Parte III - Lembranças
Obs.: Um trecho deste capítulo ficou meio estranho, porque eu ia desenvolver um outro shipper nesta fic, e mudei de idéia, por causa de uma amiga... então, se acharem meio tosco o diálogo da tenda, me perdoem, mas foi por isso.
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Entretanto, o fim de semana terminou sem que Harry conseguisse falar novamente com qualquer um deles. Na verdade, não vira nem mesmo Snape.
O domingo, apesar da chuva, fora dedicado ao quadribol, pois um novo capitão precisava ser escolhido, além de Gina querer passar a artilheira, agora que Harry era novamente o apanhador da equipe. Finalmente, para a surpresa de todos, Rony fora escolhido como capitão, fazendo Harry se lembrar da distante noite em que Rony se vira no espelho de ojesed.
Hermione continuava achando excessiva toda aquela empolgação pelo esporte, mas cumprimentou o amigo com sinceridade, e aderiu de forma discreta às comemorações, que foram bem mais tranqüilas que o habitual, sem os gêmeos ou Lino Jordan. E até ela teve que admitir que estava sentindo falta dos três. Harry se lembrou do pacote que haviam lhe dado, e descobriu que continha um bom estoque de fogos e logros.
A segunda feira amanheceu ainda mais encharcada, e com uma falta notável à mesa do café: Snape. Mas as surpresas do dia estavam só começando. A única turma que teve a aula de DCAT foi a do 6º ano, pois nos demais horários Sarah teve que substituir o professor de Poções, para espanto da maioria.
Somente na quarta feira é que Snape voltou, sem que ninguém explicasse sua ausência, mas Harry e os amigos tinham certeza de que tivera algo a ver com a Ordem. E retomou suas aulas como se não tivesse ficado ausente um só minuto, fazendo questão de cobrar deveres que Sarah não passara e aproveitando para repreendê-la claramente por estar agindo de forma condescendente e relaxada com os alunos, o que rendeu um clima um pouco mais tenso todas as vezes que se encontravam.
- Isso não está nada bom... – comentou Hermione, preocupada – Esses dois vão acabar explodindo.
Harry concordou. Afora seu progresso em Oclumência, nada de bom estava acontecendo e os dois professores continuavam envolvidos naquela atmosfera carregada de hostilidade e rancor. Até Hermione estava curiosa com a razão de todo esse clima pesado, por isso concordou com o plano que Harry sugeriu. Precisavam saber a verdade, para tentar ajudar de forma mais eficiente.
No sábado, após sua aula habitual com Antonio, Sarah entrou na carroça, acompanhada de Hermione, que pretextara uma consulta nos “fabulosos livros raros” da professora. Bichento, que viera enroscado nos ombros da dona, logo pulou para dentro da tenda e foi se aninhar num dos pufes coloridos, ante o olhar divertido de Sarah. Quando ela os cumprimentou, sorrindo, Harry se encheu de coragem e perguntou:
- Sarah, me desculpe, mas precisamos saber. O que, afinal, aconteceu entre você e o Snape pra vocês ficarem desse jeito? A gente não agüenta mais a tensão. Parece que vocês vão se matar a qualquer momento...
Sarah e Antonio o olharam, a princípio assustados. Depois, a jovem sorriu e, convidando –o a se sentar, juntamente com Hermione, soltou um longo suspiro, enquanto seu irmão dizia que ia deixá-los a sós.
- Por favor, meu irmão, fique! Acho que está mais do que na hora de deixarmos de ter segredos um para o outro... – ela lhe estendeu a mão, puxando-o gentilmente para sentar-se ao seu lado – Talvez, se eu tivesse aberto mais meu coração pra você naquela época, as coisas teriam sido mais fáceis... Deixem-me pensar que tenho novamente 16 anos e que vocês são meus melhores amigos, a quem posso contar tudo, confiar tudo.
- Mas você pode confiar em nós! – Hermione retrucou com veemência – SOMOS seus melhores amigos, de verdade!
Antonio hesitou por alguns instantes, depois cedeu, comentando baixinho:
- Espero não ouvir nada que lhe dê motivos pra se arrepender de ter me pedido isso...
A irmã o fitou, com um olhar sombrio, respondendo em sua própria língua alguma coisa. Ele acenou com a cabeça, parecendo resignado, e sentou-se ao seu lado, de pernas cruzadas.
Harry a olhava em silêncio, intimamente concordando com Hermione e tentando aparentar menos ansiedade do que realmente sentia.
-. Bem, quando viemos pra Hogwarts, ainda estávamos sob o impacto da morte de nossa mãe... e também de seus pais. Sirius fora mandado para Azkaban, sabíamos que injustamente, mas ninguém acreditara em dois garotos ciganos de apenas dez anos. Em nosso... país, somos levados a sério, mas aqui é diferente... Visões e profecias só são aceitas por um grupo limitado de bruxos, mesmo que o Ministério se preocupe em arquivá-las e protegê-las.
