Pagando o Preço



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– É... A vida é mesmo muito engraçada, não é?


 


Foi tudo o que eu consegui dizer naquela manhã na mesa da Grifinória, mirando os olhos debochados de Draco Malfoy me olharem perigosamente da mesa da Sonserina. Era o primeiro dia da volta do nosso namoro, ou melhor, do meu castigo, e seu sorriso vitorioso nunca me dera tanto medo em toda a minha vida.


 


– Eu adoro o Jim Carrey. – disse Ron a minha frente se servindo de um pouco de bolo de cenoura.


 


Eu teria feito ele engolir aquele bolo todo de uma vez se eu tivesse ânimo e forças para isso. Me contentei em respirar e contar até cinco mentalmente.


 


– Eu estava filosofando Ron. – disse numa contida ironia. Harry e Gina, eu percebi, seguraram o riso.


 


        E é aí que minha primeira revolta do dia surge: eu posso já ter comentado nesse humilde diário que não havia nada pior do que ver Draco Malfoy rindo às minhas custas, pois há sim. Por um motivo ainda desconhecido percebi que Draco não é o único que está se divertindo com essa opressão. Harry, agora, parece muito animado em me ver ser escrava do loiro. Ele por acaso não me achava uma traidora por estar com o Draco antes? Por que agora ele se anima tanto com a idéia? E Gina? Minha “suposta” melhor amiga. Acho que a palavra amiga está sendo muito usada inadequadamente hoje em dia, pois uma “amiga” não deveria rir da desgraça alheia! Isso pelo o que eu sei é chamado de “hiena”! E “hiena” e “amiga” são palavras totalmente diferentes!


 


           Pelo menos, Ron ainda parece se revoltar um pouco com a história, e me faz o favor de não rir, o que significa muito, uma vez que Ronald Weasley sempre foi um revoltado por tudo, mesmo quando não sabe do que se trata, e eu duvido que ele esteja acompanhando e entenda o que se passa comigo tim-tim por tim-tim. “Tim-tim por tim-tim”?! Eu não acredito que usei essa expressão. Por que esse maldito bolo não desce pela minha garganta afinal?


 


– Mas como é que você está Mione? – perguntou Harry tentando não rir da minha cara, que eu imagino devia estar parecendo um quadro de Picasso. Ele olhara para trás de leve, em direção à mesa da Sonserina e me encarara novamente. Eu engolira em seco tentando disfarçar meu nervosismo.


 


– Ah... O mesmo de sempre: as pessoas têm de morrer. – Harry me olhara de modo compreensivo, enquanto Gina “se divertia” novamente.


 


 – Tomou a pílula da felicidade hoje Hermione? – disse a ruiva, se servindo de bolo.


 


Tenho medo de imaginar o que eu posso ter tomado de acordo com o meu humor, por isso preferi por não fazer nenhum comentário ou podia causar uma má impressão... Ahh é incrível como ainda me preocupo com isso depois de toda a fama que consegui adquirir desde o início do ano.


 


– Você está exagerando Hermione. Esse talvez seja o jeito mais fácil de você revelar seus sentimentos para o Malfoy e acabar logo com isso. – disse Harry. Eu apenas dei uma risada seca não acreditando no que estava ouvindo.


 


 – Sabe... Eu gostava mais de você quando você me achava uma traidora vulgar por estar com o Malfoy.


 


– Hermione...


 


– Não! É incrível! Parem de me olhar como se namorar com aquele verme que não é ninguém que saiba ler, escrever e funcionar num nível humano básico, fosse o sonho da minha vida. Não, eu não estou nada feliz, e eu precisaria de mais de uma pílula da felicidade para funcionar bem hoje, pra falar a verdade, um derrame seria uma bênção agora!


 


 – Você está exagerando. – disse a ruiva. Graças a Merlin eu não tinha gasolina e fósforo em meu alcance.


 


– Não, eu não consigo descrever de maneira mais simples do que acabei de falar.


 


           Eu não sei o que exatamente se passa na cabeça de seres como eles. “Esse talvez seja o jeito mais fácil de você revelar seus sentimentos pro Malfoy e acabar logo com isso”?! Revelar meus sentimentos não é bem a idéia mais atraente que se passa pela minha cabeça, ainda mais agora que Malfoy pensa que eu sou um monstro marinho e está “aparentemente apaixonado” pela tal Misteriosa do Pergaminho.


 


          Suas tentativas para descobrir a identidade dela não têm sido assim “tão originais”. Merlin, já percebeu o crescimento do uso das minhas aspas nesse diário? É incrível, as coisas têm andado de um jeito em que tudo pode ser lido ou entendido por um subtexto, eu não consigo mais deixar o sarcasmo de lado e ser completamente sincera nem com o meu diário.


 


          Sabe, quando a gente descobre que “gosta” de alguém (e as aspas novamente) é esperado que uma vez admitido isso, tal revelação desapareça. Dito... Pronto. Gosto, e ponto final. O que mais quer? Não, eu simplesmente tenho que bater de frente com aquela Polly todos os dias e bater de frente também com tal informação. Essa história nunca tem fim? Ok, eu gosto dele, mas ele me odeia, e bem... Devo admitir que não quero que ele saia assim muito saudável da situação também.


