Nasce Uma Paixão



Capítulo 19
Nasce Uma Paixão

Ninguém imaginava o quanto estava sofrendo por tudo isso. Meu coração batia acelerado. Subi correndo para a Torre da Grifinória. Passei desesperada pelo retrato da Mulher Gorda, tanto que esta ficou se perguntando o porquê da pressa. Entrei rápido, e parei, fitando Harry e Hermione que pareciam estar conversando. Deixei os dois, e Harry tentou me alcançar, em vão. Subi até o dormitório e, antes de chegar, parei num degrau, ainda podia ouvir conversa.
- Eu juro pra você, Mione! Ela não tem culpa de nada! Assim como eu! Você não sabe o quanto ela está sofrendo por ter que ir embora de Hogwarts! – falou Harry.
- O.k., Harry! Mas eu vi vocês se abraçando! Eu vi! – retrucou Hermione.
- O.k., Mione... Eu não ia te contar o porquê desse abraço, mas já vi que vou ter que fazer isso!
- O que você está querendo dizer com isso?
- Aquele dia, quando eu te beijei, passei a noite em claro, assim como a Mel! E eu estava preocupado, então resolvi contar a ela o que estava acontecendo! – Hermione parecia aflita.
- E o que estava acontecendo?
- Eu disse a ela... Que ia terminar com você! – Hermione fez uma cara de espanto, e fez menção de dizer algo, mas Harry a impediu – Porque eu estava preocupado com você! Tinha medo que Voldemort ficasse sabendo que eu te amo... E ele te... matasse! Então, a Mel disse que eu não deveria terminar com você, porque eu deveria ser feliz, e que eu tinha que enfrentar as coisas de cabeça erguida e lutar pela minha felicidade! – Harry desabafou – Então, para você ver, a Mel estava este tempo todo te defendendo... Estava do seu lado!
- Mas... – Hermione tentou argumentar.
- E o abraço foi um tipo de agradecimento, pois eu ia seguir as instruções dela! Então, eu acho que a Melissa é uma pessoa diferente, assim como eu. Ela não tem medo de enfrentar as coisas... Mas, por que você não tenta conversar com ela? – pediu Harry.
- É, acho que fui uma idiota, Harry! Você tem razão, vou falar com ela! – ela se levantou, e seguiu em direção a ele – Ah, e mais uma coisa, desculpa Harry! Desculpa por não ter acreditado em você...
- Não se preocupe Mione... – e dizendo isso, Harry a beijou.
Subi rápido até o dormitório. Mesmo o que ouvira, não mudaria de opinião. Hermione não era a única a quem eu causara problemas.
Terminaria de organizar as minhas coisas no malão, para em seguida, partir. Partir de volta para casa.
Não dera dois minutos, e Hermione cruzara o portal do dormitório. Sentou-se em sua cama e ficou observando os pés.
- Mel... Será que a gente pode conversar? – perguntou ela, me encarando pela primeira vez.
- Claro... – respondi com uma voz rouca, e antes de encará-la, enxuguei a última lágrima que escorrera.
Ela levantou-se da cama, e seguiu até a minha. Sentou-se e me puxou pela mão, me fazendo sentar também.
- Olha, Mel.. Eu sei que sou uma idiota, e...
- Mione, por favor! Não fala isso! Você não é idiota... Você só ficou com ciúmes do Harry, o que é a coisa mais normal do mundo! – falei.
- Não... Não é a mais normal do mundo! Por que eu desconfiei das duas pessoas que eu mais gosto nesse mundo! Tudo por causa de uma besteira! Devia ter questionado vocês dois, antes de sair gritando daquele jeito...
- Mione deixa pra lá, o.k.? – pedi.
- Não... Preciso te pedir desculpas! – falou ela.
- Não... Não precisa!
- Não...
- Hermione – segurei-a pelos ombros – Não se preocupe! Esqueça isso!
Ela ainda tentou argumentar, mas em vão.
E desistindo, ela me deu um grande abraço.
- Mas, então, você vai ficar aqui agora né? – perguntou ela.
- Não, Mione... Na verdade não... – respondi.
- Mas, você não pode!
