O Último Pacto dos Sonserinos
Ambigüidade faz as pessoas sofrerem… "Ouvir Musica"
Seis e meia da tarde, as últimas provas do ano letivo estavam sendo feitas em todas as salas de Hogwarts. O sexto ano se encontrava nas masmorras, preenchendo as questões de Poções, a pior matéria para a maioria daqueles estudantes. Severo Snape, um professor alto e de aspecto sombrio, passava por entre as fileiras observando bem a postura de seus alunos. Olhava com um certo nojo uma jovem de cabelos cheios e castanhos apagar a resposta de sua prova e logo reescrevendo-a com mais nervosismo.
Olhara para outra fileira onde o ruivo Weasley tentava distraidamente ler a resposta do Potter a sua frente, bastara um severo olhar do professor para fazer o ruivo agora em pânico voltar a sua postura anterior. Notara a lateral da sala onde o seu melhor aluno, Draco Malfoy, mantinha-se encarando o pergaminho a sua frente com seriedade e até mesmo um pouco de desdém. Algumas carteiras atrás dele se encontrava a vergonha da Sonserina, de acordo com Snape: Daniel Conl. Que parecia mais um moleque encarando aquela prova como se encarasse uma cruzadinha enquanto batia a ponta da pena nervosamente na carteira.
– Sr. Conl, pela última vez, será que poderia parar com esse barulho irritante e voltar a fazer sua prova em silêncio? – pedira Snape de forma arrogante, fazendo o garoto se sentar prontamente na carteira de forma emburrada. – Faltam apenas cinco minutos. – ele anunciara para a turma que começara a rabiscar seus pergaminhos de forma mais tensa.
Os cinco minutos passaram e com apenas um aceno de sua varinha, Snape recolhera todas as provas.
– Agora todos para os seus Salões Comunais. – ele ordenara para os alunos ainda tensos que se direcionavam para fora da sala.
– Alunos do sexto ano de todas as casas! Alunos do sexto ano! Por favor se direcionem imediatamente para o campo de Quadribol! Alunos do sexto ano... – dizia a voz do diretor da escola com a voz magicamente alteada surpreendendo os demais naquele castelo. Aquilo sim era uma convocação estranha. Os alunos nas masmorras olharam para o seu professor que achava igualmente estranho aquela situação.
– Ora o que estão esperando? Vão logo!
Mas não foram apenas os alunos do sexto ano que se direcionaram para o campo de Quadribol, mas sim a grande maioria dos estudantes de Hogwarts, incluindo seus professores que haviam achado aquele chamado por demais estranho.
Uma jovem de cabelos castanhos passava pela multidão que já se encontrava no campo de Quadribol com dois rapazes em seus calcanhares, Ron e Harry. Um trio que aquela escola já estava acostumada a ver. Logo ouvira alguém gritar seu nome e notara Gina Weasley, sua melhor amiga, ir ao seu encontro atropelando quem estivesse a sua frente.
– Já viu? Já viu? – perguntava a ruiva para a castanha de forma empolgante.
– Não, ainda não conseguimos chegar lá na frente. O que é? – perguntara Hermione inquieta.
– Incrível. Simplesmente incrível! – dissera a ruiva.
– É Dumbledore que está lá? – perguntara Harry esticando o pescoço tentando enxergar mais à frente.
– Que Dumbledore o que. Dumbledore está em missão, esqueceram? Foi um trote!
– O que? – perguntaram os três amigos se entreolhando de forma animada e cômica antes de saírem atropelando todos a sua frente para chegarem finalmente no campo de Quadribol. Ron em especial derrubando os demais alunos com mais facilidade.
Quando a castanha finalmente chegara na frente da multidão com os outros, notara a sua frente, com uma vontade descontrolada de rir, uma pilha de oito metros de livros da Sessão Reservada (logo depois de passar isso mentalmente, ela percebeu que em meses atrás ela acharia isso um verdadeiro crime à humanidade), flutuando em volta dela todos os antigos diretores emoldurados de Hogwarts que se encontravam antes no escritório do diretor da escola. A cima da pilha ainda tinha uma faixa imensa com os dizeres:
ALUNOS DO SEXTO ANO DE 1996!
Deixe seus objetos preciosos em Hogwarts, o local mais seguro do mundo bruxo. Toda semana uma aventura! Visitas unicamente de Comensais da Morte.
Voldemort para diretor da escola.
E ao lado de tudo isso, o que mais prendia a atenção dos presentes. Um cão gigante de três cabeças que dormia tranqüilamente sob suas patas ao som de uma harpa que tocava, ele ainda tinha uma placa pendurada ao pescoço: Fofo – Guarda-Caças e Guardião da escola.
Todos os alunos presentes apontavam, comentavam e gargalhavam sobre o ocorrido. Estavam maravilhados com aquela demonstração de revolta e podia-se ver orgulho nos estudantes do sexto ano. Os professores estavam divididos entre o horror e a vergonha. Poucos eram aqueles que achavam graça no ocorrido. McGonnagal, por exemplo, exclamara horrorizada e enraivecida, já Snape apenas mirava aquilo com desdém e indiferença.
– Não se vê disso todo dia. – dissera Hermione.
– Incrível! – rira Harry ao lado da castanha. – Eu devia ter feito isso.
– Onde está Balazer para registrar essa maravilha? Ah! Está ali. – comentara Ronald também divertido. – Está aí, Hermione, uma coisa que chame mais atenção que você. – a castanha rira.
– Quem será que fez isso? – perguntara a ruiva. Mas Hermione só tinha olhos para uma pessoa a alguns metros deles.
Draco se encontrava rodeado dos demais Sonserinos também achando graça naquilo. Pansy ainda grudada no loiro acompanhando sua gargalhada. O vira dar uma curta risada seca e sarcástica e sentira seu estômago girar, queria estar lá rindo com ele, mas agora ele parecia por demais distante.
Fora ao virar o rosto que vira outro loiro, Daniel estava no seu jeito desleixado de sempre mirando o trote também achando graça naquilo. Mas vira-o olhar Draco com os Sonserinos, isso a fizera sentir raiva de Draco. Como era estúpido aquele loiro. Ainda se lembrava dos acontecimentos do dia anterior, como ele fora ridículo. Mas pior era como ele estava sendo com Dan, já perdera as contas de quanto tempo Dan estava excluído da roda sonserina.
Permitira-se voltar para onde estava, prestando mais atenção nos comentários cômicos de Harry, Ron e Gina que batiam palmas e assobiavam junto do resto dos alunos de Hogwarts, enquanto os professores tentavam levar os alunos pra dentro da escola, o que não só conseguiam efeito com os alunos do sexto e sétimo anos, principalmente do sexto que estavam mais escandalosos.
– Eu exijo saber quem fez uma coisa dessas! – gritara McGonnagal uma última vez naquele campo, sua voz dessa vez ecoara alta e com eco uma vez que usara um feitiço.
Fofo acordara lentamente, o que fez todos os alunos ficarem quietos, pasmos e receosos. Ele bocejara com as três bocas de forma sonolenta enquanto os alunos iam andando pra atrás temendo que aquela corrente que o prendia não fosse tão forte assim.
– Isso não é bom, não é bom. – murmurara Harry puxando de leve uma Hermione para trás junto com ele enquanto caminhava lentamente para trás, mas sempre sem conseguir tirar os olhos arregalados da fera, ninguém o conseguia.
– Será que ele vai lembrar da gente? – dissera Ron num gemido horrorizado.
Então o cão começara a fungar, farejar com as três fuças. Procurando por algo em especial. Fora então que parara de forma ameaçadora em direção a um jovem loiro de cabelos espetados que mantinha as mãos dentro do bolso de forma indiferente. O Fofo começara a rosnar em direção a ele e todos agora só olhavam em direção aos dois. Daniel Conl ainda olhara sem graça do cão a sua frente para os professores da escola que agora o olhavam acusadoramente.
– Já teve contato com o Fofo antes, Sr. Conl? – perguntara McGonnagal acusadoramente.
– Eu? Não... – dissera o loiro descontraído, logo engolindo em seco ao ver o olhar da subdiretora. Dando um suspiro indiferente. – Não.
Depois do que pareceu uma hora, Harry, Rony, Gina e Hermione já estavam de volta ao Salão Comunal da Grifinória, enquanto os professores se mantinham pelo castelo tentando concertar a bagunça que haviam feito. Os quatro se mantinham sentados e com seus pensamentos a mil, não participando da algazarra na sala sobre o ocorrido. Os quatro não falavam nada, apenas se olhavam em minutos tentando achar mais pistas sobre o ocorrido. Quando outra voz se fizera ouvir pelos fones do castelo, dessa vez era a voz da subdiretora, Professora McGonnagal, alarmando os demais alunos.
– Os seguintes alunos compareçam à Diretoria imediatamente: – os quatro se entreolharam, Ron ainda assobiara em anunciação de perigo. – Daniel Gerard Conl, Harry James Potter, Draco Lucius Malfoy e Hermione Jane Granger.
Os quatro convocados se encontraram na escada da gárgula com McGonnagal e Snape, os dois diretores de suas casas. Fora McGonnagal quem falara.
– Vocês serão interrogados separadamente e aleatoriamente, aconselho que sejam bem sinceros e honestos nas respostas de vocês.
A Diretoria estava escura e com um aspecto abandonado. É claro, ela havia sido arrombada. Os diretores da escola não se encontravam mais naquelas paredes, estavam empilhados a um canto da sala. Parecia que os professores estavam encontrando problemas para devolvê-los aos seus devidos lugares.
Daniel Conl estava sentado numa cadeira de forma desleixada e despreocupada. A mesa do diretor o separava de McGonnagal e Snape, que haviam deixado o candelabro em direção ao rosto dele de forma interrogadora, era a única luz do ambiente.
– Estou me sentindo no filme do Poderoso-Chefão. – o loiro dissera em deboche.
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– Sabe por que te chamamos aqui? – perguntara McGonnagal, mas não era mais Daniel que se encontrava ali.
– Para me readmitirem como Monitora-Chefe da Grifinória? – perguntara Hermione de forma nervosa com um sorriso sem graça de orelha a orelha e logo fechando a cara ao ver que não tivera graça.
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– Eu não tenho nada a ver com isso. – dissera Harry de forma segura e vendo que não os convencera voltara a falar. – Eu sei que o meu sobrenome já me põe por natureza sob suspeita, mas acreditem: eu não herdei o senso de humor do meu pai.
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– Está apontando essa luz pra minha cara por algum motivo? – perguntara Draco para Snape de forma indiferente e meio arrogante.
– Por eliminação, você é um dos quatro sortudos... – dissera Snape na sua voz arrastada. – Que considero como suspeito deste crime. Há dois modos de resolver isso: o mais fácil e o mais difícil.
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– Como não faço idéia do crime a que se refere, escolho o modo mais fácil. – respondera Dan com um sorriso canalha nos lábios.
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– Estão mesmo me acusando de algo? – perguntara Harry numa graça revoltada para McGonnagal que parecia envergonhada em desconfiar do garoto.
– Sabe que é a última pessoa de quem eu suspeitaria... – dissera McGonnagal.
– Pois eu não. – completara Snape indiferente. Harry apenas o olhara com raiva.
– Mas tem que entender o porquê tivemos que chamá-lo.
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– Valeu, o cão me identificou! – respondera Dan sarcástico.
– Estamos do seu lado Conl. – dissera Snape fazendo Dan franzir o cenho em descrença. – Mas temos que desvendar o mistério
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– As circunstâncias exigem que ao menos o consideremos como um possível suspeito. – dissera McGonnagal.
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– Que circunstâncias são essas? – perguntara Hermione nervosa.
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– Bem, como você é Monitor-Chefe de Hogwarts, tem acesso à minha chave mestra da escola e do terceiro andar, o local do Fofo, e isso o coloca na lista de suspeitos. – dissera McGonnagal. Draco que mantinha o cenho franzido em deboche apenas sorrira.
– Sério? E eu com isso...?
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– Srta. Granger, todos em Hogwarts sabem da triste sina do seu cargo de Monitora-Chefe da Grifinória que foi perdido por todos os seus feitos no decorrer do ano. Por isso, creio eu, ainda tem acesso às chaves do castelo. – dissera Snape para uma Hermione que mantinha-se emburrada.
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– Fofo foi raptado entre 23hrs quando Hagrid o solta depois do jantar e 10hrs quando ele notou que havia sumido. Basta me dizer onde estava e com quem estava ontem de madrugada. – perguntara McGonnagal de forma firme e severa.
– Ah! Vamos ver: Salão Comunal da Grifinória, talvez? – dissera Harry irritado. – Eu não sabia que podia estar em tantos lugares.
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– Vocês estão fazendo tudo isso por causa da faixa ou Hagrid se sentiu ofendido? – perguntara Dan em deboche.
– Está me dizendo que não foi você. Tudo bem. Convença-me. Conte-me tudo. Tudo que você fez ontem. – dissera Snape rispidamente.
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– Eu? Fui fazer um tour pelo Caribe. O que acha que fiz ontem? – reclamara Draco de forma sarcástica.
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– Provas! Provas! Provas! É só isso que temos feito durante toda semana. – dissera Harry com as mãos na cabeça de forma exausta.
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– Estou sentindo uma certa pressão por aqui. Já não basta termos que passar de ano... E o nosso mundo estar em guerra? – perguntava Dan numa fingida cara de ofendido. – Sabe, eu não posso passar por esse tipo de interrogatório. Não sei se vocês sabem, mas eu sofro de auto-estima baixa.
