Luto
Música: Gunning Down Romance - Savage Garden
Patrícia Washington Potter era o tipo de mulher que povoava os sonhos de qualquer homem. Alta, morena de olhos azuis, era uma das mulheres mais invejadas da sociedade. Sempre era o assunto principal dos salões de beleza freqüentado pelas dondocas, mulheres de empresários famosos, que apenas se preocupavam com as mulheres. O número de plásticas, lipoaspiração, botox e peeling eram enormes, mas, mesmo assim, nunca ficavam satisfeitas. Nunca ficariam parecidas com Patrícia, que, ao contrário delas, jamais precisou de uma plástica. Ela era bonita por natureza.
Desde que Harry tornaram-se diretor da DEVON, os dois sempre apareciam em festas e nas colunas sociais dos principais jornais britânicos. Foram eleitos, pela revista inglesa The Sunday Times, o casal mais bonito e invejável da temporada. Patrícia se divertia das inúmeras ameaças de morte que recebia, porque, claro, era casada com o homem mais bonito do momento. Porém, para se prevenir, contratou um guarda-costas para ela, pois sempre estava fora, devido ao seu trabalho: promotora de eventos.
- E ai, amor? Está pronta? - perguntou Harry entrando no quarto, vestindo o paletó.
- Só um minutinho. - Patrícia esta terminando a maquiagem. Virou-se para o marido: - Que tal? Estou bonita?
- Está linda como sempre. - a mulher riu.
- Seu mentiroso.
- Mentiroso, eu? - Harry se fez de injustiçado. Aproximou-se e segurou a mulher pela cintura. - Você sabe que é a mulher mais perfeita do mundo.
- Só se for pra você. - Harry sorriu e a beijou.
Estavam tão distraídos que nem perceberam que alguém havia entrado no quarto e estava os observando alegremente. Quando terminaram de se beijar, ouviram palmas e se afastavam para ver quem era.
Sarah Potter estava se pijama e meia em pé na cama dos pais, sorrindo com aquela cena.
- O que você está fazendo fora da cama, mocinha? perguntou a mãe em tom de reprovação, ainda constrangida com o flagra da filha.
- Estou sem sono. Posso assistir TV? - Sarah fez cara de cachorrinho pidão.
- Nada disso, mocinha. Já passa das onze horas e você tem que estar na cama.
- Mas amanhã é sábado e eu não vou para a escola! - a menina fez bico.
- É, mas a senhorita se esqueceu que vamos passar o fim de semana na chácara de seu avô, em Leeds? Então, amanhã tem que acordar cedo para irmos e aproveitar bem.
- Mas eu durmo no carro! - implorou Sarah. Na verdade, não havia uma viagem em que Sarah não dormia no carro. Mesmo que acordasse tarde.
- Nada disso. Você tem que acordar cedo também para arrumar as suas coisas. - disse Harry. - Senão, vai ser sua mãe e a Katharina correndo para lá e para cá, pegando os pertences da mocinha aqui!
A garota cruzou os braços. Na porta, apareceu uma jovem com roupas claras, totalmente ofegante.
- Desculpe, Sr. e Sra. Potter. - e virou-se para Sarah. - Já para a cama!
- Estou sem sono. - desceu da cama e se aproximou da moça. - Kathy, deixa eu ver TV?
A garota trocou um olhar com os Potter, antes de responder.
- Nada disso. Já é tarde. Para a cama. Agora! - disse apontando para fora.
- Vá, querida. Antes de sairmos, passo no seu quarto para lhe dar um beijo.
- Tá. - Sarah bufou derrotada e saiu com a babá.
- Então? Vamos? - disse Harry oferecendo o braço.
- Sim, senhor. - Patrícia pegou a bolsa e aceitou o braço oferecido. Saíram do quarto.
Na sua mente
Na sua mente
Era onze e meia quando Gina chegou na casa do seu namorado, Dino Thomas
Estava exausta. Dar uma palestra para o Ensino Médio sobre Comunicação cansava. Não pela bagunça. Ao contrário, os alunos estavam super interessados na palestra, e as perguntas eram inúmeras. Mas Gina se sentia triunfante com o resultado obtido pela palestra dada. A diretora gostou tanto do desempenho da Gina que pediu para que a garota voltasse em breve.
Apertou a campanhia. Nada. Bateu na porta. Nem um ruído. Virou a maçaneta e se surpreendeu ao ver que a porta estava aberta. Entrou.
