... E a Vida Continua



N.A: Eu escrevi este cap. inspirado na música Vento no Litoral ( Precisa dizer que é do Legião?). Então, fica como dica para quem quiser ouvi-la durante a leitura. Vamos ao cap.

Capítulo 19 –... E a Vida Continua

Era uma tarde fria de dezembro. A última do ano. O inverno daquele ano estava extremamente rigoroso e nevava mais uma vez aquele dia. Por isso, ninguém reparou numa jovem que saia de uma rua suspeita, onde não havia praticamente nada, a não ser uma cabine telefônica quebrada e uma caçamba de lixo.


Gina Weasley aproveitou que ninguém estava reparando nela e atravessou a rua, seguindo em direção ao centro de Londres. Ainda era cedo para ir para casa e ela precisava comemorar. Estava contente, algo raro nos últimos anos. Mas ela tinha motivos. Acabara de prestar seu exame para Auror e passara com mérito. O novo chefe da seção, Kingsley Shacklebolt, lhe dissera que ela só tivera uma nota inferior que a de seu irmão Rony, que era o melhor formando dos últimos cinqüenta anos.


Enquanto caminhava pelas ruas sob a nevasca que aumentava gradativamente, Gina imaginava no que as pessoas pensariam se reparassem nela. Assim que deixara o ministério ela lançara um feitiço para não ser atingida pelo frio. Assim, quando os flocos de neve caiam sobre seu cabelo vermelho, produziam um efeito deveras interessante. Em segundos ele evaporava, numa minúscula nuvem de vapor. Conforme a nevasca aumentava, se alguém a olhasse, teria a impressão que seus cabelos, vermelhos como fogo estavam realmente em chamas. Ela sorriu com este pensamento e deu uma olhada em volta, para se certificar que estava segura.


Lembrou mais uma vez de como havia sido sua vida ultimamente. Fazia três anos e meio que Harry derrotara Voldemort. Após o choque inicial, ainda na cerimônia em sua homenagem, durante o discurso de seu irmão, ela se lembrou da conversa que tivera algum tempo antes com Harry, sobre ser Auror. Naquele momento, decidiu qual seria seu destino. Caçar os Comensais ainda soltos.



Após a leitura do testamento, sem dúvida ela ficara mais conformada. Mesmo assim, aquele verão foi o pior de sua vida. Temia o retorno à escola, como seria sua reação e a dos colegas com relação a tudo que havia acontecido. Foi melhor do que imaginara. Ela assumiu a liderança dos Guardiões, auxiliada por Cho e Luna. Presumivelmente, também fora nomeada Monitora - Chefe. É claro que teve problemas, piadinhas infames com seu nome eram sussurradas pelos corredores do castelo. Das masmorras da Sonserina veio o apelido de Viúva-Virgem-De-Harry-Potter. Ela não se importava com essas brincadeiras, só queria saber de estudar e tirar os NIEM’s necessários para entrar no curso para Auror.


Todos perceberam uma mudança significativa nela. Sempre fora estudiosa, mas agora ela estava obcecada. Até mesmo Hermione tinha lhe aconselhado a diminuir o ritmo, mas não surtiu efeito. Durante os finais de semana ou de folga, se o tempo permitisse, caso alguém quisesse encontrá-la, bastava ir até o busto de Harry. Ela certamente estaria sentada na grama, encostada ao obelisco e enfiada num livro. Estava mais séria, quase não sorria ou brincava, quase não se relacionava mais. Restringiu o círculo de amigos a um pequeno grupo. Felizmente Luna e Cho estavam ali para lhe dar apoio, o que foi muito importante. A amizade delas durante aquele ano tornou-se muito maior. Ela e Cho compartilhavam o mesmo sentimento de perda, então uma compreendia o que a outra estava sentindo e se apoiavam mutuamente.


No final do ano, quando ela e Luna se formaram, Cho foi convidada a ingressar no quadro de professores da escola, como professora de combate corporal, uma nova disciplina agregada à grade de matérias, em grande parte graças a Rony. Quando este prestou seu exame para ingressar na escola de Aurors o teste foi tão bom que o ministério resolveu reduzir seu curso em um módulo, passando de três anos para dois anos e meio. Quando outros membros da antiga Armada prestaram o exame e mostraram suas capacidades adquiridas nos treinamentos em Hogwarts, o ministério solicitou à diretora a criação da nova matéria. Quem a cursasse a partir do quinto ano e quisesse ingressar na carreira de Auror, poderia fazer um curso com uma duração menor. Gina caminhava tão absorta em suas recordações que quase passou de seu destino. Parou bem a tempo e entrou no “Café do Brasil”.



