Mesmo barco



Cap 3


Mesmo Barco


 


Harry continuou olhando para a garota sem acreditar no que via, agora pensando bem ela era realmente a cara de Sirius, os olhos, alguns traços do rosto...


 


- Hey, eu meio que preciso da minha mão de volta – sussurrou ela e ele percebeu que ainda chacoalhava a mão da garota.


- Desculpe – disse ele encabulado


 


Myra apresentou-se para todos da sala e Harry pôde notar o quanto ela parecia deslocada ali, e extremamente desconfortável, talvez aquela casa desse nela os mesmos sentimentos que davam nele.


 


- Bem, acho que você me disse que eu tinha que fazer algo com um elfo certo? – perguntou ela para Lupin.


- Bem, sim – disse Remus – Monstro!


 


O pequeno ser adentrou a sala vestindo aquela tanga branca imunda de lençol que ele usava, ele olhava Myra com um misto de incredulidade e nojo.


 


- Eu pertenço a senhora Bellatriz! Não a esta filha do traidor da família, você devia ter morrido como o seu pai..


-Calado – disse ela friamente, e Harry engoliu em seco ela parecia incrivelmente ameaçadora.


 


Monstro colocou a mão na garganta, e abria a boca mas não conseguia emitir nenhum som.


 


- Eu posso pedir para que ele se mate? – ela perguntou serenamente para Remus


- Sim, mas você não faria isso – disse o professor, mas pela cara que a garota olhou para ele, Harry e os outros duvidaram que ela não seria capaz. - Peça para ele ir trabalhar em Hogwarts.


- Bom, Monstro quero que você ajude na cozinha de Hogwarts, sem nunca dizer nada a ninguém que não seja eu ou Alvo Dumbledore, e pode voltar a falar – disse a garota e o elfo sumiu num estalo – Agora se não se importa, vou me retirar Remus.


 


A garota deu um meio sorriso para todos da sala que a encaravam e subiu as escadas, eles se reuniram na cozinha para almoçar, mas a garota não apareceu, assim como não apareceu o resto da tarde, e nem para o jantar, Hermione subiu com Gina para ver se conseguiam falar com a garota e deixaram os garotos sozinhos.


 


- Merlim que garota é essa? – disse Fred


- Ela combina com o meu lençol – disse George e os quatro riram


- Hermione também está diferente não acham? – disse Ron – Ela parece até uma garota.


- Ela sempre foi uma garota, Ron – disse Harry


- Bom você entendeu o que eu disse – disse Rony com as orelhas vermelhas


- É Ron, nós vamos fingir que não sabemos – disse Fred.


- Fingir que não sabem o que? – perguntou ele bravo.


- Que você gos...


Fred não terminou a frase porque Ginny e Hermione estavam voltando a sala.


 


- Ela não responde, deve estar dormindo – disse Ginny


- Estranho, ela não deu as caras o dia todo – disse Ron


- Deve ser difícil para ela estar aqui – disse Harry olhando para as próprias mãos


- Ele nunca te contou não é Harry? – perguntou Ron


- Devia ser mais difícil para ele – disse Hermione.


 


A Sra Weasley acabou com a conversa mandando todos subirem para seus quartos, pois eles não tardariam a acordar no dia seguinte.


 


Harry não estava conseguindo dormir, apesar de estar no verão ele estava suando frio, sua cicatriz ardia em sua testa e ele conseguia lembrar-se apenas na gargalhada aguda e fria de Voldemort, ele tateou o móvel ao lado de sua cama atrás de seus óculos, e enxergou Hermione parada a porta do quarto que estava dividindo com Rony.


 


- Harry? – sussurrou ela, mas ele e Ron responderam – Eu acho que você deveria descer.


 


Harry não entendeu onde a amiga queria chegar, mas vestiu o roupão e desceu, antes de chegar ao fim da escada ele enxergou o contorno de uma pessoa parada a frente da tapeçaria da família Black, ele conseguia enxergar o rosto de Myra, que tinha uma esfera de luz na palma da mão, ela olhou surpresa para o lado vendo os três e disse:


 


- O que é pior, ter uma família que não gosta de você, ou não ter uma família? – o tom de voz dela era mais pacífico do que o que ela havia usado quando chegara.


 


Harry desceu as escadas e parou ao lado dela, ele olhou para a esfera de luz na mão da garota que o olhou para ele com ar de deboche e disse:


 


- Não pergunte – disse entre um sorriso malicioso


- Ele odiava essa casa – disse Harry fitando o nome de Sirius na tapeçaria – Ele não agüentava as péssimas lembranças que tinha aqui.


- Eu só o vi uma vez – sussurrou ela parecendo falar mais consigo mesma do que com os outros – Eu precisava vê-lo...


- Você não está sozinha nessa, ele era o único vinculo que eu tinha com a minha família – disse Harry – Os meus amigos são o meu único alicerce agora.


- Eu não tenho nenhum alicerce – disse ela finalmente fitando Harry – Não faço o tipo que tem amigos.


- Talvez... Se você deixasse – a voz de Hermione preencheu a sala após um momento de hesitação.


- Como o Harry disse, estamos no mesmo barco agora – disse Ron


 


Myra deu um meio sorriso para eles, e virou-se para as escadas.


 


- Boa Noite – sussurrou um pouco mais calorosa


 


Harry, Rony e Hermione responderam, e trocaram olhares entre si antes de seguirem o mesmo caminho da garota.


O resto da semana passou sem muitas alterações, Myra continuava a permanecer a maior parte do dia em seu quarto, porém os momentos em que passara fora dele parecia um pouco menos carrancuda, por várias vezes ela e Hermione eram vistas trocando comentários sobre feitiços e traduções de runas.


 


- Vai ser legal para Hermione ter uma amiga garota – disse Remus na tarde de sexta.


- Talvez – disse Harry


- Mas ainda acho que vai ser melhor para Myra – disse ele fitando a garota do outro lado da sala, enquanto Hermione animadamente contava sobre quando dera um soco na cara de Draco Malfoy no terceiro ano, e Myra começou a gargalhar com a história.


- Eu nunca tinha visto ela sorrir – disse Harry, a risada dela era como a dele, rouca como uma latido.


 


Remus se retirou da sala e Harry subiu as escadas, e continuou até o último cômodo do lugar, ele sabia de quem era aquele quarto.


Ele permanecia desarrumado, havia pôsteres de garotas trouxas, que ele notou pelas fotos não se mexerem, mas o que Harry realmente procurava estava na estante, dois porta- retratos ocupavam o espaço, em um deles estavam os Marotos juntos em algum dos primeiros anos de escola, e no outro ele aparentava ter seus 17 anos, enlaçava uma garota morena pela cintura e ambos faziam caretas para a câmera.


 


- Ela era meio prima do seu pai – Harry assustou-se e derrubou o porta-retrato, virou-se para a porta e Myra estava parada no batente. - Sabe como todas as famílias puro-sangue são conectadas de alguma forma...


- Sua mãe? – a garota balançou a cabeça afirmativamente – Quer dizer que somos meio que parentes? – a garota pareceu pensar por um tempo.


- Acho que não – ela completou com ar superior – Bom eu vim para avisar que estão nos esperando para irmos ao Beco.


 


Harry deixou a foto onde estava e seguiu a garota, todos estavam parados em volta da lareira, pelo menos desta vez estava mais familiarizado com a Rede de Flú, e planejava chegar ao lugar certo, sentiu-se rodopiar e rapidamente pareceu ver o interior de várias casas, quando abriu os olhos novamente estava deitado no que parecia ser o interior da Floreios e Borrões, olhou para cima e Myra estava com a expressão tensa com a mão esticada para ele.


 


- Obrigada – disse ele, mas ela parecia avoada – O que houve?


- Não estou com um bom pressentimento – disse ela num sussurro


 


O garoto andou pela loja que, diferente das outras vezes que estivera ali, estava vazia, foi até a vitrine e viu a quase destruição do Beco Diagonal, muitas lojas estavam fechadas, e as poucas pessoas que andavam pelas ruas estavam apressadas. A Sra Weasley providenciou a compra dos livros, enquanto eles seguiam para a loja dos Gêmeos, lá era o único lugar que parecia ter uma dose de vida, haviam maluquices de todos os tipos, ele estava em uma das primeiras prateleiras quando ouviu Fred dizer:


 


- Está interessada em poções do Amor, Myra?


- Acho que você não precisaria delas – disse George


- Bem, elas ajudariam a dominar e escravizar os garotos, certo? – disse a garota com inocência, e depois riu maliciosamente.


- Às vezes você me dá medo – disse Fred


- Eu sei – disse a garota sorrindo.


 


Após terminarem a inauguração da loja, e encontrarem os antigos companheiros de Hogwarts que ficavam impressionados de verem de longe a famosa herdeira de Dumbledore, todos juntaram suas sacolas e prepararam-se para deixarem o Beco, porém Myra que estava a Frente com Remus disse:


 


- Todos com Varinha em punho – seu rosto estava contorcido numa careta, Remus olhou confuso para a Garota e Harry ouviu-a dizer: - Comensais da Morte.


 


Pouco antes de todos do grupo sacarem as varinhas já era possível ouvir os primeiros estampidos dos Comensais aparatando.


 


- Myra, saia daqui com os outros – disse Remus


- Nem pensar – disse a Garota sacando a varinha


- Eu estou mandando – disse ele


- Sim, e eu desobedecendo – ao dizer isso  ela caminhou mais para frente onde já era possível distinguir os Comensais


- Ora, ora, ora, se não são Potter e a sua gangue – disse Bellatriz Lestrange, ela olhou para o lado de Harry e arregalou os olhos.


- Surpresa em me ver, titia? –murmurou Myra com desdém


- Avada Kedavra – brandiu a Comensal cheia de ódio, porém Myra abaixou-se rapidamente, os outros estavam duelando com outros comensais, e Harry tentava buscar ajuda.


- Harry, vá embora, isso é entre eu e ela – disse a garota.


 


Bellatriz continuava lançando maldições imperdoáveis e Myra calmamente as repelia, Yaxley veio para cima do garoto que perdeu a noção do que acontecia no duelo ao seu lado, porém uma hora o Comensal acabou dando um golpe sem varinha na costela de Harry, e o Garoto se curvou contra o próprio corpo, ouviu apenas o Comensal ser estuporado e Myra virada de frente para ele, porém quando conseguiu levantar-se viu a garota ser lançada ao chão, ela levantou com cara de poucos amigos e olhou para um comensal encapuzado que estava de varinha em riste.


 


- Você pediu – disse ela


 


A cena que se sucedeu foi praticamente irreal para os olhos de Harry a garota juntou a palma das mãos e quando abriu os olhos o Comensal foi jogado para o outro lado do Beco, porém ela olhou para baixo e viu que o sangue escorria no lugar onde ela havia levado o feitiço.


 


- Oh, droga! – foi a última coisa que ela exclamou antes de desmaiar

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