1ª Parte



“-Venha...”
“-Não posso!”
“-Preciso ver você.”
“-Não posso...”
“-Por favor.”
“-Mas...”
“-Venha.”
Acordou assustada. O quarto estava as escuras e alguém roncava alto deitado ao seu lado. Não era a primeira vez que tinha sonhos como aquele, não era de hoje que ele invadia seus sonhos para poder se comunicar. Na mesa de cabeceira o relógio marcava duas da manhã.
Pensou duas vezes antes de se levantar, pegar uma muda de roupa no guarda roupa e sair do quarto sem fazer barulho. Desceu as escadas cautelosamente e pulou o ultimo degrau antes de mudar de roupa ali mesmo no hall de entrada e esconder sua camisola no armário sob a escada.
De um canto escuro e imperceptível do armário puxou uma capa de viagem um pouco amarrotada e uma caixa de madeira longa e estreita, ali estava guardada sua varinha.
Caminhou até o quintal, escuro aquela hora, e lançou um olhar desconfiado a sua volta antes de aparatar na escuridão da noite.

Os homens são todos iguais, fracos e totalmente dependentes das mulheres. Será que não percebia o risco desnecessário que estavam correndo com tal encontro? Não... Ele precisava dela naquele exato momento, mas por quê?
Tinha quase certeza que era algo relacionado a Você-sabe-quem e aos seus malditos comensais. A culpa é toda dele, pensou enquanto caminhava apresada pela rua completamente vazia.
Sim, a culpa era dele, afinal, tinha se unido aos comensais por vontade própria antes de virar espião para Dumbledore e a Ordem.
Aproximou-se da casa e bateu na porta 3 vezes seguidas. Alguns segundos se passaram até que a porta fora finalmente aberta.
-Obrigado. – disse com a rouca abrindo caminho para que ela entrasse.
-O que aconteceu? Você sabe o quanto...
Foi quando tirou a capa e virou-se para encará-lo que viu seu rosto. Estava mais pálido e macilento do que nunca, os olhos estavam fundos e tinha um corte na testa que espalhava sangue pelo seu rosto.
-O que fizeram com você? – perguntou assustada aproximando-se dele.
Abalado, caminhou até o sofá e sentou-se apoiando a cabeça nas mãos. Podiam ouvi-la se movimentar pela sala e sentar-se na mesa de café a sua frente.
-Severo? – disse afastando os cabelos de perto do rosto dele.
-Aconteceu...
Os dois se encaram por algum tempo. Severo tinha os olhos vazios e frios como gelo.
-Você não foi capaz de...
-Ele me obrigou.
-Por deus, homem! E agora? O que vamos fazer? Idiota! – gritou afastando-se dele cheia de raiva.
-Era o único jeito! Só assim o plano daria certo, do jeito que ele queria e eu ainda teria a chance de salvar o Malfoy! Se não fosse assim, nós estaríamos mortos agora!
-Nós uma vírgula, VOCÊ estaria morto e isso porque só faz idiotices! UMA ATRÁS DA OUTRA! Burro, estúpido! – gritou incontrolável socando o encosto do sofá. – E agora?
Severo a olhou por alguns instantes, estava transtornada, desfigurada e a beira de um ataque dos nervos. Ele a conhecia muito bem e sabia que ficaria assim quando soubesse o que ele avia feito. Por isso continuou respondendo sem reclamar ou responder as ofensas que ela lhe oferecia.
-Tenho um plano a seguir, você continua com o que já vinha fazendo e ele me garantiu que o menino saberia o que fazer daqui pra frente.
-Sem ajuda? Ele pode ser muito astuto e articulado, até mesmo corajoso, mas não passa de um menino, Severo!
-É questão de pouco tempo até ele chegar a idade adulta e..
-Isso não quer dizer nada! Você o conhece tão bem quanto eu e sabe que por isso ele não pode passar sozinho!
-Então ajude-o você! E pare de reclamar, porque se fiz tudo isso foi para garantir o seu bem estar.
-O meu bem estar? –perguntou indignada – Ou a sua vontade de ser um mártir? Eu não posso ajudar ele sem dizer a verdade.
-Então diga, conte a ele o que você é!
-Pobrezinha de você, não é? Presa naquela casa com aqueles trouxas asquerosos se tornando tão repugnantes quanto eles a cada dia! – disse sem agüentar mais se segurar.
-Cale-se, Severo!
