Buquê
Capítulo 9 – Buquê
É um momento um tanto embaraçoso quando se chega à conclusão de que tudo o que havia dito e pensando com tanta raiva e firmeza, já não faz tanto sentido. É uma sensação semelhante a quando se é pego tentando roubar biscoitos antes do jantar, ou quando se acorda de uma noite de bebedeira descontrolada ao lado de alguém que sua mãe definitivamente não aprovaria, justamente na casa da citada mãe. Em resumo, aqueles momentos que você se sente como uma idiota.
Era como Gina se sentia naquele instante. Estivera tão certa que não conseguiria perdoar Draco jamais! Mas, incrível, tinha acabado de fazê-lo novamente. Daquele jeito estava no caminho para virar uma santa.
A boa notícia era que Draco tinha falado “eu te amo”, o que a fez sorrir mesmo que horas e horas depois da confissão. A má notícia era que Narcissa Malfoy tinha conseguido o que queria, seja lá o que fosse. Porque Gina estava disposta a perdoá-lo sempre que fosse necessário, já que ele estava disposto a sempre pedir desculpas.
Talvez não fosse o que Narcissa Malfoy quisesse de verdade, mas de qualquer forma, tinha cedido aos argumentos dela.
Estava frustrada com o dia anterior, onde tudo que podia dar errado tinha dado. Mas como o universo gostava de equilíbrio (ocasionalmente), quem sabe aquele não seria o dia em que tudo daria certo.
Respirou fundo e aparatou para a mansão Malfoy.
Draco não tinha pregado os olhos na noite anterior, ou no que restara dela. Preferiu lembrar do Egito e sentiu saudades. Não do país, obviamente. Nem do deserto, nem do calor infernal. Mas de como as coisas eram mais fáceis.
Ele tinha raiva, frustração, ódio, tristeza. Achava que sua vida estava perdida, verdade. Mas tinha um objetivo: sobreviver a qualquer custo e cuidar de ter vingança. Eram tempos mais simples.
Principalmente porque quando ela apareceu na equação, Draco não gostava dela. E uma pena que não tivesse idéia do quanto deveria ter apreciado tal fato. Quando tinha sido o exato momento em que seu ódio se transformou em apenas irritação e finalmente tolerância mal-humorada? Se localizasse tal instante, bastaria um Vira-Tempo para livrá-lo do sofrimento do momento atual.
Não sabia o nome direito, nem sabia que existia até horas atrás. Mas sabia que era a pior sensação que já tinha passado. Equivalente, talvez, a alguém enfiando com incrível força pedaços de bambu debaixo de cada unha da mão dele.
Queria causar a mesma dor em alguém. Quase chamou Groger com a intenção de jogar uma azaração, mas mudou de idéia. Não seria nem de perto suficiente.
Definitivamente teria que ser um Vira-Tempo. Voltaria para o passado e daria um conselho para o tolo fugitivo vestido de marinheiro trouxa. Corra para o mais longe que puder dessa ruiva.
Depois acrescentaria: Ou não. Na verdade, valeu a pena. Esquece o que eu falei. Você nunca me viu aqui.
É. Cachorros tinham mais orgulho que ele no momento. Lufos tinham mais!
Egito. Sentia falta. Era um bom lugar, um tanto diferente, gostava de irritá-lo, era melhor no Quadribol, tinha dezessete sardas em cada bochecha, um belo par de pernas, dois deli... É, sentia falta do Egito.Não se faz mais países como o Egito. Ele provavelmente perdera de vez suas chances com ela... Quer dizer, Egito.
Tudo a sua volta mais ou menos lembrava o Egito. Precisava sair de lá. Pena que não tina muita vontade de se levantar no momento. Não tinha vontade de fazer nada em particular. Ocasionalmente, queria massacrar um pequeno país, mas mudava de idéia. E então voltava para seu plano do Vira-Tempo.