A sala estava às escuras. "Talvez ele esteja dormindo". pensou. Tateou o interruptor de luz e a acendeu. E se assustou com o que viu.
Havia várias roupas jogadas no chão. Abaixou-se para ver melhor. Seu sangue ferveu: havia peças masculinas e femininas. "Calma, Gina. Deve haver outro casal aqui. Dino apenas emprestou a casa para algum amigo. Só isso."
Para tirar a sua dúvida, pegou o celular e discou o número do namorado. Deu caixa-postal. "Droga”.Não sabia porque, mas a apreensão tomou conta de si.
Sentou-se no sofá e respirou fundo. Porém, sua atenção foi desviada para uma garrafa que estava no chão. Pegou a e cheirou-a. "Champanhe". Seu sangue correu mais rápido entre as veias e o ódio lhe apoderou ao ver duas taças na mesinha sa sala.
Sua atenção voltou para o quarto. Estava com a porta fechada. Cerrou os punhos. Aquilo não podia estar acontecendo!
Pé ante pé, ela aproximou-se da porta. Colou o ouvido para ver se ouvia alguma coisa. Nada. Fez menção de abrir a porta, mas parou no meio do caminho. Será que devia entrar? Claro que deveria! Silenciosamente, abriu a porta.
O quarto estava às escuras. Sem hesitar, acendeu a luz e foi aí que viu a cena mais horrível de sua vida. No chão, havia roupas íntimas espalhadas.
- MAS O QUE SIGNIFICA ISSO? - o casal abriu os olhos e se deparou com Gina furiosa. Ambos pularam e tentaram cobrir os corpos. O rapaz estava branco que nem um tomate.
- Gina... eu... eu posso explicar...
- EXPLICAR? EXPLICAR O QUÊ, DINO????? EXPLICAR O QUÊ?????????????????????????????? - a voz de Gina podia ser ouvida por todo o prédio, tamanha a força com gritara.
- Gina, acalme-se. - pediu a garota. - Não é nada disso que você está pensan... - mas ela não pode completar a frase, já que Gina havia esbofetado-a com as costas das mãos.
- CALE A BOCA!!!! CALE ESSA BOCA, SUA VADIA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! E VOCÊ... - virou-se para Dino. - Abaixou o tom de voz. - Como você pôde fazer comigo????Como?? - Gina estava transtornada. - Só porque eu não pude ir com você para a festa, você me apronta uma dessas??? HEIN???? ME RESPONDA!!!!!!!!!!!!!!!! - Dino levantou a cabeça e encarou a Gina.
- Poxa, Gina! Você preferiu dar uma palestra a acompanhar o seu namorado numa festa... - Gina deu a mesma bofetada em Dino.
- Então, é isso, Dino? Você me traiu só porque eu não te acompanhei em uma festa? Pois muito bem. - foi na sala e voltou com a garrafa de champanha.
- Gina o que você vai faz... - mas não deu tempo de terminar a frase, pois a ruiva jogou o conteúdo da garrafa em cima deles.
- VOCÊS MERECEM MUITO MAIS DO QUE ISSO!!!!
- Gina, por favor... - novamente a garoto o cortou.
- Me esquece, Dino. - e saiu da do quarto. Estava perto da porta quando Dino apareceu.
- Gina, eu... - a garota se virou para ele. -... eu sinto muito.
Aquilo foi o bastante para Gina.
- Sente muito, é? Você não é nada para sentir alguma coisa. Adeus! - e saiu batendo a porta.
Ignorou os vizinho que tinham saído por causa da gritaria. Abriu a porta do carro. Entrou e colocou a cabeça no volante. Agora podia permitir que as lágrimas caíssem livremente pelo seu rosto.
- Algum problema, Gina? - a garota virou-se e deparou com a senhora Figg, a vizinha de Dino.
- Não, senhora Figg. Está tudo bem.
- Tem certeza? Não quer ir até a minha casa, tomar alguma coisa e desabafar? - Gina olhou para a senhora. Possuía uma fisionomia serena. - Vamos, não está em condições de dirigir agora.