Entrou e foi direto para “sua mesa”, num canto reservado do ambiente. O café era de propriedade de um brasileiro, de nome João Carlos. Era um ambiente trouxa, ela preferia freqüentar lugares assim, onde não corria o risco de ser reconhecida. Assim que se acomodou, o rapaz veio até sua mesa:


- Oi Gina. Não está meio cedo pra estar aqui? Faltou no curso hoje?
- Oi João. Não faltei não, na verdade eu estou vindo de um teste final que acabei de fazer. E passei. Acabei de ser contratada, vou poder trabalhar com meu irmão.
- Que bom. Fico feliz por você. Isso quer dizer que vou perder uma das minhas clientes preferidas?
- Não, claro que não. Mas não vou aparecer com tanta freqüência, então vim me despedir. E comemorar também.
- Certo! O de sempre então?


Ela concordou com um aceno e o rapaz se retirou para preparar o pedido da garota. Gina voltou a suas lembranças, agora voltadas para a sua família. Seu irmão Gui lhe trouxera pela primeira vez até aquele café, dois anos atrás. Gui havia ido trabalhar no Brasil, pouco depois da queda de Voldemort, assim que soubera da gravidez de Fleur. Eles tiveram uma linda menina, Sophie, que se parecia muito com a mãe. Tinha cabelos louros, olhos azuis, não negava a descendência Veela. Mas também não negava o sangue Weasley. Era um verdadeiro terror. Inteligente, astuta. Não era nem de longe a dama que sua mãe esperava que fosse. Parecia um moleque. E adorava a tia Gina, que por sua vez tinha verdadeira adoração pela sobrinha.Num final de ano quando eles haviam vindo passar as férias com a família, Gui viera conhecer este lugar, indicado por um amigo. O café era temático, uma novidade na Europa. Espalhado pelo ambiente, vários objetos oriundos do país natal do dono. Além disso, uma vitrola tocava música brasileira. O freqüentador podia escolher o que quisesse na coletânea de Cd’s. Gina já ouvira Bossa Nova, Samba, etc.


Carlinhos também se casara com Natasha, a pouco mais de um ano. Ele retornara à Inglaterra e arrumara um emprego no ministério, no departamento de criaturas mágicas. Por incrível que pudesse parecer, Fred estava namorando sério com Vera, a moça que trabalhava em sua loja e que se apaixonou por ele depois da luta no Beco Diagonal, quando ela viu que apesar de brincalhão, Fred era um homem corajoso, fiel e honrado. Jorge, por sua vez, continuava solteiríssimo e não queria saber de compromisso. Rony e Mione estavam noivos. Não haviam se casado ainda devido aos estudos, além de outros motivos que ela não discutia com eles. Rony já era Auror há um ano e Mione era Medibruxa no St Mungus, onde já era considerada uma das grandes promessas na área.



João Carlos se dirigiu para trás de seu balcão para preparar os cafés de Gina. Sim, cafés. Fazia dois anos que aquela linda jovem freqüentava seu estabelecimento. Ele se lembrava nitidamente da primeira vez que ela entrara pela porta, seus cabelos próximos à cintura, vermelhos como o fogo. Linda como ele nunca vira ninguém antes. Estava acompanhada de um rapaz um pouco mais velho que ela, obviamente um parente, pois eram muito parecidos. Era visível a semelhança a começar pelos cabelos, também vermelhos. O rosto possuía grande semelhança também, apesar deste ter profundas cicatrizes no rosto. Para sua alegria, alguns dias depois ela retornou sozinha. Ele a atendeu, ela pediu dois cafés e ficou ali sentada, quieta num canto, o olhar distante e triste. Parecia que tinha levado um “cano” de alguém. Da terceira vez, ela repetiu o mesmo ritual. Completamente encantado pela garota, ele não resistiu. Aproximou-se e puxou conversa:


- Boa tarde! – Ela se assustou, mas olhou para ele e respondeu.
- Boa Tarde.
- Posso me sentar um momento? – Continuou ele, emplacando um sorriso latino e, na sua opinião, irresistível no rosto.
- Claro. – Respondeu ela – Afinal você é o dono não é?
- Obrigado! – Disse ele, não se deixando abater pela resposta da garota e puxando uma cadeira – Meu nome é João Carlos. E o seu?
- Gina!
- Bom Gina, eu não quero parecer intrometido, mas notei que é a segunda vez que você pede dois cafés. Toma um e o outro acaba esfriando e a pessoa para quem pediu não compareceu. Então fiquei me perguntando se esta pessoa merece que você continue esperando por ela. Para quem é este outro café?
- Para o meu noivo. – Respondeu ela, fuzilando-o com aqueles belos olhos castanhos.
- E onde ele está? Por que não está aqui com você?
- Por que ele morreu. – Disse ela, a fúria se transformando em imensa tristeza – Pelo menos foi dado como morto.
- Ah! Entendo. – Ele ficou extremamente constrangido, só agora vendo que ela mexia compulsivamente uma aliança na mão direita – Peço que me desculpe, não fazia idéia.
- Tudo bem. Não tinha como você saber, não é mesmo?
- Você não acredita que ele esteja morto?
- Não vi um corpo. Então ainda tenho esperanças.
- Sinto muito. Com licença.