Eventualmente as questões sobre linhas do tempo vieram à tona. Se ele tivesse voltado no tempo, com certeza ele saberia. Afinal, já teria se visto. Então não teria cometido o erro que o faria voltar no tempo para corrigi-lo, o que tornaria impossível se envolver com Gina em primeiro lugar, afinal esse seria o erro que nunca teria cometido... Sua existência atual então não faria sentindo, aquele que tivesse vivenciado o erro não estaria agora exatamente pensando como voltaria no tempo!
O que estava pensando mesmo?
Ah. Egito.
Suspirou. Ele era um idiota.
Groger apareceu em seu quarto e anunciou a chegada de uma visita ruiva. Talvez, quem sabe, um Draco de uma outra linha temporal não tivesse dado uma mãozinha para que aquilo acontecesse?
Desde o momento em que ela apareceu no portão da mansão não trocaram uma palavra. Sentaram em um dos bancos do jardim e assim que estavam frente a frente, a primeira frase que falaram juntos foi a mesma.
- Eu fui idiota.
A segunda, também ao mesmo tempo, foi:
- Foi mesmo.
Gina sorriu, mas Draco ainda não sabia se deveria, então apenas passou a mão no cabelo. No fim, se deixou ter a esperança de que ela não estava lá para matá-lo.
- Vamos combinar uma coisa.
- O quê?
- Nós gostamos um do outro e ponto. Não adianta o quanto brigamos e xingamos.
- Bizarramente.
- Não é saudável, não é bonito, não é perfeito. Muitas vezes é um saco.
- Concordo.
- Você é tão ruim nisso que chega a não ter graça. E eu sou tão instável emocionalmente, que até Rony poderia se sair melhor nesse relacionamento.
- Duvido muito, ele não tem peitos para começar. Eu gosto de mulheres, não de caras feios, muito obrigado.
- Se Rony fosse uma mulher, então.
- Ele seria uma mulher feia. Não gosto delas também.
- Emocionalmente falando, Draco.
- Ainda assim... Seria uma baranga.
- Que seja. Voltando! – pigarreou. – É possível que você acabe no St. Mungos uma vez ou outra. E eu voltando correndo pr’A Toca chorando.
- Pergunta: o resultado dessa lista é para ser favorável?
- Estou chegando lá.
Sorriram.
- Eu achava que tinha algo de errado no jeito que você sempre erra e eu sempre fico magoada. Mas... A diferença é que você tenta corrigir. E eu tento perdoar.
- E ambos precisam de terapia.
- A boa notícia é que nossas famílias já sabem de tudo isso – ele a olhou com dúvida, mas ela sorriu. – Sim, até sua mãe. Ironicamente, graças a uma visita dela é que estou aqui. Então só restamos nós.
- Tem certeza?
- Olha, mais certeza que isso impossível. E você, tem certeza?
Ele pensou um pouco.
- Toda sua família sabe? Não tem mais nenhum primo de três metros de altura?
- Sem promessas – riu. – Afinal, minha família é grande. Mas eu te protejo.
- Como da outra vez? Só me lembro de você rindo da minha cara.
- Ah, mas eles pararam, não? Se eu não tivesse chegado lá, você estaria com um rabo de macaco e cara de camelo até hoje.
- Eu estava ganhando, na verdade. Eles trapacearam.
Gina revirou os olhos. Draco não resistiu, estava contente demais para perder a oportunidade de qualquer forma. Pegou o rosto dela com as duas mãos e a beijou. Em instantes ela relaxou e retornou o beijo. Sentiu uma das mãos dela se afundar em seu cabelo e em retorno a puxou para mais perto.
- Acho que isso resume muito bem a nossa conversa - Gina finalizou, quando se separaram.
Ficaram quietos por um tempo, absorvendo tudo que havia se passado e aproveitando a companhia um do outro. Ainda era difícil acreditar, mas também não estavam dispostos a questionar, que estavam juntos outra vez.
Finalmente Draco resolveu quebrar o silêncio.
- O que você quis dizer com “uma visita” da minha mãe?
Ela riu e começou a contar.