Gina pensou um pouco. É, talvez faria alguma loucura ao dirigir. desceu do carro e acompanhou a velha senhora até sua casa. Tinha que se acalmar e pensar no que faria.
droga em suas veias
Em suas veias
Glória Washington, esposa de Carl, lia um livro na biblioteca. Desde que Carl ficara doente, sua vida nunca mais foi a mesma. Era quimioterapias inacabáveis, recaídas, desmaios... enfim.
Carl achava tudo aquilo um absurdo. Aliás, ele falava da morte com a maior naturalidade, mas Glória não permitia que Carl sucumbisse a ela. Queria o marido vivo, inteiro e bem.
Naquela semana, as coisas tinham se acalmado um pouco. Carl não tivera outra recaída. Estava muito bem. Tão bem que ele e Glória haviam feito o se passeio predileto deles há mais de 40 anos. Estavam casados há 48 anos e em dois anos, fariam bodas de ouro.
Já passava da meia-noite. Suspirando, a velha elegante senhora marcou a página do livro e fechou-o. Levantou-se e foi para o seu quarto.
Todos os empregados já haviam se retirado. Glória subiu as escadas e estranhou o silêncio. Talvez o marido estivesse dormindo, pensou ela.
Abriu a porta do quarto.
- Carl? - chamou. O quarto era apenas iluminado com a luz do abajur. Olhou ao redor e se assustou - CARL!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
O homem estava caído no chão, desmaiado. Desesperada, Glória abaixou-se e sacudiu o marido. Nada.
- SOCORRO!!!!! ALGUÉM ME AJUDA!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Carl, por favor, não faz isso comigo. Acorda, anda!!!! SOCORRO!!!!!!!! ME AJUDEM!!!!!!!!!!!
A porta do quarto se abriu, e o mordomo e a governanta entraram, depressa, assustado com os gritos da patroa.
- Por favor, me ajude!!!!!! - havia lágrimas nos olhos da mulher. O mordomo pegou Carl e levou-o até a cama. E telefonou para o hospital.
Não demorou muito para que a ambulância chegasse. Glória acompanhou o marido descer na maca, segurando a mão dele e chorando.
- Carl... por favor, fale comigo... - não hesitou em entrar na ambulância apenas de camisola e hobby.
E no caminho todo, rezou e baixinho e chorou.
Sinto que minha auto-estima está desmoronando
Está no limite
O amor vai rapidamente
Acho que não consigo manter esse monstro em mim
Harry e Patrícia estavam jantando no Belle Restaurant, um restaurante caro e luxuoso. Não havia ninguém que olhasse o casal com uma certa curiosidade.
Constantemente, eram alvos de cochichos e comentários, mas Harry e Patrícia estavam tão acostumados com o fato que nem ligavam mais. O privilégio é que tinham o melhor atendimento.
- E o seu pai? Como vai? - perguntou Harry. Ele não teve nenhuma recaída essa semana
- Ainda bem. - suspirou Patrícia. - Senão, daqui a pouco, mamãe vai ter um treco. Harry riu.
- Relaxa, sua mãe é forte.
- Forte, é? Não sei como ela está agüentando tudo isso!! Tenho medo que ela desmorone. - Harry tomou um gole de vinho.
- Fique tranqüila, isso não vai acontecer. Além disso,... - o celular de Harry tocou no meio da frase. Pegou o aparelho e viu o número. Gelou. Era do Hospital. Pra não assustar Patrícia, disfarçou e atendeu.
- Alô? dona Glória, tudo bem? - Patrícia ficou em alerta quando o sorriso de Harry se apagou. - O quê? Quando? Está certo. Calma, dona Glória. Calma. Eu sei. Já estamos indo para aí. - desligou o telefone.
- O que foi, Harry? - perguntou a esposa ao vê-lo pedir a conta. Seu coração bateu mais depressa.
- O seu pai, Patty. Teve uma recaída e foi para o hospital. - lágrimas brotaram dos olhos da mulher. - Vamos para p hospital!
- Certo!
Para não levantarem suspeitas, deram o jantar por encerrado e saíram tranqüilamente. Não havia vestígio de paparazzi na rua. Bom para eles. Harry abriu o a porta do carro para que Patrícia entrasse. À essa altura, ela já estava chorando. Harry não hesitou e deu a partida.
São como morfina
Habilmente escondendo os desejos freqüentemente sentidos mas raramente vistos
Raramente vistos
Faltava poucos minutos da uma da manhã, quando Gina chegou em seu apartamento. A longa conversa com a Sra. Figg havia acalmado-a um pouco. A velha senhora havia dito que ouvira o carro de Dino chegar em alta velocidade, mas não viu nada, porque estava tomando banho. Não ouviu nenhum barulho vindo da casa ao lado.
