Despedidas



Ainda era cedo. Valter tinha acabado de sair para o trabalho e Petúnia Dursley estava tirando a mesa do café. Ela estava cantarolando em sua linda cozinha, pensando que em poucos dias seu filhinho, Duda, estaria em casa novamente para alegrá-los, quando ouviu a campainha tocar. Imediatamente seu humor mudou da água pro vinho. Afinal, quem teria a coragem, a ousadia de incomodar àquela hora da manhã? Teria que ser alguém extremamente mal educado. Após o segundo toque, ela percebeu que a pessoa não ia desistir e resolveu atender a porta. Atravessou o Hall e quando abriu a porta, levou um tremendo susto.


Parados ali em sua varanda, um casal que ela não esperava ver nunca mais em sua vida. Vê-los lhe trazia a lembrança de um mundo que ela lutava para ignorar desde sua infância, do qual tinha um medo irracional. E sempre que estamos com medo e nos sentimos acuados nossa primeira reação é atacar. Com Petúnia não foi diferente:


- O que vocês estão fazendo na minha casa, seus anormais? Ele não está aqui, não voltou mais pra casa desde que foi embora com vocês. E espero que não volte nunca mais, estamos melhores sem ele.
- Eu disse que não devíamos ter vindo até aqui, Mione – Disse o rapaz, demonstrando rancor na voz.
- Calma, Rony – Respondeu a garota, levando sua mão ao ombro do rapaz e lhe fazendo um carinho, na tentativa de acalmá-lo – Nós podemos entrar srª Dursley?
- Entrar? O que vocês querem aqui? Já disse que Harry não está aqui. – Retrucou a mulher, falando baixo com medo de ser ouvida pelos vizinhos.
- Nós sabemos que ele não está aqui. – Disse Mione, emocionada – Nós estávamos com ele quando...
- Calma Mione. Tente manter a calma. – Agora era Rony que abraçava a garota, tentando confortá-la. Ela estava prestes a chorar.



Então Petúnia Dursley compreendeu. Eles não estavam ali procurando por seu sobrinho. Eles estavam ali para dar-lhe notícias sobre ele. Seus olhos se arregalaram quando a compreensão tomou conta de seu cérebro, sua boca abriu com o espanto. Por um instante, ela ficou sem saber o que fazer, então se afastou para o lado e com um sinal fez com que os dois jovens entrassem em sua casa. Conduziu-os até sua linda e impecável sala de estar e indicou o sofá para eles, onde ambos se sentaram de pronto. Só então Petúnia reparou nos dois jovens. Pareciam cansados, como se estivessem carregando todo o peso do mundo nas costas. Aparentavam não ter dormido a dias, estavam realmente muito abatidos. Assim que eles se acomodaram, ela fez a pergunta que tinha medo de fazer:


- O que aconteceu com Harry?
- Ele morreu. – Respondeu Rony, quando percebeu que a namorada não conseguia dizer esta frase.
- Mas quando? Como? – Agora Petúnia sentia as pernas bambas e teve que se sentar também. Aquilo significava o fim da família de sua irmã. Apesar de não gostar daquela gente esquisita, nunca desejara a morte de Harry.
- Há dois dias. – Mione conseguiu balbuciar – Ele conseguiu vencer V-V-Voldemort, mas não conseguiu sobreviver.
- Ele morreu como viveu. – Completou Rony – Lutando.
- Viemos avisar a srª, pois é a única família que ele tinha. Haverá uma cerimônia hoje à tarde, às 17:00 Hs. – Disse Mione, conseguindo se recompor um pouco.
- Há dois dias? O enterro vai ser hoje? Onde? – Petúnia estava confusa, não queria acreditar no que estava ouvindo.
- Não haverá enterro srª Dursley. – Mione respondeu, os olhos voltando a ficar rasos d’água – Não restou corpo para enterrarmos. A magia utilizada para derrotar Voldemort foi tão grande que o corpo dele não suportou. Desfez-se completamente.
- Haverá uma celebração em sua honra hoje à tarde em Hogwarts, só isso. – Rony disse, também mal contendo a emoção – Se a srª quiser participar, basta tocar neste objeto exatamente às 16:55 Hs e será levada diretamente aos terrenos da escola, onde alguém a estará esperando.