- Antonio me contou que vocês conheceram meu pai e seus... amigos.
- É, eu sei... – ela pareceu mergulhar em suas lembranças por um instante – eles foram ao nosso acampamento durante um verão, procurando ajuda para o Lupin. Sabe, meu povo conhece magias muito antigas e poções muito poderosas... Ele já tinha essa expressão tristonha, o Aluado, como os três o chamavam...
- Petrigrew também foi? – Harry quis confirmar.
- Só na primeira visita. Ele não se sentiu bem entre nós, sinal de que já deveria estar, digamos, “contaminado”. Os outros três voltaram mais vezes, não só pelo “tratamento” do Lupin, mas porque ficaram amigos de nossa gente. Eram bruxos inteligentes, leais e que nos respeitavam como iguais, sem a prepotência de outros bruxos que encontrávamos de vez em quando. E, como conheciam minha tia, ficaram mais tempo conosco. Papai os apreciava muito, principalmente quando contavam suas travessuras, bem debaixo do nariz da tia Minerva. O Sirius era o que mais se identificava conosco, talvez por ter o que os trouxas se habituaram a chamar de “alma cigana”. Alegre, bonito, envolvente, era o meu preferido... Eu passava horas escutando suas histórias, e o Antonio até ficava enciumado. Mas Sirius o conquistou também. Tenho umas fotos, querem ver?
Sem esperar resposta, foi até um baú de madeira entalhada, de onde veio com um álbum de fotos bruxas. Nelas, Harry pôde mais uma vez se encantar com a visão dos marotos na juventude, apenas um pouco mais velhos do que vira nas lembranças de Snape. Lupin, um pouco mais relaxado, sorria, enquanto Tiago e Sirius rodavam pelos braços um casal de crianças morenas e risonhas. Em outra foto, o garoto tentava ensinar a um desajeitado Lupin alguns passos de dança, entre as risadas satisfeitas de seus companheiros, com Sarah sentada no chão, aos pés de Sirius, batendo palmas. E ainda, em outra, ela estava pendurada em seu pescoço, enquanto ele ria com vontade, mas a menina apenas sorria meio envergonhada.
- Ele tinha acabado de brincar que ia voltar uns anos mais tarde para lutar no meio da tribo contra meus supostos pretendentes e ganhar a minha mão em casamento. Eu fiquei bem encabulada... Tinha só sete anos, mas já era apaixonada por ele...
Essa revelação pegou Harry completamente desprevenido. Não sabia o que dizer. Mas Sarah abandonou o ar sonhador, acrescentando:
- Coisas de garota! Meninas são assim, em qualquer parte, Harry. Apaixonam-se por um belo sorriso e um olhar cativante. É como se fosse preciso materializar as suas idealizações em uma figura masculina diferente do próprio pai, mas tão marcante quanto, entende? Todas temos nossos ídolos...
Harry fez um aceno confuso com a cabeça, lembrando-se das tentativas de Hermione explicar a lógica do pensamento das meninas em várias ocasiões. Ela própria se remexeu, inquieta, ao que Sarah retrucou:
-Sabe... às vezes, ao invés de gostarmos de alguém de nossa idade, por achá-lo imaturo ou infantil, e os garotos sempre são – ela sorriu, divertida com o olhar de espanto de Harry e os resmungos contrafeitos de Antonio – nós projetamos em um homem mais velho, professor, amigo, parente, seja o que for, nossa necessidade de alguém que reconheça nossa inteligência e maturidade, além, é claro, de nossa beleza e juventude, e que possa acompanhar satisfatoriamente nosso pensamento, que julgamos adulto e amadurecido. Pode até acontecer de dar certo, mas na maioria das vezes isso é desastroso... – ela fitou Hermione, como se imaginasse que apenas outra mulher fosse capaz de entendê-la – Principalmente porque partimos da suposição de que o outro precisa do que achamos que podemos dar...
Depois de alguns instantes em que pareceu ter mergulhado em pensamentos profundos e doloridos, ela voltou os olhos para os garotos e começou a falar.
- Sirius era realmente lindo! E vibrante, o tempo todo. Não conseguia ficar parado um só minuto. Acredito que os anos em Azkaban tenham sido ainda mais horríveis por isso...
Harry gostaria de continuar falando do padrinho, mas... onde Snape se encaixava nisso?
- Quer ficar com esta foto? – ela apontou a primeira que ele vira – Como um presente. É uma foto bonita, de um momento feliz de nossas pessoas queridas, e esses é que merecem ser lembrados...