Narcissa bateu de leve na porta do quarto, apenas por costume, pretendia entrar sem permissão. Abriu devagar, o cômodo estava banhado em escuridão apesar do sol já alto. Soltou um suspiro, em muitos aspectos Draco continuava uma criança. Era inegável o quanto havia amadurecido, percebeu a mudança logo em que o viu em St. Mungos, mas ele ainda revelava algumas atitudes adolescentes. E ela estava agradecida por aquilo, poucos são aqueles que conseguem a proeza de não perder a juventude após passar por tempos de guerra.
Porém, agradecida ou não, Narcissa queria resolver logo aquela situação desagradável. Entrou no quarto e de imediato balançou sua varinha, abrindo as cortinas e deixando os raios de sol iluminarem cada canto do cômodo. A luz revelou, para sua surpresa, que Draco não estava lá. Seu coração acelerou contra sua vontade, lembrando de imediato da ameaça que ele tinha feito ao voltar, molhado dos pés à cabeça, da tentativa falha com a menina Weasley.
- Estou indo embora.
- Acabou de chegar! Para onde pretender ir agora? E ainda nesse estado!
- França, talvez... Ou então Egito, pelas memórias – riu amargo. – Preciso... Espairecer.
- Talvez uma mudança de cenário seja uma boa idéia – refletiu, ainda que um pouco desconfiada da atitude dele. – Há muito tempo que nós não viajamos.
- Nós não. Eu. Estou feliz que você tenha melhorado mãe. Mas... – sua voz enfraqueceu. – Quero ficar sozinho.
Sabia que era mais do que um momento passageiro. Mais do que algumas semanas em outro país. Era a mesma expressão de desgosto e dúvida que viu quando Severus o trouxe, tremendo e pálido, em uma noite distante. Naquela vez, bastou abraçá-lo e confortá-lo, mas agora sabia que parte daqueles sentimentos negativos estavam relacionados a ela e suas palavras de conforto lhe pareceriam vazias.
Tentou de qualquer forma, mas Draco não ouviu. Incapaz de persuadi-lo em mudar de idéia, ela havia entrado em pânico silenciosamente, a noção de perdê-lo que sentiu durante o jantar voltando. Não agüentaria novamente. Tentava manter-se forte e calma, mas sabia que no momento em que ele a deixasse sozinha, entraria em desespero.
Algumas semanas na França se tornariam meses e depois anos. E no fim, o perderia de qualquer forma.
O que lhe restaria então? Sem Draco, o pouco sentindo que sua vida ainda possuía se perderia. Seus parentes, primos, amigos, sua família, suas irmãs... Seu marido. Podia agüentar a dor de perder até mesmo Lucius, se Draco estivesse com ela. Seu filho querido, o qual lutou tanto para proteger.
Tomou, então, sua decisão assim que ele subiu para o quarto, com a desculpa de que pretendia dormir. Se para não perdê-lo era necessário sacrificar seu orgulho e associar-se com uma família tão baixa, então era o que faria. A quem restava afinal, manter aparências? Quem poderia queimá-lo da tapeçaria da família? Só ela restava. Mesmo Bella, tão forte e determinada, tinha sucumbido. Sobravam alguns primos distantes, talvez. Mas não importava, qualquer um com alguma noção já tinha cortado relações com o nome Malfoy e Black.
Lucius, se vivo, teria uma solução para reverter a desgraça da família. Ou não. Até ela começava a duvidar. Tudo o que era certo para eles agora tinha virado pó e desaparecido com o vento.
Não existia nada mais doloroso do que sobreviver e estar no lado que perdeu, porque começamos a questionar se tudo aquilo perdido e feito valeu a pena. Draco provavelmente havia passado muito mais tempo que ela se perguntando, o que talvez explicasse porque estivesse envolvido com Weasley e se preocupasse tanto com ela.
Em voz alta não havia dado importância para a confissão dos sentimentos dele, mas começava a acreditar que, ao menos por enquanto, Draco realmente estava apaixonado.