Caminhou até ao sofá e sentou-se na extremidade mais longe de Severo possível. Ele a observou por alguns segundos, não chorava, mais lutava para não fazê-lo na frente dele e naquele momento em que viu ela ali, sentada totalmente ereta e com o olhar perdido sabia que havia se arrependido do que disse. Ela tinha levantado a guarda mais uma vez.
- Me perdoe, eu não queria...
-Cale-se! – resmungou de volta – Você disse, e no fundo é o que pensa de verdade, por isso não se atreva a pedir desculpas.
-Mas, eu...
-Eu não devia ter vindo. – interrompeu-o novamente. – Está mais do que claro que você não precisa da minha ajuda e nem de mim, então pra que me chamou aqui, Severo?
Severo a olhou nos olhos por um momento, haviam lágrimas em seus belos olhos azulados enquanto o fitavam com seriedade. “Querida...”
-Vou ter que sumir por algum tempo.
-Em outras palavras, você vai fugir do pessoal da Ordem.
-Sim, mas eu não queria ir embora sem falar com você antes.
Aproximou-se dela no sofá, ela lhe deu as costas. Podia ver que tremia suavemente. Sim, agora ela estava chorando, não tinha a menor dúvida. Descansou sua mãe no ombro dela e disse:
-Petúnia, por favor.
Então, sem pensar mais, a abraçou com força e a confortou em seus braços. Ela não queria, mas a vontade de estar perto dele, de tocá-lo e de se sentir protegida era maior do que a raiva daquele momento.
-Sinto muito por tudo isso, por fazê-la passar por tudo isso de novo.
-Idiota. – murmurou com o rosto manchando pelas lágrimas enquanto afastava os cabelos empapados de sangue para longe do rosto dele.
-Me prometa que vai lutar até o fim, que não vai se deixar vencer facilmente.
Severo simplesmente lhe ofereceu um sorriso triste enquanto afagava-lhe o rosto. Sabia que não adiantava lutar, ninguém acreditaria nele. Estava condenado a morte desde que aceitava ajudar Malfoy, mas agora, mais do que nunca, soube que o fim estava próximo.
-Prometa, Severo! – pediu desesperada.
-Eu prometo que vou tentar.
-Vou conversar com a Molly, com o Remo e com quem mais for preciso. Até mesmo com o Harry. Eles vão acreditar em nós e então vamos poder provar sua inocência e...
-Não tenho como provar nada, Petúnia. – disse desviando seu olhar – Sabia no que estava me metendo quando aceitei o pedido de Dumbledore. Se não me matarem eu vou direto para Azkaban.
As lágrimas começaram a brotar com mais violência nos olhos de Petúnia até que ele a trouxe de volta para seu abraço e a beijou nos lábios, havia tanto amor em seus beijos. Como sentiria falta dela, daqueles momentos que passavam tranqüilos um ao lado do outro, planejando o futuro, de seus beijos, de amá-la...
-O menino vai precisar de você, diga tudo a ele. Enquanto vocês estiverem juntos estarão seguros. Você entendeu, Petúnia?
-Sim, tome cuidado. – disse quase num sussurro.
-Você também.
Severo depositou um beijo demorado na testa da mulher e se levantou. Pegou sua capa e a observou fazer o mesmo antes de se aproximar dele.
Não tinham palavras para expressar o que sentiam naquele momento. Não havia nada que pudesse ser dito. Petúnia se atirou nos braços do ex-professor e o beijou com tanta vontade que sua vida parecia depender daquilo.
Se houvesse mais tempo... Essa não era, definitivamente, a maneira que ela achou que um relacionamento de 25 anos chegaria ao fim.
Os dois se separaram e se encaram.
-Petúnia eu...
-Eu amo você, querido.
Aquelas palavras vinham sido evitadas a tantos anos que Severo se surpreendeu ao ouvi-las.
-Sim, eu te amo.
Petúnia sorriu e observou Severo vestir a capa e o capuz e sair para a escuridão da rua carregando apenas uma maleta. Encostou-se na porta ainda chorando.
Era verdade, ela o amava e sempre o amaria, independente de qualquer coisa, mas agora tinha que ser forte se o quisesse de volta são e salvo.
-Sim, querido, eu te amo.

Continua...

OBS: Oi gente! O que acharam??? Gostaram? Não gostaram?
Eu quero saber heim?!?!
Bjus
Mila

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.