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– Quando você diz “conte-me tudo”, você quer dizer... Tudo mesmo? Quero dizer, detalhes do meu dia inteiro? Incluindo o que eu comi, quantas vezes fui ao banheiro... Porque eu acho isso meio pessoal, sabe.
– Tudo, Srta. Granger. – dissera McGonnagal. – Quanto mais rápido provar sua inocência, mas rápido sairá daqui. – a castanha respirara fundo se jogando melhor na cadeira.
– Pois muito bem... Meu dia... – Hermione respirara pesadamente. – Eu já não estava tendo uma semana muito boa. Draco terminou comigo, Dan parecia não muito a fim de olhar na minha cara, Harry também andava meio ofendido...
– Por favor, Srta. Granger, pule a parte sentimental... – pedira Snape na sua voz entediada.
– Vocês querem saber de tudo, não querem? – reclamara a castanha se sentindo ofendida. – Então agüenta:
Lembranças da Hermione....
Hermione não queria acordar, encarar uma nova manhã de Hogwarts sabendo que não estaria com Draco ou que ele passaria por ela sem nem ao menos olhá-la nos olhos. Ainda revivia nos seus sonhos seu último encontro com ele. “Ele terminou comigo!”, ela repetia para si mesma diversas vezes. Era horrível aquela realidade. Como ele podia dizer tantas vezes que a ama e simplesmente terminar com ela, assim tão facilmente?
“- Tenho algumas coisas para acertar. Não posso me preocupar com você, Hermione...” .
Ela se lembrava das palavras dele. Coisas para acertar. O que seriam essas coisas? Voltaria ele para a sua missão? Lembrava com pesar da penseira de Draco. Tentava sempre fugir dessas lembranças, mas não pensar nelas agora era quase impossível.
Se arrumara para descer para o Salão Comunal. Antes de passar pela porta do dormitório passara por seu diário velho e pesado em cima da cama, olhara-o por um tempo. Não suportava escrever, nem mesmo chegar perto dele. Tinha medo de começar a descrever suas angústias e acabar sucumbindo ao sofrimento. Não era assim que iria trazer Draco de volta para si.
Mal descera as escadas do dormitório para o Salão Comunal quando uma coruja da torre entrara pela janela da Torre da Grifinória e pousara a sua frente. Ela já sabia que era Dan e se animou sabendo que deviam ser notícias da próxima aula.
Sua poção está pronta.
Hoje à noite, depois da aula de dança.
Dan.
Aula de dança, isso a desanimara. Odiava aquelas aulas, contribuíam mais para seu péssimo humor com o loiro e sabia que era recíproco. Não entendia ainda o porquê de todo aquele ataque dele sobre ela, mas sabia que não podia se preocupar com isso agora, pois podia pôr em risco as aulas de animagalia. Agora, sem Draco, ela precisava mesmo desesperadamente se direcionar a esta aula.
Ela descera para o Salão Principal e fora em direção à mesa da Grifinória. Sentara-se de frente para Gina que a olhara compreensiva enquanto Hermione só conseguiu manter os olhos virados para sua torrada. Passar manteiga naquela torrada lhe parecera uma atividade por demais interessante, uma vez que levantar os olhos em direção à Sonserina, que se encontrava atrás da ruiva, poderia ser fatal para os seus olhos.
– Quando vai falar pra ele? – perguntara a ruiva no que lhe pareceu muito distante.
– Você está falando de quê? – perguntara a castanha sem desviar os olhos da torrada.
– Do Malfoy. Quando vai falar pra ele que o ama? – A torrada partira-se nas mão de Hermione, finalmente ela levantara os olhos embaçados.
– Fumou raxixe, Gina? – perguntara Hermione de forma sarcástica, mas sabia que seus olhos embaçados lhe entregavam. A amiga sorrira pra ela sabendo que ela fracassara na missão de ser sarcástica.
– Se não disser... Ele não vai voltar.
– Pois que não volte! – ela brigara jogando a torrada de volta na mesa. – Eu estou ligando? – e dizendo isso saíra da mesa da Grifinória pra fora do Salão, não suportaria ficar ali.
Correra para a sala mais próxima e se trancara lá, notara curiosa que aquela sala era a mesma da qual se trancara meses atrás quando Harry lhe contara sobre Gina. Mas dessa vez não conseguia chorar, pelo contrário, estava contraída no canto da sala olhando com raiva o chão. Odiava a dor que a percorria.
– Draco... O que eu preciso fazer? – logo a castanha se assustara ao ouvir a porta se destrancando por algum feitiço. Vira o vulto se aproximar de onde ela estava e fazer um sinal com a varinha para as luzes do lugar se acenderem. Era Harry.
– Por que está aqui? – ele perguntara oferecendo sua mão para a garota que não a segurara. – Te procurei pelo mapa do maroto inteiro. A Casa dos Gritos era minha próxima opção.
– Queria ficar sozinha.
– Por que se há tanta gente pra te fazer companhia? – ele dissera com um sorriso meigo nos lábios e balançando sua mão estendida. – Vem, vamos dar uma volta.
Hermione finalmente aceitara o convite segurando a mão do garoto que a ajudara a se levantar e ambos saíram da sala para os jardins.
– Então, como você está?
– Péssima. – ela respondera honesta encarando o lago. – Queria sair de Hogwarts para nunca mais voltar. Qualquer lugar que eu me dirija sei que vou encontrar com... Ele.
– Foi melhor assim, Hermione. – o moreno dissera respirando pesadamente. – Sei que está mais segura longe dele.
– Sinto qualquer coisa no momento, Harry, menos segurança. – ela respondera sentindo seu peito explodir mais uma vez.
– Eu queria saber o que te dizer, Hermione... – ele dissera engolindo em seco. – Para fazer você se sentir melhor. Mas eu realmente não encontro palavras.
– Não precisa dizer nada. – ela dissera ainda sem encará-lo, mas de forma calorosa. – Só a sua presença já me basta.
O moreno a encarara por um tempo, vendo-a encarar o lago, sabendo que só uma pessoa poderia fazê-la se sentir melhor e que esta pessoa não era ele. Ficaram ali em silêncio por longos minutos que lhe pareceram horas. Os dois grandes amigos, dividindo o silêncio. Até que Hermione o surpreendera com a sua voz.
– Tem uma coisa que já estava querendo te falar a algum tempo. – ele se virara para ela curioso, porém ela ainda encarava o lago. – Gina... – então ela se virara para ele séria, ele não entendera o assunto. – Ela gosta mesmo de você. – o moreno franzira o cenho engolindo em seco, não sabendo ao certo o porquê daquela informação o incomodar tanto. – Me pergunto se você tem certeza se o ciclo de vocês realmente acabou. – ele respirara pesadamente, não sabendo se queria continuar a ouvir. – Afinal... Ela foi seu primeiro amor. – ela se virara para o lago novamente. – Por que sempre acabamos desistindo do primeiro amor?
Ambigüidade faz as pessoas sofrerem
A evidência de amor não pode ser encontrada
Quando eu devo prosseguir?
Quando eu devo desistir?
Eu nem consigo reunir a coragem para te abraçar...
O moreno rira e a castanha se virara para ele sem compreender. O que afinal ele vira de engraçado naquilo? Mas ele não respondera.
– Quer vir passar as férias comigo no Lago Grimmald Place? – ele perguntara num sorriso amigável. Ela não entendera, nem esperara por aquele convite. Gaguejando ao responder.
– Eu... Eu ainda não tinha parado para pensar nas férias.
– Hei, Harry! – era Ron que se aproximara dos dois cortando o assunto. – Temos que ir, lembra?
– Ah, é mesmo. Vamos então. – dissera Harry logo dando um beijo no rosto da amiga.
– E aí, Hermione, onde você estava? O espetado estava te procurando. – dissera o ruivo para Hermione.
– Dan?
– É, vou lá. Depois nos falamos. – despedira-se Ron saindo às pressas com Harry.
– Hei. – virara-se Harry de volta. – E não se esqueça de pensar na minha proposta.
Hermione os vira sair de perto às pressas, ainda ouvindo uma piada de Ron: “Que proposta? De casamento?”; e logo parara pra pensar no que Harry dissera. Férias no Lago Grimmald Place... Realmente não pensara no que faria nas férias. Ainda tinha uma pequena esperança de que as passaria com Draco.
**
– Onde você foi? – perguntara Snape de forma acusadora para o moreno.
– Com Ron? Onde você acha? Treino de Quadribol, talvez? – respondera Harry cansado já do interrogatório. – Temos jogo no final do ano letivo, o último. E bem, eu sou o capitão do time. Então... Vai querer me perguntar isso mesmo?
– Apenas prossiga com o seu relato, Harry. – dissera McGonnagal querendo quebrar a tensão entre os dois. O moreno respirara fundo antes de começar.
– Ron havia conseguido alugar o campo naquele dia pra gente, já que a Sonserina anda tomando posse de todos os dias úteis até o campeonato.
– Weasley? Pensei que você fosse o capitão do time. – indagara Snape irônico.
– Será que eu posso continuar? – reclamara Harry. – Obrigado...
Lembranças de Harry...
– Harry, cuidado! – gritara o ruivo despertando Harry de seus pensamentos. O moreno subira a sua vassoura um segundo antes de ser atingido por um balaço e logo voltara-se para o jogo.
– Foi mal, eu estava distraído.
– Isso eu percebi. Mas precisa se concentrar. Podemos ganhar a taça, Harry. – pressionara o ruivo e logo o mesmo olhara para si mesmo de forma desnorteada. – Peraí, o que eu estou falando? O capitão é você. – o moreno rira.
– Vou me concentrar mais. Lino, solte o pomo! – gritara Harry para Lino que se encontrava no chão do campo com uma caixa marrom da qual abrira soltando o pomo de ouro.
Mas Harry podia se concentrar em qualquer coisa, menos naquele pomo do qual perseguia. Sentia que por mais que o perseguisse na verdade estava perseguindo as respostas para as suas dúvidas. A última conversa com Hermione o deixara inquieto. Era horrível vê-la daquele jeito, mesmo sabendo que era o melhor para ela. Tinha vontade de ir atrás do Malfoy e socá-lo até a morte, mas tinha que levar em consideração que ele fizera o que ele desejara. É claro que não fizera aquilo por ele, mas se afastara dela. E Gina?
“- Ela gosta mesmo de você...”.
Não gostara de ouvir aquilo, não que aquela informação não mexesse com ele, mas porque odiava olhar para trás. Tentara todo aquele tempo superar Hermione, nem por um momento pensara em superar Gina, não achara que isso ainda era um problema.
“– Por que sempre acabamos desistindo do primeiro amor?...”
Será que ela escutava o que perguntava? Ela por um acaso não desistira dele? Malfoy acabara por desistir dela também, se é que podia chamar aquele mar de mentiras de amor. E ele... Bem, ele se negava terminantemente a desistir de Hermione, mas ela não fora seu primeiro amor, mas sim Gina, que surgira tão rápido em sua vida como desaparecera.
O moreno balançara a cabeça tentando se livrar daqueles pensamentos e finalmente fechara sua mão direita em torno do pomo.
– Hei, Harry! – uma voz veio do chão, ele olhara para baixo e vira Ron. – Tem uma pessoa muito interessante aqui querendo falar com você!
Harry apertara os olhos e vira uma garota de cabelos chanel e negros acenar para ele. “Não, com certeza estou vendo errado...”. Apertara novamente os olhos em direção a garota, voando cada vez mais de encontro aos dois. E parecendo totalmente confuso quando se pusera de frente para ela.
– Veio me pôr em detenção? – ele perguntara para ela totalmente confuso. O ruivo se afastara dos dois fazendo o sinal da cruz com os dedos em direção a ela, que apenas revirara os olhos.
– Não, eu apenas achei que fosse a Sonserina que estivesse treinando hoje. – dissera a morena. Harry franzira o cenho em sarcasmo puxando um pedaço do próprio uniforme.
– Alou. Vermelho! Grifinória.
– Eu sei, Potter! Grr! – respondera a morena de forma irritada. – Só não quis perder a viagem. Você talvez pudesse.... Tê-lo... Visto.
– Visto quem? Nomes, por favor. – ele pedira gesticulando com as mãos, obviamente querendo se livrar daquele papo com ela.
– Dan... – ficara um silêncio que incomodava a garota. Harry apenas se perguntando por quanto tempo ela ainda iria enrolá-lo.
– É claro, ele passou agora pouco para o teste de artilheiro do nosso time. – ele respondera numa seriedade sarcástica e logo se alterando. – Você realmente não acha que está perguntando pra pessoa errada, não? – a morena respirara contrariada, olhando de forma superior e com nojo os demais jogadores que também achavam aquele encontro estranho.
– Você com certeza deve ter visto a sangue-ruim...
– Quer dizer nascida-trouxa, não é? Hermione Granger, mais baixa que eu, de cabelo cheio e castanho. É, acho que vi sim. Que que tem? – perguntara ele ainda de forma agressiva.
– Ela podia estar com o Dan.
– Sabe quem também podia estar com ele? – ele perguntara numa sarcástica animação. – O seu amiguinho: Malfoy! Já parou pra pensar nisso? Quero dizer, pode ser uma conclusão errada também já que sonserinos nem gostam de andar em bando. E eles tem tão pouco em comum, não é mesmo? Começando pelo caráter...
