Epílogo
N.A.: E cá está o fim!!!
E aqui termina a história dos Marotos. A história de quatro jovens, entre eles dois grandes heróis, que me ensinaram muito sobre amizade, sobre luta, sobre felicidade. A história de quatro rapazes que tiveram força para lutar quando o mundo todo parecia estar prestes a virar de cabeça para baixo. A história de que eu sinto falta.
Talvez aqui haja ainda espaço para, mais tarde, ser relatada a minha morte, em circunstâncias que desconheço, mas não me afetam seriamente, afinal, eu havia aprendido que a morte não é nada mais que uma tola fantasia. Como não tenho mais nada a contar, decidi dedicar esse final a uma pessoa muito especial: Tonks.
Ela soube me conquistar. Um dia, como todos os dias normais, estava na minha triste casa afastada de Londres, com meu rádio que zunia e minha escrivaninha infeliz, e ela entrou em minha casa, e falou tudo o que eu sentia mas nunca tive coragem de falar. Ela disse para mim as palavras que eu mais desejava escutar: "Eu te amo..."
Mas todos sabem, Remo Lupin, que você nunca foi um exemplo de coragem, nem nunca soube valorizar a si mesmo. Foi por isso que a neguei. Medo por ela, por ela sacrificar sua vida por um lobisomem velho e perigoso, como eu mesmo me intitulava. E um pouco de medo por mim, medo de me machucar em afeições nascentes, e no final apenas ter mais uma ferida sangrando em meu peito, como as feridas que Claire, Tiago, Lílian e Sirius deixaram.
Dia após dia, depois disso, vi minha querida Tonks se consumindo na sua suposta rejeição. Vi seus poderes desaparecendo, e seus cabelos rosa mudarem para castanhos. Molly me dizia para deixar as convenções de lado. Arthur me aconselhava a viver minha vida. A ver tudo o que Tonks estava passando por mim. Mas ninguém compreendia que era eu quem mais sofria com aquilo. Que meu coração doía ao vê-la se consumir...
As imagens de Sirius me piscavam na mente, continuamente:
- Você quer cometer o mesmo erro duas vezes, é?!
E eu me levantava, mas, era vê-la, e eu perdia a coragem. Não sei como entrei para a Grifinória.
Acabei me afastando de Tonks, um pouco. Como tendo se tornado público o retorno de Voldemort, Greyback não tardara a procurá-lo, e lá estava eu, reassumindo minha função, indo novamente para tentar socializar os lobisomens. Isso me ocupava muito tempo e dedicação, mas não havia mais nada a que eu pudesse me dedicar.
Deixei de vê-la por vários meses. E não foram poucas as vezes que me peguei pensando em seu sorriso sincero, em sua vivacidade, em seu modo estabanado de ser. E sentia a dor me dilacerar, mas eu estava fazendo aquilo por ela. Ou pelo menos tentava me convencer disso.
Também não foram poucas as vezes em que ela me procurou, tentando me convencer do que eu estava fazendo de errado. Tentando me convencer de que não havia nada que impedisse nossa felicidade. Ela me dizia, continuamente, que eu estava cometendo um erro, que estávamos nos consumindo por idiotice. E meu íntimo concordava, mas eu não podia, eu simplesmente não podia.
Agora, de amigos descontraídos, passamos a dois colegas constrangidos. Não nos falávamos mais direito. Não conseguíamos conversar direito. Eu perseguia qualquer companhia que fosse, pois, se estivéssemos a sós, ela começaria a falar comigo sobre sentimentos, e eu não queria mais ouvir, mais cair na tentação. Tolices...
Parece que esse sempre será o grande erro da minha vida; tentar me privar das coisas boas, me sacrificar sem motivo.
- Você devia pensar um pouco mais em você, me disse Gui Weasley, um dia. Parar de pensar tanto nos outros.
Na verdade, ele estava falando de um jogo de truco, em que ele fazia par com Olho-Tonto e eu com Dédalo, mas aquela frase ficou gravada na minha mente.
Eu realmente deveria parar de pensar tanto nos outros.