Barulhos que Gina não queria imaginar, para que o ódio não apossasse de si novamente.
Jogou-se no sofá e fechou os olhos. Tinha certeza que Dino não a traíra porque não fora a festa com ele. Para ela, tinha mais alguma coisa em jogo. Talvez ele estivesse com aquela garota há algum tempo e não a conhecera no final da festa. Gina só queria saber a quanto tempo ele a estava traindo com aquela "lá".
Levantou-se e ligou a secretária eletrônica. "Você ligou para Gina Weasley. No momento, não posso atender, após o sinal deixa o seu recado que retornarei em breve.
Obrigada". Havia poucos recados. Um de sua amiga, Hermione e um de sua mãe. Gina sentiu uma imensa saudade dela, que morava no interior, em Leeds. Queria se aconchegar no colo da mãe e esquecer de tudo o que acontecera. Resolveu ligar para ela mais tarde.
O último recado chamou a atenção. Era de Dino.
- Alô, Gina? Eu sei que você está ai e... bem, acho que precisamos conversar... - Gina revirou os olhos. Como aquele canalha ainda tinha coragem de querer conversar? Ou melhor, como ele ainda tinha coragem de ligar para ela. - Quero que saiba que eu jamais quis te magoar. - "Ah, tá bom". - Porém... - hesitou. - Eu gostaria de te confessar uma coisa: A Lynn, isso, aquela garota que você viu aqui. Bom, nós... nós estamos saindo há algum tempo. Eu ia te contar, terminaria o namoro, mas eu não tinha coragem e você estava tão atrapalhada com a sua monografia que eu... eu me acovardei. - "Covarde, filho-da-puta. Idiota!!" - Quando você disse que não poderia ir a festa, eu não agüentei e chamei a Lynn. Ela aceitou e... - Gina havia apertado um botão de modo que o telefone ficasse no viva-voz.
- E vocês assumiriam o romance para todo mundo inclusive para mim. Gravaria um depoimento dizendo. "Gina, tenho uma boa e uma má notícia para lhe dar: estou apaixonado por outra garota e estou terminando o namoro. Isso mesmo, Gina: você se ferrou!”
- O QUÊ??? – Dino parecia indignado. – Você sabe que jamais faria uma coisa dessas!
- Mas teve coragem de me trair na maior cara-dura! Por que, Dino? Por quê? Se você não gostasse mais de mim, se você queria terminar o namoro, conversasse comigo que eu entenderia! Mas não, você fez a maioria dos homens fazem: trai a companheira para ver se ela se toca e vê que o amor acabou??? Sabe como se chama isso, Dino? É jogar sujo! É covardia
- Eu sei, Gina, eu sei. – Dino estava embaraçado. – Mas, por favor, me entenda, eu sou homem e bem... essas coisas acontecem.
Aquilo foi a gota d’água para Gina. Parecia que ela havia levado uma pancada na cabeça. Mais uma vez o sangue ferveu em seu corpo e ela olhou para o telefone como se estivesse olhando para seu namorado.
- Isso não é desculpa, Dino Thomas!! Parece que vocês homens só justificam as traições por “ser homens”!!! Essa, Dino, essa é mais velha que a minha avó! Conta outra!!!
- Gina, me desculpa, eu... – mas a ruiva o interrompeu.
- Tchau Dino. Até nunca mais. Vê se me esquece e seja feliz com a sua “perua oxigenada”!!!
- Gina, espera... – mas a garota já havia desligado o telefone. Teve uma súbita vontade de atira-lo para longe, mas resistiu. Jogou-se no sofá e respirou fundo.
Não queria que o seu namoro terminasse daquela maneira. Ta certo que Dino estava estranho há algumas semanas. Mas será que custaria muito ele pedir para conversar com ela?
“ Não. – pensou ela. – Ele preferiu terminar desse jeito”.
Fechou os olhos por um minuto. Tinha que colocar a cabeça em ordem. Tinha que esquecer Dino de uma vez por todas. Ta certo que é difícil esquecer um namoro de dois anos, mas ela tentaria. E sabia, de alguma maneira, que ele não teria mais volta.