– Está bem, Potter! – exclamara a morena finalmente não agüentando mais o humor daquele garoto. – Já foi de grande ajuda! Pode voltar para o seu treininho ridículo e alimentar alguma esperança de que não perderá para a Sonserina numa diferença tão grande.
E dizendo isso girara nos calcanhares e saíra do campo de nariz em pé. Harry ainda se contorcera de nervoso ao vê-la sair, como se tivesse acabado de ter um papo com um Dementador. “Uma flor de pessoa...”, deixara escapar para si mesmo e fizera o sinal da cruz em si mesmo.
**
– Por que está me olhando assim? – perguntara um Draco dividido pelo sarcasmo e a vontade de rir, pois Snape lhe encarava como se procurasse indícios de um corpo morto atrás de sua mente.
– Se não estava no campo treinando com seu time, onde estava?
– Por que? Treinar Quadribol ontem seria a única atividade que me impediria de seqüestrar o Fofo? – perguntara Draco num tom irônico se virando agora para McGonnagal também. – Não acham que estão forçando a barra com esta investigação? Sério, aprecio a exclusividade de ser um dos suspeitos daquela obra prima, mas raptar bichinhos de estimação do gigante não é bem o meu estilo. Eu gostei mais da Weasley riscando ameaças com sangue nas paredes de Hogwarts no segundo ano.
– Sr. Malfoy...
– Ah! Está bem. – cortara Draco o sermão da subdiretora e se recostando na cadeira. – Muito bem... Eu tinha um trabalho de Feitiços para entregar com a Pamela Parkinson, vocês sabem quem é. Ficamos horas na Biblioteca estudando e depois fui atrás do Prof. Flitwick entregar o trabalho, mas ele não estava na Sala de Feitiços e eu passei longas horas procurando-o pelo castelo. Pansy dissera que ia fazer o mesmo. Não sei se a cachorra me ajudou ou não... Disse que ia dar uma passada na Biblioteca.
– Sr. Malfoy! – chamara a atenção McGonnagal, o loiro ignorara.
– Mas por fim decidi ver se ele estava na Diretoria...
– Então você foi na Diretoria! – dissera McGonnagal. – Foi você então!
– Não... Eu não cheguei a subir, pois quando cheguei lá a Pansy já estava esperando. Dissera que Flitwick não estava lá, mas que acabara por passar no corredor e ela já havia lhe entregue a cópia que tinha do nosso trabalho.
Lembranças de Draco...
– Está feito, então. Menos uma matéria para nos preocuparmos. – dissera o loiro se esticando de forma relaxada.
– É... – dissera a morena pensativa. – Escuta, Draco, você viu o Dan hoje?
– Não, graças a Merlin. – respondera Draco de forma emburrada. – Por que?
– Estou fazendo um trabalho com ele... Sobre crescimento humano. – ela dissera de forma simples, Draco a olhara torto achando aquilo estranho.
– Dan? Crescimento humano? Vai ser reprovada. Sério... Não podia ter escolhido dupla pior.
– Ele disse que treinaria hoje, deve ter se confundido. – ela dissera pensativa, ignorando o que o loiro dissera.
– Não seria surpresa, seria?
– Esse é mais um de seus eufemismos? – perguntara a morena confusa.
– Ele tem agido como se fosse uma conspiração ultimamente.
**
– Isso por um acaso é algum tipo de conspiração? – perguntara Dan sarcástico enquanto olhava torto para o diretor da Sonserina. – É que não sei porquê, mas estou sentindo uma certa discriminação no ar... É por que eu sou francês?
– Não se faça de engraçadinho, Sr. Conl, e responda já a minha pergunta! – dissera Snape entre dentes.
– Mas o que é isso? Ofendendo a minha pessoa? – dissera Dan fingindo ofensa e logo dizendo com um olhar pensativo pro teto. – ‘Papa avait raison, je n'aurai jamais du quitter la France’ – ele dissera em francês.
– Pare já com suas ironias, Sr. Conl. – brigara McGonnagal. – Também não gostamos desta situação. Mas gracinhas não vão inocentá-lo...
– Eu ainda nem sei o que me tornou suspeito... – dissera Dan de forma divertida.
– O senhor tem se metido em muita confusão ultimamente, Sr. Conl. – respondera Snape. – Sem contar o pequeno detalhe...
– Ah! O Fofo me identificou. – respondera Dan em seu lugar. – Já cogitaram a possibilidade dele achar apenas o meu cheiro afrodisíaco? Não são só cachorros que se apaixonam por ele, as mulheres também. Quer sentir um pouquinho, professora? – perguntara o loiro com um sorriso canalha nos lábios inclinando o pescoço.
– Sr. Conl! – reclamara a subdiretora ofendida, mas Snape batera na mesa com raiva chamando a atenção para o assunto importante.
– Sr. Conl! Pela última vez, onde o senhor estava ontem quando saiu para encontrar a Srta. Granger?
– Ontem... – ele meditara consigo mesmo, sem se afetar com o tom do professor. – Vejamos... Onde eu estava? – lembrara de um par de lábios carnudos pressionarem os seus. – Onde eu estava... – o beijo ficava intenso e profundo. – Ah, é... Bem aqui. – ele concluíra com um sorriso canalha nos lábios. – Eu estava ocupado.... Muito... Bem... Ocupado...
– Seja mais claro, Sr. Conl. – pressionara Snape fazendo-o voltar a si.
– Claro, mas vamos começar do início, não é mesmo? Para não dizerem que não sou um bom aluno. – ele dissera com um sorriso nos lábios. – Eu precisava falar com a Granger sobre... Sobre as aulas de dança, das quais ela está sendo meu par. Tinha marcado com ela aquela noite, mas ela não respondera a minha carta. Então resolvi ir atrás dela... Mas é claro que nessa crise dela de “mulher abandonada” foi quase impossível de encontrá-la, uma vez que ela fica se escondendo pelos cantos do castelo, no mínimo pra chorar.
Lembranças de Daniel...
– Hei! Vermelha! – chamara por Gina Weasley que saía do Salão Principal. Ela se virara para ele com um ar desconfiado e ele olhara para os lados contrariado antes de se aproximar. – Sabe onde está a imprestável da sua amiga?
– No meu bolso que não está. Pode me revistar se quiser. – dissera ela abrindo os braços em deboche. –Aposto que ia gostar.– ele a encarara surpreso e irritado.
– Está me provocando? Perdeu a noção do perigo, foi?
– Daniel Conl, na boa. Dos sonserinos que conheço, você é o mais inofensivo.
– E quantos sonserinos você conhece? – ele perguntara debochado, ela se desconcertara.
– Bem eu...
– Vamos ao que interessa, está bem? Preciso falar com a problemática.
– A problemática está aqui. – dissera uma voz atrás de si. Dan se virara e vira Hermione.
– Onde você estava? Te procurei por toda parte! – brigara o loiro fazendo Hermione revirar os olhos.
– Estou ótima, Dan, obrigada. Bom dia pra você também. – ela respondera irônica.
– Que mané bom dia, estamos em guerra! Temos uma tarefa para cumprir até o final do ano letivo, esqueceu?
– Eu sei, onde está a poção?
– Peraí, peraí... Vocês estão mesmo fazendo aquilo? – perguntara uma ruiva receosa entre os dois.
– Espero que o seu aquilo se refira às aulas particulares de animagalia. – dissera Dan entre dentes não gostando do tom da garota.
– Estamos. Peraí, você já sabia disso!
– Achei que você já tinha desistido dessa idéia maluca. Se Malfoy descobrir...
– Draco terminou comigo... – então Daniel gargalhara sarcástico.
– É claro! Draco terminou com ela! Não temos mais com que nos preocupar, não é? Afinal todos nós dependemos unicamente da consolidação do namoro dela. – ele dissera abrindo um sorriso raivoso de orelha a orelha. As duas garotas o encararam por um tempo.
– Você anda estranho... – dissera a ruiva desconfiada.
– Aliás! – voltara-se Hermione para ela energética fazendo Dan se virar de forma irritada. – Não estamos fazendo nada demais. Daniel é apenas meu amigo.
O loiro de costas ainda repetira aquilo sem voz de forma debochada. Então voltara-se para as duas e os três começaram a andar em direção a Biblioteca, o loiro ainda desconfortável por estar andando com duas grifinórias, tentava passar pelos corredores despercebido.
– Onde está a poção? – perguntara a castanha para ele.
– Aqui na minha mochila. – ele respondera.
– Vamos para a Biblioteca que deve estar vazia e podemos analisá-la melhor. – dissera a ruiva.
– Analisá-la? – perguntara Dan irritado. – Não há nada para ser analisado aqui, cenoura. Eu levei semanas preparando-a, está perfeita.
– Acho que também devemos dar uma olhadinha nela, é meu corpo que está em jogo aqui. – dissera Hermione sentando numa mesa, a ruiva se sentara ao lado dela e Dan de frente para as duas.
– Sabe... – ele apontara sarcástico para Hermione. – Há uns meses atrás eu imediatamente faria uma piada sobre esse seu comentário, mas ultimamente ando apenas com vontade de te estrangular.
– Qual é o motivo afinal dessa briguinha de vocês, hein? – perguntara a ruiva agora pegando o frasco com a poção, que Dan botara em cima da mesa.
– Eu também gostaria de saber. – dissera Hermione indagadora para o loiro que continuava olhando-a irritado.
– Briguinha? Que briguinha...? Estamos ótimos! Não é, Hermigatinha? Minha melhoramiga... – dissera o loiro, as duas continuaram a encará-lo. A ruiva ainda se inclinara para Hermione, mas sem desviar os olhos do loiro.
– Ele está sendo sarcástico. – ela murmurara.
– Aprecio o seu poder de observação. – ele dissera apontando para Gina.
– Tudo bem. – dissera Hermione cruzando os braços de forma decidida. – Comece a falar, por que está me tratando assim?
– Assim como, Hermi? – ele perguntara com o cenho franzido cruzando os braços também num sorriso canalha no rosto.
– O que eu te fiz?
– O que você anda fazendo, seria o termo apropriado. – ele dissera no mesmo tom.
– Ok. O que eu ando fazendo?
– Respirando. Já te falei que você está roubando o meu oxigênio? – ele indagara de forma sarcástica. A morena respirara irritada.
– Ótimo! Desisto... Faça como quiser! – o loiro respondera apenas com um aceno de concordância e um sorriso sarcástico nos lábios.
– Podemos voltar ao que realmente interessa? – perguntara a ruiva mostrando o frasco com a poção que segurava. – Tem certeza que isso é seguro? Que não irá matá-la.
– Eu não teria tanta sorte. – dissera o loiro, a morena apenas dera um sorrisinho irritado para ele. – Mas ainda dá tempo de desistir. Vai ser doloroso, muito doloroso. Se não for forte o bastante pode não agüentar.
– Eu sou forte o bastante! – respondera a castanha de nariz em pé.
– Peraí! Forte o bastante? – indagara a ruiva. – Hermione, perdi a conta de quantas vezes você já foi parar na enfermaria esse ano. Você anda muito fraca, sem contar a Magia Elemental que você não está trabalhando e pode estar tomando toda a energia do seu corpo.
– Há um teste simples. – dissera o loiro ainda de braços cruzados, as duas se viraram para ele. – Podíamos cortar um pedaço do seu corpo, sei lá, um braço, e dar uma injeção nele com a poção. Se o braço apodrecer ou demonstrar alguma reação química significa que você não vai agüentar e provavelmente morrerá. Se ficar tudo bem com o braço você toma a poção. – as duas ainda continuaram a encará-lo perplexas por um tempo.
– Você é louco. – dissera Gina com repugnância.
– Eu não mamei no peito. – ele respondera para ela de forma simples e nada afetada.
– Tudo pra você é piada? – perguntara Hermione com irritação fazendo o loiro se virar para ela.
– Não. Só as coisas importantes. – ele finalizara com um sorriso fingidamente meigo.
– É sério, Hermione, isso pode ser perigoso. – vira-se Gina para ela novamente. – E faz idéia do que Harry e Ron fariam se te acontecesse alguma coisa? – Gina olhara para Dan receosa, o loiro apenas levantara as sobrancelhas em uma debochada curiosidade. – Já posso ver a cena dos dois espancando Conl até a morte. – o loiro olhara de uma para a outra.
– Isso foi para me assustar? Acha que eu quero que ela tome esse troço?
– Eu vou tomar! – dissera Hermione decidida. – Não estou estudando todas essas semanas pra nada. E se não posso treinar ainda minha Magia Elemental, preciso preparar outra coisa para que eu não fique em desvantagem na guerra. Você mesma disse, Gina, que eu estaria com um alvo pendurado no pescoço. Tenho que ter algo para usar!
– Tão decidida, Hermigatinha... – debochara o loiro. – Tão filósofa, digna de Platão. – a castanha o olhara assassinamente. – Interessante vai ser se o seu animal for um ratinho, né? Vai ser realmente de muita ajuda. – debochara o loiro.
– Como consegue ser tão irritante e debochado? – questionara Hermione de forma sarcástica pro loiro.
– Não sei. – ele respondera no mesmo tom. – Eu devo ter nascido com o dom das Artes Cênicas.
– Artes Cínicas, você quer dizer. – dissera a castanha recebendo só um sorrisinho irônico em resposta.
– Pelo menos na fuga vai ajudar. – dissera a ruiva. – E bem... Sinceramente, por mais que eu esteja com medo por você, uma parte de mim também quer que você vire animaga. Seria realmente incrível... E tem razão, pode ser absurdamente necessário. – dissera a ruiva de forma pensativa, Daniel se virara para ela com o cenho franzido como se acabasse de ver alguém delirar.