Depois de observar um pouco mais as velhas fotos, ela guardou-as novamente com carinho. Então, se sentou e suspirou mais uma vez:
- No primeiro ano em Hogwarts, eu ainda tentei convencer Dumbledore, minha tia, todos. Sei que o diretor guardou minhas informações, entre desconfiado e temeroso, mas não tinha provas, pois não contamos tudo o que sabíamos, não pra ele. Apenas mais uma pessoa soube que os marotos haviam se tornado animagos para acompanhar Lupin. Porque também era animago... – ela sorriu estranhamente, enquanto Bichento subitamente saía do canto em que se enroscara direto para o colo da professora – Não estou falando de minha tia... Esse... velho amigo acreditou em nós e se impôs uma missão: encontrar Rabicho, para inocentar Almofadinhas... E acabou conseguindo, não é? – ela brincou com as orelhas de Bichento, que lhe dera um rosnado esquisito, e continuou - Pelo menos, as pessoas que realmente importavam agora sabem, principalmente você. E, extra oficialmente, podemos dizer assim, já se sabe quem foi o verdadeiro traidor dos Potter e assassino de toda aquela pobre gente inocente.
Harry a fitou, estupefato. De quem ela estaria falando? Tentou recordar todas as pessoas envolvidas na sua descoberta da verdade e não conseguia imaginar que animago era esse... Mas Sarah pareceu não se importar em lhe esclarecer mais esse mistério, agora que começara a falar de seu tempo ali.
- Éramos muito desconfiados de todos, Tonks foi uma das poucas pessoas que nos acolheram de cara. E também a Mary, que também se sentia... discriminada. O fato de sermos sobrinhos da diretora de Grifinória dava aos outros alunos a ilusão de que detínhamos privilégios na verdade inexistentes. E nossa... origem materna nos trazia os contratempos que você já deve imaginar, principalmente porque na Sonserina sempre tem aquela turminha idiota de defensores do sangue-puro, que nem ao menos sabem o que isso significa de verdade... mas isso não vem ao caso agora. – ela sorriu, um sorriso amargurado – Tia Minerva nos advertiu sobre usar nossos “poderes”, mas era uma defesa importante que tínhamos, pois nunca havíamos convivido com outros bruxos fora de nossa tribo por tanto tempo e sozinhos, sem papai por perto, e não tínhamos certeza do que era correto ou não fazer. Nos primeiros tempos, Snape nos tratava com solicitude e me dava uma atenção especial nas aulas, que eu acreditava ser por minha facilidade com a matéria dele, ou por querer agradar à minha tia, já que era o membro mais novo da equipe de professores. Eu, aflita por um reconhecimento do mundo novo que enfrentava, me sentia lisonjeada ao pensar que ele me considerava uma boa aluna, e já o admirava por sua inteligência e seu conhecimento superior em poções!... Até que, um dia, já no final do 3º ano, ele nos viu, Tonks, Mary e eu, com as fotos que acabei de lhe mostrar, e me escutou contando que ainda acreditava na inocência de Sirius, e o quanto gostava dele quando era pequena. Aí, não sei o que aconteceu... Bem, Antonio, que estava perto, lendo um livro sobre quadribol, disse que percebeu meio que sem querer, os pensamentos de ódio e ciúme dele em relação ao Sirius, e um vislumbre do que pareceu vontade de sobrepor-se a ele. Mas, imediatamente, a mente de Snape se fechou para nós, com se percebesse a “entrada” de Antonio.
Depois de uma pausa, ela continuou com a voz mais melancólica.
- Tentei convencer Antonio de que não havia motivo pra Snape ter... ciúmes de Sirius, mas ele simplesmente argumentou que não eu não tinha como saber, já que não conhecia o que acontecera entre eles antes.
- E você tinha razão nisso – Harry retrucou, virando-se para Antonio – aqueles dois sempre se odiaram.
Antonio sorriu tristemente, enquanto Sarah concordava com voz melancólica:
- É, agora eu sei. Mas, naquela época, não percebi nenhuma segunda intenção na mudança de atitude de Snape comigo, quando retornamos para um novo ano na escola, pelo contrário... ele se tornara mais gentil, era menos implicante até mesmo com Tonks e Antonio nas aulas. Mary, com seu dom de vidência, só me dizia que pressentia algo de muito errado, Antonio me alertava, desconfiado, mas quando eu tentava “ver”, só percebia sentimentos de “admiração” que me deixaram surpresa e lisonjeada. Imperceptivelmente fui me envolvendo no que hoje, um pouco mais esperta, percebo ter sido um jogo de sedução muito bem armado. Como um perfeito oclumente, Snape soube esconder de mim suas verdadeiras intenções, que acredito serem realmente as de suplantar Sirius a qualquer custo, numa competição doentia, e eu me tornei mero instrumento para isso. Realmente, confesso que ainda não entendi os motivos do Snape, de porque ele ter querido me transformar num peão nesse jogo maluco dele com o Sirius, ainda inacessível em Azkaban.
