O Primeiro Encontro



1. O primeiro encontro

- Almofadinhas,Almofadinhas, ALMOFADINHAS!
Uma voz distante do andar superior respondeu.
- Calma, já estou no fim.
- Isso foi o que me disse a quarenta minutos. Parece uma mulher com toda essa demora.
- Bem, veja só Aluado, essa noite é especial para o Pontas. Finalmente ele vai se casar com a Lílian e nós dois aqui e o Rabicho sabemos mais do que ninguém como ele penou para conseguir isso. Agora, na festa de noivado, temos que aparecer bem arrumados e de boa pinta para impressionar as convidadas. Assim todas irão dizer “Olha, aquele é o Sirius, um dos melhores amigos do noivo. Nossa, eu não sabia que era tão bonito sem o uniforme de Hogwarts”- a voz de Black aumentava a cada segundo, enquanto descia as escadas ajeitando sua gravata. Um cheiro muito agradável era exalado dele- Então, como estou?
Sirius se posicionou ao pé da escada, fazendo uma pose, colocando a mão esquerda na cintura e a direita no corrimão. Lupin olhou para aquela imagem e ergueu uma sobrancelha com cara de “É alguma piada”.
- Bem Almofadinhas, não é exatamente meu forte dizer se um homem está bonito ou não, entende? Mas acho que você está mais interessado no número de mulheres que vai conquistar essa noite do que no noivado do Pontas.
Black tirou sua varinha de um dos bolsos de suas vestes, com um aceno, fez aparecer um copo de água na sua frente. Bebeu seu conteúdo num só gole. Sirius realmente estava muito bonito, mais que o habitual naquela noite. Trajava um fino smoking, seus cabelos, que geralmente caíam em seus olhos, estavam penteados para trás e bem seguros com um gel para que os fios não lhe caíssem nos olhos e sua barba estava em formato de cavanhaque. Remo, por outro lado, tinha o rosto liso e usava um terno de primeira mão, pois Sirius lhe emprestara para a ocasião. Seus cabelos não tinham gel, mas havia olheiras sob seus olhos e sua pele estava muito pálida. A festa tinha que ser na véspera da Lua cheia?
- Digamos, meu amigo Aluado, que o que vier é lucro. Não vou desperdiçar minha juventude, ainda mais nesses tempos de Guerra.
- Será que não é imprudência do Pontas e da Lili planejarem se casar nessa época? Deviam deixar mais para frente.
- Ai, ai Aluado, acho que estão fazendo a coisa certa se quer minha opinião. Ninguém sabe o dia de amanhã, mesmo com a precisão de uma bola de cristal. Eles têm que se unir o mais rápido possível para terem mais tempo. Agora, acho que ter filhos poderia esperar um pouco.
- Não acredito muito nisso. Se depender do Pontas, Lili já fica grávida antes mesmo do casamento.
E ambos riram.Sirius se aproximou de um espelho numa das paredes da sala e deu leves toques com a mão no cabelo, arrumando-o ainda mais.
- Você está ótimo, Almofadinhas. Vamos, você já viu que horas são?
- Agora sim. Credo, Aluado, só estava me acertando. Talvez a noite seja bemmmmmm longa. Você devia seguir meu exemplo, quem sabe não seja hoje à noite em que encontra sua alma gêmea.
Lupin bufou.
- Não, tenho certeza que nunca vou ter alguém.
- Quer saber? Tenho que concordar às vezes. Você nunca quis ter um relacionamento sério enquanto estávamos em Hogwarts. Sempre se afastava das garotas, dizendo que tinha um problema pessoal.
- Você sabe muito bem qual é meu probleminha.
- Lobisomem? E daí? Se a garota te ama mesmo nem vai ligar para isso.
- Você não entende.- murmurou Remo abaixando a cabeça.
- É, não entendo mesmo. Mas agindo assim todo mundo vai pensar que você é gay.
- Sirius!
- Tá legal, tá legal. Porem é a pura verdade. O Pontas me disse que ia chamar a Elaine, lembra daquela menina da lufa-lufa um ano mais velha que você?
- A ....a ... a Elaine?!- gaguejou.
Sirius mostrou um leve sorriso nos lábios.
- A própria. Bem, sempre soube que vocês tiveram um caso durante nossos anos em Hogwarts. Por que não recuperam o tempo separado hoje? – disse o amigo dando uma piscadela.
- Você não tem jeito, Almofadinhas!
- Também acho isso. Fazer o quê?- e fez um ruído com a boca.
- Chega, é melhor a gente ir. Rabicho já deve estar nos esperando.
