Armadilha



Capítulo 20
Armadilha

'Você vai conseguir tudo.
Com aquele sorriso malvado.'

Aquilo era... Perfeito. Ficar ali com Cedrico, observando a lua cheia e rir da Lula Gigante, enquanto esta se divertia com alguns pássaros que sobrevoavam em busca de alimento. Ficar assim, abraçada com Cedrico era muito bom, mas teria de interromper aquele momento.
- Ced... – chamei virando-me de frente para ele.
- O que foi Mel? – perguntou ele.
- Eu não sei se devemos fazer isso... E a nossa amizade? Como fica?
- Mel, por favor... Entende uma coisa? Eu te amo! Não vou te deixar nunca! Não posso te deixar nunca! – respondeu Cedrico segurando meu rosto com as mãos – Apenas confie em mim!
Ficamos em silêncio. Um fitando o outro. Até que ele se aproximou e levou seus lábios carinhosamente aos meus.
Não vou negar que estava preocupada com tudo aquilo. Tudo bem que era uma coisa recente e não podia tirar conclusões sobre isso. Mas, mesmo que ficar com Cedrico fosse a melhor coisa que já me acontecera, não podia esquecer dos verdadeiros fatos. Não podia deixar de pensar no que estava acontecendo só por que estava com ele. Tinha prometido a Dumbledore.
- Desculpem atrapalhar este momento... – era Dumbledore – Mas, se eu fosse vocês não ficaria aqui até tarde!
Ele saiu sorrindo, deixando Cedrico e eu confusos. Certamente, se fosse qualquer outro professor, teria nos dado uma detenção, ou até mesmo poderia nos expulsar de Hogwarts. Seguimos o conselho de Dumbledore. Estava tarde mesmo. A hora voara enquanto estivemos juntos.
Despedimos-nos na metade do caminho, afinal, as salas comunais eram totalmente opostas. Cedrico insistira em me acompanhar, mas não podia deixar que ele fosse comigo até a Torre, para depois regressar. Subia em direção ao corredor do sétimo andar, onde se localizava a sala comunal da Grifinória. Para a minha infelicidade, encontrei Pirraça no meio do caminho. E adivinha? Ele jogou uma bexiga d’água em minha cabeça. Mas estava tão feliz que ao invés de retrucar, sorri. E Pirraça deixou-me murmurando ‘garotos metidos e estranhos!’. Passei pelo corredor do segundo andar, para me secar no banheiro da Murta Que Geme. Vocês não vão acreditar! Quem estava justamente nesse corredor? Pois é... A mesma pessoa que você e o resto do mundo pensaram. Melanie se agarrava com Malfoy. Ou melhor... Ela pretendia tirar-lhe a camisa... Mas infelizmente eu atrapalhara! Que dó...
- Hum... O professor Dumbledore não vai gostar nada disso... – provoquei fazendo os dois se assustarem.
- O que é que você está fazendo aqui, sua nojenta? Ué... Não ia embora? Pois já vai tarde! – falou Melanie.
- Eu acho melhor você se controlar... Para a sua infelicidade eu não vou mais embora... Não antes de provar a culpa de vocês dois! – respondi.
- Escuta aqui... – Malfoy partiu pra cima de mim, me agarrando pelo braço.
- Ah é? Hum... Então... Pra se sentir ameaçado desse jeito só pode ter culpa! – provoquei de novo.
- Malfoy! Cala a boca! Já falei que quem dá as ordens aqui sou eu! – exigiu Melanie.
Malfoy imediatamente ficou quieto.
- Nossa! Não sabia que você obedecia as ordens de alguém... – falei para Malfoy – Você não era o garoto que só dava ordens?
- Cala a boca infeliz! Idiota! Imbecil! Sua... ! – Malfoy berrou um palavrão
- Antes de falar da minha mãe olha para a sua!
Em seguida me retirei. Nem passaria no banheiro para não encontrar novamente com aqueles dois. Rumei para o corredor do sétimo andar.
Entrei pelo buraco no retrato e para minha surpresa Harry e Hermione ainda se encontravam presentes.