Abriu os olhos e se deparou com a revista The Sunday Times, a qual era assinante. Pegou a viu a capa: lá estava Harry Potter com Patrícia Washington. O casal era considerado o mais bonito e mais elegante do país. Suspirou e sentiu uma ponta de inveja deles.
- Ah, senhor Potter. Como eu adoraria de trabalhar em sua empresa. – suspirou. – Vou fazer os testes e seja o que Deus quiser.
Os testes estavam marcados para semana que vem. Hermione já havia programado as datas e horários e cada modalidade do teste. Gina queria entrar por ser competente e não por ser amiga da vice-diretora.
E Gina contou que esse trabalho a ajudasse a esquecer Dino Thomas de uma vez por todas.
Me eleve à altura deste privilegiado ponto de vista
O mundo a dois
Amor não me abandone
Porque eu me consolo com a verdade
Eu realmente me consolo
Harry e Patrícia chegaram ao Hospital e perguntaram por Carl Washington. A recepcionista disse que o médico estava com ele na sala de exame ainda. Foram para a sala de espera e encontraram dona Glória de roube, encolhida numa poltrona. Estava vulnerável, como nunca se sentia antes.
- Mãe! – Patrícia se aproximou dela. Glória levantou a cabeça. Estava com os olhos inchados. Quando viu que era a filha, chorou mais.
- Ah, filha. – Glória abraçou a filha e soluçando. – Seu pai... o seu pai... – não conseguia falar.
- Shiii, mamãe. Está tudo bem. – Papai vai fica bom. A senhora vai ver. – a moça dava tapinhas nas costas da mãe, tentando tranqüilizá-la.
- Faz mais de uma hora que ele está lá dentro. E até agora não há informações.
- Calma, dona Glória. Daqui a pouco o médico já vem. – disse Harry de forma solene.
- SÓ QUE EU ESTOU ANGUSTIADA!! QUERO NOTÍCIAS DELE!!!! – gritou Glória em total desespero.
- Calma mamãe. Ficar nervosa não vai adiantar nada.
Nesse momento passou uma enfermeira. Harry não hesitou em interceptá-la.
- Por favor, pode nos dar uma informação. Nós somos parentes do senhor Carl Washington e queremos saber como ele está.
- O senhor é o que dele? – perguntou a enfermeira curiosa. Harry respirou fundo.
- Sou genro dele. Aquela senhora é esposa dele e aquela mulher é filha dele e minha mulher também. – a enfermeira pensou por alguns minutos antes de responder.
- O doutor Harvey já vem. Tenham paciência. – pediu a enfermeira. – Não dá para dar informações agora.
Dona Glória saiu do abraço da filha e fuzilou a enfermeira com o olhar.
- Paciência?? Como você quer que eu tenha paciência com o meu marido lá dentro e eu aqui, desesperada sem saber de nada??
- Calma. mamãe. - pediu Patrícia.
- Senhora, por favor. Nós não podemos dar informações. – a enfermeira não se intimidou o olhar fuzilante da velha senhora.
- MAS COMO NÃO PODE DAR INFORMAÇÕES??? NÓS TEMOS DIREITO DE SABER!!!!!!!!!
- Senhora... - mas dona Glória já havia se jogado no pescoço da enfermeira.
- EU EXIGO SABER COMO ESTÁ O MEU MARIDO!!!!!!!!! SENÃO FAÇO UM ESCÂNDALO!!!!!!! - a velha senhora estava vermelha como um pimentão.
- Senhora... - murmurou a enfermeira sem ar.
- Dona Glória, por favor... - Harry conseguiu tirar a mulher de cima da enfermeira.
- Mamãe, por favor. - Patrícia estava assustada com a reação da mãe. - Vamos ter calma. Daqui a pouco o doutor já vem.
- Sente-se, por favor, dona Glória. - pediu Harry. E voltou-se para enfermeira: - Por favor, será que dá para trazer um copo da água com açúcar?
- Sim, senhor. - e a enfermeira saiu assustada da sala.
Dona Glória sentou-se. Estava tremendo. Patrícia estava ao lado da mãe.
- Eu não agüento mais... eu quero notícias de seu pai e... - parou de falar como se entrasse em choque. Seu rosto tomou de uma tonalidade branca como lençol.
- Mamãe, o que foi? - perguntou Patrícia estranhando o estado da mãe.
