Prisão, Liberdade!







Capítulo I: Prisão, Liberdade!


“Sem viver coisas eu não encontraria a vida, pois? Mas, mesmo assim, na solitude branca e limitada onde caio, ainda estou presa entre montanhas fechadas, presa, presa. Onde está a imaginação? Ando sobre trilhos invisíveis. Prisão, liberdade. São essas as palavras que me ocorrem. No entanto não são as verdadeiras, únicas e insubstituíveis, sinto-o. Liberdade é pouco. O que desejo ainda não tem nome.” Clarisse Lispector







Um vento frio tocou-lhe a face, sentiu um floco de neve cair em sua mão desnuda, esse ano o inverno chegara mais cedo. Ela olhava a lua a sua frente, deixado a sua mente esvaziar-se de qualquer pensamento, a cada dia que passava estava ficando melhor nisso.


- Ginevra Weasley! – Bradou uma senhora à porta da casa. – Será que você poderia entrar? Não estamos em boas épocas para ficar até tarde no jardim.
- Claro mamãe. – Gina falou com desdém, mirou a lua mais uma vez e entrou na’Toca.
- Gina, querida, você poderia preparar o almoço amanhã? É que preciso ir a Ordem, Rony, Harry e Hermione chegaram essa tarde, portanto temos assuntos importantes para resolver.
- Mas eu não agüento mais ficar trancada aqui como uma prisioneira eu queria ir...
- Nem mais, nem menos. Está resolvido, agora vá jantar!
- Sua mãe está certa Gina. – Era Hermione que falava. – Caso você se colocasse em perigo ou simplesmente se expusesse de mais, não haveria propósito em Harry ter terminado com você.
- É impossível fazer essa menina entender que não queremos nossa única filha menina envolvida nesse inferno. – Molly completou.
- Eu entendo como deve ser ruim ficar aqui quando todos estão à ativa.
- Obrigado pelo conselho Hermione, mas você não entende, ninguém entende. – Sem esperar qualquer resposta Gina subiu as escadas para ir “dormir”.



Sentou-se na beirada da cama encarando-se no espelho. Se há dois anos atrás a achavam bonita, imagine agora, seus cabelos vermelhos estavam mais compridos e havia perdido o olhar de garotinha ingênua, mas parecia que seus parentes e amigos não conseguiam ver isso.


Mais um dia como todos os outros para a caçula Weasley, monótono e solitário. Quando a tarde já se punha e todos voltavam para A Toca, Gina se encontrava deitada no sofá lendo O Diário Vespertino, quando Harry veio e acomodou-se no que sobrava do sofá onde ela se espalhava.
- Olá Gina, não te vi ontem.
- Pois é, fui dormir cedo. – Por um minuto tirou o jornal da cara e olhou Harry. – Mas vejo que está tudo bem com você, que bom. – Sorriu sem graça, dando uma importância exagerada aquilo.
- É, as coisas andam muito bem, quer dizer agora só falta encontrar a última Horcrux, mas não temos nenhuma pista, só deduzimos que possa ser algo que simbolize ou tenha pertencido a representante da Corvinal. – Gina absorveu a informação, mas tornou a ler o jornal – Mas, e por aqui como andam as coisas? – Ele a olhava tímido, ela por sua vez se sentiu satisfeita de saber que ainda causava desconforto nele.
- Paradas, pelo menos pra mim! – sequer parou folhear o bendito jornal - Então quer dizer que está complicado assim?!
- Muito! Não sabemos por onde começar, Hermione já se dispôs a pesquisar e... Mas porque eu estou falando isso para você! – Ele mal terminou de falar Gina sentou-se num pulo e o encarou friamente.
- Até você Harry? – Ela o olhou mais seriamente – Vamos me conte tudo, caso contrário serei obrigada a cortar relações com você. – tirou um pouco do rancor da voz.
- Okay, okay, eu conto, mas me prometa não fazer nenhuma loucura. – Gina cruzou os dedos nas costas.
- Prometo.


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Já era a segunda ladeira que ele subia e não parava de se perguntar como uma cidade podia possuir tantas ruas iguais e ainda por cima, todas ladeiras. Olhou mais uma vez o bilhete em sua mão.

“Sr. McPherson,
Encontre-me hoje na alameda Aviz, portão ao lado de uma casa de fachada azul. Procure por um homem de cavanhaque branco e olhos azuis. Tenho uma encomenda importante a fazer.

ASS.M.B."


Em que situação havia chegado? Nos subúrbios portugueses trabalhando como mercenário tudo porque num passado não muito longínquo achava que ser Comensal da Morte dava futuro, tremendamente enganado. Até o nome teve que trocar para ninguém descobrir quem ele era.

Ele sentia-se cansado, sem esperanças para ser exato, viajara boa parte da Europa tentando recuperar toda a quantia de sua herança, pois seu pai o havia deserdado instantes antes de morrer.
- Maldito comensal, faz besteira e me deixa na miséria - murmurou o loiro seguindo o seu caminho, em busca da fachada azul.

