O Lado Correto
Já era noite e tudo estava calmo. Calmo demais até para parecer suspeito. Mas nada impedia Régulo de correr na calada da noite, procurando um lugar seguro para aparatar.
Agora ele já sabia que havia sido ludibriado pela família quando eles diziam que Voldemort estava certo em afirmar que o mundo bruxo não devia ser compartilhado com os chamados “Sangues Ruins”, os trouxas de nascença, que os sangues puros deviam ter sempre maior escala na sociedade, que a magia negra reinasse no mundo bruxo... mas ainda tinha suas dúvidas sobre onde estava a razão.
E agora lá estava ele. Parado no meio do nada pronto para aparatar e se encontrar mais uma vez com a origem de seus problemas e de sua indecisão, Lord Voldemort. Essa reunião parecia ser importante. Não haviam sido chamados todos os comensais, como ficara sabendo.
Aparatou e se achou em um lugar afundado na escuridão, um cemitério perto de majestosa casa cada vez mais escondida pela hera. Não entendia por que Voldemort sempre escolhia aquele local para as reuniões. Como sempre, foi até o túmulo de Tom Riddle. Lá já se encontravam sete comensais da morte: Snape, Malfoy, Crouch Jr., Rookwood, Avery, Rosier e Karkaroff. Segundos depois apareceu o Lord Voldemort, encapuzado.
– Meus admiráveis companheiros, – começou, com a sua voz aguda e fria – eu vos reuni esta noite para por em prática um de meus mais fabulosos planos e assim ajeitar de nosso modo a comunidade bruxa. Resumindo, tenho uma missão especial para vocês. – Alguns comensais estremeceram, entre eles Régulo e Snape.
– A tarefa é simples. Vocês devem acabar com todos os aurores do ministério. E não se empolguem, não é só isso. Vou dar a um felizardo a parte mais emocionante: usar os aurores para libertar os prisioneiros comensais de Azkaban e transformá-los em espiões nas fileiras inimigas e matar secretamente os mais poderosos bruxos que se oporem ao nosso império. Será um caos, fazendo um perfeito quadro para nós tomarmos o ministério de vez.
– E quem será o tal felizardo? – perguntou Malfoy, esperançoso.
– Régulo Black. – Voldemort deu um olhar enviesado a Régulo.
Black ficou preocupado. Sabia que não seria capaz de realizar essa tarefa. E suspeitou que havia fumaça por trás dessa história. Voldemort raramente lhe dava um trabalho importante, e agora ele, Régulo, estava com a parte mais desejada do plano? Isso não tinha sentido...
– E o que, exatamente, eu tenho que fazer? – perguntou fingindo firmeza.
– Eu já expliquei muito claramente. Ou será que não? – falou severamente.
Régulo engoliu seco.
– C-c-claro, milorde.
– Assim está melhor. Quero Snape e Rookwood controlando os aurores. Não adianta chorar, Rookwood, seu trabalho para mim vale mais que qualquer outro. Malfoy e Rosier vão fazer o Chefe dos Aurores como refém, e não pensem que será fácil. Quero tudo meticulosamente armado e perfeitamente executado. Karkaroff e Avery vão averiguar quais de nossos comensais estão presos em Azkaban e controlar a batalha em que tomaremos o ministério, no final do plano.
– E Crouch? O que fará? – perguntou Malfoy
Voldemort o olhou com profundo desprezo.
– Você está duvidando de minha capacidade de controlar a realização de planos? Cale-se que sei o que faço!
–Perdão, milorde.
– Você fala muito isso, Lúcio. Bem, se tiverem alguma dúvida, não me procurem se quiserem viver. VOCÊS ACHAM QUE EU OS RECRUTEI PARA RESPONDER PERGUNTAS? RESOLVAM SOZINHOS, ESTÚPIDOS! POMBAS, EU SOU PROFESSOR? – falou Voldemort, instantaneamente tornando-se agressivo.
Os comensais se assustaram.
– Perdão, milorde – respondeu Lúcio.
– CALE-SE! NÃO TOLERO BRINCADEIRAS!
Régulo se virou para Voldemort, quase em total desespero.
– E quando eu começo, milorde?
– Agora – disse Voldemort friamente.
Black não sabia se estava apavorado ou feliz. Sempre aprendera que Voldemort estava certo, mas agora via que não era bem assim.
– Sumam de minha frente e comecem a trabalhar, AGORA! – gritou.
Os comensais começaram a aparatar.
– Crouch, fique. – falou um pouco mais brando, Voldemort. E falou, sussurrando para Crouch:
– Faça você o trabalho de Black. Sei que ele não será capaz de fazê-lo. Quero apenas o testar.
– Sim, milorde.
Régulo Black aparatou para uma rua próxima à de sua casa. Estava nauseado e tinha medo de tudo que via. “Por que fui me meter nessa?”, perguntou-se. Nunca deveria ter se alistado. Arrependia-se profundamente de ter se tornado um Comensal. Olhou para o seu braço esquerdo. Agora já era marcado com a Marca que não se apaga, símbolo dos Comensais de Voldemort. Ou seria Comensal pelo resto da vida (pelo menos fingiria ser) ou estaria morto antes que terminasse de dizer que desistira.
Virou-se de repente para uma rua de casas e subiu na calçada. Estava em frente à casa nº 12. Régulo girou a maçaneta de prata e entrou em sua casa. Passou pelo hall e pelo corredor para finalmente entrar na sala.
Toda sua família estava lá, exceto seu irmão mais velho, Sirius, que fugira de casa por não concordar com o que a família dizia e achava (como o resto da família) que Régulo amava Voldemort. Régulo tinha inveja de como Sirius era corajoso de fazer isso.
Seu pai lia O Profeta Diário e segurava um cálice de vinho; sua mãe se ocupava em arrumar a mesa de modo a deixá-la perfeita.
– Olá, eu cheguei. – disse sem emoção.
– Oi, querido, – disse sua mãe – anda, vai comer alguma coisa.
O Monstro prepara.
– Não estou com fome.
– Porque, não? Aconteceu alguma coisa?
– Aconteceu, mãe. – disse mais alto que o costume – Acabei de me ferrar por que vou ter que fazer um troço para o Voldemort e agora eu estou aqui danado e você pergunta se eu quero comer. Pois eu não estou com um pingo de fome e não me pergunte se eu quero comer, porque EU NÃO QUERO COMER!!!
– Que aconteceu, Régulo, querido? Houve algum problema na reunião com Voldemort?
– Pombas, olha a minha situação! O Voldemort me manda fazer uma tarefa que é o inferno, acha que eu tenho altura para isso, e eu acho mesmo que os aurores têm mais é que acabar com ele e seu ridículo império das Trevas!
– O que é isso meu filho? – perguntou a Sra. Black pasma – Você sempre foi a favor das idéias de Voldemort, até se alistou para ser um Comensal da Morte, e agora diz isso debaixo do meu teto?
– Pois saiba, querida mamãe, que as idéias dele não são as mesmas que as minhas, e me arrependo se algum dia disse que concordava com ele!
– Não diga isso! Você está muito estranho, Régulo Black! Parece seu tolo irmão mais velho! Dê-me mais um motivo e estará fora da tapeçaria!
Régulo não se importava mais com o que dizia sua mãe. Resolveu que seguiria Sirius, que afinal, pensou consigo mesmo, estava certo. Depois de apanhar sua capa de viagem, bateu a porta e saiu de casa para a escura e fria noite.
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