– Isso, continue dando corda para essa mulher maluca! – dissera ele apontando para Hermione.
– Hei! – defendera-se a castanha.
– Tudo bem que você não consegue equilibrar seu impulso à racionalidade, querendo fazer tudo do próprio jeito, o que pode um dia acabar resultando na sua morte.
– Valeu, Gina! – dissera Hermione ofendida.
– Verdade indiscutível. – dissera Dan para Hermione apontando com o dedo para a ruiva.
– Mas, Hermione... – recomeçara a ruiva. – Se pretende mesmo entrar nessa guerra, por que insiste ainda em ficar brigada com Draco ao invés de ir lá e dizer logo que o ama e explicar sua necessidade de virar animaga, sabendo que assim ele mesmo pode acabar te ensinando e não terá ainda mais motivos para querer matar o Conl.
– É a questão do universo! – dissera Dan sobressaltado.
– O que quer dizer? – indagara Hermione para o loiro.
– Você já foi mais inteligente. – ele respondera com o cenho franzido em sarcasmo.
– Puxa, Daniel, realmente... Está me deixando sem palavras. Nem sei o que dizer.
– Jura? Pois não precisa dizer nada, agora nem nunca! – retrucara o loiro. – Você é boa nisso.
– Será que podemos deixar minha vida pessoal de lado um pouco? – pedira a castanha incomodada. Dan estalara uma raiva no maxilar olhando em volta da Biblioteca e levantara seu pulso na altura dos olhos verdes escuros.
– Quer saber? Está na minha hora! – dissera Dan olhando no seu relógio e se levantando. As garotas emburradas começaram por se levantar também seguindo-o para fora da Biblioteca. – Nos encontramos à noite então. E não esqueça de pensar bem a respeito da poção, Hermione. – ele dissera seriamente pegando a poção das mãos da ruiva de forma rápida. – Não quero ouvir arrependimentos depois, uma vez tomada a poção, tem que agüentar até o final. Não adianta chorar no meu ouvido!
– Pode deixar, Dan... – começara Hermione de forma sarcástica quando já estavam nos corredores. – Por você vou me dedicar de corpo e alma, tá bom? Mais de corpo do que de alma até!
Mas logo os três sentiram uma brisa maligna em volta deles, a atmosfera de repente ficara sinistra, fazendo tanto o tom sarcástico e debochado de Dan quanto o de Hermione se deteriorarem do nada. E logo eles viram quase em câmera-lenta um loiro de cabelos platinados passar no seu andar de gato selvagem ao lado deles. Draco esbarrara no ombro de Hermione propositalmente dando um pequeno suspiro enojado pros três e logo virando o corredor saindo de vista. Ficara um silêncio perturbador enquanto os três ainda olhavam por onde ele tinha ido.
– Ele ouviu. – murmurara a ruiva ainda assustada. Ninguém se atrevera a falar nada ainda por um tempo quando de repente Daniel começara uma gargalhada nervosa e sarcástica.
– Eu... Eu simplesmente... Adoro a minha vida! É incrível como eu tenho sorte! Se um raio cai na minha cabeça agora, ele morre e eu fico vivo. De tão sortudo que eu sou! – então ele olhara para o teto levantando as mãos de forma clemente, mas falara num tom acusador e sarcástico. – Isso é o melhor que pode fazer? Hein! Você é criativo.
– Com quem ele está falando? – perguntara Hermione num sussurro para Gina.
– Com Merlin. – respondera Gina indiferente. – Você devia saber, faz isso o tempo todo.
Logo Daniel pegara o caminho contrário de Draco e também sumira de vista, andava pelos corredores tenso e com raiva. Que ótimo, agora só faltava mesmo o rancoroso-mor achar que ele estava mesmo tendo um caso com a “Será-Que-Podemos-Deixar-Minha-Vida-Pessoal-De-Lado-Um-Pouco?” da ex dele. Vida pessoal... Ridícula. Ela que enfiasse a vida pessoal dela num lugar mais apropriado. Devia mudar de nome: “Egoísta Granger”.
– Novamente irritado... – dissera uma voz lhe despertando de repente. Era Pansy com um sorriso safado. – Eu posso dar um jeito nisso. – e antes que ele respondesse ela já capturara seus lábios de forma possessiva.
– Pan... Aqui não.
– Onde então? – ela perguntara impaciente enquanto o pressionara contra a parede.
– Todas as salas estão sendo usadas... Provas!
– Tem que ter alguma vaga. Isso aqui é um castelo. – ela dissera enroscando suas coxas entre as dele fazendo-o se arrepiar.
– Acho que sei para onde podemos ir... A Sala de Teatro está sendo usada como dispensa.
– Hã?
– É... Está vazia, apenas com as coisas para a festa do final do ano. Sei porque Trelawney anda me obrigando a ajudá-la.
– Pois muito bem, então... Vamos.
**
– O que afinal Conl queria falar com você? O que estava no pergaminho? – perguntara Snape ainda no seu tom acusador. Hermione respirara entediada.
– Já disse, só estava me lembrando de ajudá-lo nas aulas de dança... Como não respondi ele foi me procurar. Depois eu, ele e Gina fomos estudar para as provas na Biblioteca.
– Estudar? Duas grifinórias e um sonserino? Juntos? Sei. – dissera Snape desconfiado. – E depois?
– Dan tomou seu rumo e eu fui estudar com Gina na Grifinória.
– Estudar mais? – indagara Snape.
– É, só que dessa vez de verdade, digo... – ela se atrapalhara. – Daniel é tão insuportável que não nos deixou estudar direito. Ficou perturbando, então resolvemos estudar mais, só que sozinhas. – ela dissera eloqüente, começando a suar frio. – Posso beber um pouco de água?
**
– E depois do treino? – perguntara McGonnagal.
– Estudar, claro. Dali a poucas horas teria provas para fazer. Eu e Ron ficamos estudando no Salão Principal porque a Grifinória já estava lotada. – dissera Harry. – Pode me dar mais um pouco de água?
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– Pois muito bem, Srta. Granger... – começara Snape. – Você diz que não foi você. Se pudesse então dar um palpite.... Quem acha que foi?
– O que? – a garota se revoltara. – Estamos em guerra! Todos nessas escolas estão rezando para que seus pais estejam vivos lá fora, sem contar que já esperam pelo próximo ataque de Comensais. Acha mesmo que alguém vai parar pra pensar num trote bobo? Acha mesmo que um de nós iria parar para acusar alguém mesmo?
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– Bem, quem é o mais famoso filho de Comensais da Morte dessa escola? – indagara Harry de forma sarcástica. – Não é preciso pensar muito pra descobrir quem foi.
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– Harry Potter. – acusara Draco simplesmente.
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– Bem, eu, eu posso dizer que não foi. – dissera Dan de forma firme e agora pensativa. – Mas se eu fosse dar um palpite... Bem, acho que foi o próprio Hagrid. Sem contar que há casos em que a própria vitima comete o delito, que motivos esses só Merlin sabe... E só ele agüentaria o Fofo. Ou até mesmo Dumbledore... Vocês ouviram a voz dele pela escola. Ele está velho, caducando... Ah! Qual foi? Que ele é velho vocês não podem negar... – dissera o loiro em resposta aos olhares recriminadores dos professores. – Bem, para mim, isso tudo é intriga da oposição!
– Sr. Conl, o senhor é comunista? – perguntara Snape, com a sobrancelha arqueada.
– Por que? O senhor é do governo? – Dan abrira um sorriso canalha.
**
– Pois muito bem, Potter, está dispensado. – dissera Snape na sua voz arrastada.
– Estou? – perguntara Harry surpreso.
– Está... Não foi você.
– Foi a coisa mais inteligente que já disse até hoje, professor. – dissera Harry de forma maravilhada.
– Saia logo daqui, Potter, antes que mudemos de idéia. – dissera McGonnagal antes que Snape dissesse alguma coisa e o garoto recolheu o seu material saindo às pressas da Diretoria.
– Muito obrigado. – dissera ele ao passar pela porta.
**
– Depois de entregar o trabalho... Para onde você foi? – perguntara McGonnagal acariciando a testa em cansaço. Draco respirara pesadamente.
– Bem... Eu estudei e fui monitorar. – dissera ele, mas Snape aparecera das sombras alarmado.
– Peraí... Isso é mentira. Quando te procurei ontem você não estava monitorando.
– Procurou em todas as partes do castelo ao mesmo tempo? – perguntara o loiro com uma sobrancelha levantada.
– Pode se explicando, Draco... – exigira Snape na sua voz arrastada. Draco respirara pesadamente olhando para o nada.
– Pansy veio me procurar...
Lembranças do Draco...
– Entra! – dissera Draco de forma autoritária assim que ouvira as batidas na porta. Pansy entrara e vira Draco com suas anotações.
– Draco...
– Fala. – ele dissera sem nem ao menos desviar a atenção dos pergaminhos.
– Você por um acaso... Sabe do Dan? – Draco levantara os olhos para ela com óbvia irritação. – Ele não está na Sonserina.
– De novo procurando por ele? Que é? Está devendo dinheiro a ele? Sabia que eu podia te por em detenção à essa hora? – ele explodira.
– É que eu preciso mesmo falar com ele... – ela respondera com o olhar ansioso.
– Sei lá onde ele está, Pansy! Deve ter ido se encontrar com alguém! – dissera o loiro irritado se levantando com uma carta que acabara de lacrar.
– Por que acha isso?
– Achei uma camisinha no chão do meu quarto. Um dia que o encontrei lá. Acho que está se encontrando mesmo com alguém. – dissera ele indiferente passando por ela que fingira não se incomodar.
– Onde está indo? – perguntara a morena.
– Tenho que ir no Corujal, enviar isso.
Os dois saíram da elegantíssima Sala da Monitoria-Chefe, mas pararam de supetão no corredor, pois tinham acabado de ver Daniel e Hermione aos risos virando um corredor. O loiro sentira uma fúria em seu peito que fizera seu maxilar estalar ao tentar escondê-la.
– Parece que ele encontrou mesmo alguém. – dissera Pansy num tom igualmente incomodado.
Os dois se entreolharam e foram ao mesmo tempo em passos rápidos atrás de Daniel e Hermione, seguiram os dois por todo castelo até o Salão Principal, onde observaram espantados alguns casais dançando juntos enquanto Trelawney passeava entre eles dando coordenadas. Já haviam perdido os dois de vista e entravam agora pela extremidade do Salão para observarem melhor aquele ritual maluco.
– Eu realmente devo estar vendo errado. – dissera Draco completamente confuso.
– Isso aqui faz algum sentido pra você? – perguntara a morena no mesmo tom. O loiro suspirara em sarcasmo acenando negativamente com a cabeça.
– Ok, então. Hermione e Daniel estão ensaiando para uma versão local de Vem Dançar Comigo. Vamos embora. – dissera Draco para a morena dividido pela vontade de rir da situação e ir brigar com o loiro de cabelos espetados.
Na verdade não agüentava encarar aqueles dois valsando ao som da música This Years Love. Que na verdade era a música dele e de Hermione. E ela nem parecia se incomodar... Pelo contrário, no momento que parecera pensativa fora distraída por alguma coisa que Daniel dissera e logo rindo em seguida. A morena concordara na mesma hora com a decisão do loiro, mas ambos mal conseguiram sair da porta.
– Excelente! – dissera uma voz eufórica para os dois que se entreolharam assustados concluindo ser da Trelawney. – Mais dois jovens loucos para aprender dança de salão.
– A única louca aqui é você! – resmungara Pansy com nojo quando Trelawney se pusera entre os dois apresentando-os para turma.
– E ainda dizem que os jovens não apreciam as coisas boas da vida. – dissera a professora aluada.
– Não é isso. – dissera Draco tentando se defender das mãos dela.
– Procuramos dois amigos. – apressara-se Pansy a dizer.
– Ótimo! Enquanto não acham, dancem... Atenção, pessoal. – anunciara Trelawney para a turma, tanto Draco quanto Pansy se alarmaram tentando impedi-la, mas fora em vão. Todos já estavam olhando para os dois. – Mais dois encantadores jovens entraram para nosso curso. Deve haver algo no ar. – concluíra Trelawney de forma sonhadora.
Pansy, que dava sorrisinhos sem graça, e Draco, que parecia mais uma fera ameaçadora não dando espaço para nenhuma aproximação, sentiram seus rostos esquentarem de nervoso e desconforto ao darem de frente com os olhos suspeitos e até meio acusadores de Daniel e Hermione.
– Ah... Oi... – dissera Pansy sem graça para os dois.
**
– Então quer dizer... – começara Snape ainda na sua voz arrastada. Ao contrário da subdiretora ele mantinha-se cada vez mais motivado no interrogatório. – Você foi encontrar com o Sr. Conl para as aulas de dança e logo depois foram surpreendidos pela Srta. Parkinson e o Sr. Malfoy?
– Eu acho que sim. – dissera Hermione tensa servindo-se do seu copo de água. – Eu disse isso?
Lembranças da Hermione...
– O que estão fazendo aqui? – Hermione vira Dan perguntar de forma acusadora para o casal que dançava lado a lado com eles.
– Conhecendo os prazeres da dança de salão. – respondera Pansy com um sorriso cínico. Mas Hermione só tinha olhos para Draco que guiava a morena e logo desviara o olhar sério.