Sentei-me frente a eles, sem dizer exatamente nada. Os acontecimentos daquela noite passavam pela minha cabeça como um filme.
- Mel? MEL! Ow... Estou falando com você! O que aconteceu hein pra você nem me ouvir falando? – falou Harry.
- Ah, desculpe... Eu estava desatenta! Mas sobre o que você falava? – respondi.
- Sobre que você tem que apresentar o uniforme amanhã para a professora McGonagall... As propostas do grêmio lembra?
- O quê? Ai meu Deus! Eu esqueci completamente! – bati a mão na testa.
- Hum... – Hermione pareceu pensativa – E se a gente fizesse alguma coisa melhor nos uniformes?
- Tipo o quê? – perguntei.
- Vem Mel! Harry, boa noite! Amanha a gente se vê! – Hermione o beijou e me puxou rapidamente.
Adentramos o quarto em silêncio. As nossas companheiras de quarto já dormiam profundamente.
- Eu tinha pensado em uniforme diferente... E depois você tem que me contar sobre o Cedrico! – ela pareceu extasiada -... Não pornográfico como o da Melanie, mas... Hum... E se a gente fizesse assim ó... – Hermione passou metade da noite me mostrando os uniformes.
Tanto é que Hermione dormira na minha cama, enquanto eu dormira no chão.
Acordei com o corpo dolorido, também pudera... Nem chamei Hermione. Desci sozinha para o Salão Principal. Era tarde já. Finalmente conseguira, pelo menos um dia, acordar tarde naquele castelo. Estava me aproximando do saguão de entrada, havia um grande fluxo de pessoas saindo do salão.
- Ei! A Srta. acordou tarde hoje, hein? – era Cedrico, me assustou, dando-me apenas um selinho – Nem veio fazer companhia para mim esta manhã...
- Ah, Ced! Desculpa... Mas sabe o que é? A Mione ficou me ajudando a arrumar o uniforme para apresentar para a McGonagall... – respondi.
- Ah, esqueci! – Cedrico teve a mesma reação que eu – Esqueci completamente do uniforme!
- Ah, não tem problema... Eu e a Mione já arrumamos tudo... – respondi sorrindo para ele.
Entramos no salão rindo um da cara do outro. Quem não pareceu muito feliz com a novidade foi Rony. Mas pareceu compreender depois.
- Não acredito que vocês estão juntos! - exclamou Harry ao sentar-se à mesa.
- Pra você ver, né? Agora estou abismada de como as notícias correm nesse castelo! – afirmei.
- Ah, você não conhece nada de Hogwarts...
Continuei comendo e de vez em quando meus olhos se encontravam com os de Cedrico, causando risos nos dois.
Não ia negar que estava feliz. Mas o medo ainda me perturbava.
- Ei, Mel! Você viu a Mione por aí? – perguntou Harry.
- Não, Harry! Não a vi não... Mas eu acho que ela ainda não acordou, por que nós ficamos acordadas a noite inteira pra escolher os uniformes! – respondi.
- Milagre! Hermione dormindo até tarde? Por isso o tempo feio! – afirmou Harry observando o tempo nublado – Pensei que ela estivesse na biblioteca...
- Eu acho que não Harry! Porque quando eu acordei, ela estava dormindo na minha cama ainda...
- Na sua cama? Mas e você, onde dormiu? – perguntou Harry.
- Eu? Bem... No chão! Mas não se preocupe... Eu por incrível que pareça, estou muito bem! – respondi.
- Ah, por que será não? – falou Harry fazendo uma cara de pouco caso – Será culpa um certo Diggory??
- Talvez... – ri.
- Hum... Mas é assim mesmo que eu quero te ver! Feliz! Se você está feliz... Eu também estou! E isso é o que importa!
- Ah... É isso mesmo... – ia contar pra Harry sobre o meu medo, mas vi Hermione se aproximando – Ah, Harry! Olha a Mione aí!
Hermione veio se aproximando com uma cara de quem não estava muito bem. Uma cara de sono incontestável.