Foi o que concluí naquela noite infeliz. As estrelas estavam estranhamente apagadas, o mundo estava um tanto sem cor, e as flores deixavam cair suas pétalas, em sua última homenagem ao diretor de Hogwarts. Eu sentia meu coração morrendo de dor, minha alma se dissolvendo em ácido. Meu mestre morrera. Tudo o que ele representava morrera.
E o pior: ela me colocara contra a parede na frente de todos. E eu me sentia um perfeito idiota.
Eu estava novamente voltando ao Largo Grimmauld. Nossa sede restabelecida. E nunca aquele lugar me pareceu tão adequadamente sombrio, e nunca o espectro de Sirius Black que vagava pela casa me pareceu tão propício.
Muito antes de que ela falasse, eu já tinha percebido que aqueles passos eram dela. Que ela me seguira. E, antes que eu sentisse sua mão pousar em meu ombro, eu já sabia.
Sabia que tudo o que eu acreditava era uma mera mentira que eu contava a mim mesmo.
- Remo..., ela sussurrou.
Me virei para ela, sentindo meus olhos doerem, de choro e cansaço.
- Remo..., ela disse novamente. Eu... não queria, mas...
- Mas você sempre esteve certa, Tonks..., foi o que sussurrei, finalmente me rendendo.
- Eu não... O quê?
- Você sempre esteve certa... Eu sempre neguei a minha própria felicidade... Mas agora chega.
Tomei o rosto suave dela entre as mãos, e senti as mãos dela pressionarem minha nuca, me puxando para mais perto. De seu rosto, minhas mãos escorregaram para sua cintura, e nossos lábios se envolveram numa confusão de língua, dentes, e eu pressionava meu corpo contra o dela, para depois, terminarmos numa barafunda entre os lençóis.
E, ao vê-la junto a mim, dormindo, os cabelos bagunçados, cor-de-rosa novamente, e seu sorriso tranqüilo, jurei que nunca mais a faria sofrer.
Ninfadora Tonks me arrebatou. Ela me trouxe chão quando eu achava que iria cair no abismo; ela me deu um abraço quando eu me sentia perdido; ela me deu esperança quando eu achava que não havia mais nada. Estamos noivos, agora; e pretendemos nos casar quando acabar a guerra. Temos planos, queremos ter filhos, uma casa branca com janelas azuis e um jardim bonito, perto da casa dos Weasley em Ottery St. Catchpole, a fim de que nossos filhos possam brincar bastante com os netos de Molly e Arthur. Tonks me levou já para conversar com Andrômeda e Ted Tonks, e eles gostaram muito de saber de nosso relacionamento. E vamos apenas curtindo.
Eu não posso dizer que ela é a mulher da minha vida. Antes dela, conheci Claire, e amei mais do que meu coração podia agüentar. Mas, se há algum caminho a seguir, Ninfadora Tonks é a mulher do meu futuro. A mulher que me transformou, que me modificou, que me fez feliz finalmente. Que teve coragem de passar por cima de todos os meus paradoxos, de minhas indecisões, das maldições, tanto a licantropia, como as maldições que eu crio para mim mesmo. E é por isso que eu nunca cansarei de repetir: eu a amo, a amo acima de tudo.
Talvez, em um futuro próximo, Voldemort reine. Então, que esta história sirva de exemplo para aqueles que tiverem o encargo de lutar, que se decidam a mudar o mundo. Que estas pessoas lembrem que, em um tempo passado, existiu uma amizade maior que tudo, e que haviam pessoas cuja coragem sobrepujava os medos. Se conseguirmos derrotar Voldemort, então, que essa história apenas seja um relato de dias tristes, mas que sempre lembre: a amizade pode mudar o mundo.
Sirius Black e Tiago Potter me ensinaram isso um dia. E eu passo isso para vocês. É só o que posso fazer... Mas, quem sabe, não será muito?
N.A.: Eu gostaria de agradecer a todos que acompanham essa desastrada história, me dando forças para continuar escrevendo. Em especial, à Babi Evans, que acompanhou os capítulos até onde pôde!
Obrigada!!!!!
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