Caos
Capitulo 49 - Caos
Os segundos que se transcorreram entre o momento em que Voldemort caiu morto e o inicio do ataque dos comensais pareceram tão longos que Harry achou que milênios deveriam ter se passado. O garoto sacou sua varinha e a segurou com a mão esquerda e com a mão direita permaneceu segurando a espada de Griffyndor.
–Não interfiram. –pediu Harry para Mione, uma vez que Gina permanecia caída no chão. –E se protejam.
Mesmo sem ver, Harry sabia que Mione havia concordado com a cabeça. Olhou para o grupo de comensais, que aos poucos despertavam para o acontecido e se preparavam para um ataque massivo com o intuito de concluir o que Voldemort começara.
Um deles se adiantou, sem mascara, somente com a varinha e punho. Os cabelos louros prateado, os olhos de um azul cinzento e frio, um sorriso que deixava bem claro que não lhe fazia a mínima importância Voldemort estar vivo ou não. Tudo o que se podia presumir era que sua maior ambição era a de substituir seu mestre. Lucio Malfoy se dirigiu a Harry com palavras escolhidas:
–Bem, Harry, serei direto. –começou. –Como me fez um favor posso lhe retribuir com um ainda maior.
Enquanto ele falava Harry contava mentalmente quantos comensais aproximadamente havia ali. Pelo menos uns duzentos… Ele provavelmente não se preocupou em recuperar todos os seus serviçais… Só os mais poderosos e úteis. Um brilho no meio da multidão lhe chamou a atenção: o machado bem afiado de MaCnair.
–Favores, Malfoy… Ao que se refere? –perguntou Harry, inconscientemente apertando a varinha em sua mão.
–Ora, Harry, nós dois sabemos que você não é nenhum tolo… Portanto não finja ser um. –zombou Lucio Malfoy. –Eu falo de você ter destruído Voldemort e, por esse motivo, se não causar nenhum problema posso prometer-lhe não fazer mal algum ao seu precioso castelo.
Harry olhou profundamente naqueles olhos azuis, sentia a malicia no ar, os Comensais pareciam não consentir com a proposta dele, depois de tanto lutarem para conquistar o castelo queriam agora destruí-lo, mas estava mais do que claro que, por algum motivo, eles temiam Malfoy. Draco está com o Snape… Ele deve ter se unido a Snape também… Pelo poder do nome Malfoy ele deve ter se tornado um Lorde também…
–Malfoy, creio que você não entendeu bem a situação… Vocês prometem se entregar e eu não causo mal à ninguém. –disse Harry, sem uma pitada de humor em sua voz.
A expressão de Lucio Malfoy lembrava muito a de alguém que engoliu um esquilo sem querer. Ele olhou para os Comensais, parecendo perdido.
–Harry, olhe a sua volta… –sugeriu Malfoy. –Conte quantos somos, contra apenas você.
–Malfoy, você sabe meu nome? –perguntou Harry.
–Harry Potter?
–Exatamente.
Malfoy respirou fundo, parecendo tentar recobrar sua paciência.
–Harry, o fato de ter vencido Voldemort não lhe torna um Deus… Você ainda não é poderoso o suficiente para derrotar um exercito de bruxos… Principalmente buxos como nós.
–Mas isso não me impede de tentar. –respondeu Harry, com tom de fim de conversa.
–Mas não se arrependa mais tarde… –e com isso Malfoy ergueu sua varinha. –ATÉ QUE TODOS MORRAM!!!!!!!!!
Sua voz furiosa ecoou por todo o terrenos de Hogwarts. Harry observou a cena enquanto posicionava seu corpo de modo a poder acertar feitiços em toda a parede de bruxos que os Comensais faziam, enquanto avançavam pelos cinqüenta metros que os distanciavam de Harry.
Ele esperou ate o ultimo segunda antes de fazer qualquer movimento. Quando os Comensais alcançaram os últimos dez metros Harry ergueu sua varinha e com um rugido que parecia o de um leoa enfurecido, bradou, enquanto girava os braços para atingir mais Comensais:
–ESTUPEFAÇA!!!
Uma explosão de fagulhas surgiu bem na frente dos Comensais que, quando não corriam assustados, voavam devido a força do feitiço. Harry contou: menos sete.
–Sectusempra!!! –Harry ouviu a voz de Lucio Malfoy ecoar.
Sem pensar duas vezes Harry ergueu o braço da espada e se concentrou num único e simples feitiço, sem deixar de tentar localizar as massas de Comensais: Expell.