- Falou, mamãe.- brincou Sirius, pegando seu sobretudo.
O rapaz fechou sua casa, conseguida graças à fortuna que herdara de seu tio Alfardo, e desaparatou em frente de seu portão, depois de verificar se nenhum transeunte estava por ali.




- Não, não, não!Eu não quero ir!- gritava uma garotinha de cabelos longos e negros presos numa elegante trança, olhos verdes, e ela trajava um lindo vestido rosa bebê de mangas compridas,com um elegante laço na cintura e a barra da saia chegava até os joelhos. Usava também meias calças brancas, porem não transparentes e sapatinhos estilo boneca da mesma cor que o vestido. A criança se agarrava na cabeceira da cama, mas era puxada pela mãe, que segurava sua cintura.
- Vamos, Ninfadora, não vai demorar.
- Não quero ir mãe.
- É só uma festa de noivado.
- Eu não vou!
- Ninfadora, - disse Andrômeda soltando a filha- vou contar até três e se não descer, colarei fogo em todas suas Barbies- e disse isso mostrando à garota sua varinha.
- Não quero ir.
- Já conversamos sobre isso antes. É uma festa de noivado, talvez toque aquelas musicas loucas que você gosta.
- Será, mamãe?
- Tenho quase certeza.- mentiu a bruxa na esperança de convencer a filha a ir na festa de Tiago e Lílian.
- NÃO É O SUFICIENTE! – gritou a menina.
Andrômeda suspirou. Não era possível que sua filha fosse tão rebelde. Se pudesse obedecer à sua mãe. Mas algo na bruxa a fez lembrar de uma coisa. Ela mesma nunca fora tão obediente a seus pais. Recordou de quando sua mãe lhe impôs um casamento com Rodolfo Lestrange e, não suportando a idéia de casar-se com aquele bruxo enquanto amava Ted Tonks, fugiu de casa e se acertou com o amor de sua vida, a pessoa que lhe deu o maior presente que poderia receber: uma filha. Rodolfo se casou com sua irmã mais nova, Bellatriz e mais tarde sua irmã caçula, Narcisa, se casaria com Lucio Malfoy. Apesar de todas essas memórias, Andrômeda não podia deixar Ninfadora fazer o que queria.
- Muito bem, senhorita. Você não me deixa escolha. Um, dois- e apontou a varinha para a prateleira do quarto da filha, onde havia uma fileira linda de Barbies e Susis sentadas uma do lado da outra.
- NÃO, MAE!- gritou a menina- Eu vou nessa festa idiota.
- Assim é melhor. Seu pai já está no carro te esperando. Comporte-se na festa, viu?
- Tá, eu já sei.- assim a criança saiu do quarto com a cabeça abaixada, olhando para o chão, entristecida.



O salão era localizado numa rua trouxa, pois havia amigos e parentes íntimos de Lílian que não possuíam o poder da bruxaria, então o casal decidiu fazer sua festa de noivado num lugar assim. Porem jogaram um feitiço igual ao de Hogwarts para aqueles trouxas curiosos que passavam pelo local: parecia um ambiente cheio de escombros e quanto mais se aproximam, as pessoas sem o dom da magia lembravam de algo para fazer.
Tiago e Lílian recebiam os convidados próximos à porta. A noiva usava um elegante vestido verde de alças, combinando perfeitamente com seus olhos esmeraldas. Sua roupa possuía um rasgo na perna esquerda que partia desde sua coxa até a barra do vestido, lhe dando um ar de modelo. Tiago não gostou muito da exposição da perna da noiva e até sugeriu de jogar um feitiço para fechar o tamanho do rasgo e diminuir o decote da mulher, embora não estivesse nada indecente. O maroto era ciumento mesmo que a moça vestisse um macacão até a testa. A ruiva fez um lindo rabo de cavalo nos cabelos e nos inúmeros fios que lhe caíam na nuca, tornou suas madeixas em cachos que iam até os ombros. Tiago, como Sirius, usava um smoking e seus cabelos rebeldes pareceram se ajeitar naquela noite.
Almofadinhas, Aluado e Rabicho conversavam animadamente em uma das mesas não muito longe do casal. Falavam de suas opiniões sobre a Ordem da Fênix.
- Talvez Snape não devesse estar com a gente. Ele é um amante das Artes das Trevas e a Ordem é totalmente contra. Esse negócio de espião não me cheira bem. Quem garante que não é espião duplo?
- Mas se Dumbledore confia nele...
- Remo, tenho certeza de que alguém passa informações nossas para os Comensais.
Nisso, Rabicho começou a tossir sem parar, como se tivesse se engasgado.
