Capítulo XX
O barulho de movimentação no quarto fez com que Draco acordasse sem vontade. Olhou para o criado-mudo ao lado de sua cama e constatou que esquecera de ligar o despertador. Levantou num pulo, o que se arrependeu de ter feito devido à pontada na cabeça que sentiu. Arrumou-se depressa e seguiu em direção às estufas.
Hermione caminhava rumo a aula de Runas Antigas. A garota bocejava, pois havia perdido o sono à noite. Demorara um século para conseguir dormir e quando estava começando a sonhar fora quase arrancada da cama por uma Gina sorridente com um relógio na mão. Infelizmente ela estava certa e Hermione estava atrasada.
No castelo era clara a constatação de que um baile não se fazia num domingo! A maioria dos alunos tinha a cara inchada ou os olhos vermelhos, e os constantes bocejos eram impossíveis de conter.
Após as aulas da manhã, as pessoas já estavam normalmente agitadas e conversavam sem parar. Com certeza as fofocas do baile já deveriam estar se espalhando. Hermione imaginava o que teria sido dela caso Pansy se lembrasse da noite anterior e criasse um boato sem fundamento. Provavelmente estaria contando a todos que ela enfeitiçara Malfoy para seduzi-lo como fizera com Krum no Baile de Inverno.
Hermione tratou de concentrar-se na comida, mas não sentia fome. Satisfez-se com apenas um copo de suco de abóbora. Rony, ao contrário, comia tudo o que via pela frente enquanto conversava com Harry. Gina estava ao lado do namorado e só se via a felicidade estampada em seus olhos. Hermione sabia que desde que a amiga vira Harry pela primeira vez já sentira algo diferente por ele. Afinal, Gina não escondia nada dela e contava tudo o que acontecia.
Hermione sentiu-se culpada por não ter confessado a Gina que esteve com Malfoy na noite passada e que ele a beijara, ou que ele também tinha beijado-a no banheiro antes do escândalo da sala de aula, mas manteve o pensamento, pois sabia que se desse asas à imaginação da amiga não teria mais sossego. Olhou discretamente para a mesa da Sonserina, mas não viu Draco em nenhum lugar. Achou estranho, porém não ficou pensando nisso. Tinha um tempo livre antes da aula de Poções e queria se distrair lendo alguma coisa enquanto os outros iam jogar.
- Gente eu vou indo. Vou aproveitar o tempo livre para ler um pouco. – A garota avisou.
- Você nunca cansa? – Rony zombou. – Acabou de acordar após uma festa e ainda tem forças pra ler livros?
- Preciso fazer alguma coisa, e vocês vão treinar pro jogo! – Harry e Gina concordaram. – Então dá no mesmo. Só que ao invés de gastar minha energia voando atrás de uma bola eu vou me ocupar obtendo cultura e informações interessantes. – Hermione resumiu.
- Não é bola, e sim pomo. – Hermione revirou os olhos sorrindo. – E quadribol também é cultura. – Rony completou.
- Claro que é. Mas eu ainda prefiro minhas fontes de conhecimento. – Disse Hermione levantando-se. – Encontro vocês na aula do Snape. Até mais.
- Até. – Responderam em uníssono.
Rony fez sinal de que ela era doida. Harry e Gina apenas riram.
Hermione caminhou tranqüilamente até a biblioteca onde Madame Pince retirava-se para almoçar.
- Madame, a Sra. poderia me deixar ficar? Gostaria de passar o tempo livre lendo alguma coisa. – A garota pediu.
- Hum. – A mulher pareceu ponderar. – Tudo bem, mas nada de xeretar na Seção Proibida ou deixar os livros em desordem.
- Ok Madame. A Sra. nem vai perceber que estive aqui. – Disse Hermione entrando no lugar.
Dirigiu-se à seção de Animagia e concentrou-se no assunto. Já tinha bastante conhecimento teórico e o caderno que Sirius lhe dera fora essencial. Só não tinha tido coragem para praticar ainda. Ficou ali por um bom tempo e quando se deu conta faltavam dez minutos para o início da aula de Poções, e ainda nem tinha pegado seus livros.
Guardou tudo o mais rápido que pôde e pôs-se a caminhar em direção à saída. Madame Pince ainda não havia retornado do almoço, mas não haveria problemas se ela deixasse a sala fechada.
Antes de passar pela última estante próxima a porta sentiu duas mãos puxarem-na contra a parede e uma delas abafar o grito que estava preste a soltar.
- Xiii... Sou eu. – Disse Draco sussurrando.
- Você é doido ou o que? – Disse Hermione tirando a mão do rapaz de sua boca. – O que estava pensando? Queria me matar do coração?
- Não faça tanto drama, eu não ia te matar do coração. – Draco explicou, ainda com uma mão apoiada à parede. – Mas precisava falar com você.
- E o que você quer falar comigo? – Hermione questionou. Ele apenas encarou-a. – Vai fala! A gente tem aula agora, esqueceu?
Draco apoiou a outra mão na parede fazendo Hermione calar-se e grudar contra a mesma para não se encostar a ele.
- Eu queria dizer que ontem eu estava consciente e sabia muito bem com quem estava. – Ele disse.
Ela engoliu em seco. Ele lembrara das palavras dela.
- Ah claro... Estava tão bem que precisei te levar carregado até as masmorras. – Ela revidou.
- Não acredita em mim? – Hermione pensou em retrucar, mas manteve-se calada. – Pois bem.
Ele segurou-a pela cintura com uma das mãos e com a outra seu rosto. Hermione arregalou os olhos com a rapidez de seus movimentos. Ela realmente não esperava aquilo.
- O que pensa que está fazendo? – Draco manteve a postura e não a soltou. – Me larga!
- Se ontem eu não estava ciente... Agora eu estou. E sei que você é Hermione Granger, e sei que o que eu fiz ontem não foi por delírio. Eu fiz porque senti vontade. – Draco aproximava-se dela enquanto falava. – E vou fazer novamente porque é o que quero fazer.
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