Seu único conforto, ao entrar na casa dos Weasley, foi que havia uma chance de que os dois cansassem um do outro com o tempo. Aceitar netos com sardas seria uma tarefa árdua. Não podia ter certeza, claro, de que Weasley perdoaria Draco, mas pelo rosto dela ao final de seu discurso, sabia que as chances eram grandes.
A última tarefa que restava era conversar com Draco. O que voltava ao fato de que ele não estava em seu quarto. Rapidamente se acalmou, ainda era cedo para temer o pior. Abriu o armário dele e encontrou suas roupas ainda penduradas. Finalmente pôde relaxar.
Provavelmente ele estava tomando café da manhã na cozinha ou sala de jantar. Uma explicação muito mais razoável. Bem mais calma com sua própria conclusão, Narcissa resolveu abrir uma das janelas e deixar ar entrar naquele quarto tão sério. Ao se aproximar, viu Ginevra e Draco sentados em um dos bancos do jardim, conversando.
“Menina rápida, essa” pensou não sabendo se era algo bom ou ruim. Tinha a mesma dúvida sobre a situação toda, mas concluiu que quanto mais tentasse impedir, mais problemas traria.
Algum tempo depois, estava sentada na sala de estar quando ouviu Draco entrar na mansão. Quando o achou, felizmente sozinho, parecia que havia ganhado a Copa Mundial, de tão feliz que estava. Tentou esconder ao vê-la, mas foi inútil.
- Vejo que se entenderam.
- Mãe... – começou evidentemente acreditando que ela iria criticá-lo outra vez, mas Narcissa o interrompeu.
- Estou contente por você, querido. Mesmo que não concorde com a razão.
O alívio em sua face fez valer a pena o sacrifício de se rebaixar na frente dos Weasley.
- Ainda vai viajar para algum lugar distante?
- Não. Pretendo ficar por aqui por muito tempo.
Foi a vez dela de sentir alívio.
Engraçado que, ignorante de todas as suas perturbações emocionais, o mundo tinha seguido o seu rumo. Esteve por tanto tempo preocupada com sua vida romântica que quase esqueceu que, sim, as pessoas tinham vidas próprias e não estavam só esperando n’A Toca para consolá-la. Estava ciente que podia ser bem egocêntrica às vezes.
Seu emprego, esquecido e jogado de lado, foi mantido graças à bondade milenar de Quim. O homem era bom demais com ela, ou gostava muito de seu pai. Ajudava também que conseguiu argumentar licença médica, afinal, esteve meio maluca mesmo.
Gui tinha colocado outro brinco na orelha, para o desgosto de sua mãe e a felicidade bizarra de sua esposa, Fleur. Os gêmeos preparavam a primeira franquia de sua loja no Japão e China. Percy, assustadoramente, tinha acordado com uma tatuagem no braço escrito “Eu coração minha mãe”, e nem ele mesmo sabia se era uma peça dos gêmeos ou se fora outra coisa. Alguns duendes tinham feito greve em Gringotes. Os Canhões tinham perdido pela enésima vez.
Harry tinha combatido o mal em algum país distante e salvado a humanidade. Duas vezes. (Ok, aquela parte era mentira, na verdade, uma vez e meia. Luna era responsável pela outra metade). Além de ter experimentado sua primeira enxaqueca devido ao álcool. Ou melhor, segundo Rony, devido a apenas um copo de álcool.
Sua mãe brigou com Fleur por causa do vestido de dama de honra que ela pretendia usar no casamento. E o resultado da discussão foi Hermione decidindo pelas duas as roupas que iriam usar.
Rony teve uma crise de pânico ao perceber que estava prestes a se casar. Durou quinze minutos. Bastou Harry lembrá-lo de que ele e Hermione sempre agiram como um casal casado, então não teria muita diferença. Rony se acalmou, mas depois cometeu o erro de questionar em voz alta, e na frente de Hermione, pra quê casar se já agiam casados.
Soube também que Pansy tinha se casado, tido um caso e logo após se divorciado com um gigante tailandês de dois metros de altura. Não estava claro se ele era o caso ou o ex-marido.