- Toma água Rabicho. Eu disse para você parar de fumar.- comentou Sirius.
- Ah, não, não. Apenas me engasguei mesmo. Está tudo bem agora.
Remo o olhou com cara de desconfiado, mas voltou sua atenção para Sirius, que continuava a falar.
- Não importam o que digam. Dumbledore está enganado
- E em que eu estou enganado, meu caro Sirius?- comentou uma quarta voz.
Num pulo, os três marotos olharam para o diretor de sua antiga escola
Mágica. Logo, eles se entreolharam como quem “quem vai dizer a ele”.
- Estávamos comentando que o senhor nunca acreditou que Tiago conquistaria Lili.- respondeu Sirius.
Remo deu menções de que iria começar a cair na gargalhada como Pedro também o fez. Alvo, os fitou por cima do oclinhos de meia lua e sorriu. O bruxo estava com uma de suas mais ricas vestes pratas de bruxos. Deu um sorriso e falou.
- Oh, eu sempre acreditei nisso, assim como acredito que Severo Snape é leal à Ordem. Com licença- sorriu mais uma vez e se retirou.
Os marotos permaneceram em silencio.
- Como ele faz isso? – perguntou Sirius.




Muitos bruxos surgiram de lareiras, porem outros vinham da própria porta, como os parentes mais próximos de Lílian ( com exceção da irmã, que se negou em vir). Logo, os Tonks já estavam com os noivos conversando. A jovem Ninfadora fazia círculos com a ponta de um dos pés,impaciente enquanto seus pais cumprimentavam o casal. Sirius de longe viu a prima favorita com o marido e a filha andando no salão à procura de uma mesa. O maroto correu até a família e enquanto dava beijinhos no rosto da mulher disse:
- Andie, que bom que você veio! Quando o Tiago me falou que convidou você e sua família, fiquei muito satisfeito.
- Olá Sirius, Faz muito tempo, muito mesmo. Acho que não conheceu meu marido Ted Tonks.
Ambos homens se cumprimentaram com um educado aperto de mão e um “Muito prazer”, mas logo o olhar de Almofadinhas recaiu sobre a pequena, que tentava rasgar o laço em sua cintura de tanta raiva que tinha por estar ali.
- E quem é essa linda mocinha? – perguntou Sirius, se abaixando de maneira que seu rosto ficasse de frente com o da menina.
- Eu sou Tonks. – respondeu a garota, um tanto revoltada.
- Ah, então você é Ninfadora Tonks?- questionou Sirius de um modo infantil, mas carismático.
- Tonks. Me chame de Tonks. Eu odeio Ninfadora, só minha mãe para colocar esse nome.
- Ninfadora, olha os modos.- falou Ted, lançando um olhar severo para a filha.
- Está tudo bem. Querem se juntar a nós? Só estamos eu e meus amigos.- falou Sirius, tentando apaziguar um possível desentendimento.
- Não sei, não queremos atrapalhar.- afirmou Ted.
- Não irão- disse Sirius sorrindo.- Vamos.
E se direcionaram para a mesa dos marotos. Nela, Remo e Pedro bebiam e
Comiam petiscos que eram servidos. Black se aproximou dos amigos e anunciou.
- Gente, quero que conheçam minha prima Andrômeda e seu marido Ted com sua filha, Ninfadora.
- Meu nome é Tonks- disse a mocinha com uma certa impaciência na voz.
- Esses são meus amigos Remo Lupin e Pedro Pettigrew. Estudaram comigo em Hogwarts.- ignorou o animago.
Todos se cumprimentaram com educados apertos de mão, com exceção de Ninfadora, que ficou parada mal-humorada.
- Filha, cumprimente-os também.- repreendeu a mãe.
- Ah, e ai? Beleza, caras?- disse a menina.
Andrômeda cobriu o rosto com as mãos, tentando esconder a vergonha. Rabicho sacudiu o nariz mostrando que desaprovava aquela menina entre eles, porem Remo apenas sorriu. Como uma mocinha tão bem vestida e com aparência tão frágil poderia ser tão rebelde?
- Ora, sentem-se conosco.- convidou o lobisomem.
- Acho melhor não- recusou Ted.
- Vamos, nós insistimos- argumentou Sirius.
A mesa circular ficou assim: Rabicho, Sirius, Ted, Andrômeda, Tonks
E, ao seu lado, Remo. Almofadinhas, Ted e sua mulher conversavam animadamente, com Rabicho ouvindo discretamente o que diziam. Lupin estava com sono por causa da lua cheia se aproximando e por isso não se metia na conversa. Ninfadora, mais impaciente ainda bufava e batia com os pés na mesa, atrapalhando o lobisomem, que tentava cochilar. Sua bagunça não o agradou muito.