Harry abriu a boca pra falar alguma coisa, mas desistiu. Se fosse comparar aquela situação com o xadrez, com certeza Sarah não seria apenas um peão. Porém, não queria falar nada que piorasse a situação. Não sem antes perguntar o que Hermione achava disso tudo. Ela, entretanto, permaneceu calada, e Sarah continuou a sua história, ligeiramente emocionada:
- Como foram difíceis as férias a partir dali! Por mais saudades que sentisse de casa, do papai, da tribo e de sua vida nômade, eu ansiava por voltar a Hogwarts, mas não tinha coragem de admitir pra ninguém a verdade: me apaixonara pelo professor mais ranzinza da escola que, inexplicavelmente, comigo chegava a esbanjar charme e cortesia. – ela pareceu se lembrar de algo engraçado –Será que só eu percebia uma notinha de admiração quando falava do meu desempenho em classe, ou quando comentara os meus excelentes resultados nos N.O.M’s? Eu me tornara ainda mais retraída com relação aos colegas, tinha medo que eles descobrissem, e até a Tonks demorou pra perceber o que estava acontecendo. Ela era um pouco mais atrapalhada do que hoje em dia, e meio voada, assim como a Luna, entende? Às vezes ainda não acredito como conseguiu se tornar uma auror... Já a Mary percebera tudo, era uma vidente, apesar de não sentir segurança para assumir e desenvolver esse dom, na época, porque tinha coisas mais graves com que se preocupar. Mas era uma romântica incurável, e ainda é, e acreditava que eu seria feliz se conseguisse conquistá-lo. Pelo menos, dizia, o homem de meus sonhos estava ali pertinho, enquanto o dela... – ela suspirou - Em diversas ocasiões, não sei por que artifícios ele conseguia, pois pelos meus simples esforços de adolescente completamente inexperiente neste tipo de jogo, não era; ficávamos sozinhos em algum lugar, por mais que Antonio e tia Minerva, já desconfiada de que havia algo errado, tentassem me vigiar o tempo todo. Ou era numa biblioteca vazia em que até mesmo Madame Pince descobria alguma coisa pra fazer em outro lugar e, caso alguém chegasse, sempre parecia que ele interrompera seu importante trabalho para sanar a dúvida de uma pobre estudante, ou era em alguma esquina de Hogsmeade que eu virava e me via sozinha de repente. No corujal, nas torres ou no jardim, sempre havia algum momento em que estávamos juntos e a sós, mas não o suficiente, era o que ele sugeria veladamente, meio sedutor, meio acanhado...Vocês acreditam? Snape, acanhado! Então, no Natal, quase desabei e “entreguei” tudo, quando ele me mandou um presente, imaginem! Mas, pela primeira vez, não consegui desvendar um de seus enigmas, e o presente permaneceu fechado, sem que eu nunca tivesse coragem de dizer isso a ele. Ao voltarem as aulas, seu tom parecia o mesmo, embora às vezes parecesse me olhar de um jeito estranho, como se tivesse algo que quisesse perguntar e hesitasse. Com 16 anos, eu já era mais senhora de mim mesma, ou pelo menos pensava que era, então resolvi por à prova o que eu pensava que ele sentia por mim, e da forma mais perigosa, tentando lhe despertar ciúmes. Não vou entrar em detalhes... aconteceram coisas simplesmente ridículas, não tenho coragem de contar, portanto, não insista! –Harry a olhou, espantado.
Apesar de tudo, ela ria, divertida, mas pela primeira vez, Harry percebeu que sua professora, o rosto sutilmente marcado por uma melancolia constante mesmo quando sorria, parecia ter muito mais que seus vinte e poucos anos. Mesmo Tonks, que ele imaginava já ter visto muita coisa como auror, ainda mantinha aquela jovialidade quase que adolescente.
Sarah permaneceu por um tempo calada, o rosto contraído, talvez pensando se não estaria revelando demais a eles, mas prosseguiu, tentando inutilmente manter um tom mais neutro, pois agora sua emoção era visível:
- O importante é você saber que, em algum momento naquele ano, Snape se sentiu enganado ou manipulado de alguma maneira, pois começou a agir de forma ainda mais estranha do que antes. Passaram a ocorrer “acidentes” como, por exemplo, “ops, seu frasco de poção escorregou, McGonagall”. Ou, “sinto muito, McGonagall, mas você não me entregou seu trabalho a tempo”. Agora, não me chamava mais de Miranda, ou “Máiranda”, como sempre falara com voz suave nesses nossos... momentos. – Sarah se interrompeu por uma fração de segundo a um movimento brusco do irmão - Não! Agora, era McGonagall, e com um tom de ironia que só não doía mais do que seus olhos, mortalmente frios ao me fitar, do alto de sua posição superior, como adulto e como professor, o “terrível Prof. Snape”. Nessa hora, eu me sentia como um verme que ele gostaria de pisar, ou melhor, picar em pedacinhos para usar em alguma poção nojenta. Tarde demais, somente no verão seguinte, descobri que Tonks, tentando me ajudar a lhe fazer ciúmes, ou, na pior das hipóteses, convencida pelo meu querido irmão a fazê-lo se afastar de mim, é que tinha posto tudo a perder. – ao ouvir isso, Antonio resmungou mais alguma coisa, mas Sarah o ignorou deliberadamente, talvez porque não quisesse discutir com o irmão - Se passara por mim, vocês viram como ela é praticamente perfeita nisso, e dissera ou fizera alguma coisa que fora demais pro orgulho do Snape. E eu, sem saber de nada, passei o pior semestre de minha vida, meu rendimento na escola caindo assustadoramente, principalmente em Poções. Quando Dumbledore sugeriu que Snape deveria me dar algumas aulas de reforço, convencido de que as razões de minha melancolia e queda no rendimento tinham uma causa sentimental sim, porém de idade e condição “mais próximas” à minha, achei que ia enlouquecer. Aquilo não era aula de reforço, era detenção com tortura explícita!