Draco meditava o porquê havia decidido obedecer aquele bilhete idiota. "Porque faz um bom tempo que não trabalho, preciso pelo menos viver decentemente" – pensou. Avistou a casa em típico estilo português que procurava e ao lado um pequeno portão com a placa "Maria Antonieta".
Depois de atravessar um pequeno corredor escuro, entrou numa sala quase tão escura quanto o primeiro cômodo, se não fosse por algumas velas (eram visíveis as lâmpadas quebradas no teto). No fundo havia um bar, onde algumas mulheres estavam sentadas, ao lado do bar tinha um outro corredor e por toda sala, homens jogando cartas e sendo bajulados por "madames".
- Aonde vim parar?- murmurou para si mesmo.
Correu os olhos a procura do homem e o avistou a sua direita. Quando parou a sua frente o homem se manifestou:
- Sr. McPherson! Sente-se. - Draco obedeceu - alguma coisa para beber? Uma garota, ou ainda prefere...
- Direto ao assunto, senhor. - adiantou-se.
- Bom, então é o que faremos - o homem acendeu um charuto e deu uma longa tragada - Quero que pegue esse endereço e entregue essa carta a Damien Passos - estendeu um pequeno papel e um envelope lacrado. Draco percebeu que tinha algo a mais naquele envelope, leu o conteúdo do papel.
- Mas o Beco dos Milagres fica na Espanha! - o homem lhe entregou um pequeno móbile natalino.
- Acho que sabe que esse brinquedinho pode te levar até lá. Bom, aqui está, 500 galeões, que é a minha parte, Damien vai te pagar o restante, 500 galeões também.
- O que? Acha que vou sair do país, me arriscar por causa de 1000 galeões? E não tente me enganar que isso é uma simples carta, eu sei que tem algo de 'podre' nela, senão você mesmo arriscaria sua pele!
- Três coisas: Primeira, se a carta tem algo de 'podre' ou não, você não precisa saber; segunda, essa só é a primeira parte do serviço; Terceira e última, eu sei que faz tempo que não consegue "trabalho", portanto anda precisando de dinheiro, pois gosta do mínimo de conforto. - o homem retirou do bolso interno do casaco um saco com moedas e entregou a Draco, em seguida deixou o local.
Draco Malfoy sabia que ele tinha razão, não estava em condições de recusar serviço!



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- Olá! Bom dia. Desejo fazer um saque no cofre 404.
- Chave?! – O duende olhou com seu mal-humor diário para a moça de cabelos castanhos e olhos azuis. Ela retirou a velha chave do bolso e entregou-lhe.
- Siga-me.
O Gringotes foi à primeira parada feita por Gina antes da busca pela última Horcrux, depois de ter saído escondido de casa, ela havia deixado apenas um breve bilhete de despedida. Fizera apenas dois feitiços simples para se disfarçar, mudando a cor do cabelo e dos olhos, havia a ajudado bastante, passara por alguns conhecidos que não há identificaram.

Depois de varias chacoalhadas no carrinho, chegaram ao cofre 404, com um estalo a porta se abriu, revelando uma pequena, mas suficiente quantia de Galeões e alguns pertences. O dinheiro fazia parte de toda a economia de Gina, boa parte dele era presente dos gêmeos. Junto com as moedas se encontravam um punhal de prata – herança do avô -, um caderno velho que um dia fora seu diário e que para ela tinha um valor incrível, alguns documentos antigos e um relógio mais antigo ainda, que nada tinha de interessante para Gina.
Encheu uma sacola com quase todo o seu dinheiro. Olhou os objetos que estavam ali e resolveu levar o punhal, para defesa pessoal, se fosse preciso, achou melhor deixar o diário ali, ele era muito íntimo para ficar sendo carregado na sua bolsa, além de que lembrar do passado naquele momento não era uma boa idéia, os documentos de nada serviam e o relógio parecia inútil, mais se lembrou de quando o recebera. – Fora de sua mãe, ela disse que quando precisasse de orientação ele lhe serviria. – Era bom levá-lo também, guardou o no bolso interno do casaco. Deu mais uma olhada rápida no interior do cofre, estava um pouco interessada em vasculhar seu antigo diário e analisar sua mudança ao longo dos anos. Então regressou e pegou o velho caderno. Agora estava pronta para começar sua busca.


Andou pela rua principal do Beco Diagonal, parou na frente da Floreios e Borrões, apenas para ver se conseguia alguma informação, que pudesse ser útil. A principio nada lhe chamou atenção, mais mesmo assim decidiu entrar para dar uma checada. Foi direto para o segundo andar procurar nos livros de história.
- História da Inglaterra Bruxa. – Leu para si mesma. Pegou o livro e sentou-se em uma cadeira perto da janela. Abriu no índice e procurou por algo que lhe servisse. – “O trajeto do ministério”, “Revolução vampírica”, “A história de Hogwarts I – Os fundadores” “A histó...”. – Parou ai! Gina se lembrou da conversa que tivera com Harry. – Alguma coisa da Corvinal, pode ser que tenha alguma coisa escrita aqui.
Leu como se não existisse o mundo além daquelas páginas. Ficou sabendo da história percorrida pelos quatro até a construção de Hogwarts, a separação em casas e suas mortes. Gryffindor em uma intensa batalha, Huffe Puff por uma doença de velhice, Slytherin assassinado por um de seus inúmeros inimigos e finalmente Ravenclaw, falecera misteriosamente em uma tarde de primavera.
Gina lia em sussurros para si o restante do livro até a parte em que contava a vida individual de Rowena Ravenclaw. Lá dizia que era uma das mulheres mais lindas de sua época, dizia também que era uma grande admiradora de jóias, uma em particular, que durante os últimos meses de sua vida não foi vista nenhuma vez sem o colar de ouro branco com um belo coração vermelho. Que também viveu por muitos anos na Inglaterra e também na Espanha onde morreu e foi enterrada.
- Olá, posso ajudar? – Um bondoso senhor perguntou.
- Ah, não, estou apenas dando uma olhada, muito obrigada.
- Sem problemas - ele foi se retirando...
- Senhor, pensando bem, vocês teriam algum livro sobre Rowena Ravenclaw?
- Infelizmente o último exemplar da sua biografia que eu possuía foi vendida a algum tempo.
- Assim mesmo obrigada. – Gina deu um tempo para que o homem pudesse se distanciar e retirou a página do livro que acabara de ler, nela tinha uma foto de busto da mulher, ela e seu inseparável colar.




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