Enquanto explicava, Rony tirou do bolso uma garrafa d’água mineral vazia, que depositou sobre a mesinha de centro.


- Caso não queira ir, não se preocupe. No horário marcado a Chave de Portal desaparecerá, com ou sem a srª.
- Não sei se posso ir. – Respondeu Petúnia – Preciso falar com meu marido.
- Se me permite um conselho. – Disse Rony, levantando-se e estendendo a mão para que Mione o acompanhasse – Não leve seu marido. Todas as pessoas que gostam de Harry e que assistiram ele dar a vida por nós estarão lá. Não poderemos garantir a segurança de seu marido se ele começar a ofender a memória de Harry na frente da escola inteira. Na verdade acho que eu serei o primeiro a azará-lo se ele disser alguma besteira. Bom, já fizemos o que nos pediram. Vamos Mione?


E com um som característico, os dois jovens desaparataram, deixando uma Petúnia Dursley desconsolada e dividida entre seu marido e a vontade que tinha de comparecer à cerimônia de despedida de seu único sobrinho.



*****

Já era final de tarde, uma tarde de início de um verão que prometia ser maravilhoso. Mas Gina não reparava em nada disso. Há dois dias que ela era conduzida, como se fosse um zumbi, de um lado para outro. Não se alimentava, não dormia. Só concordara em sair de seu quarto naquela tarde porque sua mãe insistira que seria importante para ela comparecer na solenidade, talvez assim ela se convencesse de que ele realmente havia morrido.


Conforme os ponteiros do relógio se aproximavam da hora marcada, as cadeiras dispostas pelo gramado da escola iam ficando repletas de alunos e bruxos convidados. As cadeiras estavam dispostas em dois blocos, com um corredor ao meio por onde as pessoas transitavam e conversavam em pequenos grupos. A diretora havia conseguido autorização do ministro, Rufus Scrimgeour, para que fosse erguido um busto de Harry nos terrenos da escola, ao lado do túmulo do ex-diretor Alvo Dumbledore. O ministro não conseguiu negar, assim a cerimônia seria ali, no lugar que Harry considerava seu lar.


Na primeira fila estavam o ministro e outros funcionários de alto escalão do ministério, de um lado. Do outro, estavam a diretora, os professores, Rony, Mione e Gina. Atrás deles, a família Weasley e depois, os membros da Armada.


A cerimônia começou com um discurso do ministro, ressaltando as qualidades de Harry e sua luta pelo povo bruxo. Depois a diretora Minerva Mcgonagall, fez praticamente o mesmo, ressaltando suas qualidades como Grifinório. Gina não ouvia nada do que diziam, nada daquilo importava para ela, nada fazia algum significado. Então Mione e Rony foram chamados para subir no pequeno palco improvisado par os oradores. Gina não sabia que eles iriam falar. Olhou para eles, enquanto se levantavam do seu lado de mãos dadas e subiam no palco.


- Boa tarde! – Saudou Hermione, com a voz fraca – Meu nome é Hermione Granger, e sou, ou melhor, era amiga de Harry. Pediram-me pra falar algumas palavras sobre ele, sabem. Mas não sei o que falar. Que palavras poderiam descrever o grande amigo que ele foi? A pessoa honesta, honrada e amorosa que atendia pelo nome de Harry Potter?



Numa cadeira ao fundo, sentada ao lado de Luna, Petúnia Dursley se encolheu ainda mais. Nunca se sentira tão desconfortável em uma cadeira.


