dos faróis quando ouviu-se o grito de uma das crianças, o menino havia caído nos trilhos, e vinham trens de ambos os lados, uma mulher gritava desesperada, e Harry estava pronto para se jogar quando um vulto passou rapidamente por ele. Em seguida o trem passava veloz diante de seus olhos, uma das crianças olhava a cena perplexa, enquanto a mulher gritava, desesperada, as lágrimas quentes caindo sobre o seu rosto, muitas pessoas se aproximavam para espiar a cena, curiosas.
Quando o trem acabou de passar, um soluço de alegria ecoou, e Harry mal pode acreditar, dentre os trilhos uma garota detinha em seus braços o menino, seus cabelos sedosos e elegantes eram da cor da noite, como seus olhos, a pele era suavemente branca, e ela usava uma camiseta regata com duas luvas longas, uma saia que ia até seus calcanhares, respectivamente, vermelho e preto, e um par de botas da cor de sua alma, uma capa negra estava sobre seus ombros, e um garotinho em seus braços, ela atravessou os trilhos e o entregou no colo da mãe, mais pessoas se aproximavam à cena, alguns repórteres tiravam fotos da bela moça, os flashes reluziam em seu rosto como um lampião, ela sorria, e tentava se desvencilhar dos homens, Harry não conseguia parar de olhá-la quando seus olhos se cruzaram, seus olhos eram duros e frios, porém seguros e reconfortantes, e, por um instante, ele pode ver Sirius diante de si.
Harry não conseguia desviar seus olhos dos da jovem heroína, ela devia ter a sua idade, e sorrira para ele, como se o conhecesse, ignorando a presença das pessoas a sua volta ela caminhou até ele, e empurrou um pouco de seu cabelo com o braço esquerdo, sua mão gelada o tocou e ele viu um discreto reflexo verde.
- Ora, ora ... mas é Harry Potter – disse a garota, sorrindo, Harry ficou surpreso com a afirmação, a garota devia ser bruxa, mas ele jamais a havia visto e, pela aparência, ambos haviam estudado juntos.
- E quem é você? – perguntou ele, esperando se recordar ao ouvir o nome dela, mas o que ouviu apenas aumentaram as suas dúvidas.
- Sou Black, Guinevere Black.

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