Hermione também teve sua crise de pânico. Durou uma tarde. Foi quando percebeu que sua lua-de-mel atrasaria todos seus trabalhos e pesquisas. Decidiu que faria um pouquinho de trabalho lá. Estava preparando uma mala cheia de penas e papéis, livros e documentos, quando Rony pegou a mala e jogou pela janela. Hermione tinha tentando protestar, mas ele a convenceu que valia a pena atrasar um pouco suas tarefas. Como conseguiu? Bem, pelo vermelho do rosto dela quando contou a história para Gina, podia-se concluir que não era da conta de ninguém.
Todas aquelas novidades do mundo exterior ao “Mundo Gina”, ela ficou sabendo durante a festa do casamento. A cerimônia não poderia ter sido mais bonita, os recém-casados estavam radiantes e ninguém duvidava de que sempre tivessem sido feitos um para o outro. Sua mãe chorou, seu pai estava orgulhosíssimo, Harry abraçou os dois e ria como há muito tempo ela não via e o resto da família Weasley festejando como nunca. E sim, até os Granger perderam um pouco do medo dos bruxos e se divertiram.
Gina participou animadamente de tudo, feliz de que o mundo tenha continuado sem ela. Talvez, por tal razão se sentisse um pouco fora daquele mundo. Não era uma distância triste, de modo algum. Apenas existia.
Hermione e Rony (bem, na verdade mais Hermione), entendendo que Gina tinha tomado sua decisão final, convidaram Draco meio a contragosto para o casamento. Ele deu risada do convite e falou que não iria nem se o amarrassem e arrastassem. Gina deu uma cotovelada em seu estomago e então ele disse que agradecia o convite do mesmo jeito, mas tinha outros compromissos (acrescentou em voz baixa, como olhar tinta secar na parede). Hermione respirou aliviada e Rony em voz baixa disse que algum dia ainda quebraria cada osso de Draco, e logo, se ele ousasse ir ao casamento.
Concluindo: Draco não estava com ela. Seu par no altar havia sido Neville, Harry ficando com Luna. Mas sua ausência não a incomodava, era melhor assim, pelo menos por enquanto. Já bastavam as emoções dos dias anteriores, agora os dois queriam um pouco de paz e distância de parentes. De forma que ela tinha seu tempo com os Weasley e Draco com sua mãe.
Narcissa, na única vez que a viu depois do ocorrido, manteve sua distância de Gina e se absteve de mais comentários. O que era muito bom e o melhor que podia se esperar de uma sogra.
Quando a festa estava acabando, só os convidados mais próximos restando, Gina se afastou das mesas e luzes. Andou um pouco até finalmente encontrar o que procurava. Ele estava a esperando encostado em uma árvore, bem longe do jardim d’A Toca e da festa, tinha os braços cruzados e expressão de tédio. Sorriu e foi até Draco.
- Até que enfim. Achei que Longbottom não ia te largar nunca.
Tinha dançado com Neville antes de ir atrás dele, sendo que o amigo estava um pouco alto demais.
- Ciúmes?
- Do gordinho bêbado? Pft.
- Ele dança muito bem, sabe.
- Pra mim, ele parecia estar rolando na pista.
Revirou os olhos; inútil discutirem.
- Desculpe a demora – sorriu e lhe deu um beijo leve.
Deu os ombros.
- Tudo bem. Está aqui agora.
- Alguém está de bom humor!
Ele não respondeu ao invés lhe ofereceu o braço e ela aceitou. Caminharam lentamente em direção oposta a festa, longe o bastante para saírem das barreiras anti-trouxas e conseguirem aparatar.
- Já pensou no que vai fazer no nosso aniversário? – ela perguntou, de repente.
- Que? Que aniversário?
- De namoro.
- Nós temos um?
- Claro que temos! Estamos namorando não estamos?
- Merlin...
- Merlin? Que resposta é essa? – levantou uma sobrancelha perigosamente.
- Sim, sim, estamos namorando! – corrigiu rapidamente.
- Então temos um aniversário.
- Quando?
- Daqui duas semanas!
- Essa data... Você tirou da onde? Está contando exatamente a partir de que momento?