– Não disse que são talentos natos? – se metera a professora entre os dois casais de forma sonhadora, se direcionando para Pansy e Draco, que girara os olhos entediado. – Vocês namoram, não?
– Não namoramos mais. – respondera a morena. Hermione sentira o Inácio dar um salto em seu estômago ao ouvir aquela afirmação, já havia se esquecido que os dois haviam mesmo sido namorados.
– Namoraram, não deu certo. Se conhecem a tantos anos que se acostumaram demais um com o outro, não havia um sentimento puro e romântico como o amor entre vocês. – analisava a professora enquanto rodeava o casal que a mirava como se fosse louca. – Mas superaram os problemas e agora confiam um no outro, pois um sabe exatamente do que o outro é capaz. Dá pra notar essa confiança no modo como dançam.
Hermione que era guiada por Dan sentira uma inquietação ao ouvir as palavras de Trelawney para aqueles dois.
– Mas com esses dois a história é diferente. – dissera agora indo em direção para Dan e Hermione, agora era Draco que sentira a inquietação. – Vejam a postura deles, os braços tensos.
– Ok, tem algum problema conosco? – perguntara Dan irritado para Trelawney.
– Pedi para chegarem mais perto. – respondera ela.
– Desculpe. – dissera Hermione sarcasticamente acenando negativamente com a cabeça, deixando claro que aquilo era inaceitável.
– Não vai dar, está bem? – dissera Dan cada vez mais irritado para Trelawney.
– Viram o que eu disse? – ela continuara agora para Draco e Pansy. – Eles... A hostilidade, a desconfiança... Fora as implicâncias e xingamentos. Os dois estão no primeiro estágio de um ritual de acasalamento.
– O que? – rira Daniel com raiva.
– Você não entendeu nada aqui! – dissera Hermione num olhar ameaçador para a professora, sentindo vontade de arrancar a cabeça dela.
– Não mesmo! – concordara Daniel.
– Não podia estar mais enganada! – insistira Hermione. Mas Trelawney não se afetara, dizendo com indiferença:
– Tem energia sexual suficiente aqui para iluminar o palco do Kiss bruxo. Faz tempo que não vejo alguém dançar tão mal.
Ficara um silêncio entre os dois casais onde Hermione mantinha apenas uma boca aberta de perplexidade ao comentário absurdo e ofensivo daquela lunática. Daniel ainda fizera impulso para partir pra cima dela quando ela dera as costas, mas Hermione o segurara forçando-o a voltar a valsa. Porém Draco guiara Pansy para mais próximo da professora.
– Só porque dançam mal acha que...
– Formulei essa teoria depois de anos de experiência. Duas pessoas que dançam tão mal obviamente se desejam. A dança não mente. Vamos começar de novo! – ela finalizara para a turma.
**
– Vamos direto ao ponto, certo? – dissera Snape de forma mais firme. – Você foi visto pelo Filch se agarrando com a Srta. Parkinson ontem na dispensa na Sala de Teatro do castelo onde está sendo armazenado o material da festa de encerramento do ano, onde se encontrava a faixa usada no trote. Ou seja, o único estudante do sexto ano encontrado em uma das cenas do crime e ainda por ser identificado pelo cão usado no trote. Sem contar que de acordo com os registros você não apareceu na detenção.
– E que registros são esses? – indagara Daniel num olhar desconfiado.
– Quem pergunta aqui sou eu. Já sabemos que foi para aula de dança com a Srta. Granger, agora pode abrindo o bico e contanto Tim-Tim por Tim-Tim do que aconteceu.
– Tudo bem, eu falo. – dissera o loiro meio nervoso e irritado, mas logo dando um sorriso maroto. – Mas já vou avisar. Que vai ser muito chato.
Lembranças de Daniel...
– Vamos fazer um jogo! – dissera Trelawney batendo as mãos de forma animada e logo trocando os casais.
Logo pegara Hermione pelo braço e colocara-a em par com Pansy, as duas olharam para a professora confusas. Trelawney puxara então Daniel botando-o de frente para Draco, forçando os dois a ficarem em posição de valsa. Os dois imediatamente começaram a questionar.
– Acho que houve um engano! – dissera Draco com raiva. Dan que mal conseguia se segurar de raiva apenas fazia sinais ofensivos atrás dela.
– Sejam bonzinhos, ok? – dissera ela para todos. – Vamos dançar com alegria e entusiasmo porque adoramos dançar. – Daniel se imaginara arrancando a cabeça de Trelawney fora e mastigando seus ossos. – Quando a música parar e eu gritar “troquem” parem de dançar e peguem a pessoa que estiver mais perto.
A música começara. Draco e Dan, que valsavam juntos, olhavam com ódio para todas direções daquela sala, menos um para o outro.
– Quando foi que você e Dan descobriram a dança de salão? – perguntara Pansy num olhar sarcástico para a castanha enquanto valsavam.
– Obviamente pouco antes de você e Draco. – respondera Hermione no mesmo tom.
...
– Foi muito estranho encontrá-lo no meu quarto aquele dia. – dissera Draco agora encarando Dan de forma suspeita. – O que houve?
– O seu quarto tem muita atração paisagista, nunca reparou? Tem uma vista linda lá. – respondera Daniel de forma tensa tentando manter o ar descontraído.
– Foi o único motivo de ter ido à minha sala? Digo, além de ter ido me entregar a carta da minha mãe. – perguntara Draco olhando-o torto.
– Não, o frigobar também é atraente. Apesar de já ter sido mais.
– E a camisinha?
– O que? – perguntara Dan num sorriso tentando não se desesperar.
– Encontrei uma camisinha no meu quarto.
– Troquem! – dissera Trelawney e Daniel fora numa velocidade absurda arrancar Pansy de perto de Hermione dizendo um rápido “Com licença” e fazendo-a de par.
...
– Estamos mortos. Ele encontrou a camisinha. – dissera Daniel para a morena enquanto a guiava.
– Eu sei. Já falamos a respeito. Não se preocupe. – dissera Pansy para o loiro.
– Sério? Ele não vai ligar se explorarmos nossos corpos na cama dele? – perguntara o loiro sarcástico.
– Não está desconfiando de nós.
– O que quer dizer? – perguntara o loiro confuso ao ver um sorriso divertido nos lábios da morena.
– Não está desconfiando de mim, eu quero dizer. Tem outra protagonista em mente.
...
– Quando começou a gostar de dança de salão? – perguntara Draco num olhar sarcasticamente interessado enquanto guiava Hermione.
– É o castigo de Dan, ele... – ela engolira em seco ao notar o olhar indagador do loiro. – Ele precisa fazer uma matéria extracurricular para passar de ano, precisava de um par.
– E por que ele pediu a você e não a... Sei lá, Pansy? – ele perguntara numa voz mais acusadora, Hermione dera de ombros não entendendo bem o tom de voz dele e ficando sem palavras.
– Sei lá, somos amigos. Amigos se ajudam.
– Então é isso o que vocês são mesmo: amigos?
– Troquem!
– Com licença. Preciso falar com você. – dissera Daniel falsamente cordial e puxando-a para ser seu par.
...
– O que deu nele? – perguntara Hermione enquanto dançava com Dan.
– Nada. Ele pensa que estamos fazendo aquilo. – dissera Dan de forma simples enquanto a guiava. A castanha ainda o olhara tentando traduzir aquelas palavras.
– O que? – questionara ela finalmente de forma ameaçadora.
– Bem, acha que estamos fazendo sexo. Nos conhecendo no sentido bíblico... – Daniel vira Hermione abrir e fechar a boca em nervoso sabendo que não conseguia achar as palavras certas.
– Não é possível. – ela rira nervosa. – Ele nunca acharia isso.
– Não em circunstâncias normais. Mas ele interpretou mal certos acontecimentos.
– Que acontecimentos?
– Troquem!
**
– Draco, vamos falar do pacto abjeto que toda a Sonserina comenta que você fez no segundo ano. – indagara Snape. Draco rira.
– Isso foi há quatro anos. – o loiro dissera achando aquilo ridículo.
– Espera, que pacto? – alarmara-se a subdiretora. Draco respirara entediado antes de começar.
– Quando eu estava no segundo ano o pessoal do sexto ano fez uma brincadeira horrível. Picharam os quadros, detonaram o quarto andar. Um horror. E Daniel e eu combinamos que no penúltimo ano, que pode ser o último para muitos já que nem todos voltam para o sétimo, agora muito menos, faríamos a maior brincadeira de todas. Falamos disso por anos.
– Então foi você. – dissera McGonnagal ainda alarmada.
– Não. – dissera Draco sem se alterar. – Caso não tenha notado, Daniel e eu estamos brigados. Não lembrava disso até... – então ele parara pensativo olhando o nada.
– O que foi? – pressionara Snape. Draco o olhara
.
– Eu garanto que não fiz nada... Mas não posso falar por Daniel.
Lembranças do Draco...
– Então? Era mesmo o que você estava pensando? – indagara Pansy para Draco enquanto dançavam.
– Está falando de que? – ele perguntara sem desviar a atenção de Dan que acabara de pegar Hermione dos seus braços para dançar e que agora pareciam estar num diálogo interessante.
– Dos dois, eu sei que você está achando que eles estão tendo um caso. Eu não o culpo, também acho isso às vezes. – Draco respirara pesadamente contrariado. – Eu realmente não entendo por quê você ainda mantém essa relação com a Granger... Quero dizer, por que isso ainda te afeta, afinal? Quando é mais que óbvio que ela te faz de idiota perante toda a escola. Como agora que ela anda se encontrando com Dan às suas costas. Tem certeza que irá lutar ao lado dela na guerra? Ela já tem muitos que façam isso por ela. Não precisa de você. – Draco olhara diretamente para a morena de forma séria, o que a fizera calar imediatamente.
“A questão é que eu preciso dela...”, Draco sentira vontade de dizer, mas não o dissera.
– Eu já a esqueci. Não me importo mais com ela.
– Troquem!
Draco mal ouvira aquela ordem e já fora em passos firmes até Dan e Hermione e puxara Daniel pela gola da camisa para ser seu par. Daniel ainda dera um sorriso derrotado e nervoso ao ver o olhar ameaçador de Draco.
– Ok. Então, quer me dizer o que está acontecendo? – perguntara Draco obviamente já alterado.
– Não é o que está pensando. Nem de longe. – dissera Dan tentando acalmá-lo e até mesmo achando uma ligeira graça naquele absurdo.
– Como sabe o que eu penso? – alfinetara Draco.
– Bem, porque está na sua cara. Sim, eu e Hermione estamos sempre juntos ultimamente. Porque ela me ajuda com as aulas de dança e eu a ajudo com a animagalia.
– O que? Você a está ensinando animagalia? – Draco quase gritara de fúria de forma ameaçadora parando de valsar. Daniel o puxara para mais longe dos outros.
– Está vendo? É por isso que não podíamos te contar, porque tínhamos certeza que você reagiria mal. Que bom que estávamos errados quanto a isso. – dissera Daniel sarcástico tentando acalmar o outro.
– Eu não mandei você ficar longe dela? – dissera Draco entre dentes. – E que eu não queria mais recursos para ela se meter nessa guerra?
– Foi. Mas vamos ao assunto que realmente interessa. – dissera Daniel ignorando seu tom agressivo. – É interessante. Conhecemos tantas garotas de cabelos exóticos e você foi pensar justamente na Hermione. Por que?
– Não vai escapar tentando me analisar. – dissera Draco estalando a raiva no maxilar.
– Fiz uma pergunta simples. – Daniel dissera com um falso sorriso inocente nos lábios. – Hermione não é mais sua namorada.
– É verdade. – respondera Draco contrariado.
– Certo. Então, por que... – ele sorrira vitorioso e feliz por finalmente chegar ao ponto que queria. – Estamos tendo esta conversa? Você não deixou bem claro que cada um precisava seguir seu próprio caminho?
– Sim... – Draco respondia tenso. – Mas não me ocorreu...
– O que? Que ela também seguira o seu caminho? Ou que esse caminho incluiria a mim? – Draco o olhara mortalmente sem palavras. – Merlin! É sempre assim. Você fala muito, mas não escuta a si mesmo. Diz pra si mesmo que a esqueceu, que está melhor sem ela, que desistiu, mas é mentira. – Draco rira das palavras dele.
– Não sabe o que está dizendo.
– Olhe aquela menina. – dissera Dan agora apontando para Hermione que dançava olhando pro nada com um garoto espinhento. – Olhe para ela. Ela é uma Deusa. – Draco respirara pesadamente odiando o incomodo no seu peito.
– Acha que vai demorar para outro chegar e se interessar por ela? E o que você vai fazer?
– Vou ver quando acontecer. – respondera Draco contrariado.
– É melhor pensar agora no que vai fazer. Porque o cara não será seu melhor amigo e não pedirá sua permissão. Vai olhar para ela e tirá-la de você.
– Você não pediu minha permissão, Dan. – alfinetara Draco. – Esqueceu disso? – Daniel rira com raiva.
– Você sofre de algum problema de interpretação? Acho que as aulas de teatro não te ajudaram muito. Eu. Não. Tenho. Nada. Com. Ela!
– Então vocês são apenas amigos? – perguntara Draco maldosamente. Daniel olhara contrariado pro nada.
– A palavra de novo: amigo. – ele dissera com nojo agora se alterando. – Me responda sinceramente, Draco.
– O que?
– Você faz realmente idéia das burradas que está fazendo? Digo em relação à Hermione. Ou melhor. Você vai perder a garota maravilhosa que tem só porque está com com ciúmes de mim? Você a ama ou não?