- Bom, ao invés de citar as qualidades de Harry, prefiro contar como o conheci. – Continuava Hermione – Há quase oito anos, eu embarquei no expresso de Hogwarts pela primeira vez. Estava ansiosa, eufórica e principalmente com medo. Acabara de descobrir que era uma bruxa. Não tinha ainda a noção exata do que isto significava, principalmente sendo filha de pais trouxas (e ela olhou fraternalmente para os pais, sentados na platéia). Eu queria provar o meu valor, mostrar que seria uma ótima bruxa. Já no trem, conheci um garoto que perdeu seu sapo. Então resolvi ajudá-lo a procurar o bichinho, assim entrei numa cabine onde dois garotos estavam sentados, conversando. Um deles ia fazer um feitiço, que não deu certo. Era ruivo e parecia meio bobo, sabem? O outro parecia uma pessoa muito simples. Na hora, não consegui entender nem como ele conseguira comprar seu material. Os óculos quebrados, remendados com fita. Fiz um feitiço e o consertei, e só então vi a cicatriz em forma de raio na testa. Não pude acreditar que alguém tão famoso quanto Harry Potter estava ali na minha frente, tão ou mais perdido do que eu. Deixei aquela cabine julgando que se aqueles dois garotos eram um exemplo do que havia de melhor no mundo bruxo, eu poderia ser ministra da magia. Se me dissessem que eu acabara de conhecer o amor da minha vida (Neste momento ela deu um beijo na mão de Rony, ainda entre as suas) e o irmão que eu nunca tive, diria que a pessoa era louca. Louca era eu por me achar tão superior aos outros. Com eles eu aprendi lições tão importantes quanto as ensinadas pelos professores desta escola, coisas que não se pode encontrar em nenhum livro. O valor do amor, da amizade, da união. Graças a Merlin, ainda tenho meu amor ao meu lado. Mas outras pessoas não tiveram a mesma sorte (E agora o olhar de Mione foi direto para Gina, que correspondeu o olhar da amiga). Perdi meu irmão aqui há dois dias atrás e nada nem ninguém poderão amenizar esta dor que sinto em meu coração. Obrigada!



Hermione se afastou para trás, dando a vez para Rony, dando-lhe um beijo no rosto ao se cruzarem. Rony se posicionou à frente no palco, limpou a garganta e começou:


- Sabem, eu não sou tão bom para falar quanto a Mione. Por isso, não vou nem tentar falar sobre nossa amizade com Harry. Todos aqui sabem que ele era como um irmão pra mim também, então não vou ficar repetindo o que ela disse tão bem. Eu sinto o mesmo. O que eu quero falar para vocês é o seguinte: Harry deu sua vida por nós. Por todos nós, bruxos e não bruxos. Não podemos deixar que seu grande sacrifício tenha sido em vão. Ainda há comensais soltos por aí, que tentarão a todo custo, continuar a levar horror para as pessoas. Não podemos permitir isso. Eu não permitirei. Eu juro, aqui na frente de todos vocês que farei o possível para levar todos os comensais restantes para a cadeia. (Um murmúrio de aprovação subiu da audiência e Gina olhava diretamente para o irmão, uma luz começou a brilhar bem lá no fundo de seu olhar) Não posso falar pelos outros, mas creio que terei o apoio dos membros da Armada nisto. Teremos que continuar nossas vidas daqui em diante, eu sei disto. Mas onde quer que estejamos, o que quer que venhamos a fazer de nossas vidas, nossa meta deve ser esta. Acabar com os Comensais da Morte (Agora não era um murmúrio, mas sim uma grande ovação que se via entre os ouvintes, em apoio a Rony). Isso me leva a outro assunto importante. Em reunião com os membros fundadores da Armada de Dumbledore, resolvemos que esta perdeu sua finalidade. A partir de hoje, não existe mais a A.D.(A reprovação à notícia ficou clara entre os alunos, que começaram a vaiar Rony). Isto porque não vemos mais motivos de chamar nosso grupo em homenagem apenas ao diretor da escola. Aqui atrás de mim, não está zelando por Hogwarts apenas nosso amado diretor. A partir de hoje, Harry também estará aqui, pelo menos em espírito. É aqui que ele repousa. Assim como Dumbledore, foi defendendo esta escola que Harry perdeu sua vida, eles foram os guardiões da escola em vida e o serão pela eternidade. Por isso, resolvemos mudar o nome de nosso grupo de Armada de Dumbledore para Os Guardiões de Hogwarts. Enquanto a direção da escola permitir, haverá um grupo de guardiões nesta escola para honrá-la e protegê-la, bem como a seus alunos.