Quando Tiago e Lílian abandonaram a porta e começaram a atender aos convidados da festa, começou a tocar musicas mais agradáveis na pista de dança e não demorou muito para a iluminação mudar e muitos casais encherem o local.
- Er...bem, eu já volto. Não vou demorar, gente.
- Onde você vai Rabicho?- perguntou Sirius ao amigo, que já estava levantado.
- Heim? Ah...banheiro.- e se retirou.
- Esse cara tá tão estranho...- comentou o irmão de Regulo.
A música mudou para outra de discoteca bruxa.
- Ah Ted, eu amo essa música vamos dançar?
- Ah bem, eu não sei dançar essas musicas bruxas, Andie.
- Não tem segredo. É só imitar o que os outros fazem. É fácil- cochichou Sirius.
- Eu não sei....
- Ah por favor.- pediu a esposa.
- Está bem. Mas e Ninfadora?
- Relaxa, a gente cuida dela- disse Sirius dando uma piscadela para a prima- podem ir se divertir.
- Tem certeza, primo?
- Claro, podem ir.
- Certo, comporte-se filha.- a morena se dirigiu à garota.
- Tá legal mãe- disse a menina entediada.
E o casal foi para a pista. Dois minutos depois e ao meio do gelo seco, Sirius viu uma loira linda, com cabelos soltos, vestido tomara que caia e olhos azuis sentada sozinha numa mesa. O bruxo fez uma cara parecida de quando um cachorro encontra sua presa. Passou uma mão na lateral da cabeça, ajeitando o cabelo e cochichou para Remo.
- Fica olhando ela aí, logo eu volto.
- “ Fica olhando ela aí”? O que aconteceu com “a gente cuida dela”?
- Mudança de planos Aluado. Não posso deixar passar aquela beldade ali.- e saiu da mesa, deixando Lupin e Tonks só.
A criança apenas se sacudia na cadeira, fazendo toda a mesa seguir seu
Ritmo. Irritado, Lupin colocou uma mão em seu ombro:
- Pára. Você vai me deixar louco desse jeito.
- Você é chato sabia?_ Ninfadora falou fazendo uma careta.
Ele a encarou nos olhos. Era evidente que não queria estar ali e a compreendia muito bem. Quantas festas e bailes já fora sem ter vontade, por se sentir diferente dos demais? Quantas vezes ficara quieto numa mesa rezando para que o tempo passasse depressa? Tentando melhorar um pouco a situação da menina, começou a puxar assunto.
- Você gosta de música?
- Sim.
- Quer dançar?
A garotinha parou alguns momentos com seus chutes na mesa para ouvir a musica que tocava. Era algo da dance bruxa e Tonks nunca a ouvira na vida.
- Não gosto do que está tocando.
- Ah, certo. Que tipo de música você curte?
- Heavy Metal.
- Hea...o quê?
- Você é surdo?- perguntou a menina com as mãos na cintura.
- Que coisa é essa?
- É um tipo musical de musica sabe? Led Zepplelin, Black Sabbah, Deep Purple sao minhas bandas trouxas favoritas. Adoro rock paulera.
- Bem, nunca ouvi falar delas. Conhece alguma banda bruxa?
- Não.
“Essa menina é pior que eu pensava” pensou Lupin. Ambos permaneceram quietos até que ouviu a acompanhante murmurar.
- Quero ir embora.
- Ah, a festa não está ruim. Devia aproveitar. Quantas festas bruxas você já foi?
- Só essa.
Realmente, seria muito difícil conversarem. Ela não tinha assunto e não era sua culpa isso. Vendo que a impaciência de Ninfadora aumentava a cada instante, Remo sugeriu.
- Você quer brincar?
A menina respondeu com um largo sorriso.
- Quero, do quê? Pega-pega? Tá com você!
- Não, não. Eu tinha pensado em algo menos...hum... cansativo- disse o bruxo segurando o braço de Tonks bem a tempo dela sair correndo.
- Então o quê?
- Gosta de bonecas?
- Sim.- outro sorriso surgiu em sua boca.
- Como você quer uma?
- Eu gosto da Barbie princesa, com um longo vestido rosa de saia balão e detalhes dourados, cabelos lisos loiros até a cintura e ela tem que ter uma coroa prata na cabeça e sapatinhos de salto alto rosa.