O garoto nem ao menos chegou a ver ara que lado voou o feitiço, mas ainda assim fez questão de se certificar de que nada acontecera com as garotas. E continuou sua empreitada, naquele momento já estava completamente rodeado de comensais e de jorros de fagulhas de feitiços, lançadas pelos comensais.
–Rodeado, Potter. –ele ouviu uma voz fria e cruel, vinda das suas costas.
Quando se virou ele se viu de frente para uma das pessoas que mais detestava no mundo e a fúria que lhe subiu a cabeça foi tão forte que imediatamente perdeu controle sobre seus atos. Um outro Harry agora estava no controle, lúcido, frio, calculista. Ele sorriu para Bellatrix Lestrange.
–Isso não é problema nenhum para mim, Lestrange. –rebateu o garoto.
–Não me parece… –zombou ela.
–Bella… Posso te chamar assim?! –brincou o garoto. –Você não era um dos fantoches de Snape?! Não tinha se bandeado para o lado dele?!
–Quieto, Potter! –exclamou ela. –Não fale sobre o que não sabe!!
–Eu sei muito mais do que imagina, Bella. –continuou o garoto, inalterado, sentindo-se estranho por agir daquele jeito.
–Sabe mesmo, Potter?! –ela já gritava. –Então você sabe como se livrar disso: Avada Kedavra!
–Dissipa… –murmurou Harry, sem mover um músculo.
As fagulhas verdes da maldição de Bellatrix se dissiparam e passaram por Harry parecendo não mais que uma brisa outonal.
–Menos, Bellatrix. –a voz de Lucio Malfoy irrompeu entre os comensais.
Os comensais se abriram para a passagem de Lucio Malfoy, que vinha caminhando tranqüilamente, a varinha na mão frouxa, um sorriso malicioso nos lábios, um pequeno corte na testa. Esse inútil deve ter sido atingido pelo próprio feitiço quando eu o repeli… pensou Harry, olhando para ele com uma expressão desdenhosa. Quando Lucio já estava no centro do circulo, a menos de um metro de distancia Harry sorriu, como se fossem velhos amigos.
–Então, Lucio, veio pedir a rendição? –comentou Harry, como se o comentário não pudesse ser mais banal.
–O que houve com o Malfoy, Potter?! –perguntou o Comensal, olhando para Harry com superioridade.
–O mesmo que houve com o Harry. –desdenhou Harry.
–Bem, Potter, eu vim lhe oferecer mais uma vez a rendição. –continuou ele, como se nada tivesse acontecido.
–Bem… O que, por obsequio, aconteceu com o ate que todos morram?! –Harry sentia-se extremamente confiante quanto a enfrentar duzentos Comensais da Morte loucos de vontade de fazer chouriço com seu sangue.
Entrementes a mente de Harry estava num caos completo, ele não conseguia raciocinar, não podia entender o que estava acontecendo, de repente se tornara um mero espectador daquelas atitudes caóticas que ele tomava sem querer. Alguém o dominara e, ele podia sentir isso, o tornara mais poderoso.
–Eu resolvi te dar mais uma chance. –explicou Malfoy.
–Sem chance. –completou Harry.
Não houve tempo de reação, Harry flexionou os joelhos e, erguendo a espada girou o corpo, de modo a apontá-la na direção de cada Comensal que fazia parte daquele circulo. Harry jamais saberia explicar o que aconteceu, mas, de alguma forma e com um poder inimaginável, ele fez com que quase todos fossem atirados dez metros no ar e mais de vinte para trás, a maioria com ferimentos gravíssimos por todo o corpo.
O garoto fincou a ponta da espada no solo, que, impressão sua ou não, parecia muito mais resistente do que antes. E olhou a volta, duas ou três dúzias de comensais permaneciam de pé, todos assombrados demais para continuar a lutar. Os que não se feriram com o impacto do ataque do garoto se feriram na queda, se ralando, se cortando e até mesmo tendo a pele literalmente rasgada nas pedras ou, nos casos mais extremos, conseguindo quebrar alguns ossos, incluindo fraturas expostas. A cena lembrava um campo de batalha ao final de uma carnificina, os olfatos mais apurados já poderiam sentir o cheiro de sangue. Mas duas pessoas permaneciam de pe, encarando-o, as varinhas em punhos, expressões cruéis e, de alguma maneira, intactos. Mesmo o Harry são, que só assistia a tudo teve vontade de matá-los.
