Um Começo
Capítulo II: Um começo.
O lar está para trás,o mundo à frente
E há muitos caminhos para trilhar
Através da sombra
Para a orla da noite
Até que as estrelas estejam todas acesas
Névoa e sombra
Nuvem e penumbra
A esperança falhará
Tudo desaparecerá
Howard Shore - The Steward Of Gondor
Quando Gina saiu do Beco Diagonal sentiu uma dor no peito, era como se agora ela estivesse deixando de vez toda a sua família. Se distanciar do mundo bruxo era o melhor a fazer agora. Por mais que tivesse mudado um pouco sua aparência, não era o suficiente para despistar seus amigos e familiares caso os encontrassem, pensando nisso decidiu se instalar em um hotel trouxa, não muito longe do Beco, assim sempre que precisasse poderia ir até lá buscar mais informações.
Uma semana havia passado e ela não conseguia sair do lugar, a pista mais quente que tinha, era de que os últimos momentos da vida de Ravenclaw foram na Espanha. Mas Gina não tinha a intenção de sair do país, não momentaneamente, precisava ter certeza de que essa era sua melhor pista. Essa certeza veio uma semana depois de ter fugido.
Como em todos os seus finais de tarde, ela foi para o Beco, comprar o Profeta Diário e tomar uma cerveja amanteigada. Entrou no Caldeirão Furado e viu uma figura grande e bem conhecida sentada no bar, pensou em ir embora, mas a saudade de simplesmente ouvir a voz de Hagrid era enorme, decidiu sentar-se em um lugar mais isolado, e ficar ali.
Na sua mente imagens dos bons tempos de Hogwarts surgiram, de quando corria pelos jardins, ou passava os invernos trancados no castelo por causa do frio, ou até seus medos por causa de problemas pequenos, porém tudo isso sumiu no momento em que Hagrid mencionou um nome.
- É como eu digo, essa guerra... Potter saiu novamente do país e disse que essa seria a última vez, logo Aquele-que-não-deve-ser-nomeado estará morto.
Harry devia ter pegado a mesma pista que ela, por isso saíra do país, Gina colocou algumas moedas no balcão e deixou o local. Ela precisava ser rápida, precisava achar a Horcrux primeiro, precisava provar para todos que podia fazer isso sozinha.
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Draco já estava na Espanha, sentado na cama de um hotelzinho de quinta. “Maldita hora que fugi, a cada lugar que vou só me meto com pessoas inúteis com trabalhos inúteis e em lugares horríveis”.- Pensou - Encarou a carta na sua mão para decidir o que fazer, sua intuição dizia para abri-la, mas seu bom senso não. Mas havia mais um pequeno problema ali, ele precisava urgentemente de mais dinheiro, era um Malfoy, não precisava apenas de dinheiro para se sustentar, mas também para usufruir, ou seja: comprar roupas caras, comer em restaurantes chiques e principalmente hospedar-se em um lugar que tenha pelo menos uma cama com um colchão com mais de 10 centímetros de espessura. Dependendo do que estivesse escrito ali, ele poderia fazer uma ameaça e ganhar muito mais, isso era uma ótima idéia.
Tirou o lacre da carta com muito cuidado, assim não teria muitos problemas caso se arrependesse. A letra era corrida e confusa, vários borrões de nanquim preto espirrados no papel, forçou a vista para conseguir entender.
“Senhor Damien Van de Goleman,
Creio que já saiba qual o assunto de minha carta, por mais que estejamos nos arriscando mandá-la por terceiro, achei isso mais seguro do que o correio ou qualquer outra forma de comunicação, somos um dos poucos a não estarmos totalmente ligados aos atuais acontecimentos. Peça para o homem que mandei lhe entregar a carta, para procurar o Coração de Dragão, assim poderá escondê-lo por mais alguns anos, sabe o quanto isso é importante.
Até mais ver, Michael Brunch.”
Ele olhava fixo para a carta, era óbvio o que ela queria dizer, que aqueles homens eram comensais disfarçados, mas o que era o maldito Coração de Dragão? Isso seria fácil de descobrir, o dono da carta diria agora o que ele tinha de fazer, era simples e não envolvia qualquer ameaça, ele apenas precisava entregá-la como se nunca tivesse sido aberta e fazer o que lhe seria pedido, mas não entregaria a mercadoria a eles, mais sim a Lord Voldemort, assim teria a sua confiança e um bom apoio financeiro em troca.