Harry murmurou um “sei o que você quer dizer” e Sarah piscou. Harry se lembrara não só das aulas de oclumência com Snape como as detenções com Umbridge, tentando imaginar uma coisa dentro da outra e tremendo só de pensar...
- Minhas notas melhoraram, não porque eu estivesse melhorando, mas simplesmente porque Snape não as estava boicotando mais, por receio de Dumbledore desconfiar, certamente. Em compensação, me forçava às tais aulas de reforço duas vezes por semana, quando eu sempre tinha que ouvi-lo numa seqüência de observações humilhantes, sem me defender, ou ganhava uma detenção a mais. Mas minha “raça” também é orgulhosa, e logo aprendi a me manter distante. E descobri também que bastava mencionar baixinho, ou mesmo rabiscar num cantinho do pergaminho, o nome de Sirius, ou Tiago, ou Remo, para ele ficar possesso, embora logo não ficasse mais vermelho, ou lívido. Apenas dava um sorrisinho terrivelmente sarcástico e, deliberadamente esquecendo o fato de que eu os conhecera quando tinha apenas sete anos e já não os via há bastante tempo, sugeria coisas horríveis, que me faziam ferver por dentro... mas mantinha o controle a todo custo. Afinal, isso era um sinal de que o atingira. Depois de passar horas e às vezes perder o jantar para descrever minuciosamente em folhas e mais folhas de pergaminho o processo de cada poção que ele resolvia me pedir, eu voltava em silêncio pra torre da Grifinória, e me enfiava na cama, ignorando os pedidos de Tonks e Mary pra que eu lhes contasse o que estava acontecendo, chorando em silêncio até o dia clarear. Conseqüentemente, no dia seguinte eu estava um caco, mas mantinha a pose, a todo custo, não podia deixá-lo perceber que sofria por sua causa.
Sarah se interrompeu. Por um momento, fitou Harry, depois Hermione.
- Acho que me empolguei... desculpem.
- Sabe, eu imagino como você se sentia... – Harry disse no tom mais sereno que conseguiu – Por motivos diferentes, é claro, passei por coisas semelhantes. A Umbridge também me deu detenções horríveis, além de me expulsar do quadribol. Mas, se você disse que no verão descobriu o que a Tonks fizera...
- Pois é... a princípio queria chegar em Hogwarts em setembro e colocar tudo em pratos limpos, mas as coisas não foram tão simples assim. Ele estava ainda mais altivo e distante e, além disso, tinham os exames para os N.I.E.M’s e tudo o mais, uma pressão incrível! Mesmo que eu não tivesse a intenção de seguir qualquer carreira por aqui, me sentia na obrigação de me qualificar o melhor possível, desfazendo a impressão que ficara do 6º ano e também por meu pai. Por isso, só o que fazia era estudar, ignorando completamente a existência de Prof. Snape ou qualquer outra pessoa até que... Bem, hoje até parece divertido, mas na época, foi um inferno...No início de fevereiro, uma colega me pediu para ajudá-la com uma poção. Mary lera as cartas pra ela, dissera que ela só teria uma chance de conquistar o garoto de seus sonhos, e ela resolveu apelar, mas não tinha nenhuma experiência com poções mais perigosas, e precisava de ingredientes difíceis de conseguir. Eu os consegui fora da escola, assinando os pedidos através das corujas apenas como M. McGonagall, arriscando-me a ser severamente castigada pela minha tia, caso ela descobrisse. O que eu não sabia é que algumas alunas da Sonserina resolveram fazer uma poção semelhante, e roubaram os ingredientes do armário de Snape. O roubo foi descoberto, e Snape ameaçou a todos com uma detenção coletiva, caso o ladrão... ou ladra, ele frisou bem, como se até já soubesse o nome da culpada, não se manifestasse até o final de semana. Aí, você pode imaginar o que aconteceu? Óbvio, não? Na véspera do Dia dos Namorados, um pergaminho anônimo chegou às mãos de Snape, informando-o de que eu “roubara” ingredientes proibidos de seu armário para produzir uma poção do amor, evidentemente para enfeitiçar alguém no dia seguinte. O caso foi levado a Dumbledore e a tia Minerva, mas Snape fez “questão” de resolver o caso, fingindo-se compreensivo ante o que chamava de arroubos juvenis perfeitamente sem gravidade. Eu era muito jovem, dissera, e mesmo os longos anos de disciplina em Hogwarts certamente não haviam neutralizado o que ele supunha serem “costumes mais livres” adotados pelo meu povo nesse tipo de assunto. Que Dumbledore e Minerva ficassem tranqüilos, eu seria punida, uma detenção e, sem dúvida, a suspensão da autorização para ir a Hogsmeade, nada com aquele rigor todo que eles temiam. Imagino que Dumbledore não