– Eu queria te fazer a mesma pergunta. – Draco dissera sem se afetar. Daniel explodira.
– Quantas vezes vou ter que responder a merda dessa pergunta?
– Tudo bem, então... O que você está escondendo, Daniel?
– O que?
– Ainda não respondeu a minha pergunta. Por que a camisinha?
– Merlin! – Daniel olhara para o teto respirando fundo.
– Troquem!
Daniel passara por Hermione dizendo pra si mesmo “Não acredito nesse cara...”, e fora pra fora do Salão decidido, logo sendo seguido por Pansy. Draco e Hermione se entreolharam de longe.
**
– Profª. McGonnagal... – começara Daniel num falso tom sensato. – A senhora é uma mulher equilibrada e sensata... – a professora levantara uma sobrancelha, sabia que ele lhe lembrava um aluno de muitos anos atrás. – E é óbvio que não sou responsável por este fiasco. Então por que... Por que ainda estamos aqui?
– Estamos aqui, Sr. Conl, porque um pequeno detalhe veio à tona. – dissera a professora. – E ele sugere que levemos no mínimo de atenção todos os seus passos de ontem. – Dan olhara desconfiado da subdiretora para o diretor da Sonserina e então respirara derrotado.
– Estão sabendo do meu pacto com Draco.
– Então você também se lembra. – dissera Snape sarcástico.
– Bem, claro que me lembro. Foi minha idéia. – Snape olhara vitorioso para McGonnagal. – Mas lhe ocorreu... – Dan chamara a atenção dos dois. – Que meu ex-melhor-amigo só deu a dica ou até fingiu sinceridade apenas para tirar as suspeitas que há sobre ele?
– Sr. Conl... – começara McGonnagal severamente. – A justiça não é cega. Se Malfoy for o responsável, vamos pegá-lo. Assim como pegaremos você.
Lembranças de Daniel...
– Ele é inacreditável! – reclamava Daniel no corredor do castelo. – Ele é um rancoroso, teimoso, escroto e idiota! Sinceramente ele e Hermione se merecem!
– Calma. Se acalma. – dizia Pansy para ele.
– E, Pansy, na boa... É melhor a gente parar de se encontrar também. Não é por nada não, mas você é ex do Draco e mais confusão é a última coisa de que preciso. – ele dissera ainda eufórico, mas a morena o abraçara olhando-o nos olhos.
– Isso não tem a ver com mais ninguém, lembra? Deixa aqueles dois idiotas para lá.
– Não os xingue na minha frente, ok?!
– O que? – perguntara a morena confusa quando ele saíra dos seus braços alterado. – Mas você acabou de dizer...
– Só eu posso chamá-los de idiota, ta bom? Mais ninguém!
– Daniel, vem cá. – ela dissera puxando o loiro contrariado para os seus braços, mas então os dois sentiram mais duas presenças no local. Dan ainda rira sarcástico quando avistara Draco e Hermione.
– O que está acontecendo aqui? – perguntara Draco curioso.
– Nada. – dissera Pansy rapidamente saindo de perto do loiro.
– É ela? – perguntara Hermione atônita para Dan. – Não tinha alguém menos confiável para se envolver, não? Vai acabar se machucando. O que é isso?
– Nada. – respondera Dan seco.
– Nada? – indagara Hermione em sarcasmo.
– Já fizemos uma pesquisa exaustiva. Não é nada. – respondera Daniel contrariado. Então uma pequena risada invadira o ambiente. Todos olharam para Draco que tentava segurar o riso sem sucesso.
– Qual é a graça? – perguntara Hermione irritada.
– Ainda não sei, mas... – e Draco recomeçara a rir.
– Que ótimo, Draco. Finalmente alguém aqui está se divertindo com a situação. – dissera Daniel entre dentes fazendo Draco rir mais ainda.
– Pára! – mandara a castanha, mas Draco a olhara rindo mais ainda.
– Tudo bem, Hermione, deixe o idiota rir um pouco mais. Assim ele se distrai da piada que ele é. – dissera Daniel maldosamente.
– Como assim? – perguntara Draco saindo aos poucos da sua crise de risos.
– Ué, o cara que não sabe o que quer da vida. Ou você sabe? – alfinetara Daniel.
– Está arrumando confusão comigo, mesmo? – desafiara Draco.
– Estou. Por quê? Vai me bater?
– Detenção!
– Como é que é? Outra? Você só deve estar de sacanagem!
– É assim que se abusa do poder, meu querido. – dissera Draco com um sorriso nos lábios.
– E se eu não cumprir a detenção?
– Tiro pontos da sua casa.
– Ô animal, somos da mesma casa! – indagara Daniel. Draco parara pra pensar vendo que ele estava certo.
– Querem saber? Já chega! Chega disso tudo. – dissera Hermione revoltada. – Daniel, vamos embora! Ainda temos um assunto pendente...
– Isso fica para depois! – dissera ele brutamente se desviando dela. – Não estou com humor hoje não. Já cheguei no meu limite com vocês hoje. – e dizendo isso tomara seu rumo decidido deixando uma Hermione ofendida para trás.
– E espero que esteja indo para a Sonserina! – alfinetara Draco para ele em um irônico aviso. Se virando também para Pansy. – E você? Está fazendo o que fora da cama? Toma teu rumo! – a garota contrariada fora em passos rápido descendo as escadas. Draco olhara então para Hermione sério, ela respirava com dificuldade olhando pro nada. – E você? – ela o olhara. – Tem mais alguma coisa pra dizer?
Ambigüidade faz as pessoas sofrerem
A evidência de amor não pode ser encontrada
Quando eu devo prosseguir?
Quando eu devo desistir?
Eu nem consigo reunir a coragem para te abraçar...
A garota respirava com dificuldade, seus olhos começavam a ficar embaçados e Draco observava todo o processo engolindo em seco. Ela estava transtornada, ele via... Ela tinha tanta coisa para dizer, mas só se sentia instigada a uma coisa... Então num impulso que surgira do nada, a castanha dera meia volta e correra na mesma direção em que Daniel fora. Um processo que Draco vira quase em câmera lenta.
Ambigüidade faz as pessoas ficarem mesquinhas.
Até que o esperar perde o seu significado
Embora eu e você não possamos escrever os finais.
Deixe a beleza da misericórdia...
**
– Pode ir. – dissera Snape.
– Posso? – surpreendera-se Hermione levantando a cabeça.
– Assim que me disser onde estava... Para onde foi depois das aulas de dança...
– Eu já disse um milhão de vezes... – dissera Hermione num suspiro desanimado. – Mais uma vez, como eu já disse... Fui atrás do Dan.
Lembranças de Hermione...
– Dan! Dan! – chamava Hermione enquanto corria em direção ao loiro quando o avistara num corredor inferior, do qual andava em passos rápidos e raivosos.
– Vai dormir, Hermione. – dissera Daniel sem parar de andar, mas ela o alcançara se pondo de frente para ele.
– Espera. Fala comigo, por favor. O que foi? – ela perguntava eufórica. – O que está havendo conosco?
– O que quer dizer? – perguntara o loiro contrariado.
– Entenda... Eu não queria... – ela respirava com dificuldade. – Eu não queria que você e Draco brigassem.
– Não? – ele perguntara com sarcasmo. – Isso é surpresa pra mim!
– Eu não queria mesmo.
– Então o que pensa que está fazendo? Hein?
– Eu só... Só... Dando o exemplo. – ela respondera envergonhada. O loiro respirara irritado passando por ela.
– Essa foi a pior resposta que eu já ouvi.
– É sério! – ela dissera se virando para as costas dele, fazendo-o parar de andar. – Merlin, o que há de tão errado em querer se animaga? Vocês dois também são!
– É só isso o que você quer? – ele perguntara agressivamente se virando para ela e se aproximando. – É? Então venha comigo. – ele disse a puxando agressivamente e entrando com ela pra dentro de uma sala vazia.
– O que...
– Tome! – ele dissera lhe oferecendo a poção animaga. – Não é o que você quer? Então, tome agora. Vamos descobrir que tipo de animal você é.
A garota demorara um pouco receosa para pegar o frasco com o líquido cor de sangue das mãos do loiro, medindo os batimentos alarmados no seu peito, mas o fizera. Ele cruzara os braços desafiadoramente enquanto ela destampava o frasco. Ela ainda olhara uma última vez para Daniel.
– Se é o que você realmente quer... – ele repetira quase num sussurro. – Vai doer.
Ela respirara fundo e tomara toda poção de uma vez. O líquido descera como absinto pela garganta da garota, fazendo ela se contrair e se desequilibrar. Sentia suas veias arderem e estalarem, seus olhos lacrimejarem... A dor na cabeça era tanta que não conseguia abrir os olhos. Caíra de joelhos ao sentir uma dor absurda por todos os seus músculos. Aquilo tirava-lhe o ar como se fosse um veneno, ela chorava.
– Dan... – ela chamava.
– Você é fraca! Não tem porte, nem resistência suficiente para se tornar uma animaga. Não sei por que estou perdendo meu tempo com você! – ele dizia irritado e sentindo-se mal ao vê-la daquele jeito. Mas ainda encostado na porta de braços cruzados, não querendo demonstrar isso.
– O que houve com você? – ela gritara de raiva pra ele em meio ao choro.
– O que houve com você, Hermione Granger? Essa é a pergunta.
– Eu só quero...
– Você sempre quer... Sem se importar com as conseqüências disso.
– As conseqüências só viriam... – ela dizia suportando mais a dor ao falar com ele. – Se Draco descobrisse... O que não vai acontecer...
– Ah! Claro... – ele debochara – O detector de tramóias dele nem deve estar gritando como uma sirene agora... – mas a garota não respondera, apenas soltara um grunhido de dor, se encolhendo no chão. O loiro girara os olhos contrariado e transfigurara uma bacia de prata ao lado dela. – Vomite.
A castanha mal ouvira a ordem e já se arrastara às pressas para a bacia se jogando praticamente em cima dela botando pra fora aquela poção que parecia a estar matando, e logo se jogara no chão de volta, exausta. Daniel se aproximara e se agachara frente à bacia. Vira o seu contudo tomar uma tonalidade escura, arroxeada, até finalmente ficar completamente negra.
– Muito bem, teve sorte. – ele dissera. – Seu elemento é Terra. – ele se virara agora para castanha. – Não será tão trabalhoso se transformar.
Hermione sentira-se perder os sentidos, de repente abrira os olhos e não estava mais naquela sala e sim num salão imenso, que não conseguia distinguir onde acabava de tão escuro. Luzes fracas iluminavam o lugar e ela pôde ver o contorno de uma pessoa a sua frente, mas estava fraca demais para identificá-la.
– O que eu fiz? – ela perguntara receosa para si mesma.
– Seguiu seus impulsos como sempre. – dissera a voz firme e masculina à sua frente. – Mas não se preocupe, só está um pouco ferida, o que facilitou a minha penetração na sua mente.
– Minha mente? Por que...?
– Porque o nosso encontro se aproxima, Granger... Está na hora de você ser treinada de verdade. Você não quer ser poderosa? Vamos ver até onde você consegue ir...
– Não entendo o que quer dizer... Quem é você? – dissera Hermione tentando enxergar melhor.
– Agora só posso lhe adiantar um conselho... – ele dissera numa voz mais calorosa, mas ainda sim fria, se aproximando dela. Ela espreitara os olhos, mas ainda assim não conseguira ver nada além de seu contorno. – Me preocuparia mais se fosse você, com suas atitudes. – ela sentira sua garganta doer e seu peito inflar ao ouvir aquilo. - É assim que acontece quando somos um pouco egoístas. Machucamos metade dos que nos amam e destruímos metade do que somos. Pois é o egoísmo que nos torna alguém ruim nessa guerra. Não estamos no tempo em que futilidades comuns não fazem nenhuma diferença aqui. Nessa guerra o menor dos deslizes pode garantir a dor dos mais heróicos. Principalmente vindo de alguém que tem o coração desses heróis em suas mãos... O que você fará com eles é a pergunta... Talvez esteja na hora de se preocupar um pouco com outra pessoa que não você mesma,... Hermione Granger...
Ela sentira-se chorar... E sentira-se despertar...
Daniel usara a varinha para se livrar da poção e da bacia e logo transfigurara um pano úmido do qual passara pelos braços e pernas da garota, passara o pano com cuidado também envolta de sua garganta e o depositara na testa suada e quente dela, afastando seus cachos castanhos do rosto.
– Eu... Eu não queria que vocês brigassem. – ela dissera com dificuldade num sussurro quando vira pela fresta dos olhos os olhos escuros de Daniel.
– Ainda vamos brigar muito até voltarmos a ser o que éramos antes. – dissera ele mais calmo, virando o pano em sua testa.
– Eu provoquei isso... – ela dissera. – Mas foi sem querer... – o loiro respirara pesadamente sentindo seu peito inflar. – Eu sinto muito, Daniel... – ela dissera o olhando fixamente ainda com os olhos cansados. – Você é... Muito importante pra mim. Tem coisas que eu não consigo... Dizer... Mas se tem alguém pra quem consigo dizer “eu te amo”... – ele deixara o ar sair se surpreendendo e afetando com aquelas palavras. – Sem medo ou dúvida... Esse alguém é você.
- Ah é mesmo, e por que isso? – Ele perguntara em desdém.