 


– Do que você tem tanto medo afinal? – disse a ruiva me tirando do meu transe. – Digo, por pior que ele seja... – “e põe pior nisso...”. – Ele não pode judiar tanto assim de você, quero dizer, se ele te amou de verdade, não vai fazer nada tão cruel assim. – eu, Harry e Ron a olhamos por um tempo não acreditando no que ela havia, de fato, dito. Ela respirara derrotada (como eu adoro essa palavra). – Ok. Ele será terrível. Se jogar num poço de escaravelhos é mesmo a saída mais tentadora.


 


– O problema... – eu disse olhando para mesa da Sonserina. – É que ele está feliz. – pareci meditar. – Eu odeio que ele esteja feliz...


 


             Não leve pro sentido egoísta da coisa, estamos falando de um ser que tem o nome Malfoy (MALFOY: Maléficos Altamente Loucos, Falsos e Odiosos Yeah). Nunca espere uma gentileza de um ser desses, acho que o mais perto que ele chegou disso foi... Foi... Ok, não consigo pensar em nenhuma gentileza sincera vinda dele. Então entenda que felicidade estampada no rosto dele significa infelicidade estampada em outro. E eu não sei o porquê, talvez seja meu sexto sentido ou apenas minha pequena noção das implicâncias dos Magos comigo, mas tenho uma pequena noção de que o rosto que seria estampado uma porção de infelicidade seria o meu. Acho que uma bunda estamparia mais felicidade que minha cara.


 


           Dez para as onze. Após o café da manhã eu precisava me aprontar para o “incrível” passeio à Hogsmeade que me esperava. Estava eu no meu quarto olhando para aquelas peças de roupas espalhadas na cama, pensando que nenhuma em si conseguiria esconder minha expressão de “à caminho da forca”. Vermelho? Não, não quero ser ousada. Já fui bastante esse ano. Rosa? Pareço uma pobre menininha em perigo. Verde? Uniforme da Sonserina? Preto? Eu ainda nem morri e já vou pro velório? Realmente era o mais apropriado. Saia? Quem colocou isso no meu armário? Blusa de gola? Não quero mostrar insegurança. Decote? Segurança também não é um dos meus fortes hoje. Merlin, o guarda-roupa da Trelawney pareceria mais atraente que o meu.


 


– Como vão as coisas? – perguntou uma sorridente Gina, entrando no meu quarto. Já devo ter comentado em como ela parece estar achando a minha vida um verdadeiro circo argentino que acabou de chegar à cidade.


 


– Se eu puder ir de uniforme até Hogsmeade... Tudo ótimo. – eu respondi rabugenta. A ruiva rira de mim (que surpresa) e analisara as roupas.


 


– Use esse jeans e essa blusa de alça bege, com aquela jaqueta.


 


– Como fez isso? Eu olhava e via apenas... Blusa. Você entra e em três segundos já virou uma roupa. – eu disse pegando as roupas indicadas e me vestindo. Ela se sentara na beirada da cama animada.


 


– Bege é a cor da indiferença. Ele nunca vai saber o que você realmente pensa, não é uma cor pra chamar atenção, mas também não é uma cor pra passar despercebida. – eu levantei uma sobrancelha em deboche, mais uma mania que acabei roubando de... Grr. - Será que ele já está lá em baixo? Quero saber os detalhes!


 


– Por que você quer saber detalhes da minha tortura social? – eu perguntei fechando a calça.


 


– Porque eu estou entediada e preciso me divertir. Ele deve caminhar com você na neve, vocês vão se olhar profundamente e admitir como foram terríveis um com o outro e que não agüentam mais esconder esse amor que existe dentro de vocês, aí ele vai se aproximar, vai te beijar...


 


– Eu gostaria de insistir no assunto do bege, por favor. – fomos interrompidas por batidas na porta. Era Lilá que não parecia muito a fim de dar aquele recado.


 


– É o Malfoy. Ele mandou dizer que hoje ainda não é o dia do casamento de vocês e que por isso não precisa se atrasar tanto como uma noiva, caso o contrário ele invade a Grifinória e te puxa pelas... Como foi mesmo que ele disse? Ah sim, “molas, absurdamente desproporcionais e anormalmente cheias que você teima ingenuamente a chamar de cabelos”.


 


Eu dei uma risada curta que passava toda minha raiva e mirei meu reflexo no espelho. O reflexo de Gina sorrira pra mim do espelho.


 


– Achei que nunca ia pedir isso, mas... Seja gentil com ele, ok?


 


– Diga-o que já vou. – eu respondi apenas com minha voz cortada em fúria e sarcasmo.


 


**


 


           Hermione fechara seu diário, se lembrando amargamente dos acontecimentos daquele dia.


 


Como eu queria que ele fosse feio, que ele não ficasse incrivelmente lindo de preto, incrivelmente tentador com aquela cara invocada e não tivesse aquele meio sorriso perigoso.”, pensava Hermione conforme se aproximava de Draco.