tenha confiado inteiramente nisso, mas quis ver até onde Snape iria. É que o diretor conversara em segredo comigo, logo no início do ano letivo e, depois de lhe expor da forma mais simples possível os meus sentimentos pelo professor e dizer que um grande mal entendido ocorrera, comprometendo meu... “relacionamento” com ele, claro, fazendo, como dizem os trouxas, “das tripas coração” para não dizer o quanto Snape fora horrível, usando todos as minhas forças para esconder meus pensamentos do Dumbledore, prometera firmemente me manter... “afastada de encrencas”... E estava conseguindo, até concordar em fazer uma poção proibida para uma colega inconseqüente... Por isso, quando fui chamada à sala de Snape, ainda sem saber nada sobre a denúncia covarde e injusta, você pode imaginar o susto que levei. – sua expressão mudou, por um momento, enquanto ela imitava o jeito de falar de Snape – “Sente-se, McGonagall, e tome um chá. Temos uma longa conversa pela frente”. Trêmula e insegura por estar novamente sozinha com ele e em sua própria sala, mas enganada pela sua voz tranqüila ou, pelo menos, não tão agressiva quanto nos últimos tempos, obedeci sem pensar. Mas alguma coisa no modo como me fitou fez um alarme soar dentro de mim, então, dissimulei ao máximo e apenas fingi tomar o chá... o que foi, Harry?
Ele acabara de se lembrar de uma cena semelhante e rira. Contou a ela, acrescentando que, pelo menos daquela vez, Snape passara à Umbridge um veritaserum adulterado.
- Você teve mais sorte... mesmo que não tivesse desconfiado, a poção não faria efeito. Mas eu apenas tocara a xícara com os lábios, e vislumbrara um brilho que pareceu de triunfo nos olhos do Snape. Então, resolvi fazer o jogo dele, o que quer que fosse. Mas não esperava pelo que ouvi... Primeiro, ele me perguntou se eu fizera a poção, e eu confirmei, porque realmente não via motivo para negar, ou será que um mínimo de veritaserum na borda da xícara fizera efeito? Talvez... mas, aí, ele quis saber o motivo e cometi meu maior erro: menti, pensando que estaria livrando minha amiga, mas na verdade disse o que ele pensava ser a verdade: que era para meu próprio uso... Snape sorriu daquele jeito que você sabe, então me perguntou o objetivo. Quem eu tencionava enfeitiçar? Por acaso eu tinha alguma esperança de que poderia usar a poção contra ele e aproveitar a data para ridicularizá-lo na frente da escola toda? Ele estava tão confiante que eu bebera a poção, que não percebeu minha surpresa. Então era isso? Resolvi contra atacar: como ele podia se achar tão irresistível? Eu indaguei com a maior ironia que pude. Ele tinha o dobro da minha idade, e para mim, era como se tivesse a idade do Dumbledore! E, acrescentei maldosamente, nem a metade da beleza do Sirius ou sua competência como professor em determinadas matérias. Como a sua expressão, que eu não conseguia definir com certeza, mexeu comigo nesse instante! Quase voltei atrás, mas meu orgulho estava tão ferido que nem pensei e confirmei: era verdade, eu pretendera isso mesmo, e também tinha como alvos dois ou três alunos, e ainda colocara um ingrediente a mais que os faria duelar por mim em pleno salão principal! Você não pode imaginar como esse homem ficou... Pensei que ia me matar ali mesmo, quando puxou a varinha. Mas me atacou com o feitiço da legilimência, porque alguma coisa o fizera desconfiar de que eu estivesse mentindo. Só que o feitiço ricocheteou em meus próprios poderes de oclumência e, por um momento, pensei ter visto alguma coisa... como se ele tivesse se interessado por mim de verdade no início, mas ao descobrir que eu “amava” Sirius, transformado isso em um sentimento de mágoa cuja intensidade eu ainda não compreendia...Fechei os olhos, tonta com a avalanche de pensamentos que me invadia, e quando os abri novamente, seu rosto estava a centímetros do meu, e ele parecia tão atônito quanto eu. Segurava meu rosto com força e, então, sem que eu esperasse, ele me beijou... como se fosse o que quisera fazer o tempo todo. Um beijo que parecia conter mais dor e mágoa do que qualquer outra coisa, mas ainda assim um beijo, o meu e, principalmente... nosso primeiro beijo! Aquilo me feriu e ao mesmo tempo me deu uma esperança boba, pequenina, quase inexistente, mas perceptível o suficiente para que ele me repelisse, interrompendo bruscamente tanto o beijo quanto minha tentativa instintiva de abraçá-lo, parecendo que achara nisso motivo pra se sentir vitorioso, e rindo maldosamente, um riso frio que me gelou o coração.