- Como assim?
- Você está considerando o momento em que eu beijei você pela primeira vez? Ou quando nos encontramos no dia do julgamento da Ordem? Ou quando finalmente chutou Potter? Ou quando voltamos agora? Ou então, dá para argumentar que eu já tinha conquistado você quando veio pedir para se esconder na minha casa.
- Está se dando muito crédito! Só éramos amigos.
- É? Quem disse?
- Nós.
- Mas não pode negar a tensão sexual.
- Que tensão sexual?
- Queria me agarrar desde o Egito!
- Ah claro, porque peruca rosa é tão sexy!
- Admita Weasel, nunca fomos amigos muito bons. E nunca conseguimos por causa da – deu uma pausa dramática. –...Tensão sexual!
- Está delirando.
- Será? Será?
Inútil continuar a discutir com ele. Que seu ego Malfoy pensasse o que quisesse. Depois de um tempo em silêncio, continuando a caminhada, Draco finalmente notou algo.
- O que é isso que você está segurando?
Gina sorriu marotamente. Era o momento que estava esperando, desde que havia saído da festa.
- Ah, isso daqui? Não é nada de importante – fez uma pausa para apreciar o momento mais um pouco. – É só o buquê da Hermione.
- Ela pediu para você guardar pra ela ou coisa parecida?
- Não.
- Esqueceu e você vai devolver logo?
- Não.
- Deu alergias doloridas no Weasel e teve que jogar fora? Espero que sim.
- Também não. Você é familiar com as tradições de casamentos? – perguntou um pouco irritada de que ele ainda não tenha captado a mensagem.
Deu os ombros.
- Em todo o casamento a noiva joga o buquê para as solteiras da festa, e quem pegar significa que vai se casar logo, ok?
- E?
Bufou. Ele estava fazendo de propósito, só podia ser.
- E... Que eu o peguei. Eu.
Draco parou de andar. Olhou para o buquê e depois para ela. Alguns segundos depois, voltou a se mexer, aparentemente calmo, mas bem pálido.
Dias depois o buquê tinha desaparecido e Gina tinha a leve suspeita de que Draco estava envolvido na história. Ou então Narcissa. Mas não importava, cedo ou tarde ela sabia que teria o seu próprio buquê.
FIM
N/A: Mais informações sobre as três fics? E outras minhas: http://scilafics.priscilarosa.com/
N/A: Acabou! Há! Uhu! Foi-se! Pufft! Eu sei que não foi lá essas coisas esses dois últimos capítulos, mas o fato é que era agora ou nunca. Ou eu terminava essa fic, mesmo que mediocremente, ou ficava incompleta até o fim dos tempos (ou do A verdade é que não estou num momento legal, aliás, faz muito tempo isso. E ai fica difícil escrever algo decente quando não se está legal e inspirada. Terapia please! Haha. Bem, tirando isso, espero que tenham gostado. Tentei fazer o meu melhor, apesar de achar que poderia ter sido melhor, haha. Muito obrigado quem leu, quem lê e quem lerá! ‘Brigada Lucy pelo apoio até o fim, e a todo mundo no mundo inteiro que mandou reviews ou leu FH, LP e GE! Quem tiver logado, vou responder suas reviews.
Enfim. Estás completa, ó Trilogia Draco/Falsos Heróis.
Sem mais continuações! Sorry quem quer, pule de alegria quem não quer. Mas não se preocupem, existem outras fanfics para serem lidas (de preferência minhas há!). E pretendo terminar a outra DG minha, Dragões e Gatinhos, em um futuro próximo (não antes do 7º, porque sei que não vai dar) e uma nova fanfic focada no Draco, com DG também, e possivelmente AU apocalíptica (Voldemort ganhou! Oh my! Harry morreu! Oba! Etc etc). Fiquem de olho então, porque sumir, eu não vou. Demorar, talvez.