Lupin não assimilou direito o que a pequena disse, mas se concentrou em transformar um copo naquilo que lhe fora descrito. Com sua varinha, uma linda Barbie apareceu em pé na mesa com todos os atributos que Ninfadora disse. Os olhinhos dela se iluminaram e até lacrimejaram de tanta felicidade ao ver o que apareceu na sua frente. Com muito cuidado, ela pegou a boneca e começou a acariciar seus longos cabelos dourados.
- Obrigada, senhor.
- Não me chame de senhor. Me chame de Remo.
- Falou, Remo.
E ela começou a brincar com sua Barbie, porem não demorou muito e a boneca escorregou de seus dedos, indo para debaixo da mesa. Tonks se abaixou para pegar e, quando afastou a cadeira para atrás para poder sair dali, o assento colidiu com o de Lupin, que tomava vinho tinto. Com o impacto, a bebida foi derramada em sua roupa. Ao ver o que lhe aconteceu, Remo fez uma careta e lançou um olhar severo para a causadora daquilo, que já se levantara.
- Er...desculpa. Às vezes sou meio desastrada.- argumentou a menina.
- Só às vezes? Não é o que você aparenta. Reparo- disse o homem apontando sua varinha para seu peito e imediatamente o estrago foi corrigido.- Volte a brincar.
E foi o que ela fez. Cinco minutos depois, Ninfadora parou com a brincadeira e começou a se sacudir em cima da cadeira, batendo com os pés na mesa.
- Qual o seu problema agora?
- Cansei de brincar sozinha. Uma Barbie sem ninguém não tem graça.
Remo desviou o olhar. Tomara que ela não pedisse o que ele temia. Porem isso aconteceu.
- Remo, quer brincar de Barbie comigo?
O lobisomem ergueu uma sobrancelha. De tudo que já passou naquela noite com aquela menina ainda tinha que brincar de boneca? Onde estariam seus “inseparáveis amigos”? Deu uma olhada no salão. Tiago cochichava algo no ouvido de Lili, que tomava uma taça de vinho tinto. Só Deus sabia aonde Rabicho poderia estar e Sirius provavelmente estaria com alguma mulher em uma das paredes. Ted e Andrômeda dançavam mais felizes do que nunca na pista de dança.
- Vamos, por favor.- Ninfadora começou a puxar a manga da camisa de Lupin, que sem paciência concordou.
- Tá bom, mas só uns minutos, entendeu?
Com outro toque na varinha num dos copos, um charmoso Ken apareceu diante dos olhos da bruxinha.
- Que lindo! Como você...?
- Eu vi esse numa loja de brinquedos trouxas.-espondeu rápido.
- Certo, vamos começar. “Olá Ken, quanto temp”...Segura esse boneco direito!
- Ah, é certo, certo.
- “Olá Ken, quanto tempo que não nos vemos...”
Mas o olhar de Lupin estava em outro lugar e não na mesa, que era usada de palco para as brincadeiras de Tonks. Uma mulher muito linda, de olhos escuros e cabelos cacheados negros como a noite passava perto de onde estava. Ela usava um vestido preto com decote em V que deixou Remo boquiaberto e o fez murmurar baixinho.
- Elaine.
A bruxa da lufa-lufa estava acompanhada por uma moça com um vestido vermelho. Ambas tinham a intenção de virem falar com Remo, porem parece que quando viram que ele segurava um boneco na mão, mudaram de trajeto. E Lupin também notou que cochichavam algo enquanto o viam . Pensou no que Sirius lhe disse mais cedo “É, não entendo mesmo. Mas agindo assim todo mundo vai pensar que você é gay.” Elaine fora a primeira garota que conseguira realmente mexer com seu interior, mas ele nem imaginava que a pessoa que mexeria ainda mais consigo estava sentada bem ao seu lado.
- Você já catou ela?- perguntou Ninfadora ao ver em que Remo se concentrava.
- Heim?!- ele desviou seu olhar.
- Perguntei se já catou ela.
- Você não deveria falar assim.
- Ah, desculpa. Mas eu vi um moço numa novela trouxa dizer isso para um rapaz tão jovem quanto você. Sabe o que é uma novela?
- Claro que sei o que é uma novela!
A menina franziu a testa, porem continuou.
- Então vamos brincar?
E ele o fez por alguns momentos, pois o casal Tonks voltava para a mesa.
- Você dançou muito bem, querido.
- Essa dança de vocês é meio estranha. Dá muita sede. Como minha filha se comportou Remo?
- Muito bem, ela se distraiu com alguns brinquedos que fiz.
- Oh, muito gentil de sua parte Sr. Lupin- falou Andie abanando o pescoço com as mãos e sorrindo- Obrigada.
Sirius chegou logo em seguida, porem seus cabelos estavam bagunçados, sua gravata borboleta desfeita e sua camisa aberta.