 


         Ele estava encostado na pilastra com uma cara invocada e engolira em seco ao vê-la se aproximar. O tom bege sobre sua pele tão delicada, seus cabelos cheios num castanho brilhante e com cachos perfeitos. Seus lábios num marrom muito claro quase inexistente. Era raro ela usar batom. Ela não viera com a cara de puro ódio ou sofrimento, pelo contrário, parecia querer bater de frente com ele, o olhava muito desafiadoramente. Estavam ali se encarando com poucos centímetros de distância, Draco mais alto encarava-a se esquecendo de que devia dizer alguma coisa. Ela também não parecia muito disposta a ser a primeira a cumprimentar. Vencido, Draco se aproximara dela em passos perigosos, ainda sério e sem quebrar o contato visual, e descera até o seu rosto até seus lábios roçarem os dela de forma tensa. Não havia mais como manter o contato visual.


 


            Era um beijo diferente de todos, não era roubado, não era quente e sedutor. Era um beijo que passava toda a angústia que sentiram naquela semana em que ficaram separados. Uma angústia que nunca teriam coragem de admitir pro outro. Sentiram uma onda de choques em toda a espinha e o beijo ficar mais tenso e preciso. Sem se conter Draco a pressionara mais contra o seu corpo, abraçando-a num beijo possessivo. Um beijo duradouro e vicioso, finalmente finalizado com uma tensa mordida no lábio inferior da castanha que se contorcera ao toque.


 


         Ainda estavam ali grudados, com os lábios a poucos milímetros e respirando com dificuldade, ainda registrando o que aquele beijo devia significar. Draco sabia que não sentia mais nada por ela, e que só pensava em achar a garota do pergaminho, mas algo nela o atraía de uma forma absurda. Como um ímã. O desejo que sentia por ela era algo que ele nunca conseguiria perder ou se livrar. Beijá-la o fazia esquecer do mundo, do plano de ignorá-la e ser cruel com ela. Depois de longos minutos separados quando ela finalmente ia se afastando aos poucos ele a puxara novamente, possuindo-lhe os lábios novamente, agora sem aprofundar o beijo, apenas pressionando-lhe os lábios. Ele podia sentir os arrepios da garota, sua respiração tensa, quase podia sentir seu coração perfurar o peito. E como se sentia bem com isso, como era gostoso vê-la ali tão entregue e indefesa à ele. Sorrira de satisfação ainda pressionando os lábios da garota.


 


 – Nada como um beijo para atravessar essa barreira de orgulho em seus olhos, não é Hermione? – ele disse na sua voz rouca ao pé do seu ouvido. – Você não consegue atuar para mim.


 


Ele se afastara com seu sorriso perigoso, dando espaço para que ela tentasse voltar ao seu ar orgulhoso e olhar desafiador. Sem sucesso. Ela estava tensa e ligeiramente perdida. “Bege a cor da indiferença não é? Estúpida!”


 


– Pra quê esse beijo, afinal? Pensei que já tivesse esquecido de mim. – ela alfinetara.


 


O loiro parecera um pouco desconfiado, e segurando-lhe a mão começou a caminhar para fora do castelo.


 


– Eu esqueci. Não se preocupe quanto a isso. Quanto ao beijo... Não é da sua conta. – respondeu ele no mesmo tom elegantemente sarcástico.


 


– Sei, e como vai a busca pela “Misteriosa do Pergaminho”?


 


– Em quantas línguas você entende: não é da sua conta?


 


– Pelo seu humor vejo que vai indo muito bem. – disse a castanha em deboche.


 


Draco rira de raiva puxando-a pela cintura enquanto andavam dizendo num sorriso perigoso.


 


– Ah, meu humor anda muito bem Hermione, pois hoje vamos nos divertir muito.


 


– Tem certeza? Eu vou entender se quiser ficar no quarto da monitoria chorando contra o travesseiro, é muito compreensível tudo o que você passou, sabe... Ser traído pela namorada com o pior inimigo e agora ficar procurando por uma garota que evidentemente não quer ser encontrada... – dizia Hermione com fingida pena enquanto o loiro ria debochado. – Me diga: como está reagindo perante todo esse sofrimento?


 


– O que não me mata me torna mais diabólico. – ele disse num sorriso canalha.


 


Ela respondera no mesmo sorriso invocado de sempre enquanto ele abria a porta de uma das carruagens.


 


       Sentados um de frente para o outro dentro da carruagem, Hermione vira Draco apenas olhando pela janela pensativo.


 


– O que vamos fazer em Hogsmeade afinal?


 


– Qual parte você ainda não entendeu? O “não é” ou o “da sua conta”? – ele perguntara com uma cara meio invocada.


 


– Então é nisso que se resume meu castigo? Pequenos “forinhas”? – provocara a castanha novamente, Draco parecera ter sido atingido com a pergunta dela, que riu secamente a reação dele. – Afinal, do que exatamente eu estou sendo punida? Por ter beijado outro cara ou por ter beijado o Harry?


 


       Novamente Draco forçara o maxilar em raiva se contendo e fingindo não ser atingido a cada palavra, porém em vão.