N/A: Eis, então, uma NA mais longa e que recomendo pularem se não têm interesse em minhas análises sobre os personagens e as razões pelas quais eu fiz as coisas acontecerem do modo que aconteceram nessa fic. Não é pra justificar ou explicar a fic, espero que o texto tenha feito isso sozinho! Hahah. Mas enfim, é porque eu gosto de tagalerar e fico pensando muito na hora de planejar as fics e sei lá, é a ultima oportunidade para expressar o “por trás”.
Questão número uno: Afinal, Merlin e Jesus, Draco e Gina são pirados da batatinha? Quero dizer, o relacionamento deles é saudável? Muitas vezes eu parei pra pensar sobre isso, durante LP e muito mais no final de GE. Eu quero eles juntos, duh, sou DG, mas sinto que tenho a obrigação de me questionar antes, para que os leitores não questionem depois! Aha. Sendo realista, eu não agüentaria um cara como o Draco. Ele não dá segurança nenhuma, não passa nenhum tipo de afeto real. Desde o começo ele só faz merda! E até o ultimo momento também, não é como se estivesse evoluindo! Haha. Eu certamente teria já escolhido o Harry (ai meu deusss, o horror!), e acho que muita menina na vida real mas aí que tá, né. A Gina, ao contrário de mim, é uma moça muito segura de si, muito confiante, meio arrogante e apaixonada! Haha. Draco não demonstrar “carinho” ou segurança, não a incomodou porque ela não precisava de demonstrações. Deve ser bom não precisar de nhe nhe nhe toda hora.
Questão número two: NARCISSA. Acho que essa é a coisa mais importante dessa fic. Por que? Porque ela e o relacionamento dela com Draco são os fatores que decidiram o final (feliz? Quem diria!) da fic. E agora entraremos em território perigoso... Porque minha interpretação de Narcissa pode muito bem não fazer sentindo algum. Tudo se culminando na escolha final dela no capítulo anterior. Agora, vou ser sincera, o capítulo anterior foi corrido e desesperado, digamos assim. Eu queria o máximo de drama e o máximo de “andação” da trama, ou seja, escolhi não mostrar a cena que coloquei nesse capítulo, das ruminações de Narcissa. E sinto que isso deixou muito “do nada” o discurso dela para Gina, mas era agora ou nunca, sabem. Eu queria resolver a questão DG para poder deixar o capítulo 9 como o último. Enfim. Narcissa é uma personagem ainda misteriosa nos livros. Quem iria pensar que ela choraria que nem maluca na frente do Snape suplicando por ajuda? Sério, meu. Eu definitivamente não! Nunca duvidei de que ela gostava e amava o filho (é! Eu sempre achei que o Draco não era fruto de uma família fria e malvada, mas sim de muita mimação e bajulação, que nem o Duda). Mas chorar e não QUERER que Draco se envolvesse com Voldemort? Opa! JK coloca dimensão nos Malfoy! (E ainda fica surpresa porque pessoas gostam do Draco, tsk tsk!). E para deixar as coisas mais complicadas, Narcissa é uma vaca com o trio no Beco Diagonal (capítulo O Desvio de Draco, não é preciso dizer que amo esse título). Fria, vaca e que nem o Lucius! Uhu! Quem é essa mulher de multi-facetas?
Em Falsos Heróis (lembrando que eu comecei essa fic antes do 6º livro) escrevi algumas cenas do Draco com a mãe. No começo da fic ela era uma mulher fria, mas ainda assim demonstrava preocupação pelo filho e alguma emoção. Fico pensando se escreveria essas cenas diferentemente agora. E conclui que faria algumas modificações nas falas dela, mas acho que no fim não mudaria a essência dela na fic. No final de Falsos Heróis, a coisa mudou, Narcissa e Lucius têm uma cena em que agem mais ou menos que nem Draco e Gina, mais esnobes. Hahaha. Narcissa bem mais preocupada que nem uma mãe “normal” (suas roupas vão se sujar, Draco! Escove os dentes, Draco! Cuidado ao atravessar a rua, blá blá).