Sarah parou de falar, inspirando profundamente, e só então os outros ergueram os olhos e perceberam que seu rosto estava banhado em lágrimas. Hermione gentilmente se aproximou e tomou sua mão, ao que ela reagiu com um gesto tranqüilizador e um sorriso fraco. Antonio se erguera, e a custo se mantinha dentro da tenda, mas a irmã novamente lhe pediu algo em sua língua e ele fez um gesto de impaciência e foi se sentar do outro lado, apoiando os cotovelos nos joelhos e mantendo a cabeça baixa.
- Sei que tudo isso é completamente ilógico pra você Harry, mas os sentimentos de paixão são assim mesmo... quando uma coisa mesquinha chamada orgulho entra no meio... Só posso dizer que saí da sala sem dizer nada, um gosto horrível e amargo na boca, mas de cabeça erguida, me negando firmemente a olhá-lo nos olhos e deixá-lo ver como me ferira, e a partir desse dia passei pela escola quase como um fantasma. Efetivamente, não pude mais visitar Hogsmeade até sair da escola, e tive mais alguns direitos cortados. E fui uma aluna exemplar o resto do ano letivo, mas só. Não conversava com mais ninguém, nem mesmo com Antonio ou Tonks, porque a Mary, nem se fala, se sentia culpada por ter me estimulado e nem chegava perto de mim, mas meu irmão desconfiou de alguma coisa, pois passou a hostilizar Snape mais ostensivamente, e até hoje nem fica no mesmo lugar que ele.- Ela olhou com tristeza para o irmão, sentado do outro lado. Espero que ele me desculpe por não ter contado nada, mas tinha medo. Antonio era, e ainda é, muito impulsivo. Temi que fizesse uma bobagem, éramos tão imaturos!...Mas... Foi... só isso que aconteceu, mais nada – ela acrescentou com ar de quem apenas contasse uma história de criança. Sorriu para Harry, mas uma nova lágrima silenciosa correu por seu rosto.
Sem coragem pra dizer nada, Harry ainda ficou uns minutos ali, olhando para os próprios pés. Se achara seu namoro com Cho difícil e perturbador, agora via que não fora mais do que um sonho infantil. E, por um pequeno momento, sentiu pena do Snape, sentimento que não passou despercebido a Sarah, mesmo emocionada como estava.
- Ah! Vejo aqui um leve sinal da famosa solidariedade masculina? –ela lhe perguntou em tom jocoso, aparentemente recuperada.
Harry corou, se desculpando timidamente, mas ao encará-la viu que estava brincando com ele.
- Claro! – respondeu no mesmo tom – Vocês garotas deviam vir com um manual! Já disse isso pra Hermione!
Eles riram alto e, quando já se despediam, Hermione voltou e indagou, curiosa:
- O presente de Natal que você falou... O que era?
Sarah a olhou, por um momento sem saber a que ela se referia. Depois, com uma exclamação de entendimento, retirou de um pequenino baú ao lado de sua cama uma pequena caixa quadrada, de veludo roxo com delicados enfeites dourados.
- Foi entregue por uma coruja que reconheci ser de Hogwarts, com um pequeno pergaminho que, naturalmente, se dissolveu logo após ser lido, como todos os bilhetes que ele me mandava. Ah, não façam essa cara de espanto! – ela riu com gosto – Snape era capaz disso, sim! Pequenos versos em pergaminhos que evaporavam, doces da Dedosdemel, flores encantadas para se abrir e fechar toda vez que eu as tocasse, presentes sempre anônimos, protegidos por algum feitiço de segredo que nunca me permitia revelar de onde ou de quem vinham, mas me deixavam ainda mais apaixonada por ele.
Hermione, sem prestar atenção ao que ela dizia, examinava a caixinha, mas não conseguia abri-la, e perguntou por fim:
- O que tem dentro?