A platéia, formada em sua grande maioria por alunos, não se conteve mais e prorrompeu em palmas. Rony se afastou, pegou na mão de Mione e juntos, desceram do palco, onde foram recebidos por Gina, que os abraçou fortemente e murmurou:


- Obrigada! Foi lindo o que vocês disseram.
- Você não quer falar alguma coisa também Gina? – Perguntou Mione.
- Não! – Apressou-se ela – Minha dor é só minha, não dá pra falar com ninguém. Obrigada!


Sentaram-se, pois naquele momento a diretora e professores da escola se levantavam e, juntos, recitavam um feitiço muito parecido com o que havia criado o túmulo de Dumbledore. Mas, ao invés de erguerem um túmulo, o que começou a aparecer na frente deles foi um obelisco de mármore branco, de aproximadamente um metro e meio de altura. No alto, surgiu um busto de Harry. De óculos e cicatriz, era uma representação perfeita do rapaz. Seu rosto estava virado em direção ao castelo.


Concluída a cerimônia, as pessoas começaram a se dispersar, cada uma absorta em seus próprios pensamentos. Acabara mais um ano letivo na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, e nada seria como antes.



*****



Já fazia quinze dias desde a cerimônia de despedida de Harry, em Hogwarts. N’a Toca, o clima continuava pesado. Molly continuava chorando pelos cantos da casa, sempre que via ou fazia algo que a lembrava do rapaz. De vez em quando alguém a pegava murmurando, desconsolada “Primeiro meu Percy e agora meu querido Harry! Oh Merlin! Quanta tragédia em tão pouco tempo. E minha filha. Minha pequena Gina”.E ela desatava a chorar novamente. Rony estava taciturno, vivia pelos cantos da casa também, sem animo para nada. Assim que terminara a cerimônia, Mione tinha partido com os pais em uma viagem pela Itália. No inicio ela não queria viajar, mas devido à insistência dos pais e a concordância por parte de Rony que ela fosse, para que assim pudesse espairecer um pouco e curtir a companhia dos pais, esta acabou cedendo. Agora, ele estava assim, sozinho, triste. Ele estava afundado no sofá, olhando para o vazio, quando um som vindo da lareira chamou sua atenção. Em seguida, com um som característico e levantando uma cortina de poeira e fuligem, Mione saiu rodopiando de dentro dela. Rony deu um pulo de onde estava e correu para a namorada, abraçando-a e dando-lhe um beijo. Ela, pega de surpresa, sentiu-se um pouco sufocada, mas correspondeu ao beijo, pois também estava com saudades dele. Depois de alguns instantes se afastaram e ele finalmente perguntou:


- Mione, o que é que você está fazendo aqui? Não era pra você estar na Itália ainda?
- Era. – Respondeu ela – Mas recebi uma coruja do Lupin, pedindo para eu vir até aqui hoje. Parece que ele marcou uma reunião esta tarde, você não está sabendo?
- Acho que ouvi algum comentário, mas não prestei muita atenção. Sobre o que será?
- Não sei, ele não deu nenhum indício. Só pediu para que eu estivesse aqui antes das 17:00 Hs.
- Bom, então só nos resta esperar. Vem cá, vamos aproveitar pra matar um pouco da saudade.


Os dois jovens voltaram para o sofá e puseram a conversa e o namoro em dia.



Gina Weasley praticamente não saíra de seu quarto nestes quinze dias. Ela mal comia, não conseguia dormir. Estava magra, abatida. Uma sombra da pessoa que era. Não tinha mais vontade de nada. Sabia que sua família estava sofrendo ainda mais que o necessário por causa dela, mas esta ainda não encontrara forças para continuar vivendo. A perspectiva de mais um ano em Hogwarts, sem Harry, estava acabando com ela. Estava deitada em sua cama, olhando para o teto, quando sua mãe entrou no quarto.


- Filha! Você precisa descer, Remo está chamando.
- Não posso, mãe. Diga que não estou me sentindo bem, por favor.
- Não filha. Você precisa descer. É sobre o testamento do Harry.
- Testamento? – Gina deu um pulo na cama – Que testamento? Harry não fez nenhum testamento, mãe. Se ele tivesse feito, teria me contado.
- Bom, Remo está lá embaixo com o testamenteiro e só falta você para que ele possa dar início à leitura. Por favor, desça logo. – E Molly se virou e deixou o quarto.