Fechou a carta com muito cuidado, a lacrou novamente e foi tomar um banho, aquele dia mesmo iria visitar o senhor Damien.
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Gina teve muito trabalho para chegar até Madri, pegar a rede de Flú era complicado, estava sendo vigiado diariamente, aparatar seria mais problema, mas se lembrou de um homem, Mundungos, ele poderia resolver seu problema bem rápido, encontrá-lo foi a parte fácil, era só achar um contrabandista de qualquer coisa. Agora convencê-lo a vender um portal ou uma lareira não associada com o ministério seria complicado. Ela entrou na sua suposta loja e esperou ele terminar de falar com um cliente.
- O que uma moça como você faz aqui na travessa do tranco. – Gina sorriu para ele.
- Negócios.
- E eu vou poder ajudar de alguma forma?
- Claro, eu estou procurando algo que me faça sair do país.
- Uuuu, isso anda meio complicado por aqui, sabe... Muita procura, o ministério em cima da gente.
- É imagino, mas é urgente... Tenho coisas importantes a resolver na Espanha. – Ele andava pela sala aberta, mas quando ouviu o nome do país parou e virou-se para ela. – Algo errado?
- Não, não, apenas muita procura pelo lugar, sa... Sabe como é... Turismo. – Ele estava nervoso.
- Unhum! Quanto é?
- Caro, mais preciso ver seu... Seus braços antes. – Ela puxou as duas mangas da roupa e lhe mostrou o que queria ver, nenhuma marca negra. Pelo jeito a coisa estava feia, o ministério devia ter o dedo ali, ou ele não se arrestaria tão fácil, mas isso era obvio, ele era da ordem. – 200 galeões. – Gina riu.
- Você não muda Mudungos. – Falou baixinho.
- Como senhora?
- Nada não. – Ela baixou os olhos, precisava tomar cuidado como o que falava. – 100.
- Sabe como dá trabalho conseguir uma dessas...
- 150, não tenho mais que isso.
- Okay. – Ele entrou por uma portinha e voltou com uma boneca de criança.
- Aqui. – Gina lhe entregou o dinheiro. – Nos conhecemos de algum lugar? – Ela deixou o cabelo cobrir a seu rosto.
- Não. Muito obrigado senhor.
- Ah, antes que me esqueça, não tem com que se preocupar você vai para o Beco dos Milagres. – Ela concordou com a cabeça e saiu da loja.
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- Desejo ver o Senhor Damien, por favor. – Draco estendeu seu cartão para o balconista.
- Um minuto. – Ele não demorou muito para voltar. – Por aqui senhor, ele lhe recebera no quarto. Um homem alto e magro, moreno de nariz fino o atendeu. Suas roupas pareciam ser antigas, ele era um tanto quanto estranho.
- Senhor McPherson, que prazer em recebê-lo. – Ele estendeu a mão e cumprimentou Draco.
- O prazer é meu senhor. – Ele fez sinal para entrarem.
- Se não se importa podemos resolver o que lhe traz aqui direto, tenho um compromisso importante e não o esperava mais.
- Desculpe-me pela demora, tive alguns problemas no hotel em Portugal, por isso demorei a me apresentar. – Draco tirou o envelope do bolso da calça. – Aqui está a carta.
- Obrigado. Será que poderia jantar comigo amanhã? Tenho mais um serviço a pedir para você, meu amigo deve ter te falado. – Ele sorriu para Draco. Seus dentes eram amarelos e grotescos. – E também te pagarei.
- Certo, estarei lá. – Damien estendeu um pedaço de papel a Malfoy.
- Aqui está, o endereço do lugar do encontro. – Se despediram e Draco deixou o local.
Quando se viu sozinho, o homem reparou no lacre, estava intacto, o que será que havia acontecido? O papel não mostrava nenhuma marca de que havia sido violado. “Esse cara é mesmo muito bom” pensou consigo mesmo, “pena que não é o suficiente”. Leu o conteúdo da carta, depois falou um feitiço que revelou mais algumas linhas.
“Caro amigo Damien Van de Goleman,
Aqui está o verdadeiro conteúdo da carta, o que pedia acima deve ser feito também, mas tenho mais algumas ordens. O homem não é nenhum Benjamim Mcpherson, mas sim Draco Malfoy, um traidor do nosso Lorde. O porquê dele procurar o colar sendo de tanta importância é simples, caso sejamos descobertos, os Aurores Ingleses vão pendê-lo e não a nós, e também poderemos nos vingar matando-o.
Até breve.”
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