- Não sei. De verdade! Lembra o que eu disse? Que nunca consegui desvendar o enigma? – ela suspirou – O bilhete dizia apenas: “se eu somente estiver em suas preces, use-o e saberei”. Não consegui decifrar o seu segredo... e como Snape nunca fez qualquer alusão ao presente, mesmo quando... estávamos a sós... e nunca tive coragem de dizer a ele... Tinha medo que me julgasse muito burra.
Mas Hermione murmurava alguma coisa, concentrada.
Então perguntou a Harry:
- O Mapa do Maroto... qual é mesmo a senha?
Ante o olhar curioso dos McGonagall, que ainda não conheciam o mapa, ele o enunciou, mas não sabia o que isso tinha a ver.
- É claro que não estou dizendo que é a mesma senha! Só o mecanismo, entende?...Humm... Sarah? – Hermione tinha novamente aquela expressão perigosa, bem conhecida de Harry, ao devolver a caixinha pra ela – Snape alguma vez a ouviu fazendo algum tipo de oração?
- Sim... uma vez... Foi num dia das bruxas, aniversário da morte dos Potter... Eu tinha o “meu cantinho”, no alto da torre, onde ficava quando queria estar a sós, ou quando alguma coisa me incomodava. Ele me achou lá, sempre me achava, e me ouviu orando em voz alta. Perguntou suavemente por quem eu o fazia. E respondi, sem nem mesmo me virar, que orava pelos Potter, por seu filho – ela sorriu, olhando pra Harry – e por Sirius, pois sabia que era inocente e seria solto um dia... Ele, então, murmurou com um tom estranho, com raiva até, que esperava que eu orasse só por ele um dia, acho que foi o que disse, não me lembro bem... E me deixou sozinha, sem qualquer explicação.
- Entendo... – murmurou Hermione, com um ar de quem estava a ponto de desvendar o mistério – Você lembra quais foram exatamente as palavras que ele ouviu?
- Claro! É uma prece ancestral de nosso povo! – seu rosto se irradiou – Eram as palavras iniciais, minhas favoritas, as únicas que eu dizia e ainda digo em voz alta: “Alcali gran picali”!*
Para espanto de todos, a caixa se abriu. De dentro dela, Sarah retirou um anel formado de dois aros de ouro, bem juntos, que tomavam a forma de dois “S” abraçados. Emocionada, enquanto os outros pareciam ter parado até de respirar, ela o experimentou. O anel brilhou, quase ofuscando a todos e, subitamente, os aros se separaram. Eram, agora, dois anéis distintos, os “esses” quase se encaixando, mas nitidamente separados.
- Interessante... – murmurou Hermione – Parece que os anéis foram feitos para representar vocês dois... – ante o espanto dos outros, explicou – Vejam só, estavam “unidos”, demonstrando aparentemente o que Snape esperava. Agora que você o colocou, eles se separaram, pois vocês não estão juntos..., não como um casal... Faz sentido?
- Claro... – Sarah murmurou – Meu Deus, será possível? – seu olhar era de dor e esperança ao mesmo tempo, e ninguém conseguiu falar mais nada, pois ela foi caminhando até a cama, onde se sentou, observando o anel, completamente alheia a todo o resto. Antonio a observava com uma expressão curiosa e também sofrida.
Quando finalmente saíram da carroça, Harry foi correndo para o castelo, protegendo a foto da chuva sob as vestes, e Hermione logo atrás, segurando Bichento junto ao corpo. Ele foi direto para o dormitório, guardar a foto antes de descer correndo para o Salão Principal e ver se salvava pelo menos um prato para o almoço. Mas, como era sábado, havia muitos retardatários, inclusive todo o time de quadribol. Rony o olhou de cara feia, quando murmurou um “desculpe, gente, esqueci”, mas atacou logo o prato de frango com presunto, sem dizer nada. Harry deu de ombros, e começou a se servir, resignado. Se ele estava pasmo com o que ouvira, imagina como o Rony reagiria! Hermione comia em silêncio, com Bichento ronronando entre ela e Gina, que lhe dava nacos de comida, divertida.
Olhando em volta, enquanto comia tranqüilamente, Harry viu que Snape, que já terminara de almoçar, mas continuava à mesa com o Profeta Diário nas mãos, o observava curioso. Então, pela primeira vez desde que se olharam no primeiro dia em Hogwarts, Harry sorriu francamente para o professor, pensando, sem opor resistência alguma em sua mente: porque elas existem, as mulheres?
Snape ergueu as sobrancelhas, depois franziu a testa e finalmente sorriu levemente. Harry se perguntou se não convenceria o professor a lhe contar a sua versão da história... mas isso já era querer demais, concluiu. E ainda se lembrava muito bem de sua reação ao vê-lo “bisbilhotando” suas lembranças na penseira, para se arriscar a tentar outras formas de descobrir...
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(*) Verso inicial do salmo 121 na língua cigana (me foi ensinado por um legítimo cigano, assim como o relato de alguns costumes, que vocês verão a seguir)
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