Eu vou precisar de você, ele ouviu sua voz ecoar dentro de sua mente. Que?! Pensou ele, sem entender nada. Não se faça de idiota! Eu preciso de você agora.
De repente a visão de Harry ficou turva, o garoto sentiu uma pontada de desespero, pensando estar desmaiando. Mas, mais uma vez de repente, tudo ficou claro e ele se viu no único lugar que ele jamais queria ver novamente. Godric’s Hallow, o vilarejo onde seus pais viveram e foram mortos por Voldemort. Mas aquilo não era o mais impressionante, ele estava parado no lugar onde um dia estivera a sala de estar da mansão dos Potter e, logo a sua frente, sentado numa poltrona completamente destruída, estava ele mesmo, sorrindo. O pânico tomou conta de seu ser.
Harry podia notar que outro tinha os cabelos muito bem penteados, as vestes de Hogwarts estavam perfeitamente alinhadas, coisa que ele jamais conseguiu fazer, o começo de barba que o Harry original deixava crescer estava muito aparado nele. Era um Harry perfeitamente arrumado.
–É esquisito, não é mesmo? –perguntou seu outro eu. –Duas experiências extra-corpóreas em tão pouco tempo.
–Esquisito… –murmurou o garoto. –Tudo muito esquisito.
–Bem, Harry, eu vou direto, pois não temos muito tempo… Eu preciso que você me ajude a derrotar aqueles dois. –explicou o outro.
–Quem é você?! –perguntou Harry, praticamente ignorando o aviso do outro. –E por que é idêntico a mim?!
–Explicações mais tarde, Harry. –retrucou o outro, já um bocado ignorante. –Acabei de dizer que não temos tempo.
–Pelo menos me diz seu nome.
–Olha, façamos o seguinte: você me ajuda agora, sem nenhuma questão e, mais tarde, eu e digo todos que eu já fui, certo?
Harry não questionou, apesar de não concordar, acabara de lembrar-se que, em algum lá fora estavam Bellatrix Lestrange e Lucio Malfoy.
–Certo, mas que é que vamos fazer? –quis saber o garoto.
–Bem, esta é a segunda vez que posso utilizar seu corpo, e, antes de você, eu estava parado há mais de mil anos. –começou ele. –Logo não tenho coordenação suficiente para me manter sincronizado com seu corpo, evitar a interferência da parte Voldemort em você e lançar feitiços poderosos o suficiente para parar aqueles dois.
–Eles não são tão poderosos assim… –Harry começou a dizer.
–Você ainda não notou, mas eu posso sentir. –interrompeu. –Eles não estão somente sob as ordens de Snape, estão sob o controle dele.
–Bobos da Corte?! –indagou Harry, começando a entender. Tinha ficado confuso quanto ao fato de terem resistido àquela investida.
–Exatamente.
Harry parou para pensar um pouco. Eles estão sob o comando de Snape, logo ele passa-lhes conhecimento suficiente para se manterem numa batalha comigo, uma vez que são poderosos, mas medíocres. Mas, mesmo assim, precisaríamos ser dois para detê-los.
–Não, Harry, não precisamos ser dois, só nós mesmos. –o outro interrompeu sua linha de pensamentos.
–Como?! –na verdade Harry não se referia ao que o outro dizia, mas ao fato de ter adentrado sua mente, depois de tanto reinar a Oclumência de Harry se tornara algo tão natural quanto respirar.
–Eu estive te observando, apesar de sua defesa mágica ser digna de pena, seus ataques são poderosos demais para alguém com tão pouca experiência, apesar de tudo o que passou, nunca senti um poder natural tão grande. –ia dizendo o outro.
–Isso é devido ao fato de Voldemort e me escolhido, eu acho. –comentou o garoto, ligeiramente encabulado.
–Não, não é… Mais tarde eu explicarei sobre isso. –disse o outro. –Bem, eu tenho conhecimento suficiente para dizer que poderia nos defender, enquanto você atacaria, você não conhece muito feitiços, mas os que conhece são suficientes.
–Você tem certeza disso?!
–Assim como você tem dez dedos nas mãos.
Harry não pode conter o pensamento de que aquele cara realmente ficara fora de circulação por um milênio ou mais.
–Mas… Como eu faço para atacar? –quis saber o garoto, que se sentia um calouro de Hogwarts.