 


– É que você sabe, pra quem jurava tanto amor... – ela o mirara, o cinza dos olhos dele passava tanta fúria quanto no dia que a pegara beijando Harry. – Até que se desapaixonou rápido por causa de... Um beijo.


 


– É um pouco tarde para se apaixonar por mim, não acha? Acabou. – Hermione ficara vermelha, sem conseguir esconder sua surpresa ao ouvir aquelas palavras.


 


 – Do que é que você está fa...


 


 – Ficar me espionando, tentando retomar uma amizade inexistente, esse ciúme patético, toda hora perguntando sobre a “Misteriosa do Pergaminho” e agora todos esses comentários sobre o que eu sentia por você... – dizia ele indiferente. – Não se apaixone por mim agora Hermione, é apenas um conselho... Isso facilitaria muito os meus planos. E afinal... – disse ele olhando pela janela, Hermione sentira seu coração rachar a cada palavra dele. – Eu prefiro que você me odeie.


 


              Hermione sentira seus olhos arderem e uma terrível dor de cabeça. Queria socá-lo, queria sair daquele coche o mais rápido possível.


 


– Me apaixonar por você... – ela dizia com desprezo. – Por favor, a não ser que um piano caísse na minha cabeça, aí sim surge a mera possibilidade de eu me apaixonar por uma coisa suja que nem você.


 


Ele a ignorara ainda olhando pela janela. Hermione enxugara rapidamente uma lágrima antes que ele percebesse.


 


– Calou é? – disse ela com raiva, o coche parara. O loiro respirara fundo antes de sair.


 


– Ainda é muito cedo para chorar Hermione, ainda não é nem meio dia.


 


E batera a porta do coche deixando uma Hermione totalmente arrasada dentro do coche ainda olhando por onde ele saíra. Logo a porta do seu lado se abrira.


 


– Vai ficar aí para sempre?


 


 


**


 


 


 


        Hogsmeade. Um frio de lascar e muitos pareciam ter ido até o vilarejo apenas para confirmar que Draco Malfoy realmente voltara comigo. O vilarejo já estava todo enfeitado para o Natal, assim como dentro do Três Vassouras. Parecia que havia sido ligado algum tipo de aquecimento trouxa dentro do bar, pois estava bem quente.


 


– Já estamos nos divertindo? Ou eu pisquei e perdi? – eu perguntei irônica.


 


Draco tirara sua jaqueta de couro e viera tirar a minha. Eu apenas me afastei agressivamente tirando eu mesma minha jaqueta. Percebi que ele ficara por um tempo encarando minhas costas até que passou por mim agarrando minha mão com brutalidade e me puxando até uma mesa próxima.


 


 – Enquanto eles ainda não chegam...


 


– Eles quem? – eu o cortei. Ele apenas me encarou sério.


 


– Não é da sua conta.


 


 – Ah, é mesmo. – eu respondi irônica.


 


– Como eu estava falando, Enquanto eles ainda não chegam é bom eu começar a deixar claro as novas regras do jogo.


 


– Novas regras? Agora eu tenho regras?


 


– Apenas preste atenção Granger! – ele respondeu estressado.


 


– Hermione... – eu o corrigira sarcástica.


 


 – Duas cervejas amanteigadas, por favor. – ele pedira para o balconista. E voltara sua atenção para mim de forma ameaçadora. – De agora em diante...


 


– Nada de beijos? Quero dizer... Agora que você não se demonstra mais perdidamente apaixonado por mim não tem necessidade de ficar me roubando beijos, não é? – eu perguntei normalmente, ele ficara sem fala no momento.


 


 – Apenas fique quieta Hermione! E me escute. – ele disse já furioso. – De agora em diante eu controlo a sua vida. – eu levantei uma sobrancelha de deboche, com certeza não estava ouvindo bem. – Todos continuarão achando que você me ama, o que não vai ser nada difícil. Você não vai fazer nada sem me perguntar primeiro. Eu decido aonde você vai, quem você conhece...


 


 – O ar aqui deve estar bem rarefeito, porque você está delirando.


 


 – Estou falando sério. Não quero mais você fazendo besteira e aparecendo todos os dias no Profeta de Hogwarts. Não sei quem exatamente você tenta atrair com aquele jeito podre e baixo, não espere mais do que um balconista do Cabeça de Javali, sabe... Precisa-se ser bem relaxado e idiota para notar alguém que faz striper no meio do intervalo.


 


– Fazer o que se eu gosto de caras baratos e largados, sabe? Carecas e barrigudos? E as calças que ficam escorregando pelo traseiro deixando de fora aquela cena maravilhosa. Pois é, isso me leva às alturas! – eu respondi sarcástica recebendo minha garrafa de cerveja e me servindo de um gole exagerado. Só bebendo mesmo para agüentar aquele desgraçado. – Só isso? Fala sério, achei que você ia começar a exigir que andasse abraçadinha com você daqui por diante.


 


– Merlin me livre, eu não quero pegar piolho.


 


 – Ah, você não corre esse perigo, até os piolhos tem nojo de você.


 


– Vai a merda Granger. Quem é você para falar de nojeira? Você é toda suja, começando pelo seu sangue.