- Parece que sua festa foi muito boa.- murmurou Remo no ouvido do amigo.
- Ainda nem chegou na metade- respondeu no mesmo volume Black enquanto se sentava.
Tiago subiu as escadas do palco do salão de braços dados com Lílian, para desgosto de muitas garotas da comemoração. Ele tirou sua varinha do bolso, pensou “sonorus” enquanto a apontava para sua garganta. O resultado foi uma voz bem alta.
- Boa noite. Antes de qualquer coisa eu quero agradecer a todos por terem vindo nesse evento tão especial para Lílian e eu. Obrigado.
Houve uma salva de palmas, porem o maroto continuou.
- Demorou muito tempo e quem estava próximo de mim sabe o quanto eu insisti na conquista dessa bela ruiva. Não foi fácil. Fiz música, escrevi poemas e lhe dediquei uma das minhas vitórias no quadribol. Uma vez tentei lhe falar de meus sentimentos, então fui banheiro feminino e a peguei de toalha.
Lili corou um pouco. Aquilo estava ficando um pouco íntimo.
- Querido, acho que já está bom.- murmurou a noiva.
- Ah, sim, claro Lili. Agora, oficialmente eu declaro a todos o meu amor eterno a essa mulher.
Lílian quase desmaiou com a emoção enquanto ouvia muitas palmas dos ouvintes.

- E aqui na presença de todos eu dou este anel de noivado para ela.- e o bruxo mostrou a todos um lindo anel dourado numa caixinha vermelha em forma de coração.
Mais palmas seguiram. Cuidadosamente, Tiago tirou a jóia da caixinha e a pôs no anelar direito da ruiva, que chorava de felicidade.
- Agora eu tenho uma surpresa.
As luzes se apagaram. Tiago tirou imediatamente o feitiço para aumentar sua voz.
- Tiago, qual é a surpresa? Estou curiosa.- disse a ruiva.
- Não meu bem. Essa não é minha surpresa- respondeu o moreno. Na verdade seu presente era lhe mostrar a chave da casa que comprou para morarem depois do casamento.- Lumus.
Foi então que eles viram. Vários Comensais encapuzados estavam espalhados pelo lugar, praticamente cercando seus convidados. Gritos e passos na correria eram possíveis serem ouvidos. Sirius lançou um feitiço nas lâmpadas para que funcionassem e de fato foi bem sucedido. Jatos e mais jatos saiam das varinhas a esmo, acertando ou não alvos. Dumbledore lutava com dois ao mesmo tempo; Lílian foi para onde sua família trouxa estava sentada e tentou protege-la com a ajuda de Tiago; Sirius duelava com uma Comensal, Bellatriz Lestrange. Ora um ou outro saltavam para cima de mesas ou cadeiras para desviar do ataque do inimigo.
- Nossa prima, você está melhorando bastante. Vejo que treina nas horas vagas, mas me pergunto se você treina porque precisa ou faz isso para se livrar da chatice de seu casamento arranjado.
- Treino para dar lições em traidores do sangue, como você querido.
- Ah, Bella. Não diga isso. Não se lembra dos nossos velhos tempos juntos em Hogwarts?
Bellatriz jogou um feitiço de raio azul para Sirius que desviou muito bem, porem fez que o raio atingisse Ted bem no peito. Andrômeda, que havia acabado de derrotar um Seguidor de Voldemort, segurou o marido nos braços.
- Que pena maninha!- disse sarcasticamente Lestrange.- É o que acontece por se envolver com trouxas.
- Vou acabar com você, sua estúpida.- disse a irmã entre lágrimas e desespero afastando a filha, que veio para junto do pai chorando. Depois largou o corpo no chão e se juntou a Sirius.
Assim, lutaram Andie e Almofadinhas contra a Comensal. Remo também duelava com alguém, mas quando terminou viu que a menina Tonks sumira. Começou a gritar e a correr no salão para encontrar-la. Quando estava quase desistindo, viu Lucio encurralando a pequena rebelde na parede. A garotinha chorava e gritava.
- Não, você não vai fazer isso!- e quando Lupin disse, jogou um “impedimenta”nas costas do Comensal, que paralisou. Talvez não fosse justo atacar por trás, mas que escolha tinha?- Vamos Ninfadora.
- Meu nome é Tonks!
- Agora!- o lobisomem gritou.
Pegou a menina nos braços e desaparatou. Aparataram em frente de uma casa pequena e pobre com os muros altos. A calmaria era tanta na rua que até a menina se assustou com a ausência de gritos e coisas se quebrando do salão.