Mas dona Glória não teve tempo de responder. Nesse momento, o doutor Harvey entrou na sala. Os três levantaram.
- E então, doutor? Como está o meu pai?
O doutor Harvey olhou para cada um dos três, analisando-os.
- Por favor, Harvey. Você está na família há anos. Não minta para mim. Anda, diz. O que aconteceu com o meu marido? - a voz de dona Glória estava sombria.
De fato, Robert Harvey era médico da família Washington há anos. Nunca mentira para eles. Revelava a verdade, mesmo que essa doesse profundamente.
Harvey respirou fundo antes de responder.
- Pois bem. - começou. - O câncer de Carl tornou-se maligno.
- E isso que dizer...?
- Que o câncer matou as células cancerígenas de Carl...
- Desembucha, Harvey...
- O câncer foi para o cérebro e... - respirou fundo mais uma vez. Era difícil falar uma notícia daquelas. Em anos de profissão, sabia que não conseguiria nunca dar uma notícia daquelas de uma maneira calma. Para ele, era a sua derrota. - Fizemos tudo o que podíamos, dona Glória... sinto muito.
- Sente?? Sente pelo quê??? Fala!!!! - mas não precisou. A fisionomia do médico disse tudo e dona Glória entrou em desespero.
O mundo girou para a velha senhora. Carl estava morto! Morto! Seu mundo escureceu e ela não viu mais nada.
Nunca trouxe nada pra mim
Além de angustia e miséria
Nada mais do que tragédia
Amor não me abandone
Não demorou muito para que a imprensa divulgasse a morte do ex-diretor da DEVON. Dona Glória queria tentar impedir a divulgação, mas Carl era famoso para deixar a notícia passar em branco.
Dona Glória teve que ser submetida a uma dose excessiva de calmantes. Patrícia teve que procurar forças de algum lugar. para ajudar a mãe, pois temia que a mãe não agüentasse o impacto e definhasse lentamente.
A empresa fechou por duas semanas, de luto. Isso fez com que os testes que Gina participaria adiasse para tempo indeterminado. A moça ficou sabendo da morte de Carl por Hermione.
O velório ocorreu na quadra de esportes da DEVON, apenas para amigos, familiares e funcionários da empresa. O príncipe não pôde comparecer e levou escreveu uma nota. Havia várias pessoas na porta da quadra e a segurança teve que ser reforçada.
Várias cadeiras de plásticos foram postas em duas partes. Havia um tapete vermelho no meio da fileira. A família de Carl se encontrava em cadeiras perto de onde o caixão estava.
- Estamos aqui para dar o último adeus ao Sr. Carl Howett Washington III. - começou o pastor. - Carl era uma pessoa batalhadora, que sempre acreditou nos seus sonhos e em seus objetivos. Uma prova disso é o grande império que ele construiu, que ajudou o fez crescer. - dona Glória soluçou alto.
- Mas, embora Carl fosse um empresário muito famoso, nunca deixou de ser uma pessoa humilde. - Harry permitiu que uma lágrima escorresse por sua face. - Sempre simpático educado. Nunca deixara que a fama, a riqueza o fizesse mudar de comportamento. Carl era generoso com os que mais precisavam. E ele não fazia isso para se autopromover ou para as pessoas gastarem dinheiro na sua empresa. e sim, por vontade própria, porque ele se preocupava com as pessoas. - lágrimas rolavam pelas faces dos presentes, inclusive de Hermione, que sempre fora agradecida a Carl por este ter dado-lhe uma chance.
Mas agora Carl se fora. Seu carisma e alegria ficariam para sempre. E com eles, tudo o que ele construiu. O mundo empresarial e tecnológico estava de luto.
- E peço agora que o senhor Harry Potter venha dar algumas palavras. - Harry levantou-se, ajeitou a roupa e subiu ao altar. Estava emocionado e duvidada se conseguiria falar tudo que precisava.
Soltou o ar pela boca e começou a falar:
- Carl não foi só um exemplo de empresário, mas sim de homem. Ele sempre quis levar uma vida normal mesmo sendo conhecido mundialmente. Mas Carl sempre foi rígido e seletivo com as pessoas que trabalhava na sua empresa. E ele avaliava cada um de nós. Os mais novos, os veteranos. Carl nunca deixou que as pessoas fizessem poucos casos. Exigia trabalho, disciplina... - suspirou. - Mas isso não fazia com que ele fosse querido. E ele sempre dava conselhos para nós. Sempre estava pronto para nós ouvir. E Carl passava toda essa liderança para a família. - olhou para Patrícia e dons Glória, que deu um sorriso triste. - Era um exemplo de pai, de marido... e de sogro. Enfim, era o exemplo de tudo.