 


– Engraçado você falar isso, porque você pagou paixão por um bom tempo pra essa suja aqui. E por algum motivo ainda muito suspeito você insiste em namorar comigo.


 


– Apenas para te torturar.


 


– Realmente é uma tortura namorar com você... Namorar com Dan seria muito mais aceitável. – ele gargalhara sarcástico. – Até que para quem desprezava os sonserinos você anda bem a fim deles. Jack, Dan... Eu. – ele terminara num sorriso perigoso.


 


– Você... Ah! Desde que eu possa me contentar com Harry, aceito namorar de fachada com você.


 


– Se você chegar perto dele mais uma vez...!!!


 


– Ui! Aumentou a voz!


 


– Vocês não perdem uma oportunidade de fazer escândalo, não é? – disse uma voz divertida atrás de mim. Era Daniel com um sorriso canalha.


 


       Mordendo o canto da boca ao olhar para mim? O que ele pensa que eu sou? Um pedaço de bife? Draco também não parecera muito feliz com a cena. Logo se juntaram também Roger, Jack, Luke, Pansy e sua inseparável amiga loira que eu nunca lembro o nome. Então era isso? Uma tarde em Hogsmeade com sonserinos? Tudo bem. Já havia passado algumas tardes com eles antes, nada que eu não possa suportar.


 


 – O que você vai fazer no Natal Draco? – perguntou Luke, se servindo da cerveja amanteigada de Draco, enquanto Roger pedia mais para eles.


 


– Vou passar com a minha mãe, claro. Se meu pai ainda estiver foragido é possível que ele encontre conosco também.


 


– Vai chamar aquela sua prima gata do Halloween? – perguntou Dan, olhando sapecamente para mim, eu respondi o olhar com desprezo.


 


– Claro, ela sempre vai.


 


– E a Hermione? – novamente senti o tom maldoso nas palavras daquele loiro podre. O que ele queria? “Draco tenha piedade! Me leve com você no Natal!”?!


 


– Na verdade eu sempre passo o Natal com os meus pais na França, ou com Harry. – ouvi Draco engasgar com a própria cerveja.


 


– E eu não me atreveria a levar Hermione. Minha casa é enfeitiçada contra sangue-ruins. Não queremos que nada de horrível aconteça a ela, não é? – ele disse sorrindo sarcástico.


 


– Ah, que pena a minha não poder ir. – eu respondi no mesmo tom.


 


Eu senti minha raiva correr nas minhas veias, mal dando espaço pro sangue passar. Pansy, é claro, estava se divertindo muito com tudo aquilo. Eu passei mais longas horas ouvindo indiretas e foras nas entrelinhas de toda aquela conversa, enquanto Pansy descaradamente dava em cima de Draco, que lhe dava toda a atenção do mundo. E eu ainda tinha de agüentar Dan ao meu lado, prestando a maior atenção do mundo na minha reação.


 


– E a Misteriosa do Pergaminho? – perguntou Roger animado, como se eu não estivesse ali. Respirei entediada. Por que não voltam a falar mal de mim? – Já descobriu quem é?


 


– Estou trabalhando nisso. Afinal é a garota certa para mim, tenho de encontrá-la. – disse ele me alfinetando, eu revirei os olhos em deboche.


 


– Eu não sei pra que você procura por uma garota tão sonsa...


 


Logo meu radar identificou a voz irritante da Pansy, seu comentário não poderia me causar mais estresse.


 


– Uma garota que escreve seus sentimentos num pergaminho? É isso que ela escreve, não é? E o larga assim no chão de uma Biblioteca? Fala sério... Ou ela é sonsa ou ela está apaixonada pela Madame Prince.


 


“Ou ela está se segurando pra não quebrar a sua cara e todos os seus ossos até você caber dentro de um cubículo...”.


 


– O fato de ela ser um pouco distraída não faz dela uma sonsa. – eu surgi em defesa da até então “minha rival”. Pansy rira.


 


– E além de tudo, ela é uma covarde. Que tipo de garota idiota escreveria algo tão íntimo assim? Se ela gosta de alguém bastava falar, não é? São palavras idiotas que ninguém faz questão de ler.


 


– Mas pelo visto faz muita questão de comentar. Os sentimentos de alguém nunca são palavras idiotas, o dom de conseguir descrevê-los num papel, muito menos. E ela não é covarde, se ela não falou é porque com certeza tem seus motivos. Mas por que um vegetal sem sentimentos que nem você entenderia? Você só entende de produtos de beleza, apesar de parecer não saber usá-los muito bem!


 


Os sonserinos na mesa pareceram cair na gargalhada, enquanto Pansy e sua cachorrinha loira pediam licença e se levantavam da mesa.  Eu ouvira ao longe Roger chamar os outros para uma partida de sinuca. Draco levantara animado na mesma hora e fora seguido pelos outros.


 


 Eu quase me entregara Merlin... Eu quase me entregara, só faltava eu gritar: “Vai a merda, eu escrevo o que eu quiser e digo pra quem eu quiser e se eu quiser pichar meus sentimentos na Torre de Astronomia você não tem nada com isso!”. Ainda bem que eles levaram apenas para o meu lado de implicante com a Pansy, senão eu estava ferrada. Como eu sou idiota!