– Você tem sido o meu mais leal amigo... Eu te amo por isso. Vou amar para sempre. Me desculpe por não conseguir... Olhar a minha volta. Por ter sido... Egoísta. É que Draco... –lágrimas caíram dos seus olhos castanhos, Dan delicadamente as secara com os dedos. – Me desculpe...
– Está bem, Hermigatinha... Já passou. – ele dissera meigamente com um sorriso triste nos lábios, com a garganta seca. – Me desculpe também. Agora, por favor, apenas descanse e me diga a senha atual da Grifinória que vou te levar pra Casa.
E assim Hermione se entregara a exaustão e Daniel a pegara nos braços e fizera uma caminhada silenciosa pelos corredores de Hogwarts em direção a Grifinória.
Só posso te acompanhar até aqui
Afinal, há coisas que não podemos fazer.
Somos mais que amigos,
Mas ainda não somos um casal
Parece que lá longe choverá em breve...
**
– É, Sr. Conl. – dissera McGonnagal. – Seu relato bate com a da Srta. Granger. Ela fora até você unicamente para lhe pedir desculpas e dar boa noite. Depois ambos foram cada um para sua Casa.
– Exato. – confirmara Dan simplesmente.
– Muito bem, então... Pode ir.
– Ótimo! Foi uma maravilhosa experiência. – dissera ele se levantando animado, mas parara na porta da Diretoria.
– Tem mais alguma coisa que gostaria de dizer, Sr. Conl? – perguntara Snape desconfiado. Dan respirara pesadamente e olhara para os dois.
– É que... Não acho que tenha sido o Draco. – ele pausara. – Sinceramente... Ele é bonzinho demais para cometer esse crime, pelo menos sem minha persuasão.
**
Draco parara na porta da Diretoria e virara-se para os dois professores contrariado.
– Olha... Daniel pode ser convencido, mas não é burro. Ele sabe que está por um triz e não ia colocar em risco seu futuro acadêmico com uma brincadeira que fosse tão grande assim.
Os dois professores se entreolharam, Draco pôde ver um ligeiro sorriso nos lábios da subdiretora e descera as escadas da Diretoria. Ao pé da escada vira um loiro de cabelos espetados encostado desleixadamente.
– Então? – perguntara Daniel.
– Foi um dia produtivo. – respondera Draco com um ligeiro sorriso nos lábios. Daniel também sorrira em resposta, os dois seguiram silenciosamente para as masmorras. – Isso não quer dizer que algo tenha mudado...
– Eu sei. Ainda há tempo para isso... – dissera Daniel de forma descontraída. – E se não der certo, podemos nos matar.
**
– Não há motivos para acusarem a minha filha de ter tomado parte dessa brincadeira! – dissera uma senhora bonita de cabelos negros na altura dos ombros, na manhã seguinte na Diretoria de Hogwarts. – Deviam se envergonhar!
– Na verdade, Sra. Parkinson, temos provas concretas da participação da Srta. Pamela. – dissera McGonnagal.
– E que provas seriam essas? – indagara a mulher na mesma arrogância da filha, que agora mantinha-se emburrada sentada de frente para os dois professores.
– A sua filha foi vista em três das quatro cenas do crime. – dissera Snape olhando de Pansy para a mulher autoritária ao seu lado. – A Diretoria... – enumerava ele. – De onde foram retirados os quadros; a Biblioteca... Onde estavam os livros da Sessão Reservada; Sala de Teatro onde estavam guardados os enfeites para a festa do final do ano e provavelmente de madrugada fora no terceiro andar cuidar do seqüestro do Fofo ao invés de voltar para seu Salão Comunal.
– Você me envergonhou, Pamela! – dissera a mulher para Pansy de forma enojada. A garota apenas respirara contrariada. – Acho que uma semana de suspensão é o suficiente.
– Duas! – dissera McGonnagal de forma firme. – Voltando unicamente para a Formatura.
– E no ano que vem estará em condicional, para que isso não se repita. Eu, como diretor da sua casa, cuidarei pessoalmente disso. – dissera Snape friamente fazendo Pansy dar um sorriso raivoso e sarcástico pro nada. – Ah! E acaba de perder seu cargo de Vice Monitora-Chefe de Hogwarts, sem direito a reafirmação.
Hermione saía do Salão Comunal com Harry, Ron e Gina que ouviam tudo sobre o interrogatório para o qual ficara quase até de madrugada, quando uma voz a surpreendera.
– Hei, Hermigatinha. – Hermione vira Pansy à sua frente com uma mala de viagem e uma cara revoltada. – Diga aos meninos que admiro a inteligência do plano deles. Acho que finalmente fui pega pelo carma, não é? Pode deixar que não escreverei mais matérias para o Profeta de Hogwarts. – ela disse se virando, mas logo voltara-se. – Ou melhor... Diga a eles que eu disse... “Touché”. – e num sorriso sarcástico fora embora com a Sra. Parkinson para o hall do castelo.
– Vocês ouviram o mesmo que eu ouvi? – perguntara Gina confusa para os três.
Hermione sentira um sorriso animado espalhar-se por seus lábios e saíra correndo pelo caminho contrário ignorando o chamado dos outros três.
– Hei, estou aqui. – dissera Daniel divertido ao ver Hermione passar veloz por ele e logo voltando-se para ele, que estava encostado na pilastra do portão do campo de Quadribol.
– Te procurei pelo castelo inteiro! – ela dissera ainda eufórica com um sorriso nos lábios. – Foram vocês! Você e Draco fizeram aquilo tudo!
– A gente? Não... – dissera ele sarcástico. – Deve ter sido coisa da Parkinson.
– Vocês são incríveis! – ela respondera entre risos. Ele rira com ela, agradecendo com um aceno de cabeça.
– Ela teve o que mereceu. Carma! – a castanha rira. – Estava há meses pedindo por isso.
– Espera... Quer dizer... – ela começara esperançosa. – Que você e Draco...
– Não... – ele dissera conformado. – Eu disse, ainda teremos de brigar um bocado. Ele vai precisar levar umas porradas ainda para voltar a si. – Hermione respirara derrotada. O loiro batera as mãos. – Mas pacto é pacto! E até mesmo sonserinos canalhas tem código de honra. – ele dissera com um sorriso canalha nos lábios.
- Sei. – ela dissera rindo também. – Mas como conseguiram armar isso tudo e não voltarem a se falar? Diga a verdade Daniel! – ela dissera com um sorrisinho maroto nos lábios.
- Aprenda uma coisa minha querida. – ele dissera depois de suspirar derrotado. – Somos Sonserinos... conseguimos coisas que estão além da compreensão de vocês Grifinórios ingênuos... – A castanha fechara a cara em sarcasmo. – Resumindo: Inimigos na vida... Parceiros no Crime. – Ele finalizara com um sorriso canalha.
- Cínicos. – ela respondera com um sorriso sarcástico.
– E você, grifinória? Preparada? – a castanha olhara para dentro do campo de Quadribol onde Draco se encontrava guardando as coisas.
– É... Eu nunca saberei se não tentar. Será minha última tentativa.
– Vai buscar o que é teu. – dissera Daniel dando uma piscadela comprometedora para a castanha que sorrira animada e correra para o campo.
Daniel ainda vira Hermione correr para dentro do campo sentindo-se respirar pesadamente, sentira um receio e uma angústia em seu peito. O céu começava a escurecer e a brisa ficar forte.
– Trate-a bem, Draco... – e dizendo isso fora tomar seu rumo lentamente para dentro do castelo.
Ambigüidade faz as pessoas sofrerem
A evidência de amor não pode ser encontrada
Quando eu devo prosseguir?
Quando eu devo desistir?
Eu nem consigo reunir a coragem para te abraçar...
Draco estava totalmente suado, arrancara suas vestes de Quadribol encharcadas do corpo. Sentira uma brisa forte bater contra o seu rosto e fechara os olhos, sentindo aquele frescor. Seus cabelos platinados rebatendo-se em todas as direções. Uma recente calma passar dolorosamente pelas suas veias até seu coração. Abrira os olhos para mirar o céu por um tempo. Poucas nuvens, o sol se escondendo aos poucos por trás das montanhas que rodeavam toda lateral de Hogwarts. Poderia se perder naquele céu.
E se fugisse? Para nunca mais voltar, para nunca mais ver seu pai ou Voldemort? Conseguiria ficar tanto tempo longe de Hermione? Mesmo que olhar para ela significasse chorar por dentro. Fora quando sentira mais uma presença a poucos metros de si. Baixara os olhos e com o cenho franzido e até um pouco receoso vira Hermione ali, encará-lo com uma calma e ao mesmo tempo um pouco de determinação. Ouvira ela seus sentimentos? Seu coração acelerado?
– O que você quer? – perguntara ele até mesmo um pouco grosseiro, mas engolindo em seco ao ver que ela não se intimidara nem um pouco com o seu tom e que não mantinha mais as lágrimas em seus olhos.
O que ela estava planejando? Ela inclinara um pouco o rosto pro lado de um jeito quase desafiador, mas com um quê brincalhão antes de responder. Ele fechara ainda mais a expressão.
– Eu quero lhe pedir uma coisa. – ela dissera muito calma e confiante. Ele não conseguia parar de engolir em seco, como se lhe faltasse saliva na boca.
– Pedir o que?
– Preciso de um momento com você. – ela dissera se aproximando perigosamente dele, sem desviar as íris castanhas confiantes das suas enquanto ele observava tal processo respirando pesadamente, como se a aproximação dela fosse semelhante à de um Dementador, prestes a roubar-lhe o pouco de vida que ainda continha. – Só um momento, Draco. – ela repetira ainda perigosamente, quase que adivinhando seus pensamentos. Ele desviara rapidamente as íris cinza tentando se afastar.
– Já tivemos todo momento necessário, Granger. – ele dissera ainda tentando manter seu tom firme e intimidador. – Não vou voltar pra você.
– Olha... Eu não faria tanto escândalo se fosse você... – ela dissera ainda calma, não se magoando nem um pouco com suas palavras e até rindo de leve. Ele a olhara com o cenho franzido achando aquela frase estranha, sabia que já tinha ouvido em algum lugar. – Pode acabar se contradizendo. – ele lembrara, fora ele quem a dissera antes, para ela num dos corredores do castelo, parecia ter acontecido há anos. Respirara pesadamente mais uma vez lembrando daquilo e mirando ainda com o cenho franzido o sorriso sapeca tentando ganhar vida na face da garota.
– O que você quer? – ele perguntara novamente dessa vez mais calmo, contrariado e derrotado.
Ela em resposta sorrira transfigurando uma vassoura, que ele sabia pertencer a ela. Não sabia por que lembrava disso. Mas o sabia porque a única vez que vira Hermione com ela fora nas aulas de vôo do primeiro ano, nas quais ela se saíra horrivelmente mal.
– Pra quê isso?
– Suba. – ela dissera simplesmente.
– O que? – ele dissera achando aquilo esquisito e até mesmo ridículo, por que subiria naquela vassoura velha?
– Suba. – ela repetira.
– Eu já tenho uma vassoura.
– Dessa vez não é você quem vai pilotar, Draco, sou eu. – ela dissera com um meio sorrisinho nos lábios. Draco ainda a encarara por alguns segundos antes de começar a rir da garota com vontade. Não chegava a ser uma gargalhada, mas era a primeira vez que achava graça de alguma coisa em semanas, tirando o dia anterior. – Qual é a graça? – ela perguntara finalmente ofendida.
– Se você quer me matar, Hermione, ponha veneno na minha comida. Eu prefiro. – ele dissera aos risos enquanto dava as costas à garota e tomava seu rumo de volta para o vestiário. Mas a voz da garota o fizera parar o seu caminho, porém continuava aos risos.
– Eu não vou te matar. – ela dissera quase revoltada e até um pouco envergonhada. – Posso não ser uma apanhadora, mas sei como funciona uma vassoura.
– Sim, no mundo trouxa. – ele dissera se virando de volta. – Ainda me lembro de sua expressão facial da última vez que subiu numa vassoura, Hermione, e dos gritos. Me deixaram surdo por cinco dias. – ele dissera com o cenho franzido.
– Pois bem feito. – ela dissera sapecamente com um quê de seriedade. Ele sabia porquê ela dissera isso, na época ele a levara as alturas para lhe dizer o quanto insignificante ela era, para lhe dizer que tinha outra em mente e que a obrigaria a ser namorada dele de novo apenas para fazê-la infeliz. Ele fechara a cara emburrado ao ouvir aquela provocação e suspirara entediado.
– Se você tem alguma coisa para me dizer pode me dizer aqui embaixo. – ela fizera que não com a cabeça com um sorriso nos lábios.
– Suba, Draco. É a última coisa que lhe peço. Depois pode voltar com a sua agradável missão de me evitar. Entre outras. – adicionara ela. Ele passara um tempo medindo as palavras dela e ela balançara a vassoura a sua frente. Então ele contrariado fora e se sobrepusera sobre ela.
– Você não vai subir? – ele perguntara irritado a mirando ali muito próximo dele com os lábios absurdamente vermelhos sentindo seu peito inflar.
– Para trás, Draco. – ele rira com raiva.
– Eu não vou deixar você nos matar, Hermione, é sério. Me fala aonde você quer ir e eu piloto.
– Para trás. – ela brigara empurrando-o para trás e se sobrepondo em cima da vassoura a frente dele. – Segure-se em mim. – ela dissera e ele sentira seu peito gritar em contrariedade, olhara para os lados irritado e prendera seus braços em volta da fina cintura da garota.