E João se retirou, respeitando a dor da garota. Com o passar do tempo, ele voltou a puxar conversa com Gina, porém sobre outros assuntos. Seu curso, sua família, sobre música. E assim se passaram dois anos.




Enquanto saboreava seu café, Gina pensava:


- “Consegui Harry! Sou uma Auror agora. Vou pegá-los. Juro que vou!”



Assim que terminou, pagou pelos cafés e saiu para a encarar a tempestade novamente. Virou numa esquina pouco movimentada e desaparatou, com destino à Toca. Tinha que dar a notícia à sua família. Sua mãe não ficaria contente, sempre tentara fazer com que mudasse de idéia. No início da próxima semana, com o raiar de um novo ano ela iria de encontro ao seu destino. Não era o destino que sonhara durante toda sua adolescência, com uma casa, filhos e o amor de sua vida. Este destino ficara no reino dos sonhos. A realidade que se descortinara para ela era muito mais dura e crua. Mas ela estava disposta a encará-la. Havia aprendido isso com Harry, a não ter medo de seu futuro. E ela encararia o que viesse pela sua frente, sem medo. Afinal, a vida continua.


N.A: Desculpe não ter postado na semana passada, tive vários problemas no trabalho que me tomaram muito tempol. Eis o último capítulo. Se bem que na minha opinião não é bem um cap, já que a estória não termina aqui. Naminha opinião é mais uma introdução para o que vem por aí. Espero não ter decepcionado vocês. E o que termos pela frente? Bom, só posso dizer que a continuação vai começar com os Auros Weasleys caçando os comensais fugitivos. Depois... Bom, o que vem depois vocês vão ter que ter um pouco mais de paciência pra saber. Harry está vivo? Se está, onde ele foi parar? Por Que não retornou?

O título da continuação será " A RESSURREIÇÃO DA FÊNIX". Eu ia colocar "O RETORNO DA FÊNIX", mas acho que já tem uma FIC com este título. Peço que considerem a palavra Ressurreição no sentido figurado, não literal. Afinal, ninguém que morreu pode voltar, como a autora já disse.


Bom, eu sei que já comentei isso antes, mas gostaria de enfatizar. É um grande prazer estar escrevendo esta FIC. Não pensei, quando comecei que me daria tanto prazer. É realmente muito bom. Nunca pensei também, que alguém gostaria do que eu escrevesse. Quando eu tive a idéia de escrever, demorei quase um mês para me decidir se postava ou não. Quando decidi em postar, não acresditei quando recebi o primeiro comentário, do Rafael. Cara, você não pode imaginar o quanto foi importante o seu comentário. Não vou mencionar muitos outros, para não cometer injustiça com ninguém. Mas me sinto na obrigação de citar mais uma pessoa, a Molly, que tem acompanhado desde o início e comentado capítulo a capítulo, até mesmo me dando idéias para o deselvolvimento da estória.


Quero agradecer novamente a todos e salientar novamente sobre a importância dos comentários para o autor. Não só para mim, para todos. Sempre que lerem alguma FIC, comentem. Se não gostarem, critiquem. É super importante.

Já estou terminando algumas pesquisas necessárias para o enredo da "Ressurreição", acho que no máximo em duas semanas eu começo a postar.


Por último (de verdade), eu queria dedicar esta FIC à pessoa que me inspira em todos os momentos da minha vida, Selma, com muito amor.


P.S. Vou deixar a FIC aberta mais algum tempo, para eventuais avisos. Fiquem de olho, assim que eu começar a continuação avisarei aqui.

PS2: Pessoal, um esclarecimento: O personagem João Carlos, dono do Café Brasil, criei em homenagem ao brasileiro Jean Charles, morto em Londres em 2005. Infelizmente, o racismo e o pré-julgamento, o medo e a intolerância ceifaram a vida deste brasileiro, que só queria trabalhar e ganhar sua vida na Inglaterra.


Tchau e até A RESSURREIÇÃO DA FÊNIX.


Claudio

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