- Bom dia, gente! – falou ela ao sentar-se.
- Bom dia... – respondi juntamente com Harry.
Terminei o café, e em seguida me retirei do salão, deixando Harry com Hermione. Subi até o corredor do sétimo andar, e entrei na sala comunal, em busca dos uniformes. Teria de apresentá-lo a professora McGonagall dentro de alguns minutos. O uniforme estava guardado sob o malão, para evitar olhares. Peguei-o e coloquei na mochila, em seguida rumei direto para o salão principal, desejando chamar Cedrico, Harry, Rony e Hermione para a pequena reunião com a professora.
Entrei lentamente no salão e Cedrico já vinha em minha direção.
- Pronta? – perguntou ele parando frente a frente comigo.
- Com certeza! Só vou chamar o Harry, o Rony e a Mione pra irmos todos juntos...
Fui até a mesa da Grifinória, e fiz Harry desgrudar de Hermione por alguns segundos.
- Ei, nós precisamos ir!
- O.k., o.k... – respondeu um Harry meio sem vontade.
Passamos por todos no salão, causando vaias e gritos de alegria. Do outro lado do salão, Melanie também preparava sua “gangue”.
- Não acredito que vou ter que ver a cara dessa garota de novo! – cochichei no ouvido de Cedrico.
Adentramos a pequena sala da professora Minerva.
- Bom dia! Espero que tenha sido uma semana muito produtiva tanto para um lado quanto para outro... – falou ela ao ver Melanie cruzar o portal – Afinal, Sra. Granger o que aconteceu com você? – perguntou observando a face de Hermione.
- Nada não, professora... – ela corou.
- Ah, Potter, você desandou a minha aluna!
Todos riram e Harry corou logo depois silêncio.
- Bem... Então... O que vocês podem me apresentar para este Grêmio?
- Bom, professora, nós decidimos optar por um modelo novo de uniforme... – comecei já que Melanie não se manifestara.
- Ótimo... Pois então... Mostrem-me!
Tirei da mochila quatro peças de roupas. Tinha a cor tradicional com alguns detalhes em Vermelho e Ouro. Continha uma camiseta, uma blusa baby look, uma calça e uma saia de prega. Expliquei para a professora exatamente como seria o uniforme masculino (calça e camiseta) e como seria o feminino (saia de prega e blusa). Minerva McGonagall parecia não estar satisfeita. Demonstrei um ar de desânimo. Tínhamos trabalhado a noite toda naquilo.
- Bom... Eu precisaria de mais empenho neste uniforme... Mas com alguns ajustes, podemos conversar depois! – falou a professora – Agora, a Srta. Addam, por favor!
- Eu trouxe o uniforme num “modelo” – segurei uma risada – Para apresentá-lo a Senhora, professora!
Melanie foi até a porta e puxou Malfoy, que estava para fora. O garoto parecia ligeiramente envergonhado.
Draco entrou na sala com uma calça de cor verde-escuro com uma cobra bordada em prata, e sem camisa. A professora pareceu assustadíssima. Eu tive que me controlar, para não rir. Aquela situação era, sem dúvida nenhuma, engraçada. Apoiei a mão na testa e ri baixinho. Olhei para Cedrico, e este, deu uma risadinha desdenhosa. Harry, Rony e Hermione estavam complexados.
- Srta. Melanie! Onde a Srta. pretende chegar com estas... Estas... Estas roupas? Se é que isso pode se chamar de roupa... – a professora estava aborrecidíssima.
- Como onde, professora? A Senhora tem certeza de que está bem? Eu acho que, com a sua idade, a Senhora deveria aposentar! Afinal... Nem lembra onde dá aula! – falou Melanie.
- Eu sei sim Srta. Addam onde dou aula! E se eu preciso me aposentar ou não este é problema meu! Isso – a professora apontou para Malfoy – Que você chama de uniforme, é um lixo! Dumbledore NUNCA permitiria um uniforme assim! Já chega! Saiam todos daqui! O uniforme permanecerá do jeito que está! Vamos... Andem! Saiam daqui!