- Eu tenho que ir... Só vou passar na sala de Dumbledore antes, e depois já vou voltar para a França!
- Não...
- Mas, espera... Antes eu quero lhe contar uma coisa... O Cedrico... Ele me beijou hoje... – contei.
- O que? Ah, eu sabia que você gostava dele!
- Não! Eu... É... Ele é só amigo!
- Ah, pára com isso! Você está tentando enganar a si própria! É lógico que você tem uma quedinha por ele! Mas, você acha que ele gosta de você?
- Não sei... Não pude conversar com ele depois... A Cho atrapalhou! Mas... Mesmo se for... Acho que não podemos ficar juntos!
- Por quê?
- A nossa amizade é muito grande, Mione! Não posso arriscar assim! – respondi.
- Hum... Mas e o que a Srta. falou pro Harry? E a sua felicidade? – falou Hermione.
- Não sei... Mas agora... Não tem mais jeito... Não vou ficar aqui em Hogwarts para contar o fim dessa história...
Hermione não encontrou palavras para me dizer, mas em troca sorri para ela, e em seguida me retirei do quarto, rumando em direção à sala de Dumbledore.
Passei por Harry, que me fitou por um tempo. Tinha uma expressão de “Ah, e aí como foi?”.
- Não se preocupe! Está tudo bem... – respondi a ele.
Em seguida cruzei o retrato e me encontrei num longo corredor. Peguei o bilhete que Dumbledore havia me enviado e o abri cuidadosamente.

Cara Srta. Melissa,
Por favor, compareça a minha sala, antes de ir embora.
Preciso conversar com a Srta.
Atenciosamente
Prof. Dumbledore.
PS: Ah, a senha é Sapos de Chocolate.

O que será que Dumbledore queria conversar comigo? Bom, isso iríamos descobrir. Parei frente à gárgula de pedra e murmurei “sapos de chocolate”, em seguida, a gárgula girou, dando ênfase a uma escada que dava ao escritório do diretor.
Dumbledore se encontrava conversando com Fawkes.
- Há ainda muitos mistérios a serem desvendados nesta escola, Fawkes! – falou Dumbledore acariciando as penas da ave.
- É... Com licença, professor? – pedi.
- Ah, Melissa! Sim... Claro... – exclamou o diretor surpreso.
O diretor fez o sinal para que sentasse. Tinha alguma coisa estranha ali. Ao meu lado havia mais três cadeiras desocupadas. Na sala de Dumbledore sempre havia uma ou duas, no máximo.
- Desculpe senhor, mas, o senhor queria falar comigo? – perguntei.
- Sim, Melissa, eu gostaria muito de conversar com você! – respondeu ele.
Mas, a conversa fora atrapalhada por alguém que acabara de chegar. O diretor sorriu em minha direção.
Olhei para trás, esperando encontrar algum professor. Engano meu. A pessoa que acabara de interromper a conversa era ninguém menos do que Cedrico Diggory. Encarei-o esperando uma resposta para tudo aquilo.
- Ah, sim, Sr. Diggory, por favor, sente-se! – estava um pouco confusa.
- Desculpe professor, mas se o Senhor quiser, eu posso esperar lá fora! – perguntei.
- Não, não será necessário Srta. Bittencourt! Tenho uma conversa com vocês! Aliás, os meus outros convidados já devem estar a caminho... – respondeu Dumbledore.
Evitei o olhar de Cedrico. Estava muito esquisita aquela história...
Cedrico, que acabara de ocupar a cadeira ao meu lado, olhou-me esperando alguma resposta para tudo aquilo. Não obteve o que queria. Era insuportável não olhar e não conversar com ele. Aquilo me machucava por dentro.
- Bom, enquanto esperamos... Já fui informado do acontecido desta noite... A Srta. está bem? – perguntou Dumbledore.
- Bem... É... Hum... Desculpe Senhor, mas não sei do que está falando... – respondi sinceramente.
- Ah, perdoe-me, fiquei sabendo que a Srta. Chang lançou um feitiço contra a Srta...
- Não... não foi propositadamente... A culpa foi toda minha... – respondi.