O que Harry falaria a seguir emocionaria a todos os presentes. Até ele mesmo.
- Quando Carl nos contou que estava doente e que se aposentaria, todos nós ficamos espantados com a forma como ele falou. Parecia que era algo normal. Uma doença sem importância. - fungou baixinho. - Parecia que ele sabia que estava doente e... que iria morrer. Eu me lembro uma vez, quando o visitei em sua casa, há uma semana, ele me disse uma coisa que eu sempre vou me lembrar. Ele disse assim: "Harry, nunca tenha medo da morte. Para morrer, basta estar vivo. Temos que estar preparados para tudo. E eu sei que está chegando a minha hora de partir. Mas eu não quero que chorem por mim, que sofram agarrados no meu caixão. Não. Eu quero que vocês se lembrem de mim vivo. E eu nunca me esquecerei de todos vocês depois de morto. A morte é apenas uma viagem que todos nós fazemos um dia. E eu não estou com medo ou triste por fazê-la. Ao contrário. Estou muito preparado. Na verdade, eu estou me preparando há muito tempo para esse momento. Mas não se preocupem. Eu sempre estarei com vocês onde eu estiver”.
E não deu outra. As pessoas ficaram tão emocionadas que bateram palmas.
- Carl estava preparado para morrer. Ele sabia que sua hora estava chegando. Ele não queria que ele ninguém sofresse por ele. Ele só queria ser lembrado pelo que ele era. - e finalizou: - Carl, onde quer que você esteja, eu só tenho a dizer uma coisa: muito obrigado e fique com Deus.
Aplausos ecoaram pela quadra. Aos poucos as pessoas levantaram. Dona Glória deu um sorriso de gratificação ao genro. Queria, de alguma forma, que as palavras do marido acalmassem seu coração despedaçado.
Eu vou pegar essas asas quebradas.
As pessoas que acompanhava o funeral pela televisão, não desgrudavam os olhos da tela. Estavam emocionadas pelo depoimento de Harry, principalmente Gina. Ela havia perdido o pai quando era criança e sua mãe nunca deixara que o sofrimento abatesse completamente nela. Demorou apenas duas semanas para a Sra. Weasley se reerguer e voltar a sua vida normal. Porém, Gina acreditava que sua mãe estava querendo ser forte por causa dela e dos irmãos.
O funeral durou mais meia hora. Uma hora, dona Glória desmaiou de emoção. Quiseram levá-la embora, mas ela não queria sem antes de dar o último adeus ao marido.
Após o dr. Robert Harvey dar o seu depoimento, a cerimônia foi encerrada. Antes de fecharem o caixão, dona Glória se se aproximou:
- Não, por favor. Eu quero dar um último adeus ao meu marido. - Os homens acharam justo e concordaram silenciosamente com a cabeça. Afastaram e deixou a velha senhora sozinha.
Aproximou-se do caixão do marido. Carl parecia tão sereno. Como se estivesse dormindo. Um sono eterno. Começou a falar baixinho.
- Carl, meu amor. Por que? Por que você me deixou? Hein? Por quê? Se você soubesse o quanto estou sofrendo. O quanto você faz falta. O quanto eu preciso de você. - suspirou. - Ai, Carl. Está doendo tanto. Como vou viver sem você, meu amor? Sem o seu sorriso, sem o seu carinho? Hein? - acariciou - a cabeça sem cabelos do marido. - Eu tinha tanta esperança que você se curasse. Que nós teríamos as nossas bodas de ouro. Você se lembra, Carl, como queríamos comemorar nossas bodas? Iríamos fazer um jantar. para os parentes a amigos íntimos. Depois iríamos visitar as ilhas do Caribe... Mas quando você ficou doente, não voltamos a falar do assunto. - suspirou. - Por mais que eu tentasse negar, lá no fundo eu sabia que você estava me deixando, contudo, eu não queria aceitar. Eu não me preparei para a sua partida. - chorou baixinho. - Carl, meu amor, me perdoa se eu não fui um exemplo de esposa, mas eu quero que você saiba que eu te amo e sempre te amarei onde você estiver e espero que um dia você venha me buscar e, finalmente, viveremos felizes para sempre. - deu um beijo na testa do marido e se afastou. Entendendo como uma deixa, os dois homens aproximaram-se do caixão e o fecharam.