McGonagall parecia estressada. Saímos, um a um, da sala. Como Melanie poderia apresentar um uniforme daqueles? O.k. Mas não vou negar que Malfoy não esteja em forma. O garoto deveria ter “malhado” muito durante as férias.
A primeira aula daquele dia era Transfiguração. A professora ficara tão atordoada que chegara atrasada.
As aulas transcorreram normalmente até a hora do almoço. Entrei no salão, ainda relembrando os acontecimentos matinais na sala da diretora da Grifinória.
Sentei-me e a minha frente havia um bilhete endereçado a mim. Olhei desconfiada. Abaixei para ler, evitando os olhares curiosos.

Mel
Por favor, encontre-me no mesmo lugar de sempre à noite, depois do jantar!
Estou morrendo de saudades de você!
Cedrico

Sorri ao terminar de ler. Só poderia ser de dele. Almocei correndo e segui para as aulas da tarde. A noite, como o combinado, ao final do jantar, segui até a mesma pedra, frente ao lago, e esperei.
Esperei. Cedrico nunca era de se atrasar. Aquilo estava me deixando confusa.
De repente, no meio da floresta, um lampejo verde. Tinha de ver aquilo, poderia me encrencar com Snape outra vez, mas tinha de ir.
Saí correndo, esquecendo do compromisso com Cedrico. Entrei lentamente na floresta, até encontrar o centro desta.
- Não pensei que fosse tão fácil te atrair pra cá! – era Melanie, rira maliciosamente.
- O que você quer comigo? – perguntei.
- Como o que? Você ainda pergunta? – Melanie riu novamente – É claro que eu vou te tirar do meu caminho!
- E por que você precisa me tirar do seu caminho?
- Porque você me atrapalha, sua nojenta! Loura aguada! Mas quer saber? Estou cansada da sua voz... Vamos acabar logo com isto!
Melanie fitou-me. Levantou a varinha. De repente um surto. Tinha deixado minha varinha na sala comunal. Droga.
- AVADA KED...
- EXPELLIARMUS! – gritou uma voz as minhas costas.
Virei para ver quem era. Realmente era quem eu esperava. Cedrico apontava a varinha para Melanie. Esta aproveitou o momento de descontração, e se enfiou na floresta.
Corri e abracei Cedrico.
- Você está bem? – perguntou ele.
- Estou... Se não fosse você... Eu estaria morta!
- Mas o que é que você estava fazendo aqui?
- Eu recebi o seu bilhete e esperei no lugar marcado, mas aí eu vi um lampejo verde, e vim ver o que era! – expliquei.
- Mas que bilhete?
- Como que bilhete? O bilhete que você me mandou na hora do almoço!
- Mel, eu não te mandei bilhete nenhum! Você sabe que eu venho falar com você! Eu nunca mando bilhete...
- Ah, filha da mãe da Melanie! Desgraçada! Ela me paga! Ela armou tudo sozinha... Fez-me vir até aqui, te encontrar, mas na verdade era para ela me matar! Estava tudo planejado! – agora tudo fazia sentido.
- Então, agora, você tem que tomar muito cuidado, porque se contarmos o que ela fez ninguém acreditará, então, fica de olho nela! Ela não está de brincadeira... Principalmente com você! – falou Cedrico – Agora, vamos para o castelo, antes que nos peguem aqui!
Cedrico me puxou até a saída da floresta. Paramos no gramado. A professora McGonagall estava parada, nos esperando.
- Srta. Bittencourt! A Srta. sabe que a floresta é proibida não sabe?
- Professora, não foi culpa minha! Eu... – tentei me explicar, em vão.
- Eu não quero saber! Detenção amanhã! Ajudará Madame Pince a tirar e reorganizar os livros da biblioteca! – avisou a professora.
- Mas, professora...?
- Sem mais nem menos! Por favor, acompanhe-me! E o senhor, Sr. Diggory! Saia daqui, antes que leve uma detenção junto!
Acompanhei a professora até a sala comunal da Grifinória e ainda, no caminho, levei um sermão. Uma detenção. Era tudo o que eu precisava.

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