Quando Gina chegou na sala, alguns minutos depois, encontrou quase toda sua família reunida ali (menos os gêmeos e Carlinhos), além de Remo, Minerva, Mione e Tonks. Desculpou-se pelo atraso e se sentou, entre Mione e Tonks, que a abraçou.



- Bom, agora que estão todos aqui acho que podemos começar. – Disse Remo – Acho que vocês devem estar se perguntando quando Harry fez um testamento. Foi antes de começar o último ano letivo, naquele dia que saímos apenas nós dois e ele não contou a vocês aonde iria. Entendam que ele não contou nada a vocês não por falta de confiança, mas por achar que tal atitude poderia ser vista como uma certeza de derrota, o que faria com que vocês perdessem a confiança nas tarefas que teriam que conduzir.
- Mas ele estava certo afinal de contas, não estava? – Perguntou Rony – No fim, ele estava condenado e nada do que fizemos pode salvar a vida dele.
- Rony, não creio que Harry tenha premeditado o que aconteceu. Pelo menos não com esta antecedência. Ele tinha sim, grandes esperanças de conseguir vencer Voldemort e sobreviver. Não sei quando ele mudou de idéia, que ele percebeu o que teria de fazer para vencer.
- Eu sei. – Sussurrou Gina, que agora estava com os pés em cima do sofá e abraçava os joelhos, deixando apenas os grandes olhos inchados visíveis – Foi depois da luta deles no ministério. Harry atingiu Voldemort com o Amor Eternus, mas ele mal sentiu. Então deve ter tramado aquilo tudo. Eu vi que ele estava diferente, mas nunca me passou pela cabeça que ele estava planejando fazer aquilo. Como fui cega e tola.
- Não se culpe filha. – Disse seu pai, Arthur Weasley – Se Harry tinha tomado uma decisão, nada poderia fazer com que mudasse de idéia.
- Concordo com Arthur. – Disse Remo – Vamos ao testamento, então?
- Sim, vamos! – Respondeu o testamenteiro, um bruxo velho e enrugado, com cara de poucos amigos e de que era uma pessoa extremamente burocrática.


Ele retirou de sua valise um pergaminho. Deu um toque nele com sua varinha e este começou a brilhar, flutuando no ar. Então uma voz se fez ouvir. Gina engoliu com dificuldade o nó que se formou em sua garganta. Era a voz de Harry:


- “Posso começar? É estranho estar fazendo isso, sabe? Bom, lá vai. Oi para todos. Se estão ouvindo isto, então significa que eu morri. Sabem, é estranho estar deixando uma mensagem que só vai ser ouvida depois da nossa morte. Há tanto que eu gostaria de dizer, mas não sei se tenho palavras. Acho que devo pedir desculpas por ter partido. Espero que pelo menos tenha conseguido terminar minha missão e destruído as Horcruxes e Voldemort. Se consegui, podem ter certeza de que parti contente, com senso de dever cumprido. Bom, eu não tinha realmente pensado em fazer um testamento até outro dia, quando visitei a casa onde morei com meus pais. Não parecia que eles esperassem o pior a qualquer momento, mas esperavam. E deixaram tudo certo caso isto ocorresse como ocorreu. Então, acho que devo fazer o mesmo”.


As pessoas sentadas pela sala nem piscavam, prestando total atenção nas palavras ditas por Harry, que continuou:



- “Primeiro, deixo a casa do Largo Grimmaud para você, Remo Lupin. É isso mesmo, não adianta me olhar com essa cara, tenho certeza que Sirius aprovará minha decisão”. – Remo deu um leve sorriso de onde estava, e Tonks arregalou os olhos – “Espero que você e Tonks encham aquela casa de Aluadinhos, com muito amor e carinho. Deixo para Hermione Granger os livros da biblioteca da casa que agora será de Remo, tenho certeza que ela vai adorar todos aqueles livros, além de uma conta no Gringotes, para financiar seus estudos pós-Hogwarts. – Mione levantou a cabeça e encarou o pergaminho, como se estivesse olhando para o amigo falando com ela, as lágrimas descendo pelo seu rosto, num misto de alegria pelo que tinha recebido deste e dor que ainda sentia pela sua partida – Para o Sr e a Srª Weasley, eu sei que vocês nunca aceitariam, mas também deixo uma conta no Gringotes. Aceitem, por favor. – O casal, que estava abraçado no canto da sala, não esperava ser lembrado no testamento e se abraçou ainda mais forte. Molly não conteve uma nova enxurrada de lágrimas – Para você, meu amigo Rony, deixo minha vassoura e algum dinheiro, para que você possa se formar Auror, como sempre sonhamos. Tenho certeza que você será o melhor. – Rony apenas balançou a cabeça e deu um meio sorriso – Por último, Gina. Quando saí hoje, para redigir este testamento, nós estávamos brigados. Espero que não estejamos mais, ou que pelo menos você entenda o porque de várias atitudes minhas. Quero que saiba que tudo o que eu fiz e talvez faça de hoje até o dia em que você esteja ouvindo esta mensagem. Não sei como você está, com quem está. O que sente ou sentiu por mim, mas saiba que eu amo você, Gina Weasley. Não sei o que o destino me reserva, mas peço a todos os deuses que seja um destino a seu lado. Espero que demore anos até você ouvir isso. Quando estava na casa dos meus pais, fiquei muito tempo imaginando como seria reformar aquela casa, deixá-la linda como antes e poder formar uma família ali com você. Tenho certeza que seria uma família linda. Bom, se eu não pude realizar este sonho, espero que você consiga, pois agora aquela casa é sua. Seja feliz nela, Ok? AH!”. A “. Capa de invisibilidade do meu pai e uma conta no Gringotes também. Acho que era isso. Não fiquem se remoendo pelo que aconteceu e o que poderia ter acontecido. Tenho certeza que fizeram o melhor por mim, sou eternamente grato a todos por esses anos de amizade, carinho e amor que me deram. Sejam felizes. Adeus”.



O pergaminho ficou mudo e parou de brilhar. Enrolou-se e caiu na mão do testamenteiro. Em seguida Gui, que estivera quieto num canto até aquele momento se adiantou e disse:

- Estas são as chaves dos cofres de vocês – E entregou uma chave na mão de Mione, Gina e Rony – O dinheiro será transferido amanhã para suas contas.
- As propriedades já foram transferidas magicamente ao fim da leitura do testamento – Disse Remo.
- Ele pensava em morar comigo na casa dos pais. – Disse Gina, do fundo do sofá onde estava sentada – Vocês ouviram? Ele pensava em formar uma família e viver ali.
- Nós ouvimos sim Gina. – Disse Mione – E vimos também. Nós estávamos lá com ele, lembra? Só não sabíamos no que ele estava pensando.
- Isso quer dizer que ele pensava em se casar comigo, viver comigo. Mesmo quando estávamos brigados, ele sonhava com isso. Assim como eu sonhei e continuarei sonhando. – E o primeiro sorriso apareceu no rosto de Gina Weasley depois de quinze dias, enquanto ela fitava sua família e sentia um peso que a oprimira até então deixar seu coração.

N.A: Bom pessoas, este foi o penúltimo capítulo. Muito, mas Muito obrigado mesmo pelos comentários, fico feliz que tenham gostado do cap.17. Eu estava muito ancioso em escrevê-lo, foi um dos primeiros trechos que eu criei da FIC.

Marcia e Jaline, segurem mais um pouquinho suas azarações, senão vocês não vão saber o que acontece no final, hein ( Isto se chama chantagem, pra ver se continuo vivo. Há!).

Marvim, não me inspirei no Dragon Ball e sim numa antiga saga dos X-Men, a da Fênix Negra, da década de 80. Um Cult dos quadrinhos.

Tati, só posso revelar o nome da continuação no final desta. Mas não vai demorar muito, talvez eu consiga postar ainda esta semana, o cap. é curtiinho.

Então é isso.

Até o próximo e último capítulo desta estáoria.

Claudio

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Comentários (1)

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