–Eu vou precisar da varinha, já que preciso de um canalizador de poder melhor que você e da mão direita, já que você é destro, então você fica com a mão esquerda.
–Mão esquerda!? –questionou o garoto.
–Sem tempo! –exclamou o outro, se erguendo.
Mais uma vez a visão de Harry ficou turva e, depois de cerca de meio segundo, voltou ao normal, trazendo a visão que ele tinha antes, bellatrix e Malfoy, com expressões furiosas e cruéis. Pronto?! Ouviu sua voz ecoar em sua mente, pronto, pensou ele.
Harry não sentia seu corpo, com exceção da mão esquerda, que formigava furiosamente, incomodando-lhe. Trate de se acostumar rápido… ele ouviu o outro, tá me incomodando também.
Aquilo soou como uma ordem, o que não agradou muito ao garoto, mas ele fez o possível para fazer pequenos movimentos, de modo que pudesse mover a mão mais livremente. Entrementes ele podia sentir cada outro movimento do corpo e saber qual movimento faria, de modo que jamais tentaria um movimento com o braço que pudesse atrapalhar o restante do corpo.
–Estupefaça! –exclamou Bellatrix, pulando na direção de Harry.
–Ígnea! –exclamou Lucio Malfoy, ao mesmo tempo.
–Protego! –exclamou o outro, erguendo a varinha.
Nesse mesmo momento, aproveitando que um escudo fora erguido para evitar contra ataques Harry exclamou mentalmente: Expelliarmus!
O jorro de faíscas vermelhas foi tão poderoso que, simplesmente atravessou o feitiço de Bellatrix e acertou-a diretamente no peito, mas, quando a atingiu já estava um tanto fraco.
–Só isso, Potter?! –perguntou ela, zombeteira.
–Não. –Harry percebeu que não fora o único a falar aquilo, tanto o outro quanto Lucio Malfoy disseram a mesma coisa.
–Avada Kedavra! –exclamou Lucio Malfoy enquanto corria ao redor de Harry, no sentido oposto ao de Bellatrix, que fazia o mesmo.
–Lacarea Flamare! –exclamou o outro, fazendo com que o feitiço de Malfoy se transformasse numa bola de fogo, que foi direto ao chão, aos seus pés.
Enquanto isso, do outro lado, se aproveitando do momento de distração Bellatrix atacou também, com a mesma maldição letal:
–Avada Kedavra!
Harry ergueu sua mão, apontando ara a outra, atrás de si, e com um único pensamento deteve seu ataque: Expell! O feitiço de Bellatrix disparou num ângulo ao perfeito que, se fosse de propósito, não poderia dar certo. De alguma maneira ele atingiu, no outro extremo de Harry, Lucio Malfoy, que, por um segundo, pareceu ficar confuso demais para perceber que deveria cair morto. Então, devagar, como se estivesse em gravidade baixa, ele caiu. Quando tocou o chão uma pequena nuvem de poeira subiu.
–Lucio! –gritou ela, correndo para ampará-lo.
Harry apenas observou a cena, segurando sua varinha com força. Bellatrix agachou sobre o corpo de Lucio Malfoy, Harry não queria acreditar, mas parecia que ela chorava. Acabou, pensou ele, apesar do ódio que ainda sentia por Bellatrix, naquele momento tudo o que tinha a fazer era desacordá-la. Não… Ele ouviu a voz do outro em sua mente. Temos de eliminá-la.
Eliminá-la?!
Exatamente, não podemos deixar ela por ai, e você sabe disso.
Mas, ela não tem mais nenhuma chance.
Ela é importante para o Snape, ele vai tirá-la de Azkaban.
Mas…
Sem Mas, Harry.
Harry não pode se mover, aliás, pode, mas não podia conter o que o outro ia fazer, sentiu seu braço direito se erguer e sabia cada coisa que o outro tinha em mente. Não, ele tentou por uma ultima vez.
–Avada… –começou ele.
De repente, com um rugido ensurdecedor Harry se viu cercado por um muro de quatro metros de altura de lama que caiu sobre ele, cobrindo-o ate o pescoço, imobilizando-o. Então labaredas tão quentes quanto o Sol começaram rodopiar em torno de sua cabeça, secando a lama deixando a terra tão dura quanto concreto. O garoto olhou a volta e viu quatro pessoas, todas conhecidas. Então, como se tivesse sido jogado no espaço de repente, todo o ar sumiu de sua volta e de seus pulmões. Ele perdeu a consciência.
coments, neah!?
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