A missão de Snape



Snape se dirigiu ao escritório de Voldemort com o intuito de descobrir o máximo sobre os planos de seu mestre. Ele sabia que o Lorde não era um homem que se deixava enganar, por isso teria que usar toda a sua habilidade em Oclumência para extrair as informações necessárias sem despertar suspeitas. Seria arriscado, mas ele estava disposto a se arriscar mais que isso pela segurança de Júlia.

- Com licença, Milorde.

- Entre, Severo. Sente-se – respondeu Voldemort sorrindo, o que não era um bom sinal.

Snape entrou, sentou no lugar que o mestre havia indicado e voltou a falar.

- Houve um problema, Mestre...

- Realmente acha que foi um problema? Interrompeu-o, deixando Snape sem resposta.

- Bem, na verdade não sei...

Voldemort sorriu novamente, fixando seus olhos vermelhos nas pupilas negras de Snape. O ex-professor sabia o que seu mestre estava fazendo, por isso se concentrou em esvaziar a mente dos últimos acontecimentos.

- Sabe, meu caro – o Lorde voltou a falar. – Você me surpreendeu ainda mais esta noite. Conseguiu trazer minha “querida” filhinha de volta antes do que eu imaginava. Será que seu poder de persuasão é melhor que o do seu mestre? Ou então, quem sabe, usou com ela seu poder de sedução, aquele que lança nas mulheres que quer levar para a cama? - dizendo isso, Voldemort soltou uma fria gargalhada.

-Claro que não, Milorde! - respondeu Snape, preocupado em esconder seus desejos em relação à Júlia.

Voldemort riu ainda mais ao perceber a expressão assustada de Snape.

- Calma, homem! O que importa é que a trouxe de volta. Não ligo para os argumentos que usou, e sinceramente não me oponho que a leve pra cama. Mas confesso que estou surpreso. Cheguei a pensar que teria de explodir todos os hotéis desta cidade para ela voltar para cá. Creio que minha menina não tenha gostado da casa do papai.

Snape tentou se controlar e ignorar o comentário do seu mestre. Mudou de assunto:

- Milorde, acho que meus companheiros agiram de maneira estúpida. Júlia não os viu por pouco, mas percebeu que o que houve não foi um acidente. Ela pôde sentir a magia no local. Sua filha é mais poderosa do que pensei.

- Está certo, Severo. Estou cercado de vermes incompetentes! E quanto à garota, você também tem razão. Mas creio que ela não tenha consciência dos poderes que possui, é ingênua demais! Além disso, temos Dumbledore. Aquele velho idiota deve ter lhe poupado disso, assim como a poupou da verdade sobre mim. Melhor para nós, não acha?

Snape concordou com a cabeça e o Lorde continuou.

- Por isso, tenho uma tarefa que confiaria apenas a você. Como deve ter percebido, a garota é uma grande Oclumente, quero que descubra se isso é intencional ou não. E também se ela possui o mesmo dom para Legimência. Depois, quero que descubra até que ponto aquele velho influenciou em sua educação. Você terá que saber tudo a respeito dela, seus medos, suas vontades, as pessoas que ela gosta, com quem se preocupa...enfim, tudo que possa ser usado em nosso benefício. Acha que é capaz?

- Claro que sim, Milorde - respondeu Snape prontamente.

- Para conseguir isso terá que conquistar a confiança dela. Você será o melhor amigo da minha filhinha, a pessoa que ela mais confiará neste mundo novo, assim como confiava em Dumbledore. Quero relatórios semanais sobre seu desempenho. Não admito demora nem falhas, fui claro?

- Sim senhor – Snape não tinha energia para argumentar.

- Agora vá, a partir de amanhã terá muito que fazer.

Snape fez uma reverência a seu mestre e saiu do escritório, indo direto para seu quarto.

Chegando lá ele se deitou na cama, tentando entender o que o Lorde das Trevas pretendia com esse plano. E também esforçando-se em convencer a si de que estava contente com a tarefa que seu mestre lhe passara, porque assim seria mais fácil proteger Júlia sem levantar suspeitas, e não porque a idéia de passar mais tempo ao lado dela era o que mais lhe agradara nesses últimos dias.