- Mel! Você não pode mentir! Como não foi propositadamente? Foi totalmente! – retrucou Cedrico nervoso – Não sei como você ainda pode defendê-la!
- Não estou defendendo ela, Ced! Só quero evitar confusão, o.k.?
- O.k., apesar da Srta. estar defendendo a Srta. Chang, ela já foi deveras punida... – informou o diretor.
A conversa foi mais uma vez interrompida. Desta vez, quem se encontrava na porta eram Harry e Hermione que também pareciam surpresos.
- O que...?
- Agora não, Harry! Sentem-se, por favor! – ordenou Dumbledore.
Harry e Hermione sentaram-se nas duas cadeiras restantes. E uma expressão de dúvida perpassava todos os rostos.
- Professor Dumbledore... Quer nos matar de curiosidade? – falou Hermione, parecendo aflita.
- Não... Olha, o que tenho para vocês é um pedido! – informou Dumbledore.
- Pedido? – perguntou Harry. – Que pedido?
- Preciso da ajuda de vocês! De vocês quatro – o professor deu ênfase à palavra.
- Que tipo de ajuda, professor? – perguntou Harry.
- Alguns de vocês aqui, já devem ter percebido que coisas “estranhas” andam acontecendo... Como exemplo, a morte de alunos inocentes! Por isso preciso que vocês fiquem de olho e me ajudem a desvendar esses estranhos acontecimentos... Vocês acham que podem fazer isso?
- Bem... Eu posso ajudar claro! – respondeu Harry.
- Eu também... – respondeu Hermione.
- Pode contar comigo! – respondeu Cedrico.
Dumbledore me fitou por algum tempo, esperando uma resposta. Em seguida, as cabeças de Harry, Hermione e Cedrico também se viraram para mim.
Mexi-me inquieta na cadeira.
- E então? – perguntou Dumbledore – Preciso de você em Hogwarts, Melissa! Por favor! Pelos seus amigos! Permaneça em Hogwarts pelo menos até o fim do ano!
- Vamos, Mel! Você pode fazer isso por todos aqui! – falou Hermione.
- Precisamos de você! – falou Harry pegando em minha mão.
Cedrico apenas me olhou, suplicante. E aquele ‘preciso de você comigo’ ecoou na minha mente.
Respirei fundo. Fechei um pouco os olhos. As cenas passavam como um Flash Black. Mas as que permaneciam não eram as com Harry, Hermione e Cedrico, e sim, as brigas com Melanie.
Abri os olhos e percebi que Dumbledore ainda me fitava, assim como os outros, que já tinham se dado por vencidos.
- Tudo bem! Mas só até o fim deste ano! – respondi surpreendendo todos os presentes.
- Ótimo! Sabia que podia contar com vocês! E agora, qualquer coisa ou movimento suspeito, me comuniquem, por favor! Podem voltar para as suas salas comunais... E boa noite! – informou um Dumbledore sorridente.
Levantei-me da cadeira ainda refletindo se fizera a coisa certa.
- Ah, Melissa! – chamou Dumbledore – Preciso dar uma palavrinha com você!
Voltei e sente-me novamente, enquanto Harry, Hermione e Cedrico se retiravam.
- Fico contente com a sua decisão... Mas, olha... Hogwarts precisa mesmo de você! Pois você é uma bruxa muito poderosa, apesar de muitos poucos saberem disso! Uma pessoa que apesar de saber conjurar todas as maldições é incapaz de infringir este tipo de regra! Você acha que está fazendo mal as pessoas aqui dentro não acha? Mas, pense. Se as suas suspeitas estiverem certas, você concorda que não estará fazendo nada além do bem às pessoas? Você não está fazendo mal a ninguém, acredite. O que acontece é que as pessoas fazem mal a você! E a única coisa que você quer é fazer justiça! Pense nisso, Melissa! Corra atrás da sua felicidade! Acho que já falei bastante hoje não acha? Já estou me sentindo cansado...
O professor arrancou um grande sorriso de mim. Admirava muito Dumbledore.
- Obrigada, diretor. Agora, se me permite... Boa noite! – falei.
- Boa noite, Melissa!
Desci a escada da gárgula de pedra e Harry, Hermione e Cedrico ainda me esperavam lá.