No trajeto até o cemitério, houve multidões que deram o último adeus a Carl Washington. O caixão estava sendo levado no carro do corpo de bombeiros. Estava coberto pela bandeira da empresa e pela bandeira da Grã-Bretanha. Carros e motos de policiais fizeram a escolta.
Carl foi enterrado no cemitério West Park num jazigo pertencente à família. Parecia que a emoção aumentava à medida que o caixão descia terra abaixo. Infelizmente, por imposição da família, a imprensa não pôde transmitir o enterro, dando como finalizada a programação.
Dona Glória foi a última a sair do cemitério, acompanhada por Patrícia e Harry. Permaneceu distando durante todo o trajeto para casa.
E aprender a voar por aí
Harry e Patrícia chegaram em casa e foram recebidos por Ruth, a governanta. Avisou que Sarah estava dormindo e que Katharina estava no quarto com a menina. Subiram para ver a filha. Sarah dormia profundamente. A babá estava lendo um livro.
- Como ela está? - perguntou Patrícia baixinho, acariciando os cabelos da filha.
- Está bem. Brincamos até agora pouco. Depois foi tomar banho e a pus para dormir.
- Não a deixou ver TV, deixou?
- Não. Apenas coloquei filmes de desenho. Depois ouvimos músicas.
- Que bom. - Patrícia levantu-se. - Pode ir, Katharina. Está dispensada.
- Sim senhora. Boa noite sr. e sra. Potter. Com licença. - e saiu do quarto.
Harry virou-se para a esposa.
- Vamos dormir? Já está tarde.
- Vai você. Eu já estou indo.
- Certo. - Harry saiu do quarto. Patrícia permaneceu alguns segundos acariciando os cabelos da filha e saiu do quarto. Fechou a porta atrás de sim.
Tinha certeza que amanhã seria um novo dia.
Continua...
N/A: (Jubs se escondendo de tomates de ovos podres). Eu sei que demorei quase três meses para atualizar a fic, mas espero que me desculpem. A faculdade está muita puxada nesse semestre. É trabalho, provas... enfim. E ainda comecei o estágio no Ensino Médio. Puxado, né?
Na verdade, eu queria terminar esse capítulo antes das provas, mas eu percebi que não conseguiria. E aqui estou eu, terminando o capítulo no fim das provas. ;-)
Espero que o meu "tico e teco" tenham se turbinado depois dos 20 anos. E só vou ter certeza quando vocês lerem, ok?
Sobre a "Por Amor 2", não se preocupem, eu vou retomar ao assunto principal da fic. Prometo. Não sei quando o cap. 16 vai estar pronto, mas espero que o mais breve possível.
Quero agradecer a todos pela paciência e compreensão. Lembrem-se de que eu não posso atualizar duas fics ao mesmo tempo. Uma por vez, ok?
Até a próxima. Bjos a todos.
Jubs.
PS: A tradução é de uma música do Savage Garden. Vocês devem conhecer a dupla pela música "Truly, Madly, Deeply". Ela foi bem tocada em 1998. Uma espécie de Boy Band. Essa daí, a "Gunning Down Romance", é linda e faz parte do segundo e último disco da banda: "Affirmation". A dupla se separou, infelizmente.
Aconselho a baixa a música. A letra original é essa:
Gunning Down Romance – Savage Garden
Love and other moments are just chemical reactions in yourbrain
And feelings of aggressions are the absence of the love drug in
Your veins
Love come quickly
Because I feel my self-esteem is caving in
It's on the brink
Love come quickly
Because I don't think I can keep this monster in
It's in my skin
Love and other socially acceptable emotions are morphine
They're morphine
Cleverly concealing primal urges often felt bur rarely seen
Rarely seen
Love I beg you
Lift me up into that privileged point of view
The world of two
Love don't leave me
Because I console myself that Hallmark™ cards are true
I really do
I'm gunning down romance
It never did a thing for me
But heartache and misery
Ain't nothing but a tragedy
Love don't leave me
Take these broken wings
I'm going to take these broken wings
And learn to fly
And learn to fly away
And learn to fly away
I'm gunning down romance
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