E aí temos LP, com ela sendo uma forte presença e fonte de preocupação do Draco. Ela tinha uma música para ele no piano, ele se culpava por ter fugido e não ficado com ela. Adivinhem quem já sabia que ela ia acordar nessa época? Eu! Haha. Era importante que a ligação dos dois fosse forte, porque senão fica sem sentido ele mandar a Gina catar coquinho quando ela acordasse.
E enfim, chegamos a Narcissa atual de GE. E o acúmulo de tudo que eu refleti sobre ela depois do sexto livro. A verdade é que JK me deu abertura para considerar que, talvez, Narcissa estivesse disposta a fazer algumas coisas “não-Malfoy” para cuidar do Draco. Chego a ponto de até pensar que, talvez, só talvez, se Dumbledore estivesse vivo, seria possível ela aceitar que ele a escondesse com Draco de Voldemort! Imaginem então depois da guerra, depois de Lucius ter morrido, depois de Voldemort ter tirado a família dela (bem, pelo contexto da minha fic, pode muito bem que pelo livro, ela culpe a Ordem). Será que Narcissa não ia questionar nem um pouco as decisões que tomou? Eu acho que sim. Admitir erro, tudo bem, mais difícil, mas ter suas convicções abaladas é inevitável.
Pensando em experiências próprias, eu concluí que família muitas vezes aceita coisas que não acha certo e não gosta, porque ama a pessoa. O mundo não é tão 8 ou 80 como a gente pensa, ou os filmes fazem parecer. Faz muito mais sentido a adaptação que atitudes extremistas. Ah, mas os Black não explodiram meio mundo da tapeçaria? Sim. Mas no contexto da minha fic, Narcissa está cansada e mais preocupada em ter o filho por perto. Se o Lucius estivesse vivo? Não sei. Acho que o Lucius convenceria Draco de se livrar da Gina e com sucesso, mas talvez Narcissa teria a mesma opinião que agora. Falando a verdade, com Lucius vivo, as chances de Draco se envolverem com Gina seriam zero. Porque a cadeia de eventos de FH não teriam ocorrido.
Agora, a história da Andrômeda. Me deu um clique sabe, que Andrômeda era um paralelo a ser feito com Draco e Gina. Acho muito difícil irmãs se odiarem desde o inicio, sei lá, é impossível não gostar do próprio irmão. Eles enchem o saco, ou são malas, mas no fim do dia, são irmãos. Então, é, acho que Narcissa gostava de Andrômeda, e sejamos sinceros, Bella tem “criança demônio” escrito na testa. Aposto que ela era certinha na frente da mãe, e um demônio com as irmãs. E Narcissa devia ser aquelas loirinhas frescas, chorando por tudo. Não que ela não gostasse da Bella, ela parece gostar muito da irmã e bizarramente Bella gosta dela também! Meu, JK, 7º livro focando no Harry? Boring! Quero livro sobre seus vilões! Voltando... Naturalmente que Narcissa deve ter odiado Andrômeda se casando com trouxa, mas será que seria só por causa do preconceito? Come on! Cadê a dimensão que JK criou? Ela deve ter levado na pessoal. E aí, depois que a raiva da rejeição passou, vai me dizer que não sentiu nem um pouco saudades da irmã, tipo, só um pouquinho? Ou pelo menos não restou ALGUM senso de família?
Enfim, monstros também amam! Mas continuam monstros! Ela foi malvada com Gina! Não explica ainda porque ela de repente resolveu confessar que tinha dúvidas se valeu a pena tudo de mal que fez!
Minha explicação: Faria menos sentindo ela só falar o discurso sobre relacionamentos depois de ter acabado com Gina no jantar. E Gina mostrou que não estava com paciência pra falar sobre Draco, então Narcissa viu que o único jeito era “amolecê-la”. Ela falou com sinceridade sobre Andrômeda, mas também não quer dizer que falou toda a verdade, ou não deixou as coisas mais simpáticas para Gina “engolir”.
Pronto.
Quem leu até aqui: PESSOA MALUCA! Mas brigada.
E essa, senhoras e senhores, é a moral de hoje.
((cai em cima do teclado devido a exaustão))
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