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_ Não acha que é um pouco tarde para estarmos aqui, cara? - perguntou Rony um pouco aflito.

Harry, Rony e Hermione estavam sentados no escritório da nova diretora de Hogwarts. Chegaram à escola muito tarde, um horário bem impróprio para se fazer uma visita, mas Harry insistiu em falar com a professora McGonagall. Isto preocupou Hagrid, que assim que deixou os garotos no escritório foi correndo em direção ao dormitório da diretora para acordá-la e avisar da inesperada presença dos garotos.

Para o trio era muito estranho estar ali novamente, principalmente para Harry, que não pretendia em hipótese alguma voltar para a escola, mesmo que aquele fosse o único lugar que ele realmente tenha se sentido em casa. Estavam todos perdidos em seus pensamentos, até que uma voz familiar ecoou pelo aposento e surpreendeu os três:

- Boa noite, meus caros.

Quando olharam, viram Dumbledore...o retrato. Ele estava sentado observando os garotos com um sorriso estampado no rosto.

- Um pouco tarde para uma visita, não acham? Mas fico contente em vê-los novamente.

Ficaram os três atônitos, não sabiam o que responder. Uma emoção inexplicável passou a tomar conta deles. Era reconfortante ouvir aquela voz outra vez, mesmo que viesse de uma pintura.

- Boa noite, professor. - falou Hermione tentando agir naturalmente.

Dumbledore sorriu para menina e voltou a falar.

- Aproveitando que estamos sós, gostaria de fazer um pedido aos três, especialmente a você Harry.

O garoto não conseguia falar, não encontrava forças. Queria perguntar tantas coisas ao ex-diretor, mas sua voz simplesmente não saía, então só escutou:

- Já que estão aqui, presumo que receberam minha carta. Ela foi escrita por mim antes de morrer, e tomei as providências necessárias para que você, Harry, a recebesse se acontecesse algo comigo. Agora reforço o pedido que fiz: é de extrema importância que não abandonem seus estudos.

As palavras saltaram da boca de Harry sem que ele se desse conta, interrompendo o que Dumbledore dizia:

- Mas e se a escola não reabrir? Não posso ficar preso aqui perdendo meu tempo enquanto tenho as horcruxes para encontrar!

Sei disso meu caro, mas creio que se o “eleito” quiser estudar, o ministério não impedirá a abertura da escola - Dumbledore fez uma pausa e olhou para Harry, piscando o olho. - Você precisará de todo conhecimento para enfrentar a batalha que esta por vir, e não vejo lugar melhor que em Hogwarts para obter isso.

Harry suspirou profundamente, olhou para os amigos, depois para o retrato do ex-diretor e falou:

- Farei o que o senhor quer. Vou voltar, mesmo que a escola não reabra. Voltarei para absorver todo conhecimento que este lugar pode me oferecer. Encontrarei e destruirei cada pedaço da alma de Voldemort até chegar a hora de enfrentá-lo pessoalmente. Então ele vai se arrepender de tudo que fez. Ele e aquele covarde do Snape!

_ Professor Snape, Harry!

O garoto olhou surpreso para o retrato. Mas antes que começasse a falar, Hagrid e a nova diretora entraram na sala.

- Harry, Rony e Hermione! O que houve para aparecerem aqui há esta hora!?

Boa noite Minerva, Rúbeo.

Os dois levaram um susto ao ouvir a voz de Dumbledore. Era a primeira vez que eles viam o diretor do retrato acordado desde o dia em que foi assassinado. A mulher se emocionou, mas manteve a calma. Já o meio gigante não fazia questão de esconder as lágrimas que escorriam de seus olhinhos de besouro.

- Alvo! - foi a única coisa que a professora McGonagall conseguiu dizer.

Dumbledore olhou para cada um deles atentamente, cruzou as mãos em frente ao corpo e voltou a falar:

- É bom ter todos vocês reunidos aqui. Vou lhes contar uma coisa muito importante, algo que precisam saber sobre Severo Snape.

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