- Aonde estamos Remo?
- Na casa dos meus pais. Não podíamos ficar naquele lugar.- disse abrindo o portão com um “alorromora”
- Cadê meus pais?
- Olha, eles ficaram lá. Sua mãe vai cuidar de seu pai e dos Comensais junto com Sirius, por isso não se preocupe.Agora, entre.
A menina obedeceu. Realmente era uma casa muito simples com uma sala que tinha uma janela para o jardim, um sofá quase que roído por traças, uma lareira empoeirada e piso de tacos, que estavam se soltando.
- Não faça barulho, meus pais devem estar dormindo essa hora.
- Remo, perdi minha boneca.
- Tudo bem, eu faço outra para você. Suba, meu quarto é por aqui.
E lhe mostrou o caminho. A menina, afobada como sempre, ia entrando no quarto errado.
- Não, esse é o quarto do meu irmão, Rômulo. O meu é esse ao lado- falou cochichando.
- Desculpe.
E entraram no quarto certo finalmente. Ele possuía uma cama no centro, uma janela embaçada, uma mesinha para estudo e o reboque da parede começava a querer desmanchar.
- Você dorme aqui?
- Sim.
- Uau- disse a moça impressionada, olhando para tudo, inclusive o teto.- Muito louco! As vezes me enjôo com o quarto rosa que tenho.
- É tarde, você já deveria estar na cama.- Remo tentou desconversar.
- E onde você vai dormir? – perguntou enquanto tirava seus sapatos.
- Eu me arranjo.- falou o lobisomem tirando um pedaço de pergaminho da gaveta de sua mesa junto com uma pena.- Vou escrever uma carta para Sirius avisar para sua mãe que está tudo bem com você.
- Vai usar uma coruja? – perguntou curiosa enquanto entrava embaixo das cobertas da cama.
- Sim.
- Sempre quis ter uma coruja. Minha mãe não deixa, acha que não saberei cuidar dela.
- Bem, quem sabe no futuro? Já volto, vou mandar a coruja- disse ele saindo do quarto.
Ninfadora ficou pensando de como estaria seu pai. Apesar de ser muito novinha, sempre se preocupou com o que era seu, desde de as bonecas até seus entes. Remo voltou e se surpreendeu quando não encontrou a mocinha dormindo.
- Pensei que já estava dormindo.
- Não consigo.
- E agora, o que aconteceu? Quer que lhe conte uma historia?
- Não. Remo, aquelas pessoas de capuz são Comensais da Morte, não?
Lupin se sentou ao lado da garota, ajeitando melhor as cobertas.
- Eram sim.
- Eles eram muito bons. Lutam para o Você-sabe-quem?
- Lutam.
- Eu vi você e o Sirius lutando. Vocês são muito bons de verdade. Não são Comensais, são?
- Não, ao contrario. Fazemos parte da Ordem da Fênix, um grupo de bruxos que combatem o Você-sabe-quem e seus seguidores. Por isso eu e o Sirius já temos uma certa experiência.
- Ordem da Fênix? Legal, eu também quero participar.
- Bem, só bruxos maiores de idade e que terminaram a escola podem fazer parte da Ordem. Terá que espera uns anos, isso se o Lord não estiver derrotado.
- Tomara que não.
- Não diga isso. Pense em quantas pessoas morrerão. É melhor que ele seja eliminado logo.
- Tem razão. Mas se o você-sabe –quem não estiver derrotado, eu quero se juntar à Ordem. Meu pai...
- Sei que seu pai está bem, mas agora é tarde e você já devia estar dormindo- disse Lupin de um modo cortante enquanto se levantava da cama e pegava uma coberta bem grossa e um travesseiro de fronha rasgada num baú embaixo da janela.
- Você não vai me deixar vai?
- Bem, eu ia dormir no sofá lá em baixo.
- Não, fique comigo. Eles podem voltar e me pegar.- Tonks se cobriu ainda mais com a coberta demonstrando que queria companhia.
Remo a olhou. O que aconteceu com aquela garota rebelde e irreverente? Apesar de todo esse jeito, apenas queria chamar a atenção de todos a sua volta. Concordou em fazer o que a menina pediu.
- Assim não ficamos sozinhos. Eu te protejo.
- Ah é?- comentou ele sorrindo levemente.
- Sim, mas só se me fizer outro favor?
- O que?- perguntou depois de ter estendido a coberta no chão.
- Faça um ursinho para mim.
Morrendo de sono, o lobisomem procurou por algo para transfigurar até que achou seu relógio de pulso num canto do criado mudo. Com um toque na varinha, o objeto se transformou num lindo ursinho de pelúcia marrom com uma gravatinha preta no pescoço. Ninfadora pegou-o e o abraçou.