- Eu sabia que você ia ficar! – falou Harry me dando um abraço.
- Você tomou a decisão certa, Mel! – disse Hermione parecendo animada.
- O.k., gente! Também não é pra tanto né? – respondi dando risada.
- É sim! Porque você é importante para nós... E precisamos de você aqui! – falou Cedrico.
Hermione parou olhando para mim. Em seguida puxou Harry.
- Vamos, Harry!
- Mas, por quê? Ah deixa...
- Harry cala a boca e vamos! Vem logo antes que eu me estresse! – respondeu Hermione dando uma piscadela para mim.
- Ai, calma! Como você é nervosa... – falou Harry se retirando juntamente com Hermione.
Cedrico e eu ficamos sozinhos. Um silêncio tomou conta do corredor. Eu parecia interessadíssima em analisar a parede oposta. Cedrico mantinha os olhos em mim.
- Eu acho que a gente precisa conversar Mel! – falou ele – Vamos até o jardim? Está uma noite linda...
Apenas assenti, fitando-o profundamente.
Fomos caminhando lentamente pelo corredor, sem dizer uma palavra. Atravessamos o saguão, e fomos parar direto nos jardins.
Caminhamos pela grama molhada, em função da chuva, até a pedra que ficava de frente para o lago. Sempre a mesma cena.
- É acho que esse lugar é sagrado... – falei.
- Mas eu gosto daqui!
Novamente silêncio.
- Escuta mel! Você está brava comigo? – perguntou Cedrico.
- Não...
- Mel... Sobre aquele beijo... Eu...
- Não se preocupe Ced! Deixa pra lá...
- Não! Não posso! Preciso falar! Acontece que depois que você me deu aquele beijo quando brigou com a Melanie... Eu nunca mais consegui te tirar da cabeça! Eu gosto de você, Mel!
Pareci chocada. Um milhão de pensamentos e palavras a serem ditas e eu mergulhara num simples silêncio.
- Olha Ced... Talvez isso esteja errado! Aquele beijo no dia da briga... Foi um erro meu! Eu podia ter destruído a nossa amizade! – falei.
- Não foi um erro! Então você se arrepende de ter me beijado? Aquele beijo foi... Apenas um motivo para abrir os meus olhos! Eu estava cego pela Cho! Mas, agora, é tudo diferente... É de você que eu gosto! – falou Cedrico.
- Eu não me arrependo de ter te beijado, quer dizer... mas Ced! A nossa amizade poderia não continuar a mesma! E se nós ficarmos juntos, pode acontecer alguma coisa... Não vai ser a mesma coisa!
- Claro que vai! Porque eu gosto de você... E se você gostasse de mim... Não teria motivos para não continuar a mesma! – falou Cedrico.
- Mas eu gosto de você! – respondi.
- Então... Por que não tentar ser feliz? Ah, Mel! Você já sofreu tanto... Por favor! Posso te fazer feliz, sei disso!
Não disse nada. Será que aquilo valia a pena? Será que valia aquela amizade tão forte e de tanto tempo?
- Mas, Ced! Eu... Não quero me decepcionar outra vez! Não que você vá fazer a mesma coisa que o Olívio, mas...
- Eu garanto a você que eu não vou fazer o que ele fez! Porque eu quero ficar com você, só com você! Por favor... Confie em mim! – pediu Cedrico.
Não disse nada mais uma vez.
Cedrico foi se aproximando de mim. Meu coração já não batia no mesmo ritmo. Estava acelerado.
Um frio passara pelo meu corpo. Mas, aquela sensação não era ruim.
Ele se aproximou lentamente e me beijou.
Fora algo inesquecível. Esses sentimentos... Descobria, agora, que isso não era só amizade.
Mal sabia eu, que em meu coração, nutria uma paixão. Uma paixão pelo meu melhor amigo. E só naquele momento pude sentir a paz em minha cabeça. Apenas sensações maravilhosas e indescritíveis. Sensações que jamais sentira por alguém...

'Era tão estranho
Te olhar dentro dos olhos
E ver na minha frente
Tudo o que eu sempre quis.'


Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.