 


Então eu ouvi uma risadinha baixa ao meu lado, e percebi que não estava sozinha. Daniel Conl não fora jogar e permanecia me olhando sapecamente. Acho que havia algo extremamente engraçado e florescente na minha cara. Eu tenho uma tatuagem na testa escrito “ria”?


 


 – O que foi? – eu perguntei estressada para o loiro espetado.


 


– Eu sabia... Você é a Misteriosa do Pergaminho.


 


Eu entrei em desespero. Tudo bem, nem todos os sonserinos eram tão idiotas assim, mas logo “ele” fora desvendar meu plano malévolo?


 


– Você bebeu. – eu respondi.


 


– Hermione, admita. Eu sei que foi você... É obvio demais, você pode enganar Draco, mas não a mim. E acredite, ele só não percebeu ainda porque ele está cego de ódio por você.


 


Eu não soube o que responder. Via Draco rir com os outros três sonserinos. De fato ele nunca notaria que era eu, eu não sei até agora porque eu fico esperando por isso.


 


– Por que não diz logo que é você? Draco pararia de te punir na mesma hora, e veria que não tem jeito, te ama mesmo.


 


– Ah, veria é? Bem... Não sou eu que vou mostrar isso para ele. E eu não quero que Draco me ame... Eu não sinto nada por ele.


 


– Sei... E aquele pergaminho era sobre quem? Potter? Weasley? Snape? Eu li, sabe? – ele disse esboçando um sorriso canalha.


 


– Quem mais leu? – eu perguntei desesperada.


 


– Ninguém. Eu li sem Draco perceber. Mas mudando de assunto, eu pensei que tínhamos um encontro hoje.


 


–Eu esqueci, e mesmo assim Draco nunca toparia.


 


– Ah entendo... Draco é seu novo dono. – eu amarrei a cara à afirmação dele.


 


 – Próximo passeio a Hogsmeade então. – ele sorrira novamente. Ai esses sorrisos.


 


– Certo. Então... O que vai fazer para agitar o dia?


 


– Como assim?


 


– Eles te mandaram indiretas o dia todo, debochando de você, Draco deixando claro o quanto você é submissa à ele e que finalmente te domou... Vai deixar por isso mesmo? Não é a Hermione que eu conheço.


 


– Eu não sabia que você me conhecia. – respondi irônica.


 


– Bem, a Hermione da qual eu lembro subia num palco para dizer tudo o que achava de todos, pois lá de cima ninguém conseguia tirá-la. E não importava o que diziam, quando ela está lá... Só escutavam à ela. – disse com seus olhos tão verdes e provocantes.


 


Me senti sorrir de lado em cumplicidade. Eu estava começando a gostar daquele cara.


 


**


 


 


                


          Hermione descansara o diário no colo massageando a mão, e observara a neve cair através da vidraça, lembrando novamente dos acontecimentos daquela tarde.


 


 


 


          Draco mantivera seu olho direito cinza bem aberto, sem se importar com os fios claros que caíam sobre ele. O taco estava bem direcionado na bola branca que entregaria aquelas três bolas como pontos para ele. Era uma manobra sem erro que demorara quase um ano para aprender, e finalmente seria usada num jogo que colocaria ainda mais dinheiro no seu bolso.


 


Irritara-se de leve com a música que começara ao fundo. “O Três Vassouras e seu péssimo gosto musical!”; a música ao vivo ali sempre fora um desastre, mas não seria esse desastre que atrapalharia seu belíssimo jogo. Foi quando tomara iniciativa com o taco que ouvira aquela voz conhecida no microfone, o que resultou numa atrapalhada investida contra a bola branca que acabara por acertar Roger na testa, fazendo-o cair no chão agonizando de dor.


 


– Caralho Draco! – disse Roger, mas ambos pareceram se desligar de qualquer coisa ao notar quem afinal chamava toda a atenção naquele bar. Em fim, os alunos de Hogwarts viriam mais do que a confirmação do namoro deles.


 


"Ouvir a Música"


Don't think that you can tell me what to think


(Não pense que você pode me dizer o que pensar)


I'm the one who knows what's good for me


(Eu sou a única que sabe o que é bom pra mim)


 And I'm stating my independence


 (E eu estou declarando minha independência)


 Gonna take the road I'm gonna take


 (Vou pegar a estrada, vou pegar)


And I'm gonna make my own mistakes


 (E eu cometerei meus próprios erros)


It's my life


 (Essa é minha vida)


 I decide


(Eu decido)


 I decide how I live


(Eu decido como eu vivo)


 I decide who I Love


(Eu decido quem eu amo)


 Choice is mine


(A escolha é minha)


And no one gets to make my mind up


(E ninguém vai fazer minha cabeça)


 I decide (Eu decido)


 I decide where I GO


 (Eu decido para onde eu vou)


 What I need


 (O que preciso)


Who I know


(Quem eu conheço)


I'm the one who's runnin' my life


(Sou a única que controla minha vida)


 I decide


(Eu decido)


I decide


 (Eu decido)


 


          Draco não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Começava a achar que Hermione sofria de alguma síndrome de exibicionismo. Novamente ela estava lá cantando perante todos, e como sempre uma letra em que ele era o idiota da história.


 


        Mirara Hermione com um sorriso sarcástico ao perceber o significado daquelas palavras, enquanto a castanha sorria, cantando especialmente para ele. Roger, Jack e Luke pareceram esquecer que Hermione devia ser a vítima de provocações dos sonserinos e se juntaram aos outros alunos de Hogwarts como sua platéia. Dan já olhava divertido da cara de Draco e para Hermione que piscara sapecamente para ele. A piscada não passara despercebida por Draco. “Não ligue, ela só quer te irritar”.


 


Don't think you're ever gonna hold me down


 (Não pense que você me restringirá)


Couldn't do it then can't do it now


(Não podia fazer isso antes e não pode fazer isso agora)


 I'm kickin' down all the fences


 (Estou derrubando todos os obstáculos)


I'm gonna do it all and do too much


 (Estou fazendo tudo isso e farei muito mais)


And if I mess the whole thing up


 (E se eu estragar tudo,)


 It's my ride


 (Essa é minha viagem)


I decide


(Eu decido)


 I decide how I live


(Eu decido como eu vivo)


I decide who I love


(Eu decido quem eu amo)


 Choice is mine


(A escolha é minha)


And no one gets to make my mind up


 (E ninguém vai fazer minha cabeça)


I decide (Eu decido)


 I decide where I go


(Eu decido para onde eu vou)


 Where I sleep


 (Onde eu durmo)


Who I know


(Quem eu conheço)


 I'm the one who's runnin' my life


(Sou a única que controla minha vida)


 I decide (Eu decido)


I decide (Eu decido)


 


          A castanha tirara o microfone do gancho subindo agora no balcão e andando por ele, enquanto todos gritavam ainda mais. Draco a olhara emburrado e ela devolvera o olhar mandando um beijinho em deboche. Ele apenas rira secamente deixando escapar um “Exibida”.


 


I decide how I live


(Eu decido como eu vivo)


 I decide who I love


(Eu decido quem eu amo)


Choice is mine


(A escolha é minha)


 And no one gets to make my mind up


 (E ninguém vai fazer minha cabeça)


 I decide (Eu decido)


I decide where I GO


 (Eu decido para onde eu vou)


 Where I sleep


(Onde eu durmo)


Who I know


 (Quem eu conheço)


 I'm the one who's runnin' my life


(Sou a única que controla minha vida)


 I decide (Eu decido)


 I decide (Eu decido)


 I decide how I live


(Eu decido como eu vivo)


 I decide who I love


(Eu decido quem eu amo)


Choice is mine


(A escolha é minha)


And no one gets to make my mind up


(E ninguém vai fazer minha cabeça)


 I decide (Eu decido)


 


           Todos explodiram em vivas e gritavam o seu nome quando a castanha descera do balcão, dera um sorriso agradecido para a multidão e saíra porta a fora do bar às pressas, e percebera que já estava de noite. E percebera também que esquecera sua jaqueta lá dentro, mas não voltaria por nada... Não queria reencontrar Draco, e ouvir todo seu sermão, estava cansada disso.


 


 


           Queria ir embora, para um lugar seguro finalmente. Pisava na neve com pressa ao ouvir alguém vir atrás de si, sabia muito bem quem era e isso não diminuiu em nada sua pressa.


 


– Estou começando a ficar preocupado...


 


        Draco ia atrás da castanha e falava num fingido tom divertido, mas era claro seu estresse.


 


– Se você for subir no palco e inventar uma música para cada uma de nossas brigas, eu terei de chamar um padre para exorcizar você, antes que você vire uma Britney Spears ou sei lá o que.


 


      A castanha o ignorara, continuando o seu caminho. O loiro se estressara ainda mais. Ele a alcançara e a puxara com raiva tentando mantê-la presa no lugar enquanto ela lutava por sair de perto dele.


 


– Hey, estou falando com você!


 


        Então Hermione percebera que ele só queria vesti-la com a jaqueta que ela havia esquecido. Quando finalmente, a contragosto, vestira a jaqueta, ela o encarara emburrada e vira que ele continuava a olhá-la com raiva.


 


– Acabou? – ela perguntou invocada, e sem esperar resposta retornou ao seu caminho.


 


       Entrara as pressas dentro do coche e mal batera a porta e ela já se abrira com brutalidade novamente, assustando a castanha que mal se sentara. Draco entrara com raiva segurando-a pelo pulso.


 


– Qual é o seu problema, hein garota? – perguntara Draco furioso, enquanto o coche começava seu caminho de volta.


 


– O meu problema? O meu problema é você, Malfoy! VOCÊ é o meu problema!


 


– Seja clara.


 


 – Pra que você fica me mantendo presa nesse namoro, hein? Pra que se, como você mesmo disse, você já me esqueceu? Para eu ficar ouvindo toda aquela ladainha de você estar atrás da garota do pergaminho, que você nem sabe se é garota.


 


– Eu sei que é uma garota. – ele respondeu sarcástico.


 


 – Para ficar ouvindo seus amiguinhos me mandarem indiretas? Para eu ver a Pansy se oferecer pra você a cada cinco minutos? Para ouvir suas incríveis teorias de como finalmente eu me apaixonei por você? Faça-me o favor Draco... VÁ PARA O INFERNO! – a castanha gritara bufando de ódio.


 


 – Então é isso o que te incomoda? Pois você mereceu Granger!


 


– Mereci por quê? Você nem sabe o porquê de você estar me punindo, eu não te fiz nada!


 


– Você me traiu!


 


– Traí nada! Eu nunca fui sua namorada de verdade! Eu nunca te jurei fidelidade! Eu só fiz aquilo para me livrar da sua maldita aposta! E você sabe muito bem disso! Você que é um mentiroso.


 


 – Eu? Mentiroso?


 


 – É! “Eu te amo Hermione, eu te amo”! Para o inferno com o seu falso amor! Você não vale nada Malfoy!


 


– E por que incomoda tanto com o fato de eu ter mentido ou não? Você nunca correspondeu! Sempre fez de tudo para terminar comigo. Heim? Por que agora se incomoda?


 


 – Por que eu... – ela se calara no meio da frase sem saber o que dizer.


 


       Seu ódio invadia seu cérebro como uma hemorragia. Mesmo querendo dizer, não queria dizer naquele momento, quando ele só queria ouvi-la dizer aquilo para poder pisar nela. Ele a olhara debochado como que esperasse a resposta. Então ela gritara com toda a raiva do mundo.


 


– PORQUE EU ODEIO VOCÊ!


 


– Eu também odeio você!


 


 – ÓTIMO!


 


– ÓTIMO!


 


      E do nada ele a beijara tão possessiva e arduamente possível. Ele a puxara tão forte para de encontro a si, que acabaram por cair no banco acolchoado do coche, ela em cima dele, sem pararem de se beijar. Ele a segurava pelos cabelos de forma agressiva enquanto a pressionava pela cintura, agarrando-lhe os lábios cada vez mais com uma fome desesperada.


 


      O beijo parecia não ter fim, cada vez mais profundo. Draco mordera o lábio inferior dela, fazendo-a se contorcer de arrepios, o que só fez com que ele a prendesse ainda mais contra si, agora lhe beijando o pescoço e arrancando fora a jaqueta num gesto só. Beijou-lhe o pescoço e o colo, e mordera de leve seu pescoço. Os dois completamente ausentes do mundo real, pensando apenas na aproximação de seus corpos, se beijando cada vez mais desesperadamente. Não havia nada que os fizesse parar. Por duas vezes Hermione tentara recuperar um pouco os sentidos tentando se desviar pra longe dele, mas não conseguia se afastar mais de dez centímetros dele, pois ele a agarrava novamente pelo pescoço puxando-a novamente para uma onda de esquecimento. Sentia a mão quente e áspera do loiro subir por sua barriga sob a blusa, e com toda a força que conseguira reunir na hora, recuperou um pouco a noção e se soltara dele com brutalidade, indo se sentar no canto do outro banco à frente.


 


         Ainda respirando com dificuldade, vestiu a jaqueta, porém sem fechar os botões, pois suspeitava que seria incapaz de achar os encaixes dos botões. Draco também se sentara no outro canto do outro banco, ambos pensativos, respirando com dificuldade, sem saber o que dizer, o que pensar. Draco a olhara confuso, mas ainda a desejando desesperadamente e doido para puxá-la novamente pros seus braços, sem saber ao certo o que segurava-o ou o que exatamente não o deixava esquecê-la ou se separar dela. Quando do nada o coche parou, e os portões de Hogwarts podiam ser vistos da janela.


 


**


 


 


 – Eu sei que mandei ser gentil, mas você exagerou, não acha? – disse Gina para mim após eu revelar os acontecimentos. Eu a olhei revoltada.


 


 – Hey! Não me culpe por acontecimentos dos quais eu não fiz nenhum favor de planejar, ok? Você fala como se eu tivesse algum tipo de controle sobre o meu cérebro e o resto do meu corpo. O que já ficou há muito tempo claro que eu não tenho!


 


– Mas você não disse nada? Nada? Como pôde não dizer nada? Depois de tudo o que aconteceu... É óbvio que ele não te esqueceu.


 


– Óbvio? Como você consegue ver algo óbvio nisso? Porque pra mim nada é óbvio aqui!


 


– Mas você devia ter dito para ele! Vai fazê-lo procurar por alguém que está ao seu lado o tempo todo? – “essa era a idéia...”. – Você não pensa?


 


– Se eu tivesse um cérebro, a função de pensar seria bem mais fácil, mas não... Já ficou comprovado que eu tenho uma ameba aqui dentro. – eu disse revolta, ela bufara derrotada. – Olha, esquece, foi um erro... Só isso.


 


– É assim que você chama? Erro?


 


– Eu tentei chamá-lo de “Allan”, mas só atendia por “Erro”.


 


       Gina me encarara com pena, e eu percebi que já estava na hora de parar de brincar.


 


– Amanhã você vai dizer a ele, Hermione. Se você não disser... Eu digo


 


:O


 


Continua... 

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