- Obrigada. Você é muito bonzinho. Vai para o céu quando morrer.
Lupin não sabia se ria ou não. Que garota encantadora, embora não foi essa a primeira impressão que teve dela. Ela se virou para o lado oposto da cama e, em questão de segundos, adormeceu. Remo, porem, ficou pensando em tudo naquela noite e torcendo para que seus amigos estivessem bem.




Ninfadora acordou umas onze horas da manhã, esfregou os olhos com as costas das mãos e os abriu. No principio, não recordara como fora parar ali, mas logo lembrou de tudo: da festa, do ataque e da generosidade de Remo. Ao olhar para o chão à sua procura, não viu nada, exceto um cobertor todo espalhado e um travesseiro. A menina se levantou, saiu do quarto e desceu as escadas. Não havia ninguém na sala, porem ouvia vozes vindas da cozinha. Cautelosamente, ela entrou no cômodo e viu a família Lupin reunida tomando café da manhã. A Senhora Lupin, uma mulher muito parecida com o filho, sorriu para Tonks e disse:
- Essa é a priminha de Sirius, Remo?
- Sim, por pouco que não escapa com vida.- comentou o bruxo enquanto se servia de torradas.- Venha tomar seu café, Ninfadora.
- Não me chame de Ninfadora. Meu nome é Tonks!- falou a garota irritada.
Todos riram com o jeitinho da menina, que devorou três ovos com queijo e seis torradas por causa de sua tamanha fome.
- Terminou Tonks?
- Sim.
- Ótimo. Sirius respondeu essa manhã minha coruja. Disse que seu pai está bem, mas ficou no St. Mungus em recuperação. Andrômeda virá buscar você a qualq...
Nisso, a campainha soou. O senhor Lupin fez menção em atender, mas Remo o impediu.
- Deve ser ela. Eu levo Nin...Tonks.
- Tudo bem, convide-a para entrar.
- Certo, pai.
Remo acompanhou a menina até a porta da frente. Ninfadora ficava pulando e de repente ela começou a subir as escadas.
- Onde você vai?- perguntou erguendo sua voz para que ela ouvisse.
- Já volto.
Cinco segundos depois, Tonks desceu as escadas, saltando de dois em dois degraus, trazendo nos braços o ursinho marrom.
- Tome. Tive medo que você não o encontrasse. Ele estava embaixo da cama depois de eu me virar tanto à noite.
- Fique com ele. É um presente.
- É serio?- perguntou a menina incrédula e seus olhos cintilaram.
- Sério, agora vamos que sua mãe está com pressa.
Eles saíram de casa e foram até o portão, onde Andrômeda se encontrava impaciente.
- Ninfadora! Graças a Deus! Obrigada por cuidar dela, Remo.- disse a mãe enquanto abraça a menina e verificava se não havia nenhum machucado nela, depois que o portão foi aberto.
- Não foi nada. Foi um prazer, Andrômeda.
- Onde você conseguiu esse urso?- perguntou a mãe.
- O Remo me deu mãe.- a garota o apertou ainda mais contra o peito.
- Muito obrigada mesmo Remo.
- Por nada. À propósito, não quer tomar café da manhã com a gente?
- Não, não. Obrigada. Ted sai daqui a pouco do St. Mungus e tenho que acompanha-lo de volta para casa.
- Entendo. Melhoras para ele.
- Obrigada. Apareça quando quiser em casa.
- É Remo. Vá lá em casa. Você precisa conhecer minha coleção de Bonecas.
- Claro que vou.- disse Lupin. “No dia em que eu ficar maluco” pensou.
- Tchau e obrigada de novo.- despediu-se Andrômeda.
- Tchau, Remo. Tô te esperando.- comentou Ninfadora.
- Tchau, nos vemos.
Mas demorou muitos anos para Remo e Tonks se verem novamente.


****************************************************************
N/A: Olá.......aqui estou de novo.

Prometi que ia escrever uma fic que antecede a fic “de atração ao amor”. Os nomes são meio parecidos por uma causa: Esta historia mostra como Tonks e Lupin se conheceram, como ela entrou para a Ordem, como c saiu em suas primeiras missões, quando seus sentimentos por Lupin começam a mudar, enfim. Não terá tantos capitulo como a outra fic, acho que terá uns 5 só e não terá beijos, afinal o envolvimento real deles está na “de atração ao amor”.

Comentem....achei esse 1o capitulo divertido e gostaria muito de saber o que você acham.

Beijos


Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.