Sentira o arrepio percorrer todo o corpo da garota e sentira a mesma vontade de antes. O perfume doce dos cachos dela e a respiração tensa da garota que não sabia como sair do chão, muito menos como se manter indiferente com aquele contato com o loiro.
Ela o sentira aproximar os lábios perigosamente de sua orelha direita e sentira o Inácio debater-se contra a parede de seu estômago enquanto toda uma corrente elétrica passava por seus poros.
– Precisa tomar impulso, Hermione. – ele dissera na sua voz rouca.
Ela sentindo seu peito explodir de alívio, fizera um nervoso aceno positivo com a cabeça e dobrara os joelhos tomando impulso e finalmente tirando os dois do chão.
O loiro a segurara com força na cintura, sentindo com a velocidade que os dois iam pra cima, que a sua morte estava muito próxima. Notava que a sua frente a garota fazia um absurdo esforço para não demonstrar pavor. Novamente fora tomado pelas lembranças daquele dia em que ela gritava contra o seu peito enquanto ele os levava para cada vez mais alto e longe do castelo. Ele se atrevera a olhar para trás e notara engolindo em seco que estavam indo para uma altura cada vez mais mortal, e que o castelo começava a ficar pequeno.
– Hermione! – ele chamara, mas ela não respondera. Então gritara. – HERMIONE!
– O que? – ela gritara de volta, ele notara que toda confiança se esvaíra da voz da garota, porém ela ainda tentava disfarçar.
– Para onde estamos indo?
– Para as e... – ela gritara. Mas ele não ouvira, a ventania era ensurdecedora.
– Para onde?
– Para as estrelas! – “O que?”, ele dissera totalmente atônito, mas nenhuma voz saíra de sua boca. “Ela só pode estar maluca.”, pensara ele. – Não se preocupe... estamos chegando!
Fora quando ele olhara para cima e fechara os olhos na mesma hora em que atravessaram geladas e úmidas nuvens que felizmente não estavam carregadas. E então tudo se acalmara, a ventania cessara e todo o céu já estava escuro, quase negro. Ele olhara espantado, não acreditando de onde estava. Parecia que aquele turbilhão de estrelas estava a poucos metros deles, e que era só ele esticar o braço para pegá-las. Nunca presenciara nada mais lindo e perfeito e Hermione ainda estava ali, com o corpo grudado ao seu a sua frente, enquanto ele a enlaçava pela cintura, mirando as estrelas ainda pasmo.
– Melhor do que ir ao planetário. – ela comentara, rindo encantada também para as estrelas. Ele suspirara em meio a um sorriso também maravilhado. – Como vê, eu não faço só besteiras, Malfoy.
Finalmente ele respirara mais calmamente abaixando a cabeça, olhando para o rosto da castanha ali tão próximo inclinado para ele. A mirava sério tentando não sucumbir àqueles lábios que chamavam pelos deles.
– Não precisa ficar fazendo essas coisas para me comover, Hermione. – ele dissera numa voz compreensiva, não tinha mais como ser grosso com ela. – Nunca precisou de ajuda para me quebrar. Sabe disso.
– Não foi por isso que te trouxe aqui.
– Foi por que, então? – ele perguntara já sentindo que a resposta seria dolorosa.
– Foi porque eu gosto daqui. E você e o lugar têm isso em comum.
Eu devo ou não chorar?
Sou eu que estou pensando demais ou é você?...
Ele desviara os olhos, fechara-os com força tentando fugir do olhar castanho decidido dela. Da Torre das Gárgulas, suas próprias palavras lhe vieram à mente. Ela estava jogando baixo. Muito Baixo. Por que decidira ir até ali com ela? Não tinha como fugir.
– Volta pra mim. – ela dissera firme. Ele a olhara de forma triste suspirando sua angústia ao dizer aquilo.
– Não posso.
– Por que não? – ele abaixara a cabeça sentindo que os motivos lhe escapavam aos poucos.
– Não sou mais o mesmo com você... Estou me acovardando.
– Está com medo? – ela perguntara firme, ele acenara afirmativamente com a cabeça, Não conseguiria dizer aquilo. – Eu também estou. Mas podemos lutar juntos.
– Você não tem porquê lutar por mim. – ele dissera firme sentindo seu peito explodir de dor, levantou os olhos agora compreensivos até ela que franzira o cenho.
– Draco...
Eu também não estou muito convencida
E começo a suspeitar...
– Hermione... – ele a cortara, respirara fundo antes de continuar. – Eu não sou o seu príncipe encantado. Pelo contrário, na história que você se encontra eu sou o vilão. Eu... – ele sentia a voz lhe faltar – Eu não sou uma boa pessoa....
– Não diga isso! – ela dissera agora finalmente entregue a tristeza, mas contorcendo-se para não chorar. – Você é uma ótima pessoa, Draco! Uma ótima pessoa!
– As coisas que eu fiz... Foram unicamente por sua causa, eu não deixei de ser...
– Pára de falar isso! Pará! – Hermione brigara, não queria ouvir aquilo dele, não dele. Não importava que o próprio tio dele lhe tivesse alertado, não podia ouvir isso dele. Ele parara de falar a mirando sério por um tempo, acariciando os seus cabelos.
– O Potter tem muita sorte...
– Do que está falando? – ela perguntara ainda eufórica, mas ainda sem querer chorar. Draco apenas sorrira de leve.
– Por ter tido o seu amor. – ela sentira-se destruir enxugando os olhos antes que as lágrimas escapassem– Quero que saiba, Hermione, que eu não estou com raiva de você. Apesar de estar puto com algumas coisas. Acho que finalmente entendi o seu coração... Achei que poderia curar suas feridas, que poderia fazer você amar de novo. Eu subestimei a sua auto-proteção. Eu não fazia idéia do quão profunda suas feridas eram.
– Então não me faça mais feridas!
A pessoa que está na minha frente
Ainda é o mesmo, o seu eu verdadeiro?...
– Só que ao mesmo tempo em que eu percebi isso... Notei que as minhas próprias feridas também estavam por demais profundas. Como poderíamos ficar juntos com tanta gente sendo ferida a nossa volta? – Draco olhava a sua volta enquanto falava, desabafava de verdade, ela podia ver. Como se só ela e as estrelas pudessem presenciar isso. – Depois de machucarmos tanta gente e a nós mesmos? Faz idéia de quantas pessoas teriam de morrer para que ficássemos juntos? Você tem muitas pessoas que te amam, Hermione...
– Draco...
– Eu tenho poucas. – ele dissera sério. – Já está sendo a morte pra mim decepcioná-los. Não posso vê-los mortos. – Hermione ficara séria, sentia-se destruída e egoísta por dentro.
Ambigüidade faz as pessoas sofrerem
A evidência de amor não pode ser encontrada...
Os olhos cinza e caninos de Draco em contraste com a sua pele muito clara tinham uma beleza tão triste que Hermione quase não conseguia equilibrar-se naquela vassoura com a fraqueza que invadia seu corpo. Notara que tirando isso perdera o medo da altura, Draco lhe passava uma segurança maior do que em chão firme sozinha. Notara que enquanto estava com ele sentia-se segura, não temia a mais nada agora.
– Então eu... Eu tenho que desistir de você? Como eu faria isso?
– Devia aproveitar a dádiva que tem, Hermione. – ela não entendera, estava falando da Magia Elemental? O que ela tinha a ver com aquilo? – O fato de não conseguir amar talvez torne as coisas mais fáceis pra você. Pior seria se estivesse amando.
– Não fala isso. Não é justo! – ela dissera deixando uma lágrima escapar de seus olhos, ele enxugara com o polegar. Não tinha a intenção de feri-la. – Eu sou capaz de amar, Draco. Eu só tinha medo e...
– Não precisa se explicar... – ele dissera abaixando os olhos. – Acredite, foi melhor assim. Eu me livraria de uma vez do amor se soubesse como, tornaria as coisas muito mais fácies.
– Draco...
– Desistir de você é como se eu estivesse desistindo da vida. – ele dissera olhando-a nos olhos. Era impressionante que mesmo que cada lágrima que escorresse no rosto da garota o estivesse matando, não conseguisse chorar. – Melhor seria se eu não gostasse de viver. – ela chorara com força, enquanto ele a abraçara para que ela não caísse.
Quando eu devo prosseguir?
Quando eu devo desistir?
Eu nem consigo reunir a coragem para te abraçar...
– Você que ama... Mas sou eu que choro. – ela dissera aos prantos de forma tão infantil que fizera o loiro sorrir.
– Vai entender os lobos... Vai ver não seja da nossa natureza chorar. Tente se lembrar de como tudo isso começou... Sempre fomos instigados por tanto ódio. Tirando isso, que outro sentimento nos une? Acho que foi a única vez que chegamos num acordo.
– Não é verdade... Nos apaixonamos...
– É, eu me apaixonei por você. Claro que eu não esperava por isso. Mas aconteceu. Então não tive escolha a não ser a de te obrigar a se apaixonar por mim também. – a castanha rira contra o peito dele ainda fungando. – E você realmente deu trabalho. Nunca resisti tanto à vontade de socar alguém até a morte como resisti por você. Quantas vezes, Merlin! – ela rira novamente entre as lágrimas. – E olha que chegamos a apostar que você se apaixonaria por mim e que me amaria. Você gritando todos os dias com convicção que nunca me amaria na vida. Que ganharia a aposta nem que sua vida dependesse disso. Sempre dizendo: “Eu vou ganhar a aposta! Eu vou ganhar a aposta!”.
– Pode ganhar, não faço mais questão. – ela dissera meigamente abraçando-o com força.
Ambigüidade faz as pessoas ficarem mesquinhas.
Até que o esperar perde o seu significado...
Ele se surpreendera novamente, aquelas também eram as palavras dele. Ficara sério, sombrio.
– Eu disse muitas coisas ruins a você... Dan tem razão... Te humilhei tantas vezes.
– Nos ferimos horrivelmente, de igual tamanho... Mas de formas diferentes. – ela dissera com a voz rouca ainda abraçada ao peito dele. – E você tem razão. Não só a nós... Como outras pessoas. – pensara em Harry, Dan... O loiro espetado ainda aparecera mais de uma vez em sua mente naquele momento. Ela levantara os olhos para Draco. – Como posso pedir para não desistir de mim sem isso soar egoísta? E se eu disser...
– Que me ama? Não seria sincero, seria? O problema está em dizer... Mesmo que sinta, dizer é ainda pior... Porque dizer é aceitar. – ele sorrira tristemente para ela acariciando-lhe o rosto. – E você não é do tipo de garota que se deixa ficar vulnerável... À ninguém.
Embora eu e você não possamos escrever os finais
Deixe a beleza da misericórdia
Ficar aqui...
Ela olhara revoltada para o nada odiando-se, odiando aquela força, aquele cadeado, aquela pedra que tomara conta dela e bombeava sangue para todo o seu corpo. Ele notara a fúria dela, seu sofrimento e revolta silenciosa. Notara ela olhar para as estrelas, para o nada, mesmo ao falar com ele.
– Escuta, Draco. Se você quer saber que tipo de garota eu sou... Eu realmente não sei te responder. Poucas são as coisas concretas que sei sobre mim. Por exemplo: eu sempre serei uma grifinória! Sempre serei a sangue-ruim amiga do Potter! Sempre odiarei os sonserinos em geral, incluindo a sua maldita família!
Draco não agüentava ouvir aquilo, aquela reprise de sentimentos, aquele maldito mundo que sempre cismava em dar voltas. Fechara os olhos com pesar. Não agüentava agora voltar a Casa dos Gritos, vendo o seu amor implorar do mesmo jeito que ele o fizera.
– Sempre serei essa orgulhosa que você conhece! Serei essa sangue-ruim que você odeia! Terei as manias e fisgadas suicidas que você detesta! Terei o humor eterno de TPM que você detesta e na maioria das vezes descontarei em você! Serei egoísta mesmo com as pessoas pra quem ligo! Não porque eu goste disso, mas porque eu sou muito lerda mesmo e não vejo em volta do meu umbigo quando estou muito motivada a alguma coisa. Serei teimosa e sempre me acharei a maior sabe-tudo e dona da verdade do universo! Sempre serei uma Granger! Sempre!
Oh Oh...Oh Oh...
Draco abrira os olhos cinza caninos para uma castanha que agora o encarava sem ar e com lágrimas nos olhos. Queria abraçá-la, beijá-la, levá-la para sua casa e protegê-la sob seus braços, mas ficara calado, ouvindo em silêncio o seu discurso.
– Você sempre falou de amor, enquanto eu falava de ódio, como se isso representasse o que somos. Se tudo o que eu sou... – ela chorava. – Significar que eu não posso amar você... – ela soluçava. – Então eu prefiro que você não me ame também! Então, eu realmente prefiro... Prefiro que você me odeie.
Ambigüidade faz as pessoas sofrerem
A evidência de amor não pode ser encontrada
Quando eu devo prosseguir?
Quando eu devo desistir?
Eu nem consigo reunir a coragem para te abraçar.
Ambigüidade faz as pessoas ficarem mesquinhas.
Até que o esperar perde o seu significado
Embora eu e você não possamos escrever os finais.
Deixe a beleza da misericórdia
Ficar aqui...
O lobo se rebateu em seu peito, uivava para a lua solitária, corria adentro das montanhas atrás de conforto e refúgio. A fera estava livre para matar friamente qualquer um que o ameaçasse, não tinha mais motivo para ser bom. O lobo sofria.
Continua...
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