2ª Parte



2ª Parte

“-Severo? Onde você está?”
“-Severo! Me responda...”
“-Sinto tanto a sua falta.”
“-Eu também, querido. Me deixe vê-lo.”
“-Sinto muito, querida.”
“-Por favor, eu imploro, me deixe vê-lo! Severo...”
“-Te amo.”
“-Severo...”
“-Shhh...”

Petúnia se olhou no espelho por um momento. As lembranças da última conversa com Severo ainda frescas em sua cabeça, não podia evitá-las. Dois dias e já estava quase enlouquecida. Precisava vê-lo, tocá-lo, saber que está bem, que vai continuar bem.
Passou os dedos pelo cabelo, estava pronta. Engraçado com uma expressão tão simples podia ter tantos significados diferentes.
Era verdade, estava pronta para mudar sua vida por completo, pronta para fazer o que queria, pronta para ir embora daquele inferno e pronta para voltar a ser quem era.
Olhou o quarto vazio a sua vota, Tinha muito a agradecer a Yvone por ajudá-la durante tantos anos, tinham contado sua última mentira a Valter a exatamente dois duas, Yvone supostamente tinha convidado Petúnia, e consequentemente Harry, para passar duas semana em Majorca enquanto Valter e Duda iam visitar Guida. Não foi fácil convencer o marido, mas no fim Petúnia tivera sucesso e agora contemplava um quarto vazio com várias partes no armário e gavetas vazias. Não levava tudo consigo, apenas o que era necessário e coisas que mantinha escondidas durantes anos.
Em cima da cama deixou o porta jóias, a aliança de casamento e uma carta onde contava tudo, desde as mentiras mais simples até o fato de ser uma bruxa e que mantinha uma vida dupla durante todos aqueles anos.
Não se sentia nem um pouco culpada por abandonar Duda sem nem ao menos dizer adeus. Estava criado á muito tempo e pensando bem ele nunca precisou de uma mãe e sim de uma empregada. Era tão parecido com o pai.
Deu uma última olhada no espelho, sim, aquela era a verdadeira Petúnia, os cabelos lisos na altura dos ombros, com uma franja comprida arrumada elegantemente para o lado e toda a frente contada em camadas. Colocou os cabelos atrás da orelha, e lá estavam seus brincos de diamantes brilhando ferozmente em suas orelhas e nas mãos um anel de ouro branco adornava cada uma.
Lembranças, presentes, recordações, era tudo que lhe restavam dele. Suas saias tinham sido substituídas por um terninho preto que acentuava suas curvas e nos pés os scarpins estavam perfeitamente limpos, fazia tanto tempo que não colocava essa roupa.
Séria, clássica e elegante, era assim que começaria aquele momento, era assim que daria inicio a nova vida.

A viagem até a estação foi longa, o tempo parecia não passar. O rádio ligado também não ajudava muito, todas as músicas traziam Severo de volta ao seus pensamentos. Queria chorar, mas se conteve, aquele era um momento de alegria, de comemoração.
- Não chore Petúnia! Acabou, finalmente acabou. – disse a si mesma.
Estacionou o carro próximo a estação e caminhou apressada em direção as plataformas 9 e 10, quinze minutos e Harry estaria com ela. Uma vida nova ia começar para eles e tinha tudo para ser melhor que a anterior.
Estava quase chegando quando avistou um grande grupo de pessoas parado ali perto. Conhecia cada um deles, suas histórias, seus problemas e o porquê estavam ali. Proteger Harry de Voldemort e de Severo,
A lembrança de Severo a entristecia, mais ao se lembrar do que ele fez não conseguia contar a raiva e o aborrecimento que sentia.
“-Estúpido!”
Olhou o grupo de pessoas procurando duas em especial, alguns a olhavam com interesse e outros com tom de desaprovação. Não demorou muito para encontrar Remo conversando com uma garota de cabelos rosa, a única pessoa do grupo que ela não conhecia, e Molly que ralhava com Moody sabe se lá Deus o porque. Ambos perceberam sua presença e trocaram olhares urgentes. Molly não tinha certeza se devia se aproximar e foi quando Petúnia concordou com a cabeça, que ela a olhou por 30 segundos antes de se aproximar com Lupin em seus calcanhares.
- Que surpresa, Sra. Dursley. – cumprimentou Molly com tom de desagrado.
- Molly, preciso falar com você. – começou nervosa. – Com vocês dois, antes de mais nada.
Remo a estudava sério, sabia que algo de grave devia ter acontecido ou estar acontecendo para Petúnia querer conversar com eles. Da ultima vez que haviam se encontrado ela não se atrevia nem a olhar para eles.
- O que aconteceu?
- Acabou, meu tempo naquela casa finalmente acabou.
- Você vai largar o menino! Eu não acredito nisso! Logo agora que ele mais precisa de você, Petúnia! – ralhou Molly. – Sua louca, onde está com a cabeça? Não faz a menor idéia do que está acontecendo, se ao menos soubesse...
- Eu sei o que aconteceu, Molly! Não exatamente a extensão dos acontecimentos, mais eu sei o que aconteceu, eu sei o que ele fez. – não se atrevia e dizer o nome de Severo.
- Como? – perguntou Remo com calma, mais então soube a resposta sem precisar ouvir dela. – Você esteve com ele.
- Sim, eu estive. Ele me contou o que fez, eu não queria que ele fizesse isso, pedi tanto para não aceitar, tínhamos conversado e eu avisei que...
- Você sabia! Eu não acredito, você sabia o que ele planejava e não fez nada para impedi-lo! – disse Molly quase aos berros.
- Molly! Pelo amor de Deus, pare com isso. Eu realmente preciso falar com vocês, há muitas coisas que devemos discutir, mais aqui não é o lugar para isso.
- Para onde pretende ir? E Harry? – perguntou Remo olhando-a nos olhos, tinha esperança de poder ver a verdade ali.
- Ele vem comigo, vou me instalar no Caldeirão Furado até o final das férias, depois vou começar a procurar um lugar novo para morar, e é claro que se ele quiser continuar comigo será sempre bem vindo.
- Puft! – Molly deixou escapar com tom de desaprovação. – Bem vindo, sei... E quanto a segurança do menino, só falta você entrega-lo à...
- O que você pensa que eu sou? – disse Petúnia raivosa. - Posso não ter sido a melhor tia do mundo, nem a melhor amiga no final das contas, mais eu não sou um monstro, não vou entregá-lo a ninguém, e se você está falando isso por causa de Severo pode ir parando por ai, você não sabe o que está acontecendo para acusá-lo de nada!
- Ele é um assassino, matou a melhor pessoa desse mundo, depois de tudo que Dumbledore fez por ele e por todos os bruxos foi assim que ele o retribuiu.
- Molly! Petúnia! Chega, aqui não é o lugar e o trem acabou de chegar. – interrompeu Remo se colocando entre as duas. – Harry vai com você, Petúnia, mas ficaremos de olho. Creio que teremos muito o que conversar, vou arrumar um lugar para nos encontrarmos.
- Como quiser.
- Sim Remo, você tem razão. Venham a minha casa, passe as férias conosco Petúnia, você e Harry. Gui vai se casar, faremos uma festa e... – Molly se calou por um estante.
- E você pode ficar de olho nele para que eu não faça mal a ele! Está bem nós iremos, mais preciso de alguns dias, tenho umas coisas pra resolver antes de mais nada.
- Pra mim está ótimo assim. – disse Molly formalmente.
Remo olhou para as duas e riu, havia coisas que nem o tempo era capaz de mudar, uma delas era a